segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Sete questões sobre a alteração da contabilização dos títulos

Já muito foi escrito e debatido sobre a questão dos títulos, mas parece-me útil reunir uma série de questões que resumem as óbvias inconsistências na tese atual de juntar as ligas experimentais aos campeonatos nacionais e de ignorar os Campeonatos de Portugal. Aqui ficam as sete questões:

1. Se os clubes, jogadores e treinadores que venceram o Campeonato de Portugal entre 1922 e 1937/38 eram, na altura, reconhecidos unanimemente como campeões de Portugal ou campeões nacionais, com que direito (e com que Direito) é que alguém, posteriormente, lhes negou essa distinção?


2. Em complemento à questão anterior, se os clubes, jogadores e treinadores que venceram os Campeonatos da Liga experimentais, disputados entre 1934/35 e 1937/38, não eram, na altura, reconhecidos como campeões nacionais, com que direito é que alguém, décadas mais tarde, lhes atribuiu essa distinção?


3. Considerando que os Campeonatos da Liga experimentais disputados entre 1934/35 e 1937/38 eram vistos como uma prova secundária em relação aos Campeonatos de Portugal - com tudo o que isso implica em termos de compromisso por parte dos clubes que as disputaram -, como é que, décadas mais tarde, alguém lhes atribuiu a mesma importância de uma competição efetivamente prioritária?

4. Se, em 1938, os Campeonatos da Liga experimentais e os Campeonatos de Portugal se passaram a designar, respetivamente, Campeonato Nacional e Taça de Portugal, e se os segundos são o prolongamento dos primeiros, por que razão a FPF, na altura, decidiu começar a contar a partir do zero os títulos conquistados nas novas competições? E por que razão a FPF, em 2005, ao decidir somar os Campeonatos da Liga experimentais aos Campeonatos Nacionais, não fez o mesmo em relação aos Campeonatos de Portugal e às Taças de Portugal?

5. Quem defende a atual forma de contagem de campeonatos - adotada há cerca de 10 anos -, utiliza, como argumento principal, que a questão do formato da competição se sobrepõe ao significado que o Campeonato de Portugal tinha na altura. Se o formato é a questão principal e o significado é uma questão secundária, então por que motivo não se chama ao vencedor da liga atual "campeão em todos-contra-todos a duas mãos" em vez de "campeão nacional" ou "campeão português"?

6. Se o formato é uma questão assim tão importante, por que razão é que os defensores da atual forma de contagem de campeonatos - adotada há cerca de 10 anos - cometem a incongruência de colocar as duas Taças dos Clubes Campeões Europeus do Benfica e a Taça dos Clubes Campeões Europeus do Porto de 1987 - conquistadas numa altura em que eram disputadas em eliminatórias puras e de acesso exclusivo aos campeões nacionais da época anterior - ao mesmo nível dos atuais vencedores da Liga dos Campeões - competição com designação diferente, composta por equipas não necessariamente campeãs nacionais, e disputada num sistema diferente? Ou por que razão é que o Uruguai, campeão do mundo em 1950, é reconhecido como tal, apesar de se ter sagrado campeão numa poule final em que todos os participantes jogaram entre si, e não através de eliminatórias?

Assim se determinou o campeão do mundo em 1950

7. Quando a FPF decidiu alterar a contagem dos títulos, como decorreu esse processo? Quem tomou a iniciativa de o fazer? Com que motivação? Quem foi consultado? Quem foi envolvido na decisão?