sábado, 10 de setembro de 2016

Sobre a entrevista de Bruno de Carvalho

Não há muito para dizer da entrevista de Bruno de Carvalho. Não só porque a entrevista foi conduzida de forma pobre - centrando-se sobretudo nos acontecimentos das últimas semanas e sem abordar temas mais macro e de real interesse para o clube -, como também Bruno de Carvalho acabou por não facilitar a vida de Rodrigo Guedes de Carvalho, evitando entrar em polémicas e sendo mais contido nas respostas.

Esta nova atitude parece-me bastante positiva e reforça, na minha opinião, os bons sinais que já se verificavam na comunicação do clube desde a entrada de Nuno Saraiva. Mérito, em primeiro lugar, para o facto de o novo diretor de comunicação ter conseguido controlar as intervenções do presidente no Facebook - que são agora menos frequentes e de índole mais institucional -, coisa que os seus antecessores não foram capazes ou não acharam importante fazer. Depois, pelo facto de Saraiva estar a reagir publicamente de forma pronta (e, por vezes, até antecipando) e eficaz às polémicas em que tentam envolver o clube. 

Uns curtos comentários sobre o pouco que há a destacar:

  • A forma como Bruno de Carvalho evitou responder "sim" ou "não" à primeira pergunta da entrevista - se o Sporting tentou contratar Rafa -, deixa-me praticamente com a certeza de que isso efetivamente aconteceu. Fico apenas com esta dúvida: o Sporting queria MESMO contratar Rafa, ou intrometeu-se apenas para forçar o Benfica a aumentar a parada? Considerando que o preço de Rafa era excessivo para as possibilidades do Sporting, que Markovic - um jogador com características muito semelhantes às do ex-bracarense - foi confirmado oficialmente como contratação às 22h15 de dia 31, e que as notícias dos últimos dias darem conta de uma troca de mensagens entre Bruno de Carvalho e António Salvador às 23h de dia 31, estou muito mais inclinado para a segunda hipótese.
  • O único momento em que Bruno de Carvalho não se conteve a falar dos rivais foi para defender Jorge Jesus das acusações que Vieira lhe havia dirigido, dizendo que era impossível planear a médio e longo prazo. Perfeitamente justificado.
  • Apesar de a entrevista se ter realizado menos de 24 horas após o anúncio de um prejuízo de quase 32 milhões de euros, não houve uma única pergunta sobre contas. Considerando que Rodrigo Guedes de Carvalho não foi o entrevistador meigo que José Alberto Carvalho foi para Vieira, é sinal de que o prejuízo de 32 milhões não é visto (e bem) como um problema sério.
  • Ao fim de um minuto de entrevista, já Rodrigo Guedes de Carvalho tinha feito mais pressão sobre Bruno de Carvalho do que os quatro entrevistadores de Vieira fizeram em hora e meia. Nada contra o jornalista da SIC, é para isso que ele lá está.