terça-feira, 18 de outubro de 2016

Considerações sobre uma "presa frágil"

Ontem, muitos sportinguistas ficaram surpreendidos pela forma como o Record procurou reduzir o nível de dificuldade do jogo de logo, face às lesões que têm assolado o plantel do Borussia de Dortmund:



Subotic nem sequer está inscrito na Liga dos Campeões, pelo que não sei se deveria estar nesta lista. Mas adiante. Piszczek está disponível e, segundo as últimas notícias, Sokratis também poderá jogar.

São, de qualquer forma, muitas baixas. Mas mesmo considerando todas estas lesões, e que o Borussia se deverá apresentar, em teoria, num nível mais baixo do que aquele que lhe seria possível se estivesse na máxima força, nunca se poderá descrever um coletivo muito bem trabalhado à volta de individualidades como Aubameyang, Gotze ou Dembélé como uma "presa frágil". E muito menos que a qualificação para a fase a eliminar está "à mão de semear".

Para reforçar o peso das baixas, o jornalista chegou ao ridículo de escrever que...


... Reus e Schurrle foram campeões europeus em 2012 e campeões mundiais em 2014. Curioso, pois a seleção que venceu o Euro 2012 foi a Espanha, e Reus não foi campeão mundial em 2014, pois contraiu uma lesão grave que o deixou de fora da competição. De qualquer forma, ainda estão disponíveis  outros três campeões mundiais - para além de Schurrle - para logo: Weidenfeller, Gotze e Ginter. Nada mau. Aliás, um desses campeões mundiais até tem sido suplente.


No artigo de opinião de ontem de António Magalhães (que podem ler no blogue Leoninamente: LINK), o diretor do Record referiu que o Sporting e o Porto têm obrigação de vencer os respetivos desafios - insistindo na ideia da presa frágil: "as fragilidades dos adversários reforçam a esperança" -, enquanto, para o Benfica, o empate será um resultado aceitável. Compreendo esta afirmação na perspetiva daquilo que é necessário para não comprometer o apuramento para a fase seguinte, mas nunca no que diz respeito ao poder dos adversários que cada um dos clubes portugueses terá de enfrentar. O Dortmund, mesmo com as baixas referidas, é mais forte e tem mais experiência acumulada do que qualquer uma das equipas dos grupos de Porto e Benfica. O adjetivo frágil nunca pode ser aplicado a este Dortmund, e é ainda pior se for utilizado no mesmo contexto de uma equipa como o Brugge, atual 6º classificado do campeonato belga. A não ser que o Brugge, e mesmo o Dinamo Kiev, tenham no seu elenco alguns nomes do mesmo nível que aqueles que puderam ler mais acima.


Não percebo bem estes exageros do Record. Minimizar uma eventual vitória do Sporting? Dramatizar um eventual mau resultado? Ou apenas infelicidade na escolha das palavras e na recolha dos factos?

É evidente que o Sporting deve ambicionar vencer o Borussia, e que terá mais hipóteses de o conseguir se, do outro lado, existirem vários jogadores lesionados. Esse objetivo é possível, mas só acontecerá se o Sporting conseguir realizar 180 minutos próximos da perfeição, pois continua a haver demasiado talento, do outro lado, capaz de cobrar bem caro quaisquer erros que venham a ser cometidos.