segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Azia à flor da pele

O Benfica perdeu com o Marítimo num jogo sem casos de arbitragem, mas não deixou de haver alguma contestação ao trabalho de Vasco Santos: Rui Vitória tentou ser subtil ("O Marítimo parou-nos de várias formas"), alguns adeptos fizeram-no de forma mais declarada. Em causa esteve, sobretudo, o antijogo praticado pelo Marítimo com a conivência do árbitro.

Houve de facto antijogo por parte do Marítimo, mas não me parece que tenha sido nada que não se veja frequentemente nos relvados portugueses. No entanto, quem tenha começado a ver o jogo a partir dos 80 minutos e ouviu aquilo que diziam os comentadores da Sport TV, só pode ter ficado a pensar que a perda de tempo estava a atingir níveis inéditos.

Na realidade, a única coisa que atingiu níveis inéditos foi a azia demonstrada por quem comentava o jogo. Basta ouvir o que foi dito no vídeo seguinte.



Sobre Vasco Santos: "O árbitro tem andado a dormir no jogo todo este tipo de faltas... o jogo todo."; "Se calhar tem chuva nos olhos, tem que comprar um limpa-parabrisas para ajudar."; "Mas isto é brincadeira, este árbitro, de facto..."
Sobre um dirigente do Marítimo: "Ele não joga futebol, está bem gordinho para isso."
Sobre o Marítimo: "Muito agressivo, no sentido de reduzir, a encurtar, a empurrar, a condicionar em bloqueios"

Entre o 2º golo do Marítimo e o final da partida decorreram 28 minutos. Nesses 28 minutos, os casos de antijogo mais evidentes foram 3 paragens para assistência de jogadores do Marítimo (China, Gottardi e Edgar Costa) - numa das quais o Benfica aproveitou para fazer entrar Carrillo -, uma câimbra resolvida sem equipa médica, uma substituição do Marítimo anormalmente prolongada, e demora na reposição de dois pontapés de baliza que valeram (e bem) amarelos a jogadores da equipa da casa. É pena que tenha sido assim, porque as pessoas pagam bom dinheiro para assistir a futebol, e não a minutos de pausas desnecessárias. Mas, sinceramente, não me lembro de alguma vez ter ouvido comentários tão assertivos - num canal supostamente isento - sobre o trabalho de uma equipa de arbitragem por causa de questões desta natureza. Aliás, estou mais habituado a que digam, no caso dos jogos do Sporting, que o adversário que pratica antijogo está apenas a usar as armas que tem à sua disposição.

Curiosamente, o mesmo Vasco Santos teve, há pouco mais de um mês, uma atuação semelhante no Nacional - Sporting, com a agravante de não ter assinalado um penálti cometido sobre Bruno César. Não me recordo de ter ouvido, na altura, tantas críticas ao antijogo do Nacional e ao desempenho da equipa de arbitragem...