quinta-feira, 3 de março de 2016

Festa dos fundos: a after-party no Twente


Na sequência das conclusões de um relatório independente sobre a situação financeira do Twente, um dirigente da federação holandesa (KNVB), Bert van Oostveen, declarou ontem numa entrevista que existe uma forte probabilidade de o clube ser despromovido na próxima época para os campeonatos não profissionais.

A primeira consequência das recomendações do relatório já se fez sentir: o afastamento dos elementos da direção do clube que se mantiveram após a demissão em novembro do presidente Aldo van der Laan. Existe também um conjunto de medidas que terá que ser implementado pelo clube para evitar a perda da licença profissional, mas as hipóteses de sucesso são consideradas magras. A consequência em caso de fracasso é a perda da licença profissional e a relegação para os campeonatos não profissionais.

Relembro que tudo isto aconteceu devido à descoberta em novembro de que o Twente entregava à KNVB contratos de jogadores - cujos passes eram detidos parcialmente pela Doyen - com cláusulas diferentes daquelas que tinham sido efetivamente assinadas com o fundo. A revelação do Football Leaks dos contratos reais provocou uma reação rápida da KNVB, que penalizou o Twente com a exclusão do clube das competições europeias durante 3 anos.

Mais: o Football Leaks publicou posteriormente uma troca de emails em que Nélio Lucas admite, numa discussão interna da Doyen, que o Twente tinha entregado contratos falsos à KNVB seguindo uma recomendação do próprio fundo.

Entretanto, o Twente e a Doyen já terminaram a sua relação com a revogação dos contratos de partilhas de jogadores que ainda estavam em vigor: o Twente foi pressionado a isso pelo escândalo em que se viu metido, e a Doyen pela obrigatoriedade de salvar o dinheiro investido (conforme os leaks demonstraram na mesma troca de emails interna).

Quando as coisas apertam a sério, vemos efetivamente a ajuda que os fundos prestam aos clubes. Foi o salve-se quem puder.