terça-feira, 5 de julho de 2016

Fariña, parte 2

Corria o mês de julho de 2013 quando o Benfica "desviou" de Alvalade um jogador chamado Luís Fariña. Nem quinze dias tinham passado da data da contratação, e já o jogador era recambiado por empréstimo para um clube do Dubai, ao abrigo de uma "proposta irrecusável" que cobria 40% da transferência e de um suposto interesse estratégico que a região tinha para o Benfica (palavras de Vieira). Que interesse estratégico seria esse, nunca chegou a ser esclarecido.



in As Chile

Três anos depois, o balanço que se pode fazer desta operação estratégica no Dubai (pelo menos ao que ao Benfica diz respeito) é um jogador que se perdeu. Após passagens mal sucedidas no Coruña, Rayo Vallecano e Univ. Chile, Fariña não parece fazer parte dos planos de Rui Vitória e aguarda colocação noutro clube. Com boa vontade pode-se ainda adicionar um discutível prémio de melhor academia do mundo, conquistado precisamente no Dubai, apesar de se saber que a verdadeira força motriz que esteve por detrás da atribuição desse galardão ter muito pouco de árabe.

Ao que parece, o Benfica prepara-se para repetir a dose com Oscar Benitez, outro jogador argentino. O Benfica contrata o extremo de 23 anos, habitual suplente do Lanús, e reencaminha-o de imediato para o Boca Juniors, repartindo os direitos económicos do jogador. 

É pouco provável que o Benfica esteja interessado em Benitez pelo seu potencial. Por outro lado, é preciso tomar os outros intervenientes por parvos para se achar que o Benfica participa nesta operação para ganhar dinheiro fácil no trespasse de um jogador: o que ganham Lanús e Boca Juniors em fazer o negócio envolvendo um clube intermediário, quando o poderiam fazer diretamente? E se fosse uma questão de o Lanús se recusar a vender diretamente ao Boca Juniors, então seria preciso andarem muito distraídos para fecharem o negócio com o Benfica sem precaverem essa eventualidade.

Por cá, vamos todos fazendo de conta que isto é uma transação normalíssima. Afinal, como disse um conhecido comentador da nossa praça, a partir do momento em que o clube ganha não há motivos para se questionar o que está a ser feito.