segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Business as usual

De volta ao normal. Depois de uma semana de choro compulsivo por causa do antijogo, os deuses da arbitragem decidiram apaziguar o DDT com juros. O espetáculo não merecia: Sporting e Benfica subiram ao relvado com intenção de ganhar o jogo, e proporcionaram, ao longo dos 90 minutos, uma partida intensa e bem disputada, num ambiente frenético. Mas, infelizmente, é impossível não se falar da atuação de Jorge Sousa. Numa partida desta natureza, dois penáltis por assinalar são um fardo demasiado pesado para o clube prejudicado - com a agravante de um desses penáltis não assinalados ter estado na origem do primeiro golo da equipa infratora.

Foto: zerozero / Carlos Alberto Costa



Fonte: goalpoint.pt
Grande dérbi - Há que dizer que o Benfica - Sporting foi um excelente jogo de futebol. Ambas as equipas fizeram uma partida dentro daquilo que são as suas melhores qualidades: o Sporting com mais bola e domínio territorial, e o Benfica tentando aproveitar o adiantamento do adversário para explorar o contra-ataque. Acabou por ser decisivo a (muito) superior eficácia do Benfica. O golo marcado por Salvio concluiu uma jogada exemplar de contra-ataque - desde a condução de Guedes até ao fantástico cruzamento de Rafa. O segundo golo do Benfica (mais do que o primeiro) surgiu numa altura crítica: no início da segunda parte, na sequência de um remate ao poste de Bas Dost. Apesar de ter passado de uma quase situação de empate para uma situação de dois golos de desvantagem, o Sporting soube reagir e ir à procura de um resultado melhor. Marcou um golo, e devia ter marcado mais - mas não só a finalização esteve, mais uma vez, abaixo do exigível, como Ederson defendeu tudo aquilo que podia ser defendido. Não se pode falar em domínio consentido pelo Benfica, porque a equipa da casa nunca deu a sensação de ter o resultado assegurado. O Sporting foi melhor equipa em tudo... menos no essencial: a capacidade de converter as oportunidades em golo.

A entrada de Campbell - mesmo tendo sido encostado à esquerda, o costa-riquenho conseguiu agitar o jogo e esteve na base das jogadas mais perigosas do Sporting. De destacar os três cruzamentos que fez para Bas Dost: o holandês concretizou com sucesso um deles, noutro atirou fortíssimo ao poste, e noutro permitiu a defesa de Ederson.



Os dois penáltis por assinalar - depois de uma semana invulgar, em que o país futebolístico descobriu, com horror, a prática em relvados nacionais desse crime contra a humanidade que é o antijogo, foi reconfortante ver que voltou tudo à pacata normalidade, com uma arbitragem com erros grosseiros que tiveram influência direta no resultado, em favor da equipa do costume. No primeiro, Pizzi faz uma brilhante receção orientada que lhe permite iniciar um contra-ataque. Três pormenores que ensombram o excelente gesto técnico: 1) a receção orientada foi feita com o braço; 2) a receção orientada feita com o braço aconteceu dentro da grande área do jogador que a efetuou; 3) a receção orientada feita com o braço dentro da grande área do jogador que a efetuou, iniciou o contra-ataque de onde resultou o primeiro golo benfiquista.


O segundo penálti é um azar de Nelson Semedo que foi transformado em azar do Sporting. O defesa benfiquista aborda mal o lance, inclinando-se para tentar cortar a bola, mas intercetando-a com o braço aberto. Mais um erro de Jorge Sousa que negou ao Sporting uma ocasião flagrante para chegar ao empate.


Dois erros graves que tiveram influência decisiva no resultado. No entanto, há que colocar as coisas em perspetiva: haverá quem ache que não é nada que se compare com a gravidade das três assistências médicas feitas pelo Marítimo na jornada anterior, pelo que é melhor ficarmos todos sentados à espera da crónica de José Manuel Delgado com a condenação da atuação da arbitragem de Jorge Sousa, e das recomendações públicas do Conselho de Arbitragem para que se evitem situações destas no futuro.

As substituições - Jesus esteve bem, ao intervalo, quando decidiu lançar Joel Campbell no jogo. Foi discutível, no entanto, a decisão de tirar Bruno César, quando foi notória a pouca inspiração de Bryan Ruiz na primeira parte. Mas esteve pior nas outras duas substituições. Alan Ruiz não acrescentou nada à equipa, e ninguém compreendeu a saída de Dost. Fazia sentido que se lançasse André, mas não às custas de um ponta-de-lança moralizado pelo golo marcado.



Cinco pontos de atraso para o Benfica. Não é uma desvantagem irrecuperável, mas o Sporting não fica propriamente numa zona confortável. Por um lado, vê-se qualidade no jogo da equipa que permite encarar o resto da época com confiança. Por outro, deixámos novamente de ter margem para errar. A próxima semana e meia trará novas provas de fogo: eliminatória da Taça de Portugal em Setúbal e, para o campeonato, receção ao Braga e visita ao Belenenses. Qualquer mau resultado nestas partidas significará o fim das nossas aspirações na respetiva competição.