segunda-feira, 30 de maio de 2016

Primeiro ensaio

Não cabe na cabeça de ninguém que Portugal não passe a fase de grupos do Euro 2016. É politicamente correto que se diga que já não existem adversários fáceis, mas mal de nós se não conseguirmos apurar-nos para os oitavos de final tendo como adversários a Islândia, Áustria e Húngria. Ou seja, em teoria, existirá tempo e um enquadramento competitivo ideal para ir consolidando rotinas e gerindo fisicamente a equipa ao longo dos seis jogos que garantidamente teremos que disputar entre 29 de maio e 22 de junho, de forma a chegarmos ao momento da verdade no melhor momento possível.

Como tal, considerando que o jogo de ontem foi o primeiro desses seis - com a agravante de se disputar ao fim de uma primeira semana de preparação realizada a meio gás, em função da ausência de praticamente metade do grupo de trabalho -, é totalmente prematuro extraírem-se grandes conclusões da vitória por 3-0 contra a Noruega.

O resultado foi melhor que a exibição. Tirando aquilo que se viu nos golos - o rasgo de génio de Quaresma, o livre indefensável de Raphael Guerreiro e a assistência de João Mário para a finalização do capitão (!) Eder -, não posso dizer que tenha ficado entusiasmado com o futebol que a seleção praticou. Foram poucas as situações de perigo criadas, devido à demasiada insistência nos cruzamentos para a área e à ausência de jogo interior capaz de desfazer a linha defensiva norueguesa, e a equipa chegou a passar por algumas dificuldades em manter a vantagem no marcador antes do livre de Guerreiro que nos deu o 2-0.

Muito trabalho pela frente para Fernando Santos, portanto. Mas, havendo competência, existem todas as condições para que a equipa esteja a jogar o triplo daqui a umas semanas. É claro que o selecionador também poderá ajudar-se a si próprio, se tomar as suas decisões de forma racional e sem ligar a determinados privilégios ou outras influências externas. Por exemplo: depois desta faceta revelada por Guerreiro, será que Fernando Santos o deixará bater outro livre daquela posição se Ronaldo - que tem as qualidades que todos conhecemos, mas é um marcador de livres muito ineficaz - estiver em campo?


P.S.: a adaptação da música de Abrunhosa a hino da seleção é simplesmente... péssima. Poupem-nos.