quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Tobias, Chaby, Labyad... e Markovic




Comunicados sobre Slimani, Dost e Elias à CMVM




A venda de Naldo

O Sporting comunicou há pouco a venda de Naldo ao Krasnodar: o clube recebe €4,5M do clube russo, e mantém 20% dos direitos económicos.

Recorde-se que o jogador foi comprado há pouco mais de um ano por €3M (pelos 100% do passe), tendo na altura sido paga uma comissão de €10.000 pela transferência.

É, portanto, uma venda bastante interessante, considerando que falamos de um jogador que não entrava nas contas de Jorge Jesus para esta época e que representou um investimento considerável - foi a 2ª contratação mais cara do Sporting em 2015/16. Não se pode dizer que a sua contratação foi um sucesso completo dos pontos de vista desportivo e financeiro - quanto mais caro é um jogador, maior é o rendimento em campo que se espera dele -, mas Naldo fez uma boa primeira metade de temporada, teve um comportamento exemplar a partir do momento em que deixou de ser titular, e ainda acabou por dar algum retorno financeiro ao clube. Fosse sempre assim no caso dos jogadores que não pegam de estaca no onze.

Boa sorte, Naldo!


As primeiras declarações de Elias

As primeiras declarações de Elias, há poucos minutos, à chegada ao aeroporto de Lisboa.

O regresso de Elias

Em primeiro lugar, dirijo-me aos leitores que ontem foram para a cama antes das 23h30 e acordaram há pouco:

Sim, é mesmo verdade, Elias (sim, esse Elias) vai voltar ao Sporting.

Fiquei chocado, como qualquer sportinguista que na altura tomou contacto com a novidade. Após a novela da saída de Elias, ainda hoje na memória de todos pelas discussões na praça pública entre Bruno de Carvalho e o pai do jogador e pelo afastamento do brasileiro para a equipa B, nunca pensei possível que alguma vez regressasse ao Sporting.

No entanto, vou ser sincero: se ambas as partes enterraram o machado da guerra e souberem ultrapassar as divergências passadas, penso que a contratação de Elias pode ser uma excelente manobra de mercado. Falamos de um jogador que tem muita qualidade. Demonstrou-a a espaços na primeira época em Alvalade e nas épocas em que esteve no Corinthians - ao contrário de André, os adeptos do clube brasileiro reagiram em fúria ao anúncio da sua partida para Lisboa -, e se vier de cabeça limpa, pode efetivamente ser uma mais-valia desportiva, pois tem características que encaixam bem no sistema de Jesus e que podem ser bem aproveitadas pelo treinador.

Sim, é verdade que a segunda época de Elias foi miserável, mas a conjuntura na altura era a pior possível: plantel sem qualidade, existência de salários em atraso, e um clube à deriva e sem liderança. Elias encontrará agora um Sporting muito diferente, que terá muito mais condições para tirar proveito das suas qualidades. Esperemos que o Sporting também encontre um Elias mais maduro, disposto a aplicar-se a 100% para se afirmar no clube.

Precisávamos de um 8 que fosse uma alternativa real a Adrien Silva. Se o capitão ficar, ficaremos com a posição muito bem preenchida. Se houver uma proposta irrecusável por Adrien, então, pelo menos, já não seremos apanhados de calças na mão

Em teoria, é uma boa jogada de mercado do Sporting. Ainda estão por conhecer os valores envolvidos, mas é preciso lembrar que o Sporting tinha ainda 50% dos direitos económicos (partilhados com a QFIL). O último dia de agosto promete ser diabólico.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sir William brinca no Óliver-go-round

A delícia dos inconscientes

Quando comecei a ouvir os olés, a minha visão ficou de tal forma turva de indignação, que nem percebi bem o que estava a acontecer no relvado. Aqui fica, para aqueles que, tal como eu, estavam já a projetar um castigo divino na última jogada do encontro, sem prestar atenção à troca de bola que deliciava os mais inconscientes. Teve o seu encanto, vá...

Um caso único em clubes de topo na Europa


É indiscutível que, desde que Jorge Jesus chegou, o Sporting realizou uma revolução no seu plantel. Muitas aquisições, algumas vendas e bastantes dispensas fazem com que o onze de hoje pouco tenha a ver com o que terminou a época com Marco Silva. Rui Patrício, William, Adrien são os únicos sobreviventes, já contando com as recentes saídas de João Mário e Islam Slimani.

Nuno Farinha listou os jogadores que foram contratados desde que Jesus passou a ser o técnico do Sporting, chegando a um total de 21 - incluindo Ciani, um óbvio erro de casting que foi corrigido de imediato -, acrescentando que não devem existir casos semelhantes (isto é, com tantas contratações realizadas em tão pouco tempo) em clubes de topo na Europa. 

Aprecio (e, obviamente, concordo com) a opção tomada por Nuno Farinha de, ao estabelecer termos de comparação, colocar o Sporting no patamar dos clubes de topo europeu - imagino que lhe tenha custado -, mas, como a realidade portuguesa é tão diferente dos melhores clubes ingleses, alemães e espanhóis (que já têm plantéis incríveis e têm outra facilidade para atrair os melhores talentos, podendo dar-se ao luxo de gastar várias dezenas de milhões num único jogador), talvez tivesse sido melhor começar por comparar com clubes portugueses, como Benfica e Porto.

Façamos então essa comparação. Nas últimas três janelas de transferência (verão 2015, janeiro 2016 e verão 2016), foram estas as aquisições feitas por Sporting, Benfica e Porto:

Nota: os valores de todos os jogadores contratados pelo Sporting na época passada incluem comissões e prémios de assinatura; no caso do Benfica e Porto, essa informação não é divulgada de forma detalhada, pelo que apenas foram incluídos os valores de comissões e prémios de assinatura que o Football Leaks deu a conhecer.

Como se pode ver, analisando as aquisições pela quantidade, constata-se que a realidade do Sporting não é diferente dos clubes com que compete a nível nacional. O Sporting contratou 23 jogadores (Farinha não incluiu Jug, que já tinha sido contratado antes de Jesus chegar ao Sporting), ou seja, uma contratação a menos que no Benfica (assumindo já a provável entrada de Rafa) e mais três que no Porto. Ou seja, por aqui, estão todos equiparados. Se falarmos em valores, no entanto, é enorme a diferença: o investimento do Sporting é menos de metade daquilo que o Benfica gastou (e faltam aqui as comissões de Carrillo e Zivkovic que, juntas, devem ultrapassar os 15 milhões de euros), e ainda menos em relação ao Porto, caso as opções de compra de Óliver e Jota venham a ser acionadas.

Engraçado também ter etiquetado a despesa de Dost como um "luxo" para a realidade da nossa Liga... quando falamos de valores que são metade do que o Benfica pagou por Jimenez e do que o Porto poderá pagar por Jota e Óliver caso acione a opção de compra, e menos 50% do que o Benfica poderá pagar por Danilo. 10 milhões são um valor alto, sem dúvida, mas que deve ser enquadrado devidamente, face às vendas que o Sporting se prepara para realizar: poderão atingir 70/75 milhões, dos quais quase 60 irão para os cofres do Sporting (que detém 75% de João Mário e 80% de Slimani). Falamos de milhões, e não de mendilhões - é importante não esquecer.

Jesus é, efetivamente, um eterno insatisfeito. Se as direções com quem trabalha não lhe colocarem travão, há sempre espaço para mais uma contratação. É um de três perfis possíveis: há os eternos insatisfeitos, há os que fazem fretes aos empresários que os representam, e há os que aceitam, pacificamente, trabalhar com aquilo que a estrutura lhes dá. Os últimos três treinadores do Sporting encaixam bem, cada qual, em cada um destes perfis. Curiosamente, pelo que me parece, os atuais treinadores dos grandes também. O eterno insatisfeito, se tiver um sistema de jogo bem idealizado e bem identificadas as qualidades de que necessita nos seus jogadores, estará sempre mais próximo de construir uma equipa competitiva, mesmo tendo menos dinheiro à disposição para "luxos".

É, evidentemente, isto que incomoda quem aponta para o número de contratações do Sporting. É incomparavelmente superior a competitividade deste Sporting em relação ao de 2014/15 (mesmo que esse plantel tenha conquistado uma Taça de Portugal). Não faz sentido fazer-se um balanço do mercado de transferências colocando o foco na quantidade de jogadores, em vez de se analisar a qualidade de quem entra e de quem sai, do onze base e da profundidade do plantel. 

E quando um jornalista assenta o seu texto num pressuposto "Não devem existir casos semelhantes", sem se dar ao trabalho de verificar se, efetivamente, existem ou não casos semelhantes, estamos conversados em relação à qualidade da análise.

P.S.: isto foi no sábado. No domingo...



P.S.2: coloquei Rafa na lista do Benfica por ser muito provável a sua contratação e por uma questão de equidade, pois Nuno Farinha também incluiu Bas Dost, que, na altura em que o texto foi publicado, ainda não tinha assinado pelo Sporting. Jogadores como Vera e Saponjic foram incluídos porque não são compras típicas de equipa B, pelo valor envolvido - como todos se lembram, Ryan Gauld, que também teve um custo dessa ordem de grandeza, nunca deixou de ser incluído (e bem) em qualquer lista de aquisições, apesar de ter sido colocado na equipa B do Sporting.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O dia seguinte por vezes é cruel

Bienvenido, señor Campbell

Acerca das declarações de Adrien

Ao contrário daquilo que muitas pessoas concluíram ao ler as declarações de Adrien ao jornal O Jogo, não me parece que isso signifique que o capitão está com um pé fora do clube.

Se Adrien estivesse de saída, teria todas as oportunidades que quisesse para se dirigir aos sportinguistas através dos meios de comunicação do clube, nomeadamente a Sporting TV. A escolha d' O Jogo para fazer passar esta mensagem é, para mim, sinal claro de uma manobra de pressão sobre a direção para que esta o deixe sair para o Leicester.

Mas a realidade é esta: com a venda de João Mário e a mais que provável transferência de Slimani, o Sporting já realizou receitas suficientes para tapar o buraco do ano passado causado pela decisão do TAS sobre Rojo, e para garantir, simultaneamente, o maior lucro da sua história na época desportiva em curso. Não nos podemos esquecer que, para além das receitas extraordinárias registadas com a venda destes jogadores, o clube também contará com os proveitos do patrocínio das camisolas de uma época completa (na época passada só entrou o valor correspondente a meia-época), com os prémios da participação na Liga dos Campeões e, numa escala inferior mas também importante, com o aumento do número de Gameboxes vendidas (que até estão mais caras esta época, em virtude da participação na Champions). Junte-se a isso a renegociação do contrato televisivo com a PPTV, que entrou em vigor na época passada e que nesta se repete, que adicionará mais 8 milhões aos cofres da SAD do que os que estavam acordados no contrato inicial.

Ou seja, isto tudo para dizer o quê? Que a única pressão que o Sporting poderá sentir para vender Adrien é aquela que possa vir do próprio jogador. 

Conhecendo-se a importância que o número 23 tem na dinâmica do Sporting de Jorge Jesus, é evidente que a sua saída, a apenas dois dias do fecho do mercado, poderá representar um golpe desportivo profundo. 

Pelo que se diz, o Leicester ofereceu 25 milhões. A cláusula de Adrien é de 45 milhões. Apesar de a proposta feita, a ser verdadeira, ser muito interessante - considerando a sua idade e cotação -, está longe de ser irrecusável, porque a prioridade do Sporting deve ser a conquista do campeonato. Por tudo isto, estou perfeitamente convencido que Bruno de Carvalho não o deixará sair por este valor. Isso só sucederá se entretanto o Leicester aumentar a oferta para níveis absolutamente irrecusáveis.

Quanto à atitude de Adrien em falar para a imprensa: lamento-a. Jorge Jesus avisou ontem na conferência de imprensa, sem dizer nomes, que havia jogadores com a cabeça a andar à roda por causa das propostas que receberam. O Leicester é campeão da melhor liga do mundo, vai participar na Liga dos Campeões, pelo que é normal que o jogador se sinta tentado a sair, independentemente das juras de amor que fez no passado. Para todos os efeitos, tendo 27 anos, é razoável que sinta que não aparecerão muitas oportunidades destas no tempo que resta da sua carreira. Mas não deveria ter agido desta forma.

Não acho que este episódio belisque o seu (merecido) estatuto de capitão: tenho a certeza que se Adrien ficar, daqui a um par de semanas entrará em campo contra o Moreirense com o esforço, dedicação e devoção de sempre. Ou, como disse, e bem, Jesus, de cabeça limpa.

Festejei isto como se de um golo se tratasse

Fundamental este corte de João Pereira, já no fim dos descontos. O ponto alto de mais uma boa exibição e de um excelente arranque de época.



EDIT: muito bem lembrado pelo Pawn, o João Pereira deve ter tido um gosto particular nesta vitória, por ter sido contra Nuno Espírito Santo, o treinador que lhe arruinou a vida em Valência para arranjar espaço para outro defesa direito que estava para chegar.

O leão mostra que tem um guarda-roupa diversificado

Ainda sem tempo para digerir completamente a saída de João Mário, a generalidade dos sportinguistas virou as agulhas para o jogo de ontem interrogando-se sobre quais as escolhas iria Jorge Jesus fazer contra o Porto, de forma a garantir simultaneamente o equilíbrio coletivo necessário que minimizasse os argumentos de uma equipa que é muito perigosa, e a capacidade de desequilibrar para decidir o jogo a seu favor, que o médio português, agora jogador do Inter, oferecia. Surpreendentemente (pelo menos para mim), retirou Alan Ruiz, desviando o outro Ruiz para o apoio a Slimani, e colocou Bruno César como médio ala, mas com um twist: perante as dificuldades que Ruiz revelou para operar com a marcação de Danilo, Jesus fê-lo trocar de posição com Bruno César após o segundo golo do Sporting. A opção resultou em pleno, e isso ajudou o Sporting a controlar totalmente a partida a partir do momento em que se viu em vantagem no marcador, coisa que, é preciso reconhecer, ainda não tinha conseguido fazer até esse momento.

A verdade é que o jogo não começou bem para o Sporting. O Porto entrou muito bem, autoritário e dinâmico, conseguiu chegar rapidamente à vantagem, ficando numa situação mais confortável para Nuno Espírito Santo e perigosa para o Sporting: o Porto podia oferecer a iniciativa de jogo ao adversário e apostar no contra-ataque. Felizmente, sem que o Sporting tivesse feito muito por isso, o empate e a reviravolta acabaram por não tardar.

Só a partir desse momento é que o Sporting conseguiu controlar efetivamente a partida, dispondo de mais oportunidades que o adversário, e mereceu inteiramente a vitória. Mostrou, também, numa altura em que o tema mais debatido é a falta que poderão fazer os jogadores que estão de saída, que tem ainda no guarda-roupa vários fatos à medida, que poderão ser usados a qualquer momento, em função da ocasião: não só a polivalência de Bruno César, mas também dois laterais que, no final da época passada, eram suplentes, um Bruno Paulista que promete entrar nas contas para esta época, para além de Alan Ruiz e dos últimos reforços que chegaram: Campbell - que já deixou um pouco do seu perfume -, Dost, Castaignos, Meli, André e Douglas.





Robot Semedo - imperial pelo ar, intransponível pelo chão, impressionou pela forma como limpou todos os lances de perigo que ocorriam na sua zona de ação, incluindo um carrinho de alto risco na área para desarmar Herrera. Uma máquina.

Bruno César, o joker - há os motivos que expliquei atrás, e acrescento o empenho que colocou em campo e o livre batido à barra que antecedeu o golo de Slimani. Jesus tem aqui uma carta capaz de desempenhar várias funções de forma extremamente competente: lateral, médio ala e segundo-avançado.


Ominpresente William - fez um jogo monstruoso. Inúmeras recuperações de bola, enorme segurança na condução, e foi melhorando à medida que o relógio foi avançando. A entrada de Paulista permitiu-lhe subir mais vezes no terreno, onde também pareceu muito confortável.

Os laterais - Marvin mostrou, novamente, que é um jogador fiável defensivamente contra equipas mais fortes. Arriscou uma vez ou outra a subida pelo flanco, conseguindo uma exibição positiva. João Pereira passou por mais dificuldades com Otávio, mas no deve e no haver saiu vencedor no duelo. Fez um corte fulcral a Adrián, já nos descontos, que festejei como se fosse um golo.

Gelson decisivo - não teve um jogo propriamente feliz - na linha do que já tinha acontecido em Paços de Ferreira - mas foi, pela terceira vez, decisivo. Marcou um golo e foi fundamental noutro, levando já 1 golo e 2 assistências em 3 jornadas. Apetece-me dar-lhe um raspanete por ter tirado a camisola, mas, que raio!, é apenas um miúdo que tinha acabado de marcar o seu primeiro golo num jogo desta importância, por isso desta vez escapa. Mas que não volte a acontecer.

Mais um para Slimani - um golo na (suposta) despedida de Alvalade, que aconteceu apenas porque tem aquele hábito de nunca deixar de lutar por uma bola que pareça ter o destino ditado. Vendo a repetição, é bem provável que a bola não chegasse a transpor a linha de golo, fosse pelo efeito caprichoso que levava, fosse pela iminente ação de Casillas. Quanto às lágrimas no final, terei que falar sobre isso num post à parte.

O ambiente no estádio - ruidoso, apaixonado e eletrizante. Atmosfera incrível em Alvalade durante toda a partida.



Algum desleixo a sair para o ataque - principalmente na primeira parte, foram demasiadas as ocasiões em que perdemos a bola no nosso meio-campo, oferecendo várias oportunidades de transição ao Porto. É verdade que o Porto ocupava bem os espaços e pressionava em dois terços do terreno, mas não foi por aí, pois muitas dessas perdas não foram forçadas. Coates, Adrien e Gelson foram os maiores prevaricadores.

A @$%*! dos olés - considerando o nosso passado recente no panorama dos olés-prematuros-que-antecederam-baldes-de-água-gelada-em-clássicos, seria de esperar QUE NÃO O VOLTÁSSEMOS A FAZER A POUCOS MINUTOS DO FIM, ESTANDO A VENCER APENAS POR UM GOLO. É certo que foi uma troca de bola deliciosa - que nem apreciei devidamente por estar a antever mais um golo de Jardel no último minuto, mesmo não estando Jardel em campo -, mas vamos lá parar com isto. Nestas coisas não devemos facilitar... na época passada, nas únicas vezes em que se experimentou a hola mexicana (com resultados em 5-0 e 3-0), conseguimos a proeza de sofrer golos nesse preciso momento. Ah, e tal, a festa nas bancadas é bonita, mas, se faz favor, não voltemos a arriscar em circunstâncias destas. 



A opção Paulista - mais uma vez, Jesus apostou no brasileiro, mas agora deu-lhe mais tempo de jogo. Entrou aos 68' para o lugar de Ruiz para dar maior consistência ao meio-campo. Belo jogo, excelentes apontamentos - visão de jogo, velocidade e raça -, e a ideia de que está aqui uma excelente solução para o meio-campo para a época.

A estreia de Campbell - bons pormenores técnicos, mas ainda se nota (naturalmente) alguma falta de ligação ao resto dos colegas. Excelente o trabalho a segurar a bola junto à bandeirola de canto, perto do final - foi muito útil para fazer correr o relógio.

A arbitragem - foi contestada a arbitragem de Tiago Martins, sobretudo pelos lances dos dois golos - muito protestados por Casillas. Boas decisões em ambos os casos: no primeiro golo, Gelson domina com o peito; no segundo golo, a bola bate efetivamente no braço de Bryan Ruiz, mas o costa-riquenho tem o braço encostado ao corpo e não tem forma de evitar o alívio à queima de Marcano. Gostava de saber, no entanto, se Jorge Jesus é o único treinador da Liga que manda bocas aos árbitros durante os jogos.



Foi o melhor tónico possível para combater a depressão gerada pela saída de João Mário e Slimani. Continua a haver muita qualidade no plantel, e as últimas contratações levam a crer que a quantidade e qualidade de opções à disposição de Jesus lhe poderão causar boas dores de cabeça. Agora é aproveitar a pausa para as seleções para começar a integrar os recém-chegados, com aquela tranquilidade de alma que só uma liderança isolada consegue dar.

sábado, 27 de agosto de 2016

Boa sorte, João Mário!

O Sporting anunciou há minutos a venda de João Mário ao Inter, por 40 milhões, mais 5 por objetivos, que não foram especificados no comunicado.

Confirma-se aquilo que já todos calculávamos. É sempre triste ver partir jogadores que vimos crescer e que nos encantaram nos relvados, mas é uma daquelas propostas que não podem ser recusadas, a partir do momento em que o jogador revela vontade em sair.

Boa sorte, João Mário!


Análise ao sorteio da Liga dos Campeões

Aquilani despede-se

Classe.

via @bancadadeleao

P.S.: O Sporting anunciou ontem em comunicado que ficou com 30% dos direitos económicos do atleta, certamente para precaver uma eventual venda posterior a um clube chinês.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Sobre o impasse na transferência de Rafa

António Araújo detém 10% dos direitos económicos de Rafa. Assumindo que o valor da transferência é de €16M, isto significa que o empresário receberá €1,6M pela percentagem que lhe pertence. Mas António Araújo também é o agente de Rafa, o que significa que receberá uma verba adicional nessa qualidade. Se forem os 10% da praxe, receberá mais €1,6M. Mas António Araújo quer também receber pelos serviços de intermediação que terá prestado. António Salvador diz que as negociações com o Benfica foram feitas diretamente entre presidentes, mas António Araújo defende-se dizendo que tem uma procuração assinada pelo Braga para conduzir o processo, pelo que exige mais €1,6M.

A brincar, a brincar, é bem possível que o empresário saque, de uma assentada, quase €5M. Rafa precisará de quase dois anos para receber um valor semelhante, pois o Benfica vai pagar-lhe um salário anual bruto de €3M. Faz algum sentido que o valor dos serviços prestados por um empresário seja superior ao do talento do jogador que representa?

A realidade é que o negócio está neste momento pendurado por causa da ganância de um indivíduo que deveria dar graças a todos os santinhos pelo euromilhões que lhe foi cair nas mãos. É provável que este impasse venha a ser desbloqueado (alguém terá de pagar, obviamente), mas não deixa de ser um castigo irónico para dois dos clubes que mais têm contribuído em Portugal para o crescimento desmedido da força e influência dos empresários nos negócios dos clubes - basta ver a forma como delegam em Jorge Mendes a gestão dos seus plantéis.

Há para aí um garoto que tem andado a alertar contra este mal - não contra os empresários em si, mas contra o poder excessivo que lhes foi sendo cedido pelos clubes. Aquilo que deveria ser uma exceção, é agora a regra. Mas como dá muito trabalho lutar contra os poderes instituídos, deixaram-no sozinho nesse combate. Salvador e Vieira merecem provar do veneno que ajudaram a preparar. O jogador é a única vítima no meio de todo este processo.

As quatro movimentações de mercado de ontem

O dia de ontem foi bastante agitado em Alvalade, com duas contratações e duas saídas:

A contratação de André

Conforme escrevi há alguns dias, não me parece prudente estar a contratar um jogador que tem um passado com episódios pouco recomendáveis para um profissional de futebol - ainda para mais quando acabámos de deixar sair outro jogador bastante complicado. Mas a partir do momento em que André assinou contrato connosco, passa a ser um dos nossos. Merece, por isso, o mesmo apoio e paciência que todos os outros jogadores recém-chegados ao plantel. 

André é um 9, ou seja, vem para segunda opção na posição de ponta-de-lança. Pessoas cuja opinião prezo, e que estão muito mais atentas do que eu ao que se vai passando na liga brasileira, dizem-me que André é um jogador de área inteligente, com boa capacidade de definição na área, mas que não teve no Corinthians um sistema de jogo que favorecesse as suas características. Dizem-me também que a fama de mau profissional vem sobretudo de um episódio ocorrido há dois anos, mas que daí para cá não voltou a ter quaisquer problemas nesse capítulo.

Fica assim fechada mais uma lacuna do plantel. Que André consiga revelar as qualidades que levaram o Sporting a contratá-lo, ficarei muito feliz se me obrigar a retirar as palavras que escrevi sobre ele. Força, André!


A contratação de Douglas e a venda de Naldo

Duas transferências cujos valores ainda não foram divulgados - o que não é um problema, pois em setembro teremos acesso, no jornal Sporting, ao quadro com todos os detalhes das transferências realizadas desde que o mercado reabriu -, mas que vêm ao encontro do desejo que há muito Jorge Jesus tinha de contar com Douglas. Um desejo que, face às cinco alternativas que já existiam no plantel, apenas se podia concretizar caso se conseguisse vender um dos centrais. 

O Krasnodar avançou por Naldo, um jogador que foi contratado há um ano por €3M, e que fez uma boa época, tendo sido bastante importante até à janela de transferências de verão. Não creio que se possa fala de uma contratação fracassada, mas para se fazer um balanço final é necessário saber se o Sporting conseguiu ou não recuperar o investimento.

Contra Naldo terá pesado a pouca qualidade com bola nos pés, o que prejudicava a 1ª fase de construção tal como Jesus a idealiza para o seu sistema de jogo, coisa em que Douglas é mais forte.


A saída de Aquilani

Um jogador que acabou por desiludir, mas que foi prejudicado pela incrível época que Adrien fez. Aquilani esteve num nível razoável nos primeiros meses da temporada passada, enquanto ainda era utilizado com frequência, mas entrou num círculo vicioso de pouca utilização / fraco rendimento à medida que Jesus foi encontrando soluções que emprestavam à dinâmica da equipa uma maior intensidade. 

Acaba por ser uma saída conveniente para o Sporting, pois o italiano tinha um dos maiores salários do plantel. O dinheiro que se poupa no ano de contrato que ainda faltava cumprir, poderá ser uma folga importante num eventual reforço de última hora que ainda possa surgir.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

;) também para ti, Cristiano!

Real, Dortmund e Legia

Grupo complicadíssimo, mas que promete grandes noites de futebol em Alvalade. Não haverá melhor montra do que esta, é tirar o melhor partido possível!


Vem aí o sorteio


Palpite: PSG, Arsenal, Sporting, Rostov
Desejo:  CSKA, Nápoles, Sporting, Copenhaga
Medo: Real Madrid, Man. City, Sporting, Monaco
Show nas bancadas: Leicester, Dortmund, Sporting, Celtic

Fica também o comentário que Luís Aguilar fez, há umas semanas, sobre aquilo que aguarda ao Sporting na Liga dos Campeões.

A transferência de Talisca: uma breve cronologia

Este é o momento certo para homenagear uma longa novela que se prolongou durante cerca de quatro meses e a que ninguém ficou indiferente (apaixonou uns e repugnou outros). Nesse sentido, é obrigatório recuperar as notícias que foram publicadas na comunicação social, para refrescar a memória de todos. Uma história em que muitos milhões foram prometidos - mesmo que isso desafiasse qualquer lógica de mercado - e pareciam garantidos, independentemente do clube que ficasse com ele (como se isso fosse um pormenor sem importância) -, mas que, no final, se acabaram por esfumar quando a racionalidade (essa coisa por vezes tão inconveniente) ditou as suas leis.

Aqui fica um resumo do processo de transferência de Talisca:



Curioso, no entanto, que no final se tenha falado, de forma totalmente casual, na colocação de Talisca como um problema resolvido, e não como um final ridículo face às expetativas que foram criadas. Seria também interessante saber quem fez força para tentar convencer o mundo que Talisca podia mesmo ser vendido por 25 milhões - é certo que os turcos têm uma opção de compra por esse valor, mas é mais provável que entretanto o planeta Terra seja invadido por extraterrestres do que o Besiktas acionar a cláusula no final do empréstimo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A qualidade não tem tamanho


Magnífica foto tirado com quatro reforços para as modalidades: Deo, que recentemente regressou para reforçar a equipa de futsal, rodeado de três jogadores da equipa de andebol. Duas modalidades em que as expetativas estão alinhadas por alto, face à qualidade que o clube conseguiu reunir.

P.S.: a partir de hoje, os comentários passarão a ser moderados. Tentei evitá-lo o mais que pude, mas não vejo que sentido faz estar a gastar o pouco tempo livre que me resta (entre todos os compromissos pessoais, profissionais e a escrita de posts) a eliminar comentários ofensivos, e ter cada vez mais dificuldade em encontrar, no meio de tanta coisa desnecessária, comentários pertinentes que dão gosto ler e discutir. 

E se me não me agrada ver determinadas pessoas a fazer pouco do esforço diário que faço para manter o blogue vivo, procurando miná-lo, também me desgosta ver que há pessoas que não fazem esforço algum para compreender os sacrifícios que isto implica, preferindo exigir em vez de colaborar. Não vejam isto como uma lamentação - porque escrevo aqui com gosto -, mas creio que é bom recordar certas pessoas que é melhor não tomarem por garantido blogues como este ou tantos outros, que são resultado de um enorme esforço de pessoas que apenas querem viver o seu clube e ajudá-lo da melhor forma que conseguem, sem esperarem obter qualquer retorno que não seja o sucesso da equipa que apoiam.

Os comentários só ficarão visíveis, portanto, após eu os aprovar. Não sei dizer, neste momento, se é uma política definitiva ou temporária. O critério de aprovação será o da minha vontade e o timing o da minha disponibilidade, pelo que peço paciência a todos aqueles que têm enriquecido o blogue ao longo destes anos com a sua participação - tenham ou não preferências clubísticas e opiniões idênticas às minhas. A esses, o meu obrigado, e espero que continuem a passar por aqui.

Soltas sobre o apuramento do Porto e o clássico de domingo


  • Quem, na semana passada, viu os primeiros 20, 25 minutos da 1ª mão, dificilmente imaginaria que a eliminatória acabasse com uns concludentes 4-1 para o Porto. Incrível como uma equipa como a Roma se descontrola emocionalmente e acumula 3 expulsões nas duas partidas, praticamente convidando o Porto a seguir em frente. Mérito para o Porto, de qualquer forma, por ter sabido aproveitar a vantagem numérica no Dragão e pela boa entrada no jogo de ontem.
  • A diferença que uma arbitragem isenta faz: se o Sporting tivesse apanhado arbitragens destas contra o CSKA, teria conseguido apurar-se confortavelmente.
  • Importantíssimo, do ponto de vista financeiro, este apuramento. Representará pelo menos mais 15 milhões de euros de receitas, e significa a entrada imediata de dinheiro fresco que, muito provavelmente, será usado para reforçar a equipa. Deveremos esperar um Porto teoricamente mais forte no final do mês.
  • Será que a novela Rafa terá, perante os novos argumentos portistas, um novo capítulo?
  • Psicologicamente, é um peso que sai de cima dos ombros de Nuno Espírito Santo e do plantel. É normal que apareçam em Alvalade muito moralizados. No entanto, há que não esquecer as circunstâncias em que os dois resultados foram obtidos: dos 180 minutos da eliminatória, 100(!) foram disputados em vantagem numérica, e em 40 desses minutos o Porto jogou com mais dois elementos.
  • O que pesará mais no domingo? O moral ganho ontem, ou um eventual desgaste que comece a fazer-se sentir nas pernas à medida que o tempo for avançando? 
  • Independentemente disso, creio que o Sporting é favorito para o clássico. Não só pelo fator casa (Alvalade é o estádio português onde o Porto costuma revelar mais dificuldades), mas também pelo facto de ambas as equipas estarem ainda em processo de consolidação de processos, tendo aí o Sporting a vantagem de estar mais avançado pelo trabalho realizado na época anterior. Como é evidente, qualquer resultado é possível e o Porto é sempre um adversário perigosíssimo que não pode, de foram alguma, ser menosprezado, mas tenho confiança que o Sporting conquistará os três pontos.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

O Benfica não escamoteia aqui nada

Se emissão de mentiras sincronizada fosse uma modalidade olímpica, Portugal facilmente teria regressado dos jogos do Rio de Janeiro com uma medalha de ouro. Ontem, foi possível observar em ação três dos exímios praticantes desta arte: Rui Gomes da Silva, Pedro Guerra e a rising star André Ventura. A ocasião foi a entrevista de Taarabt à revista France Football, e o apontar de dedo ao responsável pela sua vinda para o Benfica.


Como não poderia deixar de ser, o responsável pela contratação de Taarabt foi... Jorge Jesus.

Para quem não tenha uma memória tão prodigiosa como a destes três senhores, há que recordar que Taarabt assinou pelo Benfica a 12 de junho de 2015...


... ou seja...


... uma semana depois de Jorge Jesus ter sido anunciado como treinador do Sporting...


... e de o treinador e respetiva equipa técnica serem proibidos de entrar no centro de estágios do Seixal.

Na realidade, o grande impulsionador para a contratação de Taarabt foi, segundo o que se pode ler em vários sítios na internet, um administrador da SAD chamado Rui Costa. Ainda vamos descobrir que foi Jorge Jesus o responsável pelas contratações de outros jogadores encostados, como Benitez, Celis, Bilal ou Carcela.

A influência da janela de transferências nos onzes dos grandes

Curioso como a janela de transferências tem influenciado, por motivos diferentes, os onzes de Sporting, Porto e Benfica neste arranque de época.

O Sporting foi obrigado a jogar com ponta-de-lança e segundo avançado improvisados na jornada inaugural, devido ao castigo de Slimani e à lesão de Spalvis, e à demora em fechar os reforços para as posições de ataque. Na segunda jornada, João Mário ficou de fora dos convocados devido (digo eu) à iminente conclusão do negócio com o Inter. Dois jogos em que a equipa entrou condicionada, mas no fim o Sporting conseguiu conquistar os seis pontos.

O Porto vive uma realidade um pouco diferente. Sem ter de lidar com lesões ou castigos, Nuno Espírito Santo parece ter um onze já mais ou menos definido para a época, salvo no conhecido desejo de adicionar ao plantel mais um jogador de características ofensivas - que inicialmente se pretendia que fosse Rafa, e que agora parece ser Oliver. Parece unânime que o atual plantel é curto, mas, curiosamente, Nuno Espírito Santo não utiliza dois jogadores disponíveis que poderiam ser muito úteis, mas que estão na porta de saída: Brahimi e Aboubakar. A qualidade de Brahimi está acima de quaisquer suspeitas, mas ainda é mais estranho o caso do camaronês por causa do playoff da Liga dos Campeões - onde o Porto foi a jogo sem ter um ponta-de-lança no banco. Até ao momento não houve consequências, pois o Porto venceu os dois jogos do campeonato. Vamos ver se Brahimi e Aboubakar não farão falta no jogo de logo.

O Benfica é a equipa que resolveu mais cedo a sua vida, quer nas vendas quer nas compras essenciais para a realização das receitas necessárias e para a formação de um plantel equilibrado. Todas as movimentações de mercado que ainda existem dizem respeito a contratações de jogadores não fundamentais (a profundidade do plantel é grande) ou vendas de excedentários. Ainda assim, o Benfica parece ter deixado, à semelhança do que aconteceu na época passada, que o mercado interferisse no onze escolhido. Falo em concreto da titularidade de Salvio no último domingo - um jogador que, segundo o que diz a comunicação social, está na lista de dispensas, na esperança que permita realizar um encaixe significativo. Salvio também foi suplente utilizado nos dois jogos oficiais anteriores, entrando a poucos minutos do fim, o indicia uma tentativa de valorização de um ativo que se pretende vender. Claro que se pode dar o benefício da dúvida a esta opção de Rui Vitória - no sentido de ter sido tomada pela maior utilidade do argentino face à concorrência -, mas a verdade é que já na época passada aconteceu algo semelhante: Ola John foi titular na Supertaça e nas duas primeiras jornadas, numa altura em que a sua saída parecia inevitável. Não terá sido por Salvio que o Benfica não venceu o V. Setúbal, mas a verdade é que as várias adaptações - Pizzi para o centro e Salvio na direita - não se traduziram no resultado pretendido.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Sobre a possível contratação de André

Há coisas que vão acontecendo no clube que me custam a compreender, mas que normalmente aceito e dou tempo para fazer uma avaliação mais ponderada, por não estar na posse de todos os dados e por confiar nas pessoas que gerem o futebol do Sporting. Mas está à vista de toda a gente que contratar André tem tudo para correr mal. Este, sim, é um jogador com fama de ser mau profissional e com um rendimento dentro das quatro linhas a condizer com as atitudes que vai tendo fora de campo, a ponto de os adeptos do Corinthians estarem mortinhos para o ver sair. Basta olhar para os comentários que inundaram o Facebook do Sporting desde que se começou a falar no interesse no brasileiro.

E fico ainda mais espantado com este interesse porque, aparentemente, não aprendemos nada com a passagem de Teo Gutierrez pelo clube. Tínhamos no colombiano um jogador problemático mas que, melhor ou pior, lá ia metendo as bolas na baliza. Dispensámo-lo à seleção olímpica numa altura em que já se percebia que poderíamos vir a ter problemas na frente de ataque no início do campeonato face à lesão de Spalvis e ao castigo de Slimani, e acabámos por emprestá-lo, algumas semanas depois, a um clube argentino. Compreendi a decisão. Ora, não sendo um fã de Teo, gostava que me explicassem: por que raio aceitámos cedê-lo sem garantir o retorno do investimento feito, se agora, pelos vistos, nos preparamos para gastar mais uns valentes milhões para trazer um outro jogador que tem potencial para ser tão ou mais problemático?

Infelizmente, o interesse do Sporting é real - as palavras de Jesus na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Paços assim o indiciam - e duvido que a interferência do Porto seja verdadeira - cheira a conversa de empresário para tentar apressar o fecho do negócio ou inflacionar os valores (mas sintam-se à vontade para o desviar, OK?). Se assim for, e se André acabar mesmo por ser contratado pelo Sporting, ficarei, obviamente, a torcer pelo seu sucesso, mas sem grande fé de que tal venha a verificar-se. E, como é óbvio, a tal confiança nas pessoas que tenho (e, creio, que a maior parte dos sportinguistas tem) nas pessoas que são responsáveis pelo futebol do clube sairá inevitavelmente abalada. É aceitável que se falhe na contratação de jogadores - acontece em todos os clubes -, mas não é aceitável que se falhe na contratação de um jogador com o passado deste, principalmente quando ainda agora acabámos de sair (provisoriamente, porque ele pode voltar) de uma aventura igual.

Ações defensivas que valem como golos

O intolerável ataque do Mais Tabaco a Campbell

Já estamos habituados que os reforços sportinguistas sejam recebidos com desconfiança pela generalidade dos comentadores dos programas televisivos, mas no último sábado aconteceu algo que não imaginava ser possível. Refiro-me à reação a uma eventual chegada de Joel Campbell para o Sporting (na altura ainda não estava oficializada) pelo elenco do Mais Tabaco.

Convido-vos a assistir a uma parte do que foi dito por Dani, Luís Aguilar, Diamantino e Bernardino Barros, avisando desde já os mais sensíveis que dificilmente irão ouvir comentários mais abjetos vindo de gente que tem a obrigação de ser rigorosa e imparcial.



Joel Campbell está há vários anos no Arsenal e nunca se conseguiu impor no clube. Isso é indiscutível. Chegou a Inglaterra com 19 anos e foi emprestado nas três primeiras épocas a Lorient, Bétis e Olympiakos - sempre sem opção de compra, o que significa que o Arsenal tinha (e tem) confiança no jogador. Esses empréstimos correram melhor ou pior, mas, nas últimas duas épocas, Campbell já fez parte do plantel do Arsenal. A primeira não correu bem e acabou num novo empréstimo para o Villarreal, mas a última acabou por ser uma boa surpresa para a generalidade dos adeptos. Em 2015/16, Campbell fez 30 jogos pela equipa principal do Arsenal (e não na equipa sub-23, como disse Diamantino).

Mas, pior do que essa incorrecção, foram as acusações de falta de profissionalismo que Dani (oh, a ironia, que sabe Dani de profissionalismo para estar a apontar o quer que seja aos outros?) referiu, pois nunca houve qualquer episódio fora dos relvados ou nos treinos. Pelo contrário.

Basta ver a reação da generalidade dos adeptos de Campbell nas redes sociais para perceber que é um jogador respeitado - coisa que nunca aconteceria caso o compromisso com a equipa não existisse. E até Wenger disse isto sobre Campbell em janeiro deste ano (LINK):


Falta de compromisso? Quem lhe terá segredado isso ao ouvido? Também para rir (ou chorar) é a esterotipagem dos jogadores costa-riquenhos, trazendo Bryan Ruiz ao barulho. Pelos vistos, para esta malta, não é suficiente ser-se um dos jogadores de maior classe do futebol português. Também precisa de ter a intensidade de um Slimani ou de um Adrien. Ou, se calhar, já que exigir não custa nada, Bryan Ruiz também poderia ter uma capacidade de impulsão e jogo de cabeça ao nível dos melhores centrais, e ainda umas mãos tão seguras como as dos guarda-redes de topo. Tudo isto é ofensivo e lamentável.

Finalmente, é interessante ver tantos ses pelo facto de um jogador de 24 anos não ter conseguido triunfar na Premier League, em oposição, por exemplo, aos intermináveis elogios a Rafa pelo que tem feito no Braga. Não é propriamente a mesma coisa ser-se um jogador desequilibrador na Premier League e na Liga NOS. Aliás, o melhor jogador dos dois últimos campeonatos apenas veio para Portugal por não se ter conseguido impor em Espanha. Talvez fosse sensato não se fazerem juízos tão precipitados e esperar para ver o que os jogadores serão capazes de fazer em clubes com ambições semelhantes. Mas já se sabe como é: enquanto uns contratam o refugo por não terem capacidade para mais, outros...


São inqualificáveis estes ataques feitos pelo Mais Tabaco à honra do jogador. Conseguiram cair ainda mais fundo com este desfile de mentiras e incorreções factuais, que seriam facilmente evitados caso existisse um pouco de boa-fé e se fizessem um trabalho de casa minimamente decente.

domingo, 21 de agosto de 2016

Habemus bacalhau!

Finalmente, a confirmação de uma contratação que tem tudo para dar certo. Empréstimo por uma época sem opção de compra.



À falta de nota artística, saber sofrer é uma enorme virtude

Numa partida que se adivinhava difícil, o Sporting apresentou-se na Mata Real com Slimani na frente, mas sem João Mário no apoio.

Gelson foi o jogador escolhido por Jorge Jesus para ocupar a ala direita, mas o corredor direito foi menos dinâmico do que é habitual e a maior parte dos lances de perigo acabou por surgir pelo lado oposto. Mas estranho seria se não se notasse a falta de um enorme jogador que foi titular do Sporting nos últimos dois anos, e logo contra um adversário complicado no seu estádio. Essa falta irá continuar a sentir-se, naturalmente, mas a expetativa é que a equipa vá encontrando, gradualmente, novas soluções em função das características dos jogadores que ficam. E, justiça seja feita, Gelson acabou por ser um dos jogadores decisivos na partida de ontem.

A primeira parte foi de domínio quase absoluto do Sporting, mas sem que isso se traduzisse numa grande quantidade de oportunidades para marcar. Alan Ruiz e Slimani obrigaram Defendi a aplicar-se por três vezes, mas as redes acabaram por ser agitadas perto do intervalo, quando o Sporting desenhou uma jogada perfeita: Slimani recupera na linha de fundo uma bola que parecia perdida, metendo-a em Bruno César, que cruzou para o segundo poste onde estava Gelson. O extremo amorteceu para Adrien, que concluiu a jogada à meia-volta com um remate de belo efeito.

A segunda parte recomeçou com o Sporting a carregar na tentativa de obter o golo da tranquilidade. O esférico andou muito próximo da baliza do Paços, mas o domínio registado voltou a não se traduzir em grande chances de golo. Carlos Pinto conseguiu virar o sentido da partida colocando Ivo Rodrigues e Cícero, e nos últimos 15 minutos já se viu muito mais bola junto à área do Sporting, culminando numa ocasião em que Cícero apareceu isolado perante Rui Patrício, mas que Coates limpou de forma imperial. De resto, apesar das tentativas pacenses, não existiu qualquer outro lance que causasse calafrios aos inúmeros sportinguistas presentes. 

Não houve nota artística elevada, mas no último quarto de hora viu-se uma outra coisa que, na falta disso, e em situações de vantagens mínimas, dá tanto ou mais jeito: saber sofrer.



O melhor Adrien - já se sabe que o CM é o CM, mas suponho que a exibição de ontem tenha convencido aqueles quem possam ter ficado na dúvida sobre se existe alguma veracidade na notícia da capa de sábado, que dizia que o capitão quer sair do Sporting. Adrien está feliz no Sporting, e voltou, à semelhança do fim-de-semana passado, a ser o melhor em campo. Batalhador, com várias iniciativas individuais a empurrar a equipa para a frente (sobretudo na primeira parte) e um golo que valeu três pontos.

Dupla de betão - fica mal falar de betão para descrever algo sólido na capital do móvel, mas tivemos uma exibição de grande nível dos dois centrais. Imperiais no jogo aéreo e muito eficientes no controlo das investidas dos adversários, não deixaram que o Paços dispusesse de uma única oportunidade que fosse dentro da área (com exceção de uma em que houve um fora-de-jogo não assinalado, e que obrigou Patrício a jogar-se aos pés de um adversário para agarrar a bola). Na única vez em que a dupla não matou o perigo à nascença, Cícero conseguiu desmarcar-se de Coates no limite do fora-de-jogo, mas o uruguaio recuperou em tempo útil e fez um enorme corte na hora H.

Segunda assistência de Gelson - ainda não está no ponto em termos de capacidade de decidir o que fazer com a bola no momento certo, mas, à semelhança do que aconteceu com o Marítimo, foi crescendo no jogo à medida que o tempo foi passando e fez uma assistência para golo.

A Onda Verde - invadiu Paços de Ferreira, praticamente esgotando a lotação do estádio. Jogando em casa, a tarefa fica muito mais fácil para os nossos rapazes.

O estádio do Paços - numa liga em que ainda abundam relvados de má qualidade, é de louvar o esforço feito pelo Paços de Ferreira em melhorar as condições do seu estádio. Novas torres de iluminação, nova bancada em construção e um excelente relvado. Fosse sempre assim.




Inteligência na gestão dos últimos minutos - o Sporting é uma equipa mais madura neste aspeto do jogo do que há dois anos, mas ontem poderia ter feito um melhor trabalho. Lembro-me, particularmente, de Bruno Paulista ter decidido fazer um cruzamento para Slimani, aos 90'+1, onde estavam 4 defesas do Paços contra 2 avançados nossos, e sem que houvesse alguém à entrada da área para disputar uma segunda bola. Resultado: o cruzamento saiu curto e oferecemos uma bola ao adversário, em vez de manter a posse e deixar correr o tempo para esgotar os dois minutos que faltavam.

Uma tendência que já se via na época passada - todos sabem que Hugo Miguel é um árbitro permissivo. Não surpreende que nunca tenha agido disciplinarmente perante a sucessão de entradas duras de jogadores do Paços. E também não surpreende ninguém que, à primeira oportunidade, tenha mostrado um amarelo a William por uma suposta interrupção de ataque prometedor, quando, na realidade, William nem sequer tocou no adversário. Ou seja, ficámos com o médio defensivo condicionado durante mais de metade do jogo. Regressou aquela tendência que andou muito na moda na época anterior: os árbitros vão mantendo os amarelos no bolso, mas só até ao momento em que um jogador do Sporting faça uma falta merecedora de cartão.



Patrício entre os centrais - já tinha acontecido contra o Marítimo, mas ontem foi mais frequente ver Rui Patrício avançar para o meio dos centrais no início de construção. Já todos nos tínhamos apercebido que existe um maior à-vontade do guarda-redes em jogar com os pés, e Jesus parece querer tirar partido disso. Dispensando William dessas funções, é mais uma linha de passe potencial que se abre nas saídas para o ataque. Vamos ver se é para continuar.



Vitória difícil, como é típico em Paços de Ferreira, mas importantíssima em vésperas de clássico. Fica o desejo de que os dossiers de João Mário e Campbell se resolvam rapidamente para não condicionarem a preparação do jogo com o Porto.

sábado, 20 de agosto de 2016

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A/C JJ e BdC


Como está difícil fechar a contratação de um ponta-de-lança, aqui fica mais uma dica. :)

(amanhã está nos jornais)

Resultado da ação de solidariedade de sábado

Colocar a criatividade ao serviço do clube

O jogo do Rafa


Nos últimos dias, os avanços e recuos das negociações entre o Sporting e o Inter por João Mário têm atraído a maior fatia das atenções dedicadas ao mercado de transferências, mas convém não esquecer que ainda está em curso uma outra saga negocial, com uma grande diversidade de protagonistas e bastante mais confusa: a venda de Rafa.

Segundo rezam as crónicas, António Salvador quer receber os 20 milhões da cláusula de rescisão. É legítima essa pretensão, mas isso não quer dizer que os interessados lhe irão fazer a vontade, pois falamos de uma verba incomportável para os cofres de qualquer clube português - a não ser, claro, que se esteja a falar de 20 mendilhões.

É indiscutível que Rafa é um excelente jogador, parece-me que tem valor para fazer parte do plantel de qualquer clube em Portugal, mas 20 milhões é, para além de uma verba assustadora para o diretor financeiro da SAD que os tiver que pagar, um valor excessivo para o que o jogador demonstrou até agora. Não quer dizer que não venha a valer isso, mas jogar no Braga não é o mesmo que jogar nos grandes - e mesmo no Braga, os números, sendo interessantes, não são espantosos: no campeonato da época passada marcou 8 golos e fez 3 assistências, em 30 jogos.

Acredito que o Porto tenha muito interesse no jogador. Partindo do princípio que Brahimi está perto de sair, não abundam os extremos de qualidade no plantel. O problema está nos valores pedidos, que, à partida, não serão fáceis de atingir em função da atual situação financeira do Porto: falhou o cumprimento do Financial Fair Play, ainda não fez qualquer encaixe com vendas de atletas, não sabe se terá acesso aos milhões da Liga dos Campeões, e já gastou cerca de 23 milhões em aquisições (Telles, Layun, Felipe e Depoitre).

Em relação ao Benfica, não há motivos para tanto interesse, considerando a quantidade e qualidade das opções que existem para as posições que Rafa pode fazer. Eventualmente terá mais espaço como suplente de Jonas do que como extremo, mas, mesmo assim, não deixam de ser 20 milhões por um jogador que, provavelmente, será suplente. É verdade que o Benfica já fez algo de semelhante com Jimenez, mas será que estará interessado em repetir a dose?

Está também por perceber o papel de Jorge Mendes em todo o processo. Considerando a relação íntima do empresário com o Benfica, a reaproximação recente ao Porto (pelo menos a chegada de Nuno Espírito Santo indicia isso), a enorme influência que tem sobre o Braga e a percentagem de passe que tem do jogador (apesar de, há uns dias, O Jogo ter noticiado que o Braga a recomprou - o que me parece duvidoso), para que lado irá pender a sua influência? Esta será, provavelmente, a revelação mais interessante que o desfecho desta novela dará a conhecer.

EDIT 10h00: Segundo os jornais de hoje, o Benfica parece ter ganho a corrida pelo jogador.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pagar sem saber se pode usar, ou a corrida mais lenta de sempre?

Geralmente, uma das tarefas mais complicadas que o comum dos emblemas tem para resolver nas janelas de transferências é arranjar colocação para os jogadores excedentários em condições favoráveis para os seus cofres. Normalmente, os clubes dão-se por satisfeitos se conseguirem vendê-los recuperando a totalidade ou a maior parte do investimento. Não sendo isso possível, e se não estiverem dispostos a assumir o prejuízo de uma venda por um valor bastante inferior ao da compra, então tentam emprestá-lo a um clube que fique responsável por todos os encargos salariais e, eventualmente, até pague uma determinada verba por essa cedência temporária. No entanto, são muitos os casos em que nem isso se consegue. Surgem então as últimas alternativas: emprestam o jogador, mas continuando a suportar parte ou a totalidade do salário; ou encostam-no e colocam-no na equipa B, na equipa de reservas, ou a treinar à parte.

Conseguir vender um excedentário por mais do triplo do seu valor de mercado é algo que, definitivamente, apenas está ao alcance de clubes com relacionamentos muito privilegiados com gente que não tenha grande amor ao dinheiro. É nesta categoria que, segundo o que nos vai sendo transmitido pela comunicação social, se encaixa a venda de Talisca ao Wolverhampton. Temos, portanto, um clube da 2ª divisão inglesa que está interessado no jogador e, sem ligar a qualquer critério racional de avaliação de um atleta, está disposto a estourar 25 milhões de euros por um jogador que não vale sequer um terço desse montante.


Um luxo que os novos donos do clube inglês parecem muito desejosos de assegurar, mas ainda assim, um luxo que parece ser cobiçado... por muitos outros. Isto porque, mesmo que falhe a transferência de Talisca para o Wolves...


... os 25 milhões de euros que o Benfica quer receber não estarão em risco. É que, segundo o jornal A Bola, existem mais clubes interessados no jogador.

Ou seja, na eventualidade de falhar a inscrição em Inglaterra, e não estando em causa os 25 milhões e havendo outros clubes interessados, só pode significar que estamos perante um de dois cenários:

1) O Wolves não pode inscrever o jogador, mas compra-o na mesma por 25 milhões, cedendo-o depois a outro clube de outro país; para além de ser estranho que um clube queime tanto dinheiro num jogador que não pode usar de imediato, este cenário tem o twist adicional de o Wolves não ter forma de saber se conseguirá algum dia inscrever o jogador; ou seja, se por acaso não correr extraordinariamente bem a vida a Talisca na barriga de aluguer, isso significa que não será convocado para a seleção brasileira; e não sendo convocado para a seleção, continuará a não cumprir os requisitos para ser inscrito em Inglaterra. Em vez de reforçarem a equipa para o objetivo imediato de regressar à Premier League, preferem pagar 25 milhões por um jogador que não podem usar, e sem sequer saberem se algum dia poderão tirar proveito desportivo dele. Wow.

2) Existem clubes endinheirados de outros países dispostos a pagar os 25 milhões que o Benfica quer pelo jogador. Clubes esses, que não são chineses (Talisca já rejeitou ir para a China) e que estão dispostos a esperar pela conclusão do processo em Inglaterra. A corrida mais lenta de sempre por um jogador tão caro. Duplo wow.

Tudo isto é tão extraordinário, que nem a expressão negócio da China lhe faz justiça. Mas tem mesmo que ser assim, porque segundo rezam as lendas, ainda há mais 100 mendilhões em vendas para realizar. Só mesmo um Midas para concretizar uma coisa destas.