quarta-feira, 29 de junho de 2016

A política de empréstimos

O Sporting anunciou ontem o empréstimo de Tobias Figueiredo ao Nacional da Madeira. Creio que ninguém discordará da oportunidade da cedência do jovem central. Tobias está numa fase em que necessita de jogar com frequência para acumular a experiência que lhe falta para poder ser titular no Sporting. Dificilmente o conseguiria continuando em Alvalade, pelo que o destino encontrado acaba por ser uma boa solução.

O empréstimo de Tobias junta-se, portanto, ao de Francisco Geraldes ao Moreirense. Apesar de Miguel Leal ter saído do clube, o novo treinador, Pepa, parece ser um sucessor à altura, com capacidade para tirar proveito das características do talentoso médio - fundamental para que o seu ano em Moreira de Cónegos possa ser tão bem sucedido como os de Iuri Medeiros e João Palhinha.

Partindo do princípio que os acordos de empréstimo do Sporting incluem cláusulas que encorajam a utilização dos jogadores, faz todo o sentido que sejam colocados na I Liga todos os atletas que não tenham espaço no plantel principal, que não tenham salários excessivamente elevados e que necessitem desafios superiores aos que uma equipa B pode dar. Como tal, é bastante provável que, do grupo de jovens como Palhinha, Podence, Gauld, Domingos Duarte, Ponde, Chaby, Wallyson e Riquicho (estes últimos dois se estiverem recuperados), alguns acabem também por ser emprestados a outros emblemas da I Liga. O mesmo se aplica a jogadores excedentários como Cissé, Zezinho, Rosell ou André Geraldes.

Há muito que o empréstimo de jogadores tem, para Benfica e Porto, uma função que vai muito para além da simples gestão de plantel e desenvolvimento de jogadores. O Sporting deve fazer o mesmo. Não digo que cheguemos ao ponto de contratar apenas para emprestar, como fazem os rivais - isso é uma subversão daquilo que deve ser um clube de futebol -, mas é algo que deve ser explorado de forma mais estratégica: é uma ferramenta para construir um bom relacionamento com outros clubes, ao mesmo tempo que os tornamos mais fortes contra os nossos rivais e menos fortes contra nós. A partir do momento que o (absurdo) regulamento da Liga para esta matéria o permite, devemos aproveitá-lo tão bem quando pudermos - tal como fazem Benfica e Porto.

Espero, por isso, que o Sporting dê primazia a clubes com quem tem melhor relacionamento ou com quem acredite que possa construir boas relações, mas tendo sempre em consideração o interesse dos jogadores. Quanto a Tobias Figueiredo, é verdade que custa sempre ver um jogador do Sporting ser emprestado ao clube de Rui Alves, mas, citando aquilo que disse recentemente um certo presidente de um clube português: