domingo, 17 de abril de 2016

Missão cumprida, sem brilhantismo mas com polémica

Num jogo que não foi bem jogado, e em que o Sporting fez uma das mais fracas exibições em toda a época, é normal que a discussão se centre nos dois casos do jogo: um hipotético fora-de-jogo de Slimani no lance do golo e o golo anulado a Teo Gutierrez. Admito que Slimani esteja em fora-de-jogo, mas estou longe de ter certezas, e muito menos faz sentido quem afirme peremptoriamente que foi uma situação clara de fora-de-jogo. A linha de fora-de-jogo deve seguir a posição da bola, e tenho quase a certeza que os pés de Slimani estão atrás da linha da bola. A minha dúvida é em relação à cabeça, devido à inclinação do corpo na direção da baliza. Quanto ao golo anulado de Teo, parece-me uma decisão correta da equipa de arbitragem.

Não tenho conhecimentos técnicos para avaliar se esta imagem com ponto de fuga está correta, mas aqui fica como auxiliar.

(EDIT: a linha de fora-de-jogo deveria passar pelo ponto do solo abaixo da bola, e não pela bola propriamente dita, pois esta encontra-se levantada; isto faz com que desvie a linha na direção de Slimani - obrigado, Ricardo)


É uma pena que exista esta dúvida, porque o lance do golo foi uma obra de arte que merece ser vista e revista. Começou com um lançamento em profundidade de Teo para Slimani. O argelino, descaído para a esquerda, perto da quina da área do Moreirense e marcado por um adversário, fez um passe atrasado para William, que deixou de imediato em Teo, que por sua vez deu dois passos na direção da área e picou a bola para Schelotto, que surgia pela direita. O italiano colocou de primeira em Slimani, que encostou para as redes. Grande momento de futebol.

Apesar da polémica e do pobre espetáculo, o Sporting foi a melhor (ou menos má) equipa em campo. Durante a primeira parte, o Moreirense cavou trincheiras no primeiro terço de terreno e só chegou à área do Sporting através de lances de bola parada, sem que, no entanto, conseguisse criar qualquer situação de perigo para Rui Patrício. Na segunda parte, a equipa da casa arriscou mais, mas foi igualmente inofensiva. Ou seja, o Sporting até pode ter criado poucas ocasiões para marcar, mas na realidade foi a única equipa que o fez, pelo que a vitória se justifica. Não foi um bom produto de promoção do futebol, é certo, mas há jogos assim.



Positivo

O resultado - o Sporting pode ter feito uma exibição bastante apagada, mas venceu e conseguiu o essencial: os três pontos.

Um jogo à medida de Adrien - o Moreirense foi uma equipa muito combativa e agressiva (no bom sentido do termo), o que obrigou o Sporting a vestir o fato-macaco. Adrien deu o exemplo e foi muito importante no equilíbrio defensivo da equipa. Viu um cartão à meia-hora de jogo, mas soube sempre gerir essa situação sem perda de eficácia na disputa de bolas.

A primeira parte de Teo - o colombiano esteve bem durante os primeiros quarenta e cinco minutos, muito dinâmico na ligação entre o meio-campo e o ataque, e fazendo várias excelentes solicitações a companheiros, das quais se destaca o passe picado para Schelotto no lance do golo. Caiu muito na segunda parte, mas essa quebra de rendimento não foi exclusivo seu.

Schelotto decisivo - fez a assistência para Slimani, conseguiu algumas incursões perigosas pelo seu flanco e esteve bem a defender. Um dos melhores jogos do italiano até ao momento.

Doze vitórias fora - um novo recorde do Sporting, que nunca tinha vencido tantos jogos fora numa só época para o campeonato, e que é um sinal que atesta indiscutivelmente a excelente época que está a ser feita.


Negativo

A exibição - numa altura em que o Sporting vinha efetuando excelentes partidas, não se esperava tanta falta de inspiração, mesmo considerando a forma combativa como o Moreirense encarou o jogo. A falta de espaço para jogar no último terço ajudou à pálida exibição, mas a verdade é que também houve muito atabalhoamento e ausência de entendimento entre os jogadores mais avançados.

A arbitragem - para além do lance do golo, existiram 2 ou 3 foras-de-jogo mal assinalados ao ataque do Sporting. A expulsão de Jorge Jesus pareceu exagerada, porque o treinador não pareceu ter sido incorreto nem efusivo nos protestos - e a verdade é que tinha razão em protestar, porque Bruno Paixão revelou um critério desigual no momento de mostrar cartões, com prejuízo para o Sporting.



O Sporting cumpriu a sua obrigação e recuperou o primeiro lugar, pelo menos até segunda-feira. Tem a palavra o Benfica.