quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Começou a campanha para o Mundial 2018

A derrota de ontem na Suíça não é preocupante, no sentido em que esta foi apenas a primeira partida em dez de um grupo muito acessível. A Suíça e a Hungria são os adversários mais complicados, sendo que ontem os húngaros também desperdiçaram pontos ao empatar (!) com as Ilhas Faroé. Portanto, só um cataclismo ou muita falta de competência nos poderão afastar da fase final da Rússia.

Apesar de tudo isto, não se pode dizer que seja surpreendente ver Portugal, campeão europeu em título, perder jogos com adversários que, sendo teoricamente mais fracos, não deixam de ter valor suficiente para causar amargos de boca a qualquer seleção. A triste realidade é que Portugal não teve ontem - tal como não teve em França -, um fio de jogo coletivo que potencie as qualidades individuais dos seus jogadores. O Europeu foi ganho graças, sobretudo, a um enorme espírito de sacrifício e solidariedade dentro de campo nos momentos em que era matar ou morrer, e definitivamente não ficará recordado pela qualidade do futebol que apresentámos. Esse cerrar de fileiras é possível em grandes momentos e pode disfarçar outro tipo de insuficiências, como bem se viu, mas é menos provável que apareça em pleno em partidas como a de ontem.

A fé de Fernando Santos moveu montanhas em junho e julho, é preciso reconhecê-lo, mas talvez fosse melhor não nos fiarmos nisso para a campanha de 2018. Ganhou o título mais importante da história do futebol português e merece a nossa gratidão por isso, mas deve ter sempre a ambição de melhorar o que pode ser melhorado. É importante continuar a convocar e pôr a jogar os melhores, em função do seu momento de forma - como se foi apercebendo à medida que a seleção ia progredindo no Euro 2016 -, e não deixar de aproveitar a fase de qualificação para ir renovando o grupo de trabalho através da integração de jogadores mais jovens (André Silva é um bom começo, mas não é o único a quem deveria ser dada a oportunidade) - olhando em primeiro ligar para o rendimento registado nos clubes e não para o empresário que os representam -, com o objetivo de trabalhar de forma consistente uma identidade de jogo que eleve a qualidade do futebol praticado para uma dimensão superior à banalidade que temos visto nos últimos anos.

P.S.: Como não poderia deixar de ser, a azia anti-aureliana manda que Rui Patrício seja dado como culpado no 1º golo (absurdo) e William no 2º (aqui, admito, reagiu muito tarde quando a bola foi passada ao marcador do golo, apesar de não ter sido o único a poder ser acusado de tal pecado). Mas daí a dizerem que William (que não é nem nunca foi um jogador rápido) parecia um caracol no 2º golo... Caracol?! Caracol é isto: