sábado, 9 de abril de 2016

A decisão do caso Slimani

Toda a novela do caso Slimani foi uma demonstração perfeita do caos que é a justiça no nosso futebol. Ontem, ao fim de 5 meses de indagações e ponderação, o Conselho de Disciplina decidiu ilibar o argelino, considerando que o movimento que Slimani fez com o braço foi uma reação instintiva à deslocação lateral de Samaris, considerando assim que não houve intenção em magoar o jogador do Benfica.

O que se passava na cabeça de Slimani naquele momento, só o próprio saberá. A explicação do CD é plausível, mas a mim parece-me mais razoável considerar que o jogador do Sporting aproveitou aquele momento de "intimidade" circunstancial para castigar um adversário que não é propriamente meigo, e que já tinha feito umas entradas duras na primeira parte.

Como tal, não me chocaria que Slimani fosse suspenso por um ou dois jogos. Mais que isso, seria um exagero. Mas não poderia ser o único jogador a ser suspenso, pois Eliseu, o próprio Samaris e Jardel também fizeram faltas também violentas (ou agressões) a jogadores do Sporting nesse mesmo jogo.

O que deveria ter acontecido era a suspensão destes 4 jogadores, mas logo em novembro. Esta decisão dos senhores do CD acaba por ser uma forma de minimizar as trapalhadas cometidas nesta novela. Primeiro, ao deixarem arrastar o processo; depois, pelas estapafúrdias conclusões que tiraram do que Jorge Sousa "viu" ou "vislumbrou"; e, finalmente, pela utilização de provas vídeo no caso de Slimani,  mas não as considerando para os jogadores do Benfica - que culminou com o processo instaurado a Slimani e o arquivamento das agressões dos jogadores do Benfica (que o CJ anularia posteriormente). Escrevi "minimizar as trapalhadas" porque, efetivamente, seria um escândalo muito maior castigar nesta fase do campeonato qualquer jogador que fosse por algo que aconteceu em novembro, do que aplicar uma pena de suspensão, por muito pequena que acabasse por ser.

Mas, na realidade, Slimani não saiu livre deste processo. O jogador esteve castigado sem ter sido suspenso. Foi mais que evidente, dentro das quatro linhas, o condicionamento de que foi alvo, graças ao muito barulho produzido pela máquina de propaganda benfiquista. É possível que o Sporting tenha sido condicionado nas movimentações de mercado do inverno: Barcos foi contratado tendo também em mente uma eventual suspensão de Slimani. 

É a justiça desportiva que temos: sem coerência, sem senso comum, funcionando em moldes amadores que não são compatíveis com uma competição profissional. Seria bom que, aproximando-se um período eleitoral na FPF, os candidatos propusessem reformas para o funcionamento do CD e do CJ. O futebol português agradeceria.