sexta-feira, 8 de abril de 2016

Entretanto, no mundo da fantasia...

... Godinho Lopes deu hoje uma entrevista à Rádio Renascença. Mais uma vez, demonstra viver num mundo à parte da generalidade dos mortais. Algumas das ideias que tentou passar não são novas, mas também existem algumas "novidades". Aqui ficam algumas das declarações feitas pelo ex-presidente.



"Se o Sporting ficar em segundo e Jorge Jesus sair, de certeza que haverá eleições antecipadas."
"Não vale a pena ir contra o indisfarçável: as escolhas de Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus, em momentos diferentes, fizeram com que as pessoas se juntassem em torno do futebol. Se Jorge Jesus ficar ao lado de Bruno de Carvalho, este ganhará as eleições com maioria esmagadora."
"Estando lá Bruno de Carvalho, entendi que devia deixar de pagar. Uma pessoa que no dia a dia procura denegrir o meu nome não merece receber a minha quota nem das variadíssimas pessoas a quem eu pagava quotas. Mas isso é diferente de deixar de ser sócio."
"Uma hora antes de Bruno de Carvalho tomar posse, passei-lhe três dossiês e estava ao lado dele, porque era o meu presidente. A única coisa que lhe disse foi se falasse contra mim, eu apareceria a falar, caso contrário estaria a seu lado."
"Mas quando o presidente põe uma ação contra mim, o que ele está a dizer é "não, não, o campeonato não interessa; o que interessa é continuar a instabilizar o clube."
"Entendi que era Jorge Jesus, razão pela qual o abordei. O Benfica foi campeão nos dois anos seguintes, mas, se eu entrasse no meu terceiro ano de mandato, seria ele o meu treinador, e o Benfica não tinha sido campeão nesses dois anos com Jorge Jesus."
"Também não posso dizer que não estava satisfeito com Jesualdo Ferreira, que fazia o trabalho que tinha sido pedido, criando uma estrutura que o Sporting não tinha na área do scouting, na organização integral do futebol, valorizando o que o clube tem de bom. Estávamos a fazer um excelente trabalho."


É triste que Godinho Lopes não perceba (ou não queira perceber) que o sucesso desta direção não se deve apenas a escolhas acertadas de treinadores. Em primeiro lugar, escolher (e convencer) um treinador competente não é tão fácil quando possa parecer, caso contrário Godinho Lopes não teria falhado tanto nesse departamento. Depois, é preciso dar ao treinador escolhido todo um conjunto de condições financeiras, desportivas e estruturais para que possa fazer bem o seu trabalho, porque o sucesso não é garantido. Por exemplo, Domingos teve sucesso no Braga mas não teve sucesso no Sporting. Isso deveria levar Godinho Lopes a fazer uma introspeção mais cuidada sobre a qualidade do trabalho que desempenhou.

Godinho voltou a insistir que contrararia Jorge Jesus, caso tivesse chegado ao terceiro ano de mandato. A dúvida com permanece é: com que dinheiro? Em janeiro de 2013, o Sporting tinha salários em atraso e um plantel destroçado. No final do 1º semestre de 2012/13, a SAD tinha acabado de apresentar €22M de prejuízo, com tendência para piorar no 2º semestre. Com que condições financeiras e desportivas julgava Godinho convencer Jesus a trocar o Benfica pelo Sporting?

Finalmente, a referência ao "excelente trabalho" que Godinho afirmou estar a fazer quando foi afastado do clube. Segundo Godinho, Jesualdo Ferreira estava a criar uma "estrutura que o Sporting não tinha na área do scouting, na organização integral do futebol". Jesualdo chegou ao clube a 15 de dezembro de 2012. Godinho Lopes demitiu-se a 4 de fevereiro de 2013. Portanto, houve um excelente trabalho durante um período de um mês e meio, é isso? Mas isso também quer dizer que o próprio Godinho admite que desperdiçou os 21 meses de presidência anteriores à entrada de Jesualdo.

Vergonha alheia.