sexta-feira, 27 de maio de 2016

O grande desafio do defeso

Considerando que, este ano, os custos com pessoal do Sporting praticamente duplicaram em relação à época anterior, é muito pouco provável que a SAD esteja a equacionar um novo crescimento dos gastos com salários para 2016/17. Isto, no entanto, não quer dizer que não será possível reforçar a competitividade do plantel na próxima época: dependerá muito da capacidade que direção e equipa técnica tiverem de aplicar os recursos existentes de uma forma mais eficiente.

Segundo a edição de ontem do Record, a SAD quererá aliviar a folha salarial através da venda de jogadores que auferem vencimentos demasiado elevados para o rendimento desportivo que deram ao Sporting. Esses jogadores serão, mais concretamente, Naldo, Ewerton, Jefferson, Aquilani e Teo.

Ewerton e Jefferson são dois jogadores  de valia indiscutível, mas com problemas recorrentes de lesões que os tornam opções pouco fiáveis para as exigências de uma época inteira. A questão de Teo, Aquilani e Naldo é outra: são três dos atletas mais bem pagos do plantel e que, por isso, deveriam ter demonstrado uma influência superior na equipa ao longo da época.

A saída destes jogadores pode representar uma poupança em salários na ordem dos 10 milhões de euros. Ou seja, estamos a falar de mais de 20% dos gastos com pessoal num conjunto de jogadores que, com exceção de um, nem sequer são as primeiras opções para substituir os habituais titulares: Paulo Oliveira está à frente de Naldo e Ewerton na hierarquia dos centrais; Bruno César e Zeegelaar dividiram entre si praticamente todos os minutos da segunda volta na lateral esquerda; e Aquilani não foi opção na última jornada perante a ausência de Adrien, pois Jesus preferiu deslocar João Mário para o centro e colocar Gelson na direita.

O aumento de competitividade do plantel da próxima época dependerá, portanto, de dois fatores fundamentais. Por um lado, há que tentar evitar a saída dos jogadores mais influentes (que, na minha opinião, são Rui Patrício, Coates, William, Adrien, João Mário, Ruiz e Slimani) - o que, infelizmente, será difícil de conseguir a 100%, em função do mercado que os jogadores têm e das obrigações financeiras da SAD. Por outro, otimizar a utilização do orçamento existente. E, para isso, não bastará definir bem os elementos do plantel a dispensar: a parte mais difícil será não falhar na contratação de novos jogadores que efetivamente representem um aumento de qualidade em relação ao que tivemos esta época.