segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Uma boa notícia

O Sporting renovou esta manhã com Pedro Marques.


Pedro Marques tem tido um percurso curioso: foi passando pelos vários escalões de formação do Belenenses de forma relativamente despercebida, jogando, sobretudo, na posição de extremo. No entanto, na época passada, no seu primeiro ano de júnior, passou a ser utilizado como ponta-de-lança, e os resultados não poderiam ser melhores. As más relações entre o Belenenses e a SAD contribuíram para um impasse na renovação com o jogador, e o Sporting, em abril passado, não perdeu a oportunidade de o contratar.

O jogador teve as suas primeiras internacionalizações em junho passado, pela equipa dos sub-18 - marcando dois golos em dois jogos, frente à Áustria e República Checa. Entretanto também já teve duas internacionalizações nos sub-19, marcando um golo frente à Itália.

No Sporting, a média de golos tem sido igualmente impressionante. 8 golos marcados em 5 jogos pelo sub-19, 3 golos marcados em 3 jogos na Youth League, e 3 golos marcados em 184 minutos de competição na equipa B.

Ultimamente tem jogado nos juniores, mas suponho que esta reintegração se deva à participação na Youth League, pois parece claro que o seu rendimento justifica um regresso à equipa B. É certo que na equipa B há Leonardo Ruiz e Ronaldo Tavares, mas, considerando a quantidade de partidas que a competição tem, há espaço para todos.


Jogadores por quem se suspira

Nos últimos dias, têm sido muitos os jogadores que, por um motivo ou por outro, não fazem parte dos planos de Jorge Jesus, mas que têm sido recordados por muitos sportinguistas como potenciais soluções para tapar determinadas lacunas do plantel atual que, neste momento, estão à vista de todos.

Aqui fica a minha opinião sobre a relevância que cada um desses jogadores poderia ter se estivessem no plantel de Jorge Jesus. Todas as opiniões são respeitáveis, e o objetivo deste post não é desacreditar aqueles com quem não concordo. São apenas os meus dois cêntimos, que valem o mesmo que os de qualquer outro adepto.


Slimani e João Mário

Fazem muita falta, pois claro, mas foram transferidos por verbas que fizeram deles as duas maiores vendas da história do clube. É um ciclo a que nenhum clube português de sucesso pode fugir - comprar barato, desenvolver e vender caro -, pelo que o Sporting tem de se habituar a isso. Como diria Vito Corleone, foram vendidos por propostas que, simplesmente, não podíamos recusar.


Fredy Montero

De todos os nomes por quem alguns sportinguistas suspiram, este é o que menos compreendo. Sim, Montero foi decisivo em alguns jogos, mas, aparentemente, aqueles que sentem saudades do colombiano já se esqueceram da enorme quantidade de partidas em que foi titular e que pouco ou nada acrescentou. Foi importante num dado momento da vida do Sporting, mas não vejo que pudesse ser a solução de que a equipa precisa.


Daniel Podence

Logo nos primeiros dias de treino da pré-época, pareceu ser o jogador que mais surpreendeu Jesus pela positiva. No entanto, à medida que os jogos de preparação se foram sucedendo, foi perdendo espaço nas opções do treinador. Sem futebol de primeira liga nas pernas, seria muito otimista pensar que Podence poderia ser melhor solução que as opções já tentadas por Jesus. Creio que o empréstimo ao Moreirense é importante para a sua evolução. Marcou, este fim-de-semana, o seu primeiro golo na liga.


João Palhinha

Considerando que a alternativa a William é Petrovic, e olhando para aquilo que o sérvio (não) tem feito, é óbvio que João Palhinha poderia ter lugar neste plantel. Não no onze, como é evidente, mas para ir ganhando minutos, preparando-o para assumir o lugar após uma eventual venda de William Carvalho. Se Petrovic - pressupondo que não vai dar mais do que já mostrou - não é jogador para o Sporting aos 27 anos, também não o será no futuro - o que significa que a opção tomada representa apenas uma perda de tempo para o clube.


Francisco Geraldes

Agradou-me a decisão de emprestar Francisco Geraldes ao Moreirense. É importante - ainda mais num jogador da sua posição - que se habitue ao ritmo e exigências do principal escalão, antes de assumir o papel de médio de transporte no Sporting. Olhando para o rendimento nulo de Elias e ao mistério que é Meli, só muito dificilmente Geraldes não faria melhor. No entanto, ainda tenho esperança de que o brasileiro suba significativamente o seu rendimento. E penso que seria demasiado estar a pedir a Geraldes que substituísse Adrien sem, primeiro, fazer esta rodagem por empréstimo. Há que ter paciência no seu desenvolvimento, pois temos aqui material para um futuro capitão.


Iuri Medeiros

Iuri já demonstrou que tem futebol para fazer parte do plantel do Sporting. No entanto, na pré-época, raramente teve oportunidades para jogar. Segundo o que se diz, faltou empenho nos treinos. Se foi afastado por este motivo, então não há nada a dizer. O empréstimo ao Boavista não vai ajudar em nada no seu desenvolvimento enquanto futebolista, mas pode ser que lhe abra os olhos para a atitude que um profissional necessita, obrigatoriamente, de ter.


Matheus Pereira


Declaração de interesses: adoro o futebol de Matheus - no princípio da época passada, pensava que se iria afirmar mais rapidamente no onze do que Gelson Martins. Foi bastante utilizado na primeira metade da época, marcando vários golos e chegando a ser titular na vitória caseira contra o Porto. No entanto, com a subida de rendimento de Teo Gutierrez, João Mário, Gelson e Bryan Ruiz, foi perdendo espaço nas opções de Jesus. Neste momento, quase que carrega a equipa B às costas (Sporting B com Matheus: 4V, 2E, 0D; Sporting B sem Matheus: 1V, 2E, 5D). Não consigo compreender como não está a jogar na equipa principal do Sporting, considerando o terrível momento de forma de Bryan Ruiz Alan Ruiz e Markovic.


Pedro Empis

É um lateral esquerdo promissor. Não seria boa ideia lançá-lo às feras num momento em que a equipa está psicologicamente frágil, mas talvez fizesse sentido ser integrado no plantel principal, numa perspetiva de futuro. Zeegelaar está num péssimo momento de forma - e mesmo nos bons momentos de forma, o holandês não é capaz de convencer inequivocamente -, Jefferson parece numa espiral descendente na carreira... Bruno César tem sido pau para toda a obra... será que não se consegue arranjar uns minutos de competição para o miúdo contra o Praiense?


Leonardo Ruiz

O colombiano promete. Jogador felino e oportuno, tem uma interessante média  de um golo em cada 110 minutos. Na sua posição, André já deu alguns bons indicadores, mas tem sido muito irregular. No entanto, será que faz sentido falar na promoção de Leonardo Ruiz ao plantel principal quando ainda temos Castaignos por ser testado a sério?

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Fosso

Depois do terceiro empate consecutivo, há que evitar a tentação de disparar em todas as direções, e não fazer pagar o justo pelo pecador. Hoje, o Sporting perdeu pontos por culpa própria, e também, provavelmente por culpa alheia. Tanto as questões de culpa própria, como as de culpa alheia, não são uma exceção no passado recente.

O Sporting entrou bem no jogo. Fez 30 minutos bastante positivos, em que encostou o adversário à sua área e raramente permitiu que saísse a jogar. Nesse período de tempo, tivemos duas ocasiões flagrantes para marcar: o penálti falhado por William, e um remate de Gelson defendido por Rui Silva. Este é o primeiro problema: em 30 minutos de domínio claro, é insuficiente que apenas se consiga criar duas oportunidades flagrantes. A superioridade de posse de bola do Sporting tem sido uma constante, mas inócua, de tão pouco objetiva que é. Os adversários já perceberam que podem oferecer as laterais aos nossos jogadores, porque 75% das vezes rodamos jogo para trás para tentar nova vaga, e nas outras 25% saem cruzamentos com um baixíssimo índice de aproveitamento. Resultado: 10 jogadores adversários podem estacionar na área e nas imediações da sua linha limite, bastando um para sair ao lateral ou ala que estiver com a bola, para evitar que progrida para o interior da área. Perante tal concentração de pernas, é evidente que as trocas de bola estão, mais cedo ou mais tarde, sujeitas a acabar mal.

Hoje, não houve um problema de atitude. Os jogadores correram, lutaram e esforçaram-se por conseguir a vitória, pelo que não é justo imputar-lhes o fracasso. O que há é um problema evidente de fio de jogo que, à medida que o tempo vai passando, começa a baixar os níveis de confiança e a pesar nas pernas e na cabeça dos jogadores.

Jesus voltou a insistir em Zeegelaar e Bryan Ruiz, dois jogadores em péssima forma. Não surpreende que os dois raramente tenham conseguido combinações bem sucedidas enquanto estiveram em campo. Perdi a conta à quantidade de passes que saíram pela linha lateral ou de fundo, ou porque iam com demasiada força, ou porque um não percebeu que o outro solicitava a desmarcação. Depois, as substituições. Alan Ruiz foi uma nulidade. Campbell foi, mais uma vez, encostado à linha e afastado da área. E a substituição final não lembra ao diabo: por que razão foi colocar Elias, em vez de pôr o ponta-de-lança que tinha no banco? Não admira, que durante os descontos, William ou Coates não soubessem o que fazer à bola, perante a completa falta de opções.

E a decisão mais incompreensível de todas, que de certeza deixou quase todos os sportinguistas de cabelos em pé: a escolha de William para marcar o penálti. Eu adoro William, é o meu jogador preferido do Sporting, mas remata pessimamente e, como tal, não pode ser o marcador de penáltis. NÃO PODE SER O MARCADOR DE PENÁLTIS. Com Bruno César em campo, não vejo onde estaria a dúvida.

Na segunda parte, raramente criámos ocasiões, e há que reconhecer que a melhor pertenceu ao Nacional, num quase auto-golo de Rui Patrício salvo pela barra. No final, ambas as equipas acabaram com 9 remates. Sintomático.

Há, como é óbvio, grandes culpas próprias, mas não posso deixar de falar nos fatores externos. Mais uma vez, tivemos uma arbitragem que nos foi prejudicial. Vasco Santos, o árbitro que nos arrumou as esperanças do título em 2013/14, com uma arbitragem descaradamente tendenciosa em Setúbal, não viu um penálti claríssimo sobre Bruno César. Foi de uma permissividade total com o jogo duro do Nacional - houve, pelo menos, duas faltas sobre Schelotto, uma sobre Gelson e uma sobre Markovic que foram excessivas, e nenhuma deu direito a cartão. Não assinalou fora-de-jogo numa oportunidade de golo flagrante do Nacional. E, tendo dado 6 minutos de descontos, e tendo havido uma substituição durante o período de descontos realizada a ritmo de caracol, não se percebe a pressa em acabar o jogo precisamente quando se concluíram esses 6 minutos. Claro que não terá sido pelos 30 segundos que o Sporting deixou de ganhar o jogo, mas para mim é um pormenor demonstrativo de má fé.

Ficámos com sete pontos de atraso para o Benfica. Não será pelo fosso pontual que ficamos definitivamente afastados da luta pelo título, quando há ainda 26 jornadas pela frente. Preocupa-me mais fosso psicológico em que a equipa se está a enfiar e as soluções que Jesus não está a conseguir criar. Juntando tudo, não se augura nada de bom para as nossas possibilidades.

Bryan Ruiz na Porta 10 A

Excelente entrevista de Sérgio Sousa a Bryan Ruiz, na estreia do programa "Porta 10 A", na Sporting TV. Vale a pena ver. Venham mais destas!


via canal Daniel 1906

Ponto de viragem

Mais do que saber qual o onze que hoje subirá ao relvado, importa saber qual a atitude que os jogadores apresentarão durante os 90 minutos da partida. O momento psicológico está longe de ser o ideal devido à recente sucessão de exibições pouco convincentes, e é expectável que isso implique o aumento dos níveis de tensão da equipa. No entanto, não me parece que isso seja necessariamente mau, se essa tensão for devidamente canalizada.

A fraca prestação contra o Tondela resultou, provavelmente, da pressão a menos com que os jogadores encararam a partida e o adversário. Existiram lacunas técnico-táticas evidentes, fruto da má forma de alguns jogadores, mas não foi por aí que o final de tarde de sábado correu mal. Foi, sobretudo, uma questão de (falta de) mentalidade competitiva. E é isso que não pode, de maneira alguma, voltar a acontecer. 

Em Portugal, não há adepto tão acostumado a sofrer como os sportinguistas. No final da época passada, apesar de a equipa ter morrido na praia, o apoio foi avassalador até ao fim, e manteve-se APÓS o desfecho da época. Quando vemos que os nossos jogadores deixam tudo em campo, nunca deixamos de os apoiar, independentemente dos resultados. Esse apoio apenas tem de ser correspondido com espírito de luta e sacrifício.

É importante que os jogadores tenham percebido isso, de uma vez por todas.

Espero um onze ultra-determinado a impor o seu jogo desde o início. Que queira fazer o Nacional pagar a fatura das desilusões recentes. Que assumam e levem a peito as críticas que lhes foram feitas, e apareçam com vontade de corrigir aquilo que tem falhado. Que vejam o jogo de hoje como um ponto de viragem para o resto da época.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

M - A Orgia do Poder

É hoje publicado em Itália o novo livro de Pippo Russo, sobre Jorge Mendes e a sua teia de ligações e influência no mundo do futebol - com particular ênfase no que se passa em Portugal. 


Para já, foi publicado apenas em italiano, mas creio que em breve será publicado noutras línguas. Fico a aguardar, com bastante expetativa, a tradução para inglês ou português (vamos ver se alguma editora nacional terá interesse em fazê-lo).

O orçamento do Porto para 2016/17

Tomei ontem conhecimento do orçamento da Porto, SAD para 2016/17. Os números são os seguintes:


Para além de a administração estar otimista em relação à participação na Liga dos Campeões (os 30M previstos implicam o apuramento para os oitavos de final, com uma enorme percentagem de pontos conquistados na fase de grupos - o que, convenhamos, é alcançável), está-se também a prever vendas de jogadores na ordem dos 116 milhões de euros, que corresponderão a mais-valias de 68,5 milhões de euros.

Não é um objetivo impossível, mas, para se ter noção da ambição do valor proposto, o Porto terá de se aproximar muito das vendas de 2012/13, ano em que vendeu James (45M), Hulk (40M), Moutinho (25M) e Álvaro Pereira (10M), que, juntos, originaram mais-valias de 74 milhões de euros.

Não parecem existir grandes dúvidas de que André Silva será um dos jogadores transferidos, por cerca de 40 ou 50 milhões. Cheira, no entanto, que haverá uma permuta com o Atlético Madrid (ou outro clube Mendes) do género da de Gaitán/Jimenez, olhando para as opções de compra de Óliver e Jota. Bom para empolar as mais-valias imediatas e os custos futuros, mas com um efeito pouco significativo na tesouraria - ver venda de Maicon (LINK).

Falta o resto, que dependerá muito do sucesso desportivo da época do Porto. Correndo bem e havendo uma boa valorização de jogadores, é possível que se consiga atingir o objetivo. Correndo mal, dependerá muito da habilidade de Mendes em fazer o carrossel girar.

O que fica claro é que, depois dos avassaladores prejuízos de 2015/16, a administração do Porto não parece muito interessada em reduzir o nível de risco a que sujeita o clube. Mesmo que estas estimativas (bastante otimistas) sejam cumpridas, o lucro do exercício será apenas de 2,7 milhões. Como será se correr mal? Suponho que continue a ser mais do mesmo, enquanto for possível ir adiantando dinheiro do contrato televisivo com a Meo para ir tapando as falhas de tesouraria.

As conferências de imprensa do futuro

Muito interessante a interação que existiu entre Nuno Espírito Santo e os jornalistas presentes no auditório, no final do Porto - Arouca. Quer tenham já visto ou não, sugiro a visualização deste pequeno resumo de 50 segundos. Quem sabe se não se inaugurou, aqui, uma nova moda que dominará as conferências de imprensa do futuro.

O ano do futebol feminino

Está a acontecer. O futebol feminino tem tido, nos últimos dias, um nível de destaque inédito e inteiramente merecido, face à proeza alcançada com o primeiro apuramento para a fase final de um europeu. Algo que acontece na sequência - mas não como consequência - de um significativo crescimento da visibilidade da renovada Liga Allianz, que, esta época, abriu portas aos clubes da Liga NOS que se mostraram interessados em abraçar o desafio: Sporting, Braga, Belenenses e Estoril (o Boavista já estava na competição).
Este despertar da profissionalização é um fator que, seguramente, contribuirá decisivamente para o aumento da competitividade do futebol feminino em Portugal ao longo dos próximos anos. Mas existe ainda um grande caminho a percorrer, até estarem estabelecidas as bases de trabalho ideais para atletas e equipa técnica.

Vale a pena ver a entrevista feita ontem por telefone pela Sport TV+ a Mariana Cabral, coordenadora de formação e treinadora dos sub-19 femininos do Sporting, onde se fala de forma breve, mas bastante interessante, da história recente e do panorama atual do futebol feminino em Portugal - e que ajuda a perceber tudo aquilo que representa a qualificação alcançada na última terça-feira.


Este feito é, em primeiro lugar, um prémio que deverá encher de orgulho todos os técnicos, jogadoras e dirigentes que mantiveram o futebol feminino vivo durante os anos e anos em que não havia sequer uma fração da atenção que começa hoje a existir. Milhares de pessoas que jogando, treinando, organizando, informando e formando, sem quaisquer expetativas de mediatismo ou de recompensas que não fossem a evolução e afirmação da modalidade que praticavam ou acompanhavam. 

Papéis diversos e igualmente fundamentais que, curiosamente, se reunem na pessoa da coordenadora de formação do Sporting. Enquanto jogadora, Mariana Cabral foi três vezes campeã nacional, participou na Liga dos Campeões, conquistou três Taças de Portugal e foi campeã da 2ª divisão por duas ocasiões. Terminou a carreira prematuramente, mas chegou a ser colega de equipa de várias jogadoras que na terça-feira estiveram em campo. Como treinadora, liderou os sub-17 femininos do Estoril na conquista do campeonato distrital (neste escalão não existia campeonato nacional). Acompanha há muitos anos o futebol feminino como jornalista e blogger. E agora, para além de ser treinadora dos sub-19 femininos, desempenha a já referida função de coordenadora de formação no Sporting. Não é difícil, portanto, perceber a felicidade que o apuramento para o Euro lhe terá provocado.

Esta qualificação, só por si, não é garantia de que o futebol feminino tenha subido para um patamar superior de meios e mediatismo. Relembro a qualificação da seleção de Râguebi, em 2007, disputado em França, que gerou um enorme entusiasmo à volta da modalidade. Infelizmente, passados quase dez anos, conclui-se facilmente que isso acabou por não representar o salto desejado para a modalidade em Portugal. No caso do futebol feminino, tão ou mais fundamental que a qualificação para o Euro, é que continue a haver um empenho sistemático da FPF e dos clubes, nomeadamente aqueles que têm uma massa de apoio mais considerável. Obviamente que o Sporting, neste contexto, terá um papel importantíssimo a desempenhar.

Para além do forte investimento realizado na equipa sénior, contratando um naipe de jogadoras portuguesas de qualidade e de grande futuro, o Sporting também está a fazer uma aposta inequívoca na formação, com os escalões de sub-19 e sub-17, tendo recrutado algumas das maiores promessas nacionais que, no futuro, poderão formar uma espécie de núcleo da seleção nacional - no fundo, aquilo que é o ADN deste clube.

Têm sido meses muito positivos para o futebol feminino. As audiências televisivas do duplo confronto com a Roménia foram uma surpresa agradável, e o Braga - Sporting, uma partida importante entre os dois favoritos ao título, será transmitido em direto pela TVI24. Que o ritmo de crescimento se mantenha, e que estes meses positivos se convertam em anos. Quem sabe se, daqui a uma década, as qualificações para europeus e mundiais não serão algo tão rotineiro quanto as do futebol masculino? Seria muito bom sinal.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Quem se deixa corromper por 300 ou 400 euros?


"Nem pensamos nisso. Estamos serenos. Denunciámos o caso Apito Dourado. O que pedimos é que o caso seja rapidamente resolvido. A nossa gestão é transparente. Não queremos ganhar a qualquer preço, queremos ganhar limpo. Acha mesmo que um árbitro se deixa corromper por 300, 400 ou 500 euros?" - palavras de Luís Filipe Vieira ao Correio da Manhã.

Perante esta pergunta retórica feita pelo presidente do Benfica, surgem-me, de imediato, outras duas questões. A primeira é se é essa a grandeza de valor dos kits que ofereceram a cada árbitro, delegado e observador. A segunda é: perante tanta certeza, então quanto dinheiro é necessário para um árbitro se deixar corromper? 750 euros? 1.000 euros? 5.000 euros? 10.000 euros? 50.000 euros? 100.000 euros?

Na realidade, todos sabem que o valor de uma oferta, neste âmbito, é uma falsa questão. Basta recordar que. no caso Apito Dourado. existiram ofertas de bens ou serviços cujo valor seria, seguramente, inferior aos tais 300, 400 ou 500 euros.

No entanto, para mim, a questão dos vouchers não é, nem nunca foi, uma questão de corrupção. Falamos de ofertas que, pela sua natureza, e apesar de não terem qualquer valor limite, não sugerem aos recetores um pedido de favorecimento. E, realisticamente falando, também não vejo que os árbitros, que recebem alguns milhares de euros mensais no exercício da sua atividade, favoreçam um clube devido a uma oferta deste tipo.

A questão dos vouchers é, sobretudo, uma questão de legalidade. Existem regras que estipulam limites às ofertas, e isso acontece por um motivo. Esse motivo é evitar tentações, de uma parte e de outra, e, como tal, entendeu-se que mais vale prevenir e limitar essas ofertas a um nível simbólico. Mesmo assim, as coisas nem sempre são assim tão lineares, porque cada caso é um caso, e o preço de um pode não ser o preço de outro.

Daí que a frase de Vieira, dos 300, 400 ou 500 euros, seja muito infeliz. Por exemplo, as escutas do Apito Dourado deram a conhecer um caso de um juiz, em pleno processo judicial que envolvia um jogador do Porto, meteu uma cunha para dois bilhetes de futebol, cujo valor facial era muito inferior aos tais 300, 400 ou 500 euros.

via @bifeahcasa

O que chamaria Luís Filipe Vieira a isto?

É curioso ver a evolução que tem havido em toda esta novela dos vouchers. Inicialmente, a reação benfiquista foi de negação: nada era oferecido. Mais tarde, passou a dizer-se que o voucher apenas direito ao prato do dia, algo que agora se sabe não ser verdadeiro. A APAF chegou a garantir que as ofertas não ultrapassavam o limite dos 183€. Na segunda-feira, Marco Ferreira revelou ter recebido dois kits cortesia quando arbitrou o Benfica - Sporting da lã de vidro - um na noite em que o jogo foi adiado, e outro na noite em que o jogo se disputou.


Ou seja, paulatinamente, foram sendo revelados factos que foram inflacionando o valor da cortesia para valores que, potencialmente, podem ser bastante superiores ao limite legal existente.

Parece-me normal que a PGR decida arquivar o caso dos vouchers, no âmbito de suspeitas de corrupção. Mas a FPF não pode fechar os olhos (ou podia, porque sempre os teve fechados) ao lado da regulamentar da questão. Apesar de todos sabermos que, para a FPF, é normal haver umas regras para uns que não se aplicam a outros.

Nem vão acreditar...

Nem vão acreditar no que aconteceu, esta madrugada, numa ação de campanha nos EUA.

"Deixa-me dizer-te algo que já sabes"

Deixa-me dizer-te algo que já sabes.

O mundo não é só o brilho do sol e arco-íris. É um lugar maldoso e desagradável, e, independentemente do quão duro sejas, vai-te espancar até te ficares de joelhos, e manter-te-á assim permanentemente, se tu deixares.

Mas o importante não é a força com que és atingido. O importante é o que tu consegues suportar ao ser atingido, e continuar a seguir em frente. Quanto consegues aguentar e continuar a seguir em frente. É assim que as vitórias se fazem.

Se tu sabes o que vales, então vai e persegue aquilo que vales. Mas tens de estar disposto a suportar os golpes, em vez de estar a apontar culpas, dizendo que não estás onde queres estar por causa dele, dela, ou de quem quer que seja.

Isso é o que fazem os cobardes, e tu não és isso. És melhor do que isso!


Para todo o Sporting: jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos. A hora é de reagrupar, recuperar e lutar pelo que queremos conquistar. Pegando nas palavras do Grande Artista e Goleador, um leão não verga.

Grande vídeo do André Lucas.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Histórico!

A seleção feminina conseguiu, esta tarde, a qualificação para a fase final do Europeu, que se disputará na Holanda em julho e agosto de 2017. É a primeira vez que a seleção se apura para uma fase final. Parabéns a todas as jogadoras e à equipa técnica!



"O Mundo Sabe Que" em 360 graus

Publicado pela Sport TV:

Assim defende um nomeado para o Balon D'Or



Entretanto, podem dar a vossa opinião nas seguintes votações online:

O panorama geral

Existem motivos de sobra para os sportinguistas estarem preocupados com a recente produção da equipa. No entanto, estando também insatisfeito com a produção recente da equipa, não me parece que faça sentido o sentimento de fatalismo que tomou conta de muitos adeptos. Recapitulemos os jogos oficiais que o Sporting fez até ao momento:
  • Marítimo (C): vitória por 2-0; jogámos sem ponta-de-lança, em virtude da suspensão de Slimani, mas o jogo foi ganho de forma confortável;
  • Paços Ferreira (F): vitória por 1-0; jogo completamente controlado frente a um adversário que não rematou uma única vez à baliza de Rui Patrício;
  • Porto (C): vitória por 2-1; boa reação à desvantagem inicial, vitória indiscutível;
  • Moreirense (C): vitória por 3-0; vantagem construída nos primeiros 60 minutos;
  • Real Madrid (F): derrota por 2-1; grande exibição, com reviravolta consentida nos últimos minutos de jogo.

Até esta fase, a equipa respirava confiança e não havia, seguramente, nenhum sportinguista que não estivesse satisfeito com a qualidade do futebol praticado.
  • Rio Ave (F): derrota por 3-1; exibição frouxa, com o resultado a ser definido por 15 minutos fatais;
  • Estoril (C): vitória por 4-2; bom jogo da equipa, mas foram consentidos dois golos nos cinco minutos finais que mancharam, de certa forma, a exibição;
  • Legia (C): vitória por 2-0; vantagem construída ainda na primeira parte, numa exibição poupada; o resultado nunca esteve em causa.

A derrota com o Rio Ave e os golos sofridos no final do jogo com o Estoril levantaram algumas questões sobre a consistência defensiva da equipa, mas, de uma forma geral, os resultados eram satisfatórios. O único resultado abaixo das expetativas, até então, tinha sido a derrota em Vila do Conde.
  • V. Guimarães (F): empate por 3-3; grandes 70 minutos iniciais, ao nível do melhor que a equipa produzira na época; 20 minutos finais desastrosos, consentido o empate;
  • Famalicão (C): vitória por 1-0; má exibição, parcialmente explicável pelas muitas alterações na equipa e pela pouca motivação que existe sempre neste tipo de encontros;
  • Borussia Dortmund (F): derrota por 2-1; má primeira parte, durante a qual os alemães marcaram dois golos, seguida por uma boa segunda parte, em que a equipa fabricou oportunidades suficientes para empatar;
  • Tondela (C): empate por 1-1; má exibição, do princípio ao fim, em que a derrota acabou por ser evitada nos últimos segundos.

Na Liga dos Campeões seguimos com 1 vitória e 2 derrotas. A equipa não superou as expetativas, mas também não teve nenhum resultado fora daquilo que seria razoável esperar - considerando a valia dos adversários. Na Taça de Portugal, sem qualquer brilhantismo, cumprimos a nossa obrigação. No campeonato, temos 5 vitórias, 2 empates e 1 derrota, e estamos a 5 pontos do Benfica. Aqui, como é evidente, a prestação desilude, principalmente se olharmos para a forma como entregámos pontos aos adversários.

Há motivos para estarmos preocupados? Com certeza que sim. As exibições da equipa nos últimos quatro jogos, por um motivo ou por outro, ficaram sempre abaixo do exigível. A equipa não é obrigada a jogar 90 minutos com uma intensidade elevada, mas não pode ausentar-se de campo durante um quarto de hora, como aconteceu em Vila do Conde e em Guimarães. O grupo de trabalho - equipa técnica e jogadores -, com a sua experiência acumulada, não pode revelar tamanha falta de controlo emocional e de inteligência nos momentos em que não consegue dominar todas as incidências da partida. E, acima de tudo, parece-me que tem faltado capacidade de adaptação ao que o jogo está a dar. Não é admissível, por exemplo, no jogo com o Dortmund, que Jorge Jesus tenha demorado 45 minutos a perceber que havia uma autoestrada que Markovic e Elias abriam para os médios adversários entrarem pelo nosso meio-campo adentro; não é admissível que ninguém, no banco ou dentro de campo, tenha dado um berro para aumentar os níveis de intensidade contra o Tondela e o Famalicão; é difícil compreender, com um plantel tão vasto, que ainda se esteja a ignorar o péssimo momento de forma de alguns jogadores, e se insista em fazer de outros aquilo que eles não são.

Mas, apesar de tudo isto, parece-me precipitado estarem a tirar-se conclusões definitivas sobre o valor de determinados jogadores - dos reforços, em particular, e do plantel, na generalidade - e a diabolizar-se Jorge Jesus. É indiscutível que a equipa atravessa um péssimo momento psicológico, e quando assim é, praticamente todos os jogadores parecem maus. Sabemos bem, pelo que vimos na temporada passada, que há qualidade neste plantel.

O problema é, sobretudo, psicológico. Havendo lacunas óbvias, um Sporting confiante conseguiria, com maior ou menos dificuldade, ultrapassar os obstáculos que essas lacunas criam contra os Tondelas da vida. É claro que essas lacunas exigirão (muito) trabalho técnico-tático - sobretudo no que diz respeito a garantir os equilíbrios necessários considerando as diferenças nas características entre os jogadores que saíram e os que entraram -, mas isso é algo que, com tempo, poderá ser alcançado. Se há técnico em Portugal que, através do treino, revela capacidade nessa vertente, é Jorge Jesus.

O grande problema do Sporting, neste momento, é a falta de tempo para trabalhar e consolidar esses equilíbrios. O atraso de cinco pontos reduziu a margem de erro ao mínimo. Neste panorama pouco animador, a parte positiva é que, literalmente e figurativamente, dependemos apenas de nós para conseguir dar a volta a esta situação. A nós, os adeptos, cabe-nos manter o apoio que sempre soubemos dar nos maus momentos. Que nunca seja por falta de apoio que o clube deixe de alcançar os seus objetivos. 

O jogo do ano, para o Sporting, é já na próxima sexta-feira, contra o Nacional.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Rui Patrício entre os 30 nomeados para o Ballon D'Or

Justíssimo! Parabéns, Rui!


Cristiano Ronaldo e Pepe são os outros portugueses nomeados.


Lista dos nomeados:

Sergio Agüero
Pierre-Emerick Aubameyang
Gareth Bale
Gianluigi Buffon
Cristiano Ronaldo
Kevin De Bruyne
Paulo Dybala
Diego Godin
Antoine Griezmann
Gonzalo Higuain
Zlatan Ibrahimovic
Andrés Iniesta
Koke
Toni Kroos
Robert Lewandowski
Hugo Lloris
Riyad Mahrez
Lionel Messi
Luka Modric
Thomas Müller
Manuel Neuer
Neymar
Dimitri Payet
Pepe
Paul Pogba
Rui Patricio
Sergio Ramos
Luis Suarez
Jamie Vardy
Arturo Vidal

Eu cá não sou de intrigas, mas...

Os mais novos a darem o exemplo


Num fim-de-semana em que a equipa principal não conseguiu virar o resultado contra o Tondela, a equipa de juvenis conseguiu uma reviravolta inacreditável ante o Sacavenense, segundo classificado da nossa série.

A apenas dois minutos do fim, o Sporting perdia por 0-2 e jogava apenas com 10 elementos, mas conseguiria marcar 3 golos (Bernardo Sousa, autogolo e Paulo Rodrigues) ao cair do pano, e vencer a partida.

Fica o resumo para quem não teve oportunidade de ver.

Bem-vindo, Nelson!

Foto: Global Imagens / Pedro Rocha

No final da primeira parte do Sporting - Tondela, o speaker avisou os sportinguistas que iria haveria uma surpresa ao intervalo. Efetivamente, não estava a exagerar. A apresentação de Nelson Évora foi uma autêntica bomba, que - confesso - há muito desejava que acontecesse, mas que não imaginava ser possível.

Presente, há poucos meses, na final do concurso de triplo salto nos JO do Rio de Janeiro, o atleta é um reforço de peso para a equipa masculina, que assim se encontrará melhor apetrechada para voltar a conquistar o título de campeã nacional.

De aplaudir, também, a iniciativa de fazer a apresentação de Nelson Évora no estádio. Um atleta que foi campeão do mundo e campeão olímpico por Portugal não mereceria menor destaque do que este.

Bem-vindo, Nelson!

domingo, 23 de outubro de 2016

Mau demais para um suposto candidato ao título

Este foi, tanto quanto me lembro, o pior jogo que o Sporting fez na era de Jorge Jesus. O resultado é um castigo justo, não pelo que o Tondela fez para conseguir o pontinho que alcançou - antijogo miserável com a conivência da equipa de arbitragem -, mas pela falta de atitude revelada pelos jogadores e pelo total deserto de ideias para ultrapassar o autocarro dos visitantes. Como é evidente, as culpas por este resultado não se limitam apenas aos jogadores, porque estes apenas executam a estratégia que Jesus idealizou. Mas, a desfavor da equipa técnica, há ainda equívocos, cada vez mais evidentes, na forma como certos jogadores são utilizados, e na incapacidade para mudar o chip de que Jesus tanto fala: conseguimos não ganhar nenhum dos três jogos pós-Champions. Foi mau, mau demais para uma equipa que quer ser campeã.

Foto: Global Imagens



Está aí o teu segundo avançado, Jesus! - Jorge Jesus já testou, como segundo avançado, Alan Ruiz André, Markovic, Bruno César, Bryan Ruiz e até Castaignos, mas parece fazer questão de ignorar aquilo que muita gente já percebeu: Joel Campbell, pela sua capacidade de desmarcação e espontaneidade de remate, deveria ser opção para o lugar - como já o tinha demonstrado contra o Moreirense. Colocá-lo junto a uma faixa e obrigá-lo a estar a maior parte do tempo de costas para a baliza, em trocas de bolas com os colegas mais próximos, é tentar fazer dele o jogador que não é e desperdiçar as suas melhores qualidades.

No meio do marasmo, foi havendo Gelson e Coates - o extremo não teve uma noite particularmente inspirada, mas foi o único jogador que foi conseguindo fazer alguma coisa para causar desequilíbrios - acabando por somar mais uma assistência ao seu pecúlio. Coates fez tudo o que podia - limpou o que podia limpar atrás, e ainda tentou explicar aos médios o que era preciso fazer para empurrar a equipa para a frente.



Falta de atitude, esclarecimento e de um plano B - todas as equipas têm direito a jogos menos conseguidos, mas, havendo atitude, existe sempre uma boa possibilidade de se ultrapassarem os obstáculos colocados pelos adversários de menor valia teórica. Ontem foi evidente, desde muito cedo, que a estratégia não estava a resultar. A concentração de jogadores na faixa central era enorme e o Tondela estava perfeitamente confortável com as débeis tentativas do Sporting em furar a sua defesa. Muitas vezes, o Sporting colocava em simultâneo ambos os alas / extremos em posições interiores, ficando as duas faixas laterais desertas de jogadores das duas equipas. Sem rapidez e inspiração na execução, constantemente a bola voltava para os homens mais recuados do Sporting para iniciar uma nova vaga, mas qualquer tentativa de variação era feita de forma ainda mais lenta e denunciada. Compreendo que a equipa tente jogar com critério, mas em situações em que a estratégia não está claramente a funcionar, não fará sentido dar indicações aos jogadores para terem menos cerimónia e colocarem rapidamente a bola na área, de forma a que Dost, André, Castaignos ou Campbell, possam fazer pela vida? As poucas ocasiões que construímos, perto do fim, surgiram assim. Falta sentido prático a esta equipa. Se os jogadores estiverem inspirados, coisas boas podem acontecer. Não estando inspirados, há que pressionar o adversário colocando a bola na área tantas vezes quanto se conseguir, esperando que a categoria dos nossos avançados possa fazer a diferença em uma ou duas dessas situações. No fundo, um plano B.

Jogadores a precisar de banco / descanso / exílio - no meio de várias exibições para esquecer, houve, no entanto, três casos particularmente gritantes. Elias foi, mais uma vez, um jogador inútil em campo. Ou se posicionava entre os centrais para fazer passes curtos para o lado; ou se posicionava em cima de William quando este tinha a bola, estorvando mais do que arranjando linhas de passe; ou posicionava-se perto dos centrais adversários, esperando receber a bola quase como um pivot. O que a equipa precisava era de um médio transportador, mas Elias nunca quis assumir esse papel. Bryan Ruiz está nitidamente em má forma. Raramente as suas iniciativas correram bem e perdeu inúmeras bolas. Zeegelaar está com 0 de confiança. Não consegue ter qualquer tipo de iniciativa decidida a atacar. A defender, deixou-se antecipar numa ocasião que quase deu golo ao Tondela. Três jogadores que, na minha opinião, neste momento não têm lugar no onze.

A arbitragem de Rui Costa - uma autêntica miséria: inúmeras decisões mal tomadas, com prejuízo quase exclusivo do Sporting - cantos transformados em pontapés de baliza, lançamentos decididos ao contrário, um fora-de-jogo incompreensivelmente assinalado a Campbell, que estava 3 metros atrás da linha defensiva adversária, e, acima de tudo, uma total complacência perante as entradas duras e antijogo dos jogadores do Tondela. Os 6 minutos de descontos deveriam ter sido 8 ou 9, tantas foram as entradas da equipa médica dos visitantes, e nem sequer levou em consideração o tempo que o jogo esteve parado depois de ter anunciado os tais 6 minutos. Uma arbitragem à antiga: manhosa e deliberada. Há que dizer, no entanto, que podia ter mostrado o cartão vermelho a William Carvalho já nos descontos.



Não se consegue compreender: onde está aquela equipa que esteve tão bem durante 80 minutos no Bernabéu, que conseguiu um domínio avassalador em Guimarães durante 75 minutos? Falta Adrien, mas não é aceitável que a ausência de um jogador explique tamanha diferença de rendimento. A bem das nossas aspirações, é fundamental que a equipa se reencontre rapidamente.

sábado, 22 de outubro de 2016

#DiaDeSporting: É tempo de exorcizar certos fantasmas

Na época passada, o Sporting viveu, no jogo em casa com o Tondela, uma experiência muito semelhante ao que tem sido frequente ao longo do último mês: aquilo que podia correr mal, acabou mesmo por correr mal.

Uma expulsão injusta de Rui Patrício, ajuizada pelo inenarrável Luís Ferreira (que ia com tanta boa vontade, que nessa noite até chegou ao ponto de empurrar um jogador do Sporting para o afastar de uma disputa de bola ao solo), deixou o Sporting a jogar com menos um a partir da meia-hora, e originou o penálti que inaugurou o marcador a favor dos visitantes. O Sporting conseguiria dar a volta ao resultado na segunda parte, mas a poucos minutos do fim, quando nada o fazia prever, o Tondela acabaria por empatar a partida. O choque foi enorme, pois falávamos de um confronto entre primeiro e último classificados, que atravessavam períodos de forma diametralmente opostos.

Hoje, o Tondela não está numa situação muito melhor do que aquela em que se situava há um ano. Ocupa, atualmente, a penúltima posição, com apenas mais um ponto do que o Moreirense, mas volta a não haver motivos para se imaginar que a tarefa de logo será fácil. O Tondela conseguiu a sua única vitória frente ao Paços de Ferreira precisamente na última jornada, e é preciso não esquecer que já roubou pontos ao Porto esta época. 

Para o Sporting, não é apenas fundamental vencer: há que conseguir os três pontos de forma tranquila, de maneira a poder começar a recuperar os níveis de confiança de jogadores e adeptos. Já vimos esta equipa praticar excelente futebol nesta temporada, falta conseguir manter a consistência necessária durante os noventa minutos. Hoje é um excelente dia para o fazer.



P.S.: hoje também é dia grande no andebol: à mesma hora do futebol, haverá a visita ao Dragão Caixa para defrontar o Porto. Um embate entre aquelas que têm sido as melhores equipas da época até ao momento, e o maior desafio que este novo conjunto de jogadores teve de enfrentar até ao momento. Às 15h, a equipa de hóquei recebe, em Alverca, o Candelária, e, às 16h, a equipa de futsal estreia-se no campeonato visitando o Belenenses.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Sorteio da ronda de elite da UEFA Futsal Cup


Composição dos grupos (ranking entre parêntesis):

Grupo A: Kairat (2º), Nikars Riga (10º), Real Rieti (19º) e Feniks (51º)
Grupo B: Ugra (1º), Araz Nakçivan (6º), Hamburg Panthers (26º) e Nacional Zagreb (20º)
Grupo C: Inter (3º), Ekonomac Kraguievac (7º), Chrudim (8º) e Maribor (28º)
Grupo D: Dynamo (4º), Sporting (5º), Gyor (9º) e Targu Mures (16º)

Taça de Portugal: Sporting - Praiense

O Sporting vai receber o Praiense, equipa açoriana que lidera a sua série do CNS (com 6 vitórias em 6 jogos). Bom sorteio.


O Porto terá a missão mais complicada, com uma deslocação a Chaves.

Os jogos irão disputar-se no fim-de-semana de 20 de novembro, dias antes da receção ao Real Madrid.

Como transformar uma paródia nacional num embaraço sem fronteiras

O dia de ontem demonstrou que, com um pouco de criatividade e habilidade, é possível transformar uma paródia nacional num embaraço de dimensão internacional.


Este vídeo feito pelo @captomente, que, posteriormente, foi colocado no Reddit pelo Sa_Pinto, tornou-se, numa questão de poucos minutos, num fenómeno viral que atravessou redes sociais e deu a conhecer ao mundo aquilo que é hoje o debate futebolístico em Portugal.

Há que reconhecer, em primeiro lugar, que a matéria-prima era de enorme potencial para alastrar instantaneamente. A perícia na construção da legendagem (o que me ri com a tradução do murro na mesa!) e a oportunidade com que se colocou o vídeo no Reddit, uma rede social propensa a espalhar este tipo de material, fizeram o resto. 

Mas a triste realidade é que, numa base semanal, seria possível recolher, sem grande esforço, outros clips igualmente embaraçosos, com estes ou outros protagonistas, com maior ou menor emissão de decibéis. A única coisa em comum entre todos estes episódios que, recorrentemente, nos envergonham a todos, é a ausência de conteúdo e uma distorção total daquilo que deveria ser rivalidade entre adeptos, amplificados em nome das agendas que os clubes já nem se dão ao trabalho de camuflar, e das audiências dos canais, que fazem tudo o que estiver ao seu alcance para os alimentar iterativamente.

A polémica e a rivalidade fazem parte do futebol. É legítimo que se discutam erros de arbitragem, é normal que se questionem atitudes e decisões polémicas de jogadores, treinadores e dirigentes dos adversários, mas algures no tempo perdeu-se completamente a noção do que é razoável. Começaram a surgir, como protagonistas, algumas personagens que alguém - não se sabe bem quem nem como - entendeu que representavam a generalidade dos adeptos dos clubes. Pior ainda, usaram-nos para alimentar todo um circo ultra-deprimente de narrativas de desestabilização que surgem, fatalmente, às segundas-feiras - independentemente do que tenha acontecido nos dias anteriores - e que se arrastarão, penosamente, até ao dia do próximo jogo.

Chegámos, inclusivamente, ao ridículo de termos direito a programas em que o tema principal em debate são as polémicas levantadas pelos programas anteriores, em que comentadores comentam os comentários de outros comentadores, cujos nomes são proferidos com muito maior frequência do que o dos jogadores que, nos dias anteriores, mais se destacaram dentro das quatro linhas.

Isto não é mais do que uma réplica da degradação da qualidade da imprensa desportiva, forçada a inventar conteúdos e a encher chouriços para preencher, diariamente, dezenas e dezenas de páginas que cativem os (cada vez em menor número) potenciais leitores. Com o aparecimento de quatro canais de notícias a transmitir 24 sobre 24 horas, a degradação do comentário televisivo tornou-se inevitável. O problema é que, no caso do comentário televisivo, a base de onde se partia já era particularmente má antes desta onda de massificação.

Apesar de existirem uns que são mais responsáveis do que outros no atual estado de coisas - não é difícil perceber, cronologicamente, quando e por quem começou a profissionalização do comentador -, isso já nem é o mais importante, pois todos entraram no jogo e foram cavando um buraco de tal forma profundo, sinuoso, e com tantas encruzilhadas, que agora, simplesmente, já não se consegue ver uma luzinha que seja que nos oriente de volta para a superfície: os canais televisivos não vão querer acabar com estes programas, pois trazem-lhes melhores audiências do que os sensaborões debates de política em que as vestes se rasgam de forma mais discreta; os clubes não vão deixar de alimentar os comentadores com novas polémicas, pois o contrário de estar ao ataque é ter que estar à defesa - uma posição em que ninguém quer ficar; não estou a ver os comentadores, enquanto classe, a recusarem-se a fazer o papel de correias de transmissão dos departamentos de comunicação dos clubes, porque, certamente, o cheque que recebem em troca é bastante compensador para o tempo que investem nessa atividade.

Neste universo de interessados sobra... o público para o qual, supostamente, estes programas são produzidos. Há sempre a opção de não ver, e há sempre a opção de blogues, páginas e contas de redes e sociais não divulgarem as coisas que ... mas, convenhamos, é difícil ignorar muitas das acusações que vão sendo feitas e das mentiras que vão sendo ditas. Eu, pecador, me confesso, apesar de já ter perdido a paciência para estes programas, e limitar-me a ver os excertos para os quais me chamam a atenção. É alguma coisa, mas não é suficiente. Não consigo explicar racionalmente este comportamento, mas faz parte da natureza humana: o fascínio que causa um acidente aparatoso numa estrada continuará sempre a abrandar o fluxo de trânsito na outra faixa de rodagem.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Houve árbitros a festejar o golo que deu o empate ao V. Guimarães frente ao Sporting?

Ontem, no noticiário da Sporting TV, foram passadas umas palavras de José Eduardo sobre algo que, recentemente, se terá passado à margem de uma ação de formação de árbitros.


É evidente que a credibilidade de José Eduardo ficou bastante abalada pelas críticas que dirigiu a Marco Silva. Na minha opinião, essa descredibilização deu-se mais pela forma escolhida por José Eduardo para passar a mensagem - com um excesso de aparições e óbvios exageros na tentativa de diabolizar o treinador -, do que pelo conteúdo em si. Até me parece que, no que diz respeito às acusações feitas nesse Natal de má memória, o tempo acabou por dar, parcialmente, razão ao comentador ligado ao Sporting - nomeadamente em relação à falta de lealdade institucional do treinador para com a sua entidade patronal. Falta de lealdade institucional que, reconheça-se, aconteceu de parte a parte.

Não obstante tudo isto, seria importante saber se, de facto, as ocorrências descritas por José Eduardo efetivamente aconteceram.

Resumo do Freamunde 2 - Sporting B 3

Vitória importante alcançada ontem, com golos marcados por Pedro Delgado, Bilel e Ronaldo Tavares, que dá uma nota positiva a esta sequência de três jogos disputados fora de casa (duas vitórias e uma derrota), e coloca a equipa na 13ª posição, 4 pontos acima da linha de playoff.



No Domingo, o Sporting B recebe o Leixões na Academia.

A nossa casa

Novo texto do 3295C.




Alvalade está cada vez mais como nos velhos tempos: uma casa. De família. As reuniões à volta do relvado e, daqui a pouco tempo, à volta do piso do pavilhão João Rocha, dão o mote para as conversas da semana. Que saltam para outros campos de futebol na Academia, por exemplo, ou para o Multiusos. Do atletismo ao ténis de mesa, da natação e do pólo aquático ao futsal, do hóquei ao andebol, da ginástica ao tiro com arco, Alvalade vive e dá vida. Recebendo-a dos adeptos. O ecletismo do Sporting depende dos seus Sócios e essa é mesmo uma grande prova de amor ao Clube. A força depende dos Sócios. Forte povo dá forte Leão.

Fiquei triste quando ouvi o coro de assobios no momento em que Markovic foi substituído, entrando Campbell para o seu lugar. Compreendi o motivo, mas achei uma tremenda injustiça ao sérvio. No último jogo que havia feito de leão ao peito, também o último do Clube, 'só' marcou o golo que garantiu a passagem à eliminatória seguinte da Taça de Portugal. Assobiá-lo, depois de ter dado o seu melhor com a Listada no corpo, é algo que não encaixe na minha ideia de Sportinguismo. O seu melhor pode não ter sido do agrado de todos - para ser simpático na avaliação -, mas acredito que se tenha esforçado porque deu para perceber que sim, que se esforçou. Nunca o vi parado, sobretudo quando perdia uma bola. Não me interessa o seu passado. O presente, sim. Representa o Sporting. E joga à Sporting. Sempre me ensinaram que não se apupa um atleta de leão ao peito. Parvoíce para uns, talvez. Talvez não, para outros. Leões incitam-se uns aos outros, não se apupam.

Gostei de ver o apoio que o Estádio proporcionou neste jogo. Do princípio ao fim. Houve uma onda maior de entusiasmo no lance em que... Markovic serve Elias, aos 32 minutos, e manteve-se até à explosão no golo aos 67. Isto depois de aguentar uma grande penalidade não assinalada sobre Bas Dost e o golo pessimamente mal anulado a Coates. Estas duas e mais dois golos do Borussia e tudo na primeira parte. É duro.

Gelson continua a fazer coisas que não sei onde as vai desencantar e que encantam e são eficazes e ainda empurram a equipa para a frente e puxa ainda mais pelas bancadas.

Cada vez mais Sportinguistas deixam-se ficar depois do apito final para saudar a equipa, mesmo nas derrotas. Um dia, o estádio continuará cheio até aos jogadores descerem ao balneário. Nas vitórias é fácil porque a alegria é tanta que não se quer que tenha fim. O ambiente de Alvalade é mesmo único. E quando os rapazes de verde e branco jogam... É a reunião de família.

Vamos ganhar a Dortmund. Leram primeiro aqui.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O bom William de ontem

A exibição que William Carvalho realizou ontem não foi, seguramente, isenta de erros. Para além das dificuldades de entrosamento que demonstrou com Elias, teve a infelicidade de ter estado ligado, indiretamente, a ambos os golos do Dortmund.

De qualquer forma, o médio acabou por conseguir uma segunda parte de bom nível, sobretudo na forma como conseguiu empurrar a equipa para o ataque com a sua habitual clarividência e velocidade de raciocínio, tanto através de passes a desmarcar companheiros, como através da progressão com bola.

Aqui ficam alguns desses bons momentos de William no jogo de ontem.

Grande Gelson!

Melhor jogador da Liga NOS em Agosto/Setembro: justíssimo prémio para o fenomenal arranque de temporada de Gelson Martins. Venceu também o prémio de melhor jogador jovem em Agosto / Setembro. Adrien foi eleito o terceiro melhor jogador da Liga, atrás de André Silva.


Faltou agressividade para contrariar a eficiência alemã

Conforme seria de esperar, e apesar das várias baixas, foi um adversário de enorme valor que surgiu em Alvalade. Uma equipa, no verdadeiro sentido da palavra, que vale mais que a soma das suas (já de si valorosas) individualidades, muito competente a aproveitar os erros que o Sporting cometeu. Erros, sobretudo, na forma deficiente como o jogo foi abordado. É sempre mais fácil falar após o facto consumado, mas foi claro que o onze não foi bem escolhido e, acima de tudo, existiu um elevado défice de agressividade nos primeiros 45 minutos. E quando assim é, a habitual eficiência alemã costuma vir ao de cima.

Essa má abordagem ao jogo foi, em grande parte, corrigida ao intervalo, e as substituições realizadas foram acertadas, levando, como consequência, a um ascendente do Sporting que resultaria num golo e voltou a colocar a equipa na disputa do resultado. Infelizmente, as correções surgiram demasiado tarde, numa altura em que parte da equipa começava a acusar o esforço, e não foi possível evitar a derrota.

Foto: ojogo.pt



A atitude na segunda parte - foi clara a existência de indicações, dadas ao intervalo, para a equipa elevar os níveis de agressividade em campo. O Sporting começou a ganhar mais bolas divididas e, não menos importante, deixou de ter problemas em fazer faltas quando o Dortmund ameaçava partir para o contra-ataque. Junte-se a isso uma subida exponencial no jogo de William Carvalho, e passámos a ter uma equipa capaz, finalmente, de equilibrar a partida de forma consistente, e de impor o respeito necessário ao adversário.

A exibição de Coates - foi a única exibição, de entre os titulares, que considero totalmente positiva, do princípio ao fim. Fortíssimo nos duelos, sempre concentrado, limpou várias situações delicadas e ainda marcou um golo que, infelizmente, foi (bem) anulado. Rui Patrício também esteve bem, sem quaisquer hipóteses nos golos, conseguindo um punhado de defesas de grande nível, mas podia ter comprometido naquele alívio de bola num cruzamento, que permitiu um remate de ressaca à barra.

As mexidas na equipa - as três substituições feitas por Raúl José foram benéficas para o coletivo. Bruno César trouxe outra consistência e clarividência ao meio-campo do Sporting, André conseguiu ser o avançado incómodo e combativo que Markovic nunca foi (na segunda parte) nem quis ser (na primeira parte). Campbell entrou para o lugar de um desgastado Ruiz, entrando numa fase em que o cansaço já começava a afetar a lucidez da generalidade da equipa, mas ainda teve um par de iniciativas interessantes. 

O ambiente no estádio - não me recordo, nos últimos anos, de ver uma claque adversária tão ruidosa como a do Dortmund. Do lado do Sporting, tirando os três ou quatro minutos após o segundo golo dos alemães, o apoio foi contínuo e vibrante, que se elevou para níveis vulcânicos após o golo de Bruno César. Excelente ambiente em Alvalade, digno do grande jogo a que tivemos oportunidade de assistir.



A atitude e falta de coordenação na primeira parte - não é possível, na Liga dos Campeões, uma equipa ter sucesso sem estar disposta a deixar a pele em campo. Se isso costuma ser verdade contra equipas que teoricamente do mesmo nível ou, por vezes, até mais fracas, é um facto incontornável contra equipas mais fortes. No entanto, o Sporting foi, nos primeiros 45 minutos, um conjunto incompreensivelmente macio, que desistia com demasiada facilidade do confronto físico na disputa de bolas - cometeu apenas duas faltas (!) nesse período -, e descoordenado. Começando na frente, com Dost e Markovic (principalmente o segundo) a deixarem os adversários entrarem no meio-campo do Sporting sem qualquer oposição, e depois com William e Elias a hesitarem frequentemente sobre qual deles deveria sair em contenção. Como resultado, os alemães chegavam a 30 metros da baliza sem qualquer tipo de oposição. Uma falta de agressividade que também, em posse, esteve na origem de várias perdas de bola - duas das quais acabariam por dar os dois golos do Dortmund.

Exibições abaixo do exigível - Markovic foi uma unidade a menos, quer com bola - pela incapacidade revelada em dar sequência a qualquer tipo de lance -, mas principalmente sem bola, pelos motivos já referidos. Corrigiu um pouco a atitude na segunda parte, mas isso não apaga a sua péssima prestação. Rúben Semedo cometeu alguns erros que lhe são pouco habituais: deixou-se bater em corrida por Aubameyang no primeiro golo, hesitou em atacar a bola no segundo, para além de ter complicado em certas ocasiões. Apesar do excelente cruzamento para Dost, Zeegelaar nunca teve capacidade para lidar com a pressão adversária, e passou por grandes dificuldades a fechar o seu flanco. William e Elias tiveram uma primeira parte sofrível, com o capitão a estar ligado às perdas de bola em ambos os golos do Dortmund. E Dost devia ter marcado naquele cabeceamento...

As hipóteses na Champions - a crua realidade é que estamos praticamente eliminados na Champions. A única forma de seguirmos em frente passará por vencer os três jogos que faltam, o que, considerando as lacunas que a equipa tem evidenciado, será uma tarefa quase impossível.



Derrota frustrante, por termos desperdiçado 45 minutos com erros de casting e níveis de agressividade inadequados para o nível do adversário de ontem. Mas, por outro lado, a equipa técnica e jogadores souberam corrigir a maior parte dos males (pelo menos, os males que podem ser corrigidos) durante a segunda parte. Se conseguirem transportar estas lições para os outros jogos, ou seja, se tivermos, daqui para a frente, uma equipa mais agressiva, com mais ratice, e mais inteligente a gerir as diferentes situações que um jogo pode dar, então pode ser que esta derrota venha a ser útil. Os jogadores terão, já no próximo sábado, uma boa hipótese para demonstrar que tipo de equipa querem ser.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Mais um empate na Youth League

Terceiro jogo, terceiro empate. O Sporting empatou 1-1 com o Borussia Dortmund. Ao intervalo, o Sporting vencia por 1-0, mas os alemães chegariam ao empate na segunda parte.

Vale a pena ver o golo do Sporting. Fantástica arrancada de Abdu Conté, que coloca em Pedro Ferreira, que por sua vez coloca a bola em Pedro Marques, que finaliza de forma sublime.


No final da terceira jornada, o Real Madrid (que venceu o Legia por 3-2) lidera a classificação com 7 pontos, seguido pelo Borussia (4), Sporting (3) e Légia (1).

#DiaDeSporting: Que onze para o Borussia?

Sendo o Borussia um adversário poderosíssimo, é normal que Jorge Jesus faça algumas adaptações ao sistema de jogo do Sporting. A meu ver, o maior fator de risco reside no facto de defrontarmos Aubameyang e Dembelé, dois jogadores rapidíssimos, de classe mundial, e no facto de o Sporting jogar habitualmente com uma linha defensiva muito subida. Junte-se a isto a capacidade de pressão do meio-campo alemão e a ausência de Adrien, o jogador do plantel que mais rapidamente reage às perdas de bola, e será fácil concluir que o Sporting correrá riscos se não for um pouco mais conservador na abordagem ao jogo, e se não for especialmente criterioso quando estiver em posse.

Não me parece, de qualquer forma, que o Borussia venha com ideias de jogar fechado atrás e explorar apenas o contra-ataque, mesmo considerando as várias baixas que assolam o conjunto alemão. É uma equipa que está habituada a mandar nos seus jogos, pelo que também não faltarão oportunidades para o Sporting explorar os espaços que se abrirão no setor mais recuado alemão.

Em relação ao onze, a maior dúvida, a meu ver, reside na escolha do jogador que se posicionará mais próximo de Bas Dost: Markovic ou Bruno César? A utilização de Markovic implica maiores riscos, pelas iniciativas mais verticais que gosta de tomar, que levam a que perca a bola com mais facilidade. Por outro lado, pode fazer sentido tentar aproveitar a motivação que os dois golos marcados lhe deram. Utilizar Bruno César seria jogar mais pelo seguro, mas, por outro lado, o brasileiro fez um jogo sofrível em Famalicão.

A outra dúvida reside nas laterais. Se Zeegelaar parece certo à esquerda, na direita a escolha não é óbvia. Schelotto é mais rápido que João Pereira, e isso poderá ser útil perante a velocidade dos jogadores do Dortmund, mas o português está num melhor momento de forma e tem uma experiência acumulada que também pode ser importante num encontro tão fundamental como este.


Uma última palavra para Elias: tem aqui uma grande oportunidade para se afirmar como uma real alternativa a Adrien. Estou convencido que o resultado de logo dependerá muito da qualidade da sua exibição.

Considerações sobre uma "presa frágil"

Ontem, muitos sportinguistas ficaram surpreendidos pela forma como o Record procurou reduzir o nível de dificuldade do jogo de logo, face às lesões que têm assolado o plantel do Borussia de Dortmund:



Subotic nem sequer está inscrito na Liga dos Campeões, pelo que não sei se deveria estar nesta lista. Mas adiante. Piszczek está disponível e, segundo as últimas notícias, Sokratis também poderá jogar.

São, de qualquer forma, muitas baixas. Mas mesmo considerando todas estas lesões, e que o Borussia se deverá apresentar, em teoria, num nível mais baixo do que aquele que lhe seria possível se estivesse na máxima força, nunca se poderá descrever um coletivo muito bem trabalhado à volta de individualidades como Aubameyang, Gotze ou Dembélé como uma "presa frágil". E muito menos que a qualificação para a fase a eliminar está "à mão de semear".

Para reforçar o peso das baixas, o jornalista chegou ao ridículo de escrever que...


... Reus e Schurrle foram campeões europeus em 2012 e campeões mundiais em 2014. Curioso, pois a seleção que venceu o Euro 2012 foi a Espanha, e Reus não foi campeão mundial em 2014, pois contraiu uma lesão grave que o deixou de fora da competição. De qualquer forma, ainda estão disponíveis  outros três campeões mundiais - para além de Schurrle - para logo: Weidenfeller, Gotze e Ginter. Nada mau. Aliás, um desses campeões mundiais até tem sido suplente.


No artigo de opinião de ontem de António Magalhães (que podem ler no blogue Leoninamente: LINK), o diretor do Record referiu que o Sporting e o Porto têm obrigação de vencer os respetivos desafios - insistindo na ideia da presa frágil: "as fragilidades dos adversários reforçam a esperança" -, enquanto, para o Benfica, o empate será um resultado aceitável. Compreendo esta afirmação na perspetiva daquilo que é necessário para não comprometer o apuramento para a fase seguinte, mas nunca no que diz respeito ao poder dos adversários que cada um dos clubes portugueses terá de enfrentar. O Dortmund, mesmo com as baixas referidas, é mais forte e tem mais experiência acumulada do que qualquer uma das equipas dos grupos de Porto e Benfica. O adjetivo frágil nunca pode ser aplicado a este Dortmund, e é ainda pior se for utilizado no mesmo contexto de uma equipa como o Brugge, atual 6º classificado do campeonato belga. A não ser que o Brugge, e mesmo o Dinamo Kiev, tenham no seu elenco alguns nomes do mesmo nível que aqueles que puderam ler mais acima.


Não percebo bem estes exageros do Record. Minimizar uma eventual vitória do Sporting? Dramatizar um eventual mau resultado? Ou apenas infelicidade na escolha das palavras e na recolha dos factos?

É evidente que o Sporting deve ambicionar vencer o Borussia, e que terá mais hipóteses de o conseguir se, do outro lado, existirem vários jogadores lesionados. Esse objetivo é possível, mas só acontecerá se o Sporting conseguir realizar 180 minutos próximos da perfeição, pois continua a haver demasiado talento, do outro lado, capaz de cobrar bem caro quaisquer erros que venham a ser cometidos.