sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O candidato dos inimigos do Sporting

Já deu para perceber em quem votariam os inimigos do Sporting caso fossem sócios com quotas em dia. Basta uma passagem rápida diária pelas redes sociais ou pela imprensa desportiva para perceber ao que cada anda uma das principais forças do futebol português. No caso da comunicação social, é perfeitamente claro que existem determinadas publicações que estão empenhadas em dar a Madeira Rodrigues todo o impulso eleitoral que estiver dentro das suas possibilidades. Não que seja apreço pelo candidato em si, mas pela vontade imensa que sempre demonstraram em ver Bruno de Carvalho sair da presidência do Sporting.

O Jogo, publicação que procura rebaixar o Sporting, os seus jogadores e dirigentes numa base diária - nem que para isso tenham que inventar descaradamente (LINK) ou contar apenas uma parte da história, deixando de fora aquilo que não lhes convém (LINK) -, tem funcionado como uma espécie de publicação oficiosa da campanha de Madeira Rodrigues, dando espaço de opinião regular aos maiores detratores de Bruno de Carvalho, como Rui Barreiro. Recentemente também obtiveram a colaboração de João Benedito, mas o investimento acabou por não surtir grande efeito porque o ex-jogador do Sporting não se candidatou à presidência nem atacou Bruno de Carvalho como os responsáveis pelo jornal estariam a prever.

Particularmente empenhada em dar um empurrão forte a Madeira Rodrigues está também A Bola, um jornal que, ao longo da última década, tem tido como missão principal a exaltação do vieirismo. Os diretores do jornal A Bola acordam e deitam-se a pensar qual será a melhor forma de promover os interesses de Vieira, do Benfica, de Mendes, de Mendes, do Benfica e de Vieira. Tudo o resto é acessório.

Não há sportinguista atento que não repudie a falta de isenção destes dois jornais. Cada um defende o seu clube, ambos atacam o Sporting sempre que têm oportunidade para isso. E os responsáveis de ambos os jornais têm sido ferozes opositores de Bruno de Carvalho, revelando, gradualmente, uma fúria superior à medida que o clube ia recuperando a competitividade das suas equipas.

Não espanta, portanto, que ambos os jornais tenham tido uma visão completamente madeirista de como o debate de ontem decorreu:


Mas verdadeiramente surreal é a opinião de José Manuel Delgado, diretor-adjunto de A Bola, no seu editorial de hoje.


É impressionante como é que um jornalista, supostamente experiente, e que deveria querer que o levassem a sério, é capaz de dizer, no mesmo artigo, que Madeira Rodrigues "foi claríssimo em relação ao futuro de Jorge Jesus" e que tem "um projeto sem tentações populistas e dogmáticas".

Ora, um candidato que diz que despedirá Jorge Jesus sem lhe pagar um tostão, um candidato que diz que vai fazer obras no estádio - desejadas por todos os sportinguistas - com um orçamento totalmente irrealista, que diz que vai ter um centro de estágios no norte e um Yacht Club à custa de autarquias, que diz que vai pôr o clube a ganhar em tudo - quer ao nível do futebol, quer ao nível das modalidades - sem apresentar uma ideia nova que seja, que promete que não se recandidatará caso não seja campeão, que se vende permanentemente como anti-benfiquista mas que usa e a abusa dos chavões mais lampiões que existem, não está a seguir um caminho demagógico e populista?

Por outro lado, Delgado diz que Bruno de Carvalho é que foi o populista há quatro anos por basear "o discurso em promessas de um mundo melhor". Não devia aplicar o mesmo critério a Madeira Rodrigues?

Enfim, já todos perceberam que muita comunicação social está a dar o tudo por tudo para tirar Bruno de Carvalho da presidência do Sporting. Não é propriamente o papel que deviam desempenhar, mas não espanta face à ausência de credibilidade que já tinham. Madeira Rodrigues parece estar a apreciar todo este apoio, mas devia lembrar-se que ao deixar-se ir nestas alianças - por pontuais que sejam - pode acabar por ser visto como o candidato dos inimigos do Sporting. Aliás, na linha do apoio massivo dos benfiquistas e portistas que também recolhe. São opções que poderão ter consequências indesejadas junto dos sportinguistas mais atentos - não só na campanha, mas também se, eventualmente, conseguir ser eleito presidente.