quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A eficácia de Rui Patrício

Muito interessante uma análise de autoria do Pawn_pt sobre os números de Rui Patrício, publicado originalmente no FórumSCP, e que, com a sua permissão, coloco agora aqui para análise e discussão.



Gosto bastante de olhar para os dados estatísticos do desporto, e gostaria de partilhar algumas informações que acho pertinente sobre a época do Rui Patrício.

Antes de mais, eu defendo e sempre defendi o Rui Patrício, e continuo a achar que ele é o melhor guarda-redes português da actualidade, mas todos temos fases boas e menos boas, e parece-me que, apesar da vinda do Beto, a sua titularidade nunca é colocada em causa, o que pode levar a alguma acomodação, principalmente se, mesmo estando num momento de forma menos positivo, se mantiver dono e senhor do seu lugar.

Da análise aos dados estatísticos de todos os jogos realizados até ao momento na Liga NOS, verifiquei que o Sporting tem apresentado uma defesa que permite o menor número de remates contra por jogo, o menor número de remates enquadrados contra por jogo, maior posse de bola, menor nº de cruzamentos contra por jogo, menor número de cantos contra por jogo, e até menor número de entradas na nossa grande área por jogo, e ainda assim tem o dobro dos golos sofridos do Benfica e Porto.

A GRANDE DIFERENÇA está em 2 pequenos detalhes:

1) Nos poucos remates que as equipas adversárias fazem contra o Sporting, um grande número vai à baliza (temos a 2ª maior % de remates enquadrados / total de remates contra, o que quer dizer que os adversarios rematam por ventura com maior à-vontade / menor pressão, mas o pior de tudo é;

2) A % de remates defendidos pelo Rui Patrício. RP defendeu apenas 60% dos remates que vão à baliza e é o 2º pior da Liga NOS neste capítulo! Só os GR's do Paços de Ferreira fizeram pior. Os GR's do Benfica defenderam 82,8% dos remates que foram à baliza, e o do Porto (penso q foi sempre o Casillas) defendeu 80,8% dos remates à baliza. 

Estas 2 equipas (Benfica e Porto) são as 2 melhores neste capitulo (% de remates defendidos). Somando isso a um reduzido nº de remates contra (maior que os numeros do Sporting, mas igualmente numa quantidade abaixo da média), faz com que o Benfica e Porto só tenham sofrido 5 golos, contra os 10 do Sporting.

No quadro abaixo, encontram-se grande parte dos dados estatísticos que é possível recolher, para todos os clubes, ordenado por % de remates defendidos:

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Estão assinalados com cores dos respectivos clubes (ou a preto qdo diz respeito a um não-grande) os dados estatísticos em que cada clube é mais forte. Em termos ofensivos, com excepção ao número de remates por jogo e passes para ocasião por jogo, o Sporting é das equipas mais fortes desta liga, e ao contrário do que se poderia pensar, revela indíces de finalização superiores aos dos rivais (eficácia de remate de 15% apenas superada pela do Vit. Guimarães, com 17,1%).

Em 4 jogos consecutivos para a Liga NOS, Rio Ave 3-1 Sporting +++ Sporting 4-2 Estoril +++ Guimaraes 3-3 Sporting +++ Sporting 1-1 Tondela, o RP defendeu apenas 6 dos 15 remates à baliza, isto é, defendeu uns incríveis (pela negativa) 40% dos remates enquadrados. A média na Liga NOS é de 70% e a média do Benfica / Porto / Braga é de 80%.

No quadro abaixo, um comparativo entre as performances das equipas a jogar em casa e fora (algumas equipas medianas estão escondidas para reduzir o tamanho do quadro):


Aqui mais uma vez se verifica que, quer em casa, quer fora, a % de remates defendidos se encontra bastante abaixo da média (mais notório fora do que em casa).

Não obstante, nem todos os problemas / perdas de pontos passaram pela reduzida eficácia na defesa de remates enquadrados. Por exemplo: no jogo com o Tondela, o Sporting apenas fez 2 remates enquadrados, pelo que teria sido necessário ter 100% de eficácia para termos ganho aquele jogo (sofrendo o mesmo número de golos).

No jogo com o Nacional, que é a equipa que maior número de remates enquadrados permite aos adversários, com um total de 52 remates enquadrados, o Sporting apenas conseguiu rematar 9 vezes (contra 18 remates de Benfica e Porto contra o mesmo adversário, fora), dos quais apenas 4 foram à baliza (contra 6 e 8, respectivamente do Benfica e Porto).


Devido ao menor número de remates por jogo e ao menor número de passes para ocasião por jogo, quando os nossos avançados não conseguem performances superiores, os "azares" acontecem. Com a saída de João Mário perdemos alguma criatividade, e não conseguimos ainda encontrar forma de contornar este problema.