segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Qualidade em quantidade é bom? Depende de quem estivermos a falar.

A última semana de mercado foi bastante agitada: o Sporting acabou por trazer uma série de reforços com estatuto, como Dost, Castaignos, Elias, Douglas ou Markovic, o Porto fortaleceu-se trazendo Óliver e Jota por empréstimo e contratando Boly a poucas horas do fecho, e o Benfica retocou o plantel com a entrada de Rafa. É opinião mais ou menos generalizada que os plantéis de Sporting e Benfica parecem ser, à primeira vista, os mais fortes, com o Porto a revelar, em teoria, alguns desequilíbrios. Sobre a evolução registada nos plantéis, entrarei em maior detalhe em breve.

O facto mais saliente acaba por ser a aproximação, em poucos dias, do Sporting ao Benfica, em termos de qualidade potencial do onze e de profundidade de plantel, mesmo considerando as vendas de João Mário e Slimani. Algo de positivo para Jorge Jesus e para os sportinguistas, certo? Errado. Dani, Diamantino e Bruno Prata explicam porquê.


É engraçado: à medida que os extremos do Benfica foram chegando, nunca vi o foco ser colocado no que pensarão Carrillo, Zivkovic ou Gonçalo Guedes por não jogarem a maior parte dos jogos. Rafa veio reforçar ainda mais a qualidade já existente, mas não me apercebi que tenha existido grande preocupação destes mesmos comentadores na rearrumação que poderá haver na equipa (se é que haverá alguma rearrumação) para o ex-bracarense jogar. Rafa pode fazer a posição de Jonas, mas enquanto o brasileiro estiver saudável, dificilmente o novo reforço será utilizado aí. Como se faz então? Sai Cervi? Sai Pizzi? Senta Rafa? Também nunca ouvi grandes debates sobre o que sentirá Jimenez, o jogador mais caro da história do futebol português, por ficar no banco.

Esta coisa de haver qualidade em quantidade permite, de facto, dois ângulos de análise. O mais delicado, que é a gestão das expetativas de jogadores que não estão habituados a ficar de fora, e o mais positivo, que são as boas dores de cabeça para os treinadores que, face à concorrência, terão uma probabilidade muito superior de apresentar equipas mais competitivas. São duas faces da mesma moeda que podem e devem ser analisadas... desde que de forma coerente. Pintar o cenário negro para uns e apresentar o mundo dos arcos-íris e dos unicórnios com asas para outros, isso é que não pode ser.