domingo, 14 de agosto de 2016

Estreia abençoada pela Estrela e pela estrelinha

Se o primeiro jogo oficial de uma época traz sempre uma dose de ansiedade extra (pelo menos a mim), este tinha a pressão adicional de sermos obrigados a alinhar sem nenhum ponta-de-lança - o que, convenhamos, é uma situação aborrecida quando se quer ganhar um jogo. Jorge Jesus fez algumas mexidas já levando em conta a ausência de uma referência no ataque e a previsível falta de presença na área adversária, mexendo nas laterais - colocando João Pereira e Jefferson - e posicionando João Mário como 9,5 no "apoio" a Alan Ruiz. Bryan Ruiz jogou mais encostado na esquerda, e Gelson Martins fez as despesas no flanco direito.

A equipa não perdeu tempo e produziu um futebol agradável, com trocas de bola dinâmicas à espera da melhor oportunidade para servir um colega em desmarcação, e encostou o Marítimo à sua área. As oportunidades de golo não foram imensas, como se esperava, mas foram as suficientes para resolver o jogo de forma tranquila. O golo surgiu de bola parada, com assistência de João Mário para cabeceamento de Coates.

Há que referir, no entanto, que o Marítimo, apesar de chegado poucas vezes à área do Sporting, teve as duas melhores oportunidades não convertidas da partida. Aí, uma das Estrelas da equipa (Rui Patrício) e a estrelinha (da sorte) estiveram connosco, e foram decisivas para que o Sporting fosse para o intervalo em vantagem.

Na segunda parte, após uns cinco minutos mais apáticos, o Sporting encostou o Marítimo às cordas e só parou quando Bryan Ruiz (que, felizmente, foi atrapalhado por um defesa do Marítimo, que pode ter impedido que o costa-riqueno falhasse mais um golo de baliza aberta :) ) marcou o golo da tranquilidade. A partir daí geriu-se o jogo e não houve grande história até final.




Ruuuuuuuuuuuiiiiiii!!!!! - os guarda-redes não marcam (ou raramente marcam) golos, mas há defesas que valem como golos. Aquela que fez aos pés de Babá foi uma dessas defesas. Já eu estava a rogar as pragas do costume de quando o Sporting sofre um golo, quando Patrício fez a sua magia. Na segunda parte foi obrigado a uma outra defesa complicada a um remate cruzado, e esteve muito certinho no tempo de saída aos cruzamentos. Apenas um meio-deslize, perto do fim, quando fez um passe rasteiro mal direcionado.

Adrien, um líder em campo - fez um bom jogo, mas prefiro destacar a forma como esteve interventivo com os colegas: a corrigir posicionamentos dos colegas, a indicar aos companheiros com a bola por deviam seguir na saída para o ataque, ou a dar força a Gelson após um erro defensivo. Está feliz no Sporting, ganhou estatuto que lhe poderá permitir vir a ser um dos grandes da história do clube, e o Sporting está feliz por ter um jogador assim.

Quem não tem cão, caça com gato - na ausência de Slimani e de alguém que servisse de referência nos lances de ataque, nada como recorrer às bolas paradas para desbloquear um jogo. Valeu o excelente cabeceamento de Coates que, apesar de agarrado pelo adversário (era penálti), fez bom uso do seu metro e noventa e seis e meteu a bola dentro da baliza. Um recurso sempre importante, que se espera que valha muitos golos ao longo da época.

Gelson de duas faces - esteve complicativo na primeira parte - pareceu indeciso com a bola nos pés e cometeu vários erros ao decidir como dar sequência aos lances -, mas melhorou bastante após o intervalo. Fez o cruzamento para o segundo golo, e já antes tinha oferecido outro a João Mário. Vamos ver se recupera o espírito prático com que terminou a época passada. 

Oportunidade aproveitada - uma das surpresas no onze titular, João Pereira revelou grande dinâmica no flanco direito, quer a defender (com exceção no lance da defesa de Rui Patrício; na bola na barra foi apanhado em contrapé pela perda de bola de Alan Ruiz e não teve tempo para se reposicionar), quer a atacar. Teve um papel importante no segundo golo, iniciando a jogada e aparecendo depois ao primeiro poste - que nem ponta-de-lança - para deixar a bola passar para Bryan Ruiz. Demonstrou a Jorge Jesus que pode contar com ele.




Como já se estava mesmo a ver, o desperdício na finalização - João Mário ficou a dever dois golos à equipa (teve uma terceira oportunidade, muito bem defendida por Gottardi), Coates por pouco não bisou na segunda parte na sequência de um livre, Alan Ruiz podia ter direcionado melhor um remate da direita, ainda no princípio da partida. Quatro ocasiões que deveriam ter sido melhor finalizadas, em alturas em que o resultado ainda estava em aberto.

Oportunidade desperdiçada - Jefferson foi a outra surpresa na equipa que iniciou a partida. O brasileiro nem esteve mal na generalidade do tempo, mas a passividade defensiva que por vezes demonstra é um perigo para o coletivo. No lance da defesa de Patrício, Jefferson devia ter seguido Babá, mas ficou parado ao ver que o jogador do Marítimo que seguia pela esquerda não tinha ficado em fora-de-jogo. Na jogada em que Ghazaryan mandou a bola à barra, teve uma atitude completamente passiva (a par de Rúben Semedo). Estas falhas de concentração complicam-lhe a vida, o que é uma pena, considerando aquilo que oferece ofensivamente. Bruno César substituiu-o ao intervalo, e esteve bastante melhor. 



Alan Ruiz - foi obrigado a jogar fora de posição, pelo que deve ter o desconto devido por lhe terem sido pedidas funções que normalmente não tem que cumprir. Junto à baliza foi inexistente, mas mostrou bons apontamentos quando descia para dar apoios frontais aos colegas. Promete.

Bruno Paulista - poucos minutos em campo, mas o suficiente para exibir a sua qualidade de passe em duas ocasiões em dois lançamentos longos. Fico com curiosidade de ver mais do brasileiro.

Lembrando Moniz Pereira - simples mas tocante homenagem antes do jogo. Até sempre, Professor.



Em teoria, parece-me que não teremos jogos tão fáceis como este seria se não tivéssemos de jogar sem pontas-de-lança. A missão era, por isso, mais complicada, mas foi cumprida sem grandes sobressaltos. Seguem-se dois jogos complicadíssimos: Paços de Ferreira e Porto.