quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A última acusação de Carlos Severino

Esta manhã, Carlos Severino fez, na sua página de Facebook, mais uma acusação à direção do Sporting, desta vez relacionada com a suposta contratação de André Pinto, jogador que está em final de contrato com o Braga.


"André Pinto NEGOCIADO POR AGENTE DA DOYEN???", pergunta, em modo de acusação, Carlos Severino. 

Todos sabemos que o mundo dos empresários de futebol é extremamente nebuloso. A intricada rede de interesses que existe, acaba, muitas vezes, por juntar empresas concorrentes em determinados negócios. Mas dizer que Pedro Pinho é agente da Doyen é, simplesmente, mentira.

Pedro Pinho é um empresário que é co-proprietário da Energy Soccer, empresa de agenciamento e intermediação de jogadores. De há uns anos para cá, esta empresa tem sido notícia por diversas vezes: é que um dos sócios da Energy Soccer é Alexandre Pinto da Costa, e, não surpreendentemente, muitos dos negócios da Energy Soccer tiveram o Porto como cliente.


A Energy Soccer é também a empresa que gere a carreira de André Pinto. Logo, é natural que o Sporting tenha que negociar diretamente com a Energy Soccer. A Doyen não tem absolutamente nada a ver com jogador.


Houve, de facto, uma altura em que a Energy Soccer teve uma relação relativamente próxima com a Doyen, mas apenas em negócios ligados ao Porto. A Vela (uma das empresas do universo Doyen) pagou à Energy Soccer uma verba relacionada com Casemiro - num negócio que tresanda a forma de dar uma comissão ao filho do presidente do clube, porque surge numa altura em que o brasileiro já era jogador do Porto, e quando se aproximava o momento em que se decidiria se o Porto acionava a opção de compra e se o Real Madrid acionaria a cláusula de recompra.

(documento com data de 14 de janeiro de 2015)

Também por essa altura, a Vela e a Energy Soccer estabeleceram um contrato em que a segunda prestaria serviços de scouting à primeira pelo valor de 140.000€. Mais uma vez, não espantaria se fosse um contrato arranjado à força para permitir a distribuição de comissões referentes a outros assuntos. São estas as ligações conhecidas entre a Doyen e Pedro Pinho, através da Energy Soccer.

Carlos Severino está, simplesmente, a tentar gerar polémica, misturando assuntos que nada têm a ver entre si. Se o jogador André Pinto interessa ao Sporting e se está em final de contrato, é normal que o Sporting tenha de negociar diretamente com o seu agente, e é normal que pague uma comissão mais elevada do que pagaria se se tratasse de um jogador com contrato. Se o Sporting gastar um milhão de euros na assinatura e comissões (coloco este valor porque é o que se tem falado) de um jogador que era titular do Braga (consta que o Porto o tentou contratar no verão passado e que o Braga terá pedido cerca de 10 milhões, razão pelo qual depois se viraram para Boly, mais acessível) estará, em teoria, a fazer um bom negócio. E, como é hábito, os sportinguistas ficarão a conhecer os valores exatos em setembro, no habitual quadro divulgado pela SAD no final de cada janela de transferências.

Tudo isto é prática comum, pelo que não há aqui qualquer novidade, e a Doyen não tem nada a ver com o possível negócio, pelo que também não há qualquer incompatibilidade face às posições do Sporting face ao papel dos fundos no futebol.

Ao longo dos últimos dias, Severino tem feito várias acusações que já preencheram horas e horas de debate nas televisões, algumas das quais já foram desmentidas, enquanto outras seguramente o serão no futuro. Carlos Severino tem usado e abusado do nome do Sporting para obter protagonismo, e parece desesperado em conseguir um tacho numa CMTV da vida. É que, não se tendo candidatado, vai perder o selo de "candidato às últimas eleições do Sporting". Aliás, podemos relembrar a triste figuras que fez ao anunciar a sua candidatura à presidência do Sporting...


... para, poucos dias depois, ter anunciado o apoio a Madeira Rodrigues. Imagino a desilusão dos muitos sportinguistas que lhe lançaram o repto para se candidatar...