domingo, 22 de maio de 2016

Soltas sobre a final da Taça de Portugal

  • A partir do momento em que o Porto chegou ao empate, nunca pensei que o Braga chegasse aos penáltis. Depois do 1-2, a equipa de Paulo Fonseca estava nitidamente intranquila, e adivinhava-se o empate a todo o momento. Nestas situações o fator psicológico conta muito, e notava-se o fantasma da final do ano passado a pairar sobre os jogadores do Braga. Se o Porto arriscasse no prolongamento e mantivesse a urgência de marcar um golo, não acredito que o desfecho tivesse sido o mesmo.
  • Há que dizer que este Braga pouco fez para ganhar o jogo. Os dois golos que marcou foram autênticas ofertas. De resto, uma quase confrangedora incapacidade de sair a jogar, confirmando que estão muito longe daquilo que jogavam até há um par de meses. Mais do que ter sido o Braga a ganhar, foi o Porto a perder esta final.
  • É fácil falar nestas coisas no final, mas a utilização de Hélton não fazia grande sentido, logo à partida. Não só pela escassa utilização ao longo da época, mas sobretudo porque se mostrou muito irregular - capaz do melhor e do pior - nas oportunidades que lhe deram. É verdade que Casillas também não foi um poço de regularidade, mas numa final têm que ir (sempre) os melhores lá para dentro. Se não for assim, um treinador sujeita-se a que coisas destas aconteçam.
  • Por falar em Casillas, pode não valer (na minha opinião) os 5 milhões que recebe anualmente, mas há que admirá-lo pelo profissionalismo demonstrado e pelo compromisso com a equipa. Ao contrário do que se poderia esperar - em função do que se dizia dele no Real -, em Portugal não mostrou quaisquer tiques de estrela. A forma como festejou o 2-2 (apesar de ter ficado no banco) e procurou moralizar Hélton deve tê-lo feito subir vários pontos na consideração de muita gente.
    • É incrível como o Porto conseguiu desbaratar o maior orçamento da história do futebol português. Apesar de tanto dinheiro gasto em contratações, o plantel ficou desequilibrado e coxo em posições fundamentais. As mudanças efetuadas em janeiro ainda agravaram mais a situação. É o que dá contratar-se só para dar uma alfinetada num dos rivais. Mas desta vez foi o alfinetado que se ficou a rir. Os 6 ou 7 milhões gastos em Marega, Suk e Sá chegavam e sobravam para contratar um central de categoria, o que provavelmente seria suficiente para evitar vários dos amargos de boca que sentiram na segunda metade da época - incluindo na final de hoje. E já nem entro na forma como se decidiu dispensar Lopetegui sem ter um plano alternativo bem definido. Uma gestão desastrosa, quase tão má como a forma como Godinho Lopes planeou e conduziu a época de 2012/13.
    • Desde que a parceria com a Doyen se intensificou, o Porto ganhou zero. Uma coisa não é consequência direta da outra, mas também não lhe é completamente alheia.
    • E que dizer da atitude de Pinto da Costa, a ignorar deliberadamente José Peseiro?

    • Não faz grande sentido criticar-se Fernando Santos por não ter convocado André Silva para o Europeu. Com meia-dúzia de jogos pela equipa principal e um golo marcado no momento em que os 23 foram divulgados, é perfeitamente compreensível que o selecionador não sentisse confiança suficiente para o incluir na convocatória. Mesmo tendo marcado dois golos hoje, continua a ser (em teoria) curto para chegar à seleção A. Poderia fazer sentido numa ótica de preparar o futuro, à semelhança da ida de Nélson Oliveira ao Euro 2012, mas todos sabemos como isso correu. Claro que, perante a ida de Eder, qualquer outro nome parece fazer bastante sentido...