terça-feira, 20 de setembro de 2016

Existem duas coisas certas na vida

Está na altura de se refazer aquela expressão que diz: "Só existem duas coisas certas na vida: a morte e os impostos.". Em relação à morte, ainda ninguém descobriu como lhe dar a volta, mas o mesmo já não se pode dizer dos impostos, pois qualquer cabecilha de uma corporação bem equipada de advogados especialistas na área fiscal consegue poupar-se dessa maçada. Ou seja, para a expressão ficar mais atualizada, talvez se pudesse mudá-la para: "Só existem duas coisas certas na vida: a morte, e as críticas na comunicação social de certos sportinguistas após um mau resultado do Sporting".

O Sporting começou bem a época, vencendo os primeiros quatro jogos oficiais. Depois perdeu em Madrid, o que, considerando a exibição realizada, não se pode dizer que tenha sido uma má prestação. Mas, no domingo passado, teve, enfim, um resultado indiscutivelmente negativo. E, como seria de esperar, não foi preciso esperar muito para aparecerem os suspeitos do costume a dizerem de sua justiça:


Havia apenas a questão da dúvida de qual seria o "notável" que daria a cara. Poderia ter sido Rui Barreiro, poderia ter sido Godinho Lopes, mas calhou ser Carlos Barbosa, ex-vice presidente do clube, a fazer as honras.


De notar que, ao contrário de outras ocasiões, não discordo totalmente das opiniões que Carlos Barbosa deu sobre o que se passou no último fim-de-semana. O que me incomoda - e que incomoda muitos sportinguistas - é a necessidade que Carlos Barbosa, e outros como ele, sentem de falar única e exclusivamente quando algo de negativo acontece ao clube. Mesmo que a iniciativa parta dos jornalistas (é sabido que a RR, que o entrevistou ontem, tem um conjunto de números de "notáveis" anti-Bruno de Carvalho em speed dial, para usar quando sentem que podem alimentar polémicas), Carlos Barbosa tem sempre a opção de não falar. Já devia saber que a comunicação social não procura a sua opinião por ser particularmente relevante ou representativa de um grande número de sportinguistas, mas por ser garantia de títulos sensacionalistas e de confrontação com quem lidera atualmente o clube.

De qualquer forma, não deixa de ser curioso ver Carlos Barbosa a acusar outra pessoa de falar demasiado e mal perante um panorama positivo. É que falamos do homem que, ao fim de poucos meses como dirigente do Sporting, e antes de a bola começar a rolar, já via o clube a lutar de igual para igual com os colossos europeus.


Não deixa de ser irónico que Carlos Barbosa tenha vindo falar precisamente alguns dias depois de o Sporting ter conseguido competir, de igual para igual, com um desses colossos. De qualquer forma, é justo que se diga que Carlos Barbosa considera Jorge Jesus um "ótimo treinador". Ainda assim, não será nenhum maestro, como outros que passaram há não muito tempo pelo clube.


Bons tempos, em que o futebol era gerido por gente adulta e competente, ao contrário daqueles que acabaram por ter que pegar no clube após o descalabro desportivo e financeiro que o deixou à beira de ter que fechar portas.


É daqui que vem a vontade incontrolável de criticar assim que os maus resultados aparecem. Dói-lhes ver que, afinal, era possível recuperar o clube, que era possível voltar a ter um Sporting rejuvenescido, forte e cheio de vitalidade. Era, sobretudo, uma questão de competência - muita competência -, imensa dedicação e determinação, e de um amor ao clube que o colocasse no topo de todas as prioridades. Tudo aquilo que Carlos Barbosa e a direção de que fez parte foram incapazes de dar quando o Sporting mais precisava. O caminho era outro e estava traçado.


Primeiro o andebol. O resto seria, como todos suspeitamos, uma questão de tempo.