sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O novo acordo entre Sporting e Macron


A extensão do contrato

O Sporting e a Macron anunciaram, esta semana, a renovação do contrato de fornecimento de equipamentos até ao final da época de 2020/21, ou seja, durante as próximas quatro épocas.

Para mim, o critério mais importante na escolha da marca de equipamentos é o retorno financeiro. A Macron não é uma marca com uma enorme notoriedade, mas não vejo qualquer inconveniente na extensão desta parceria se a proposta apresentada foi a melhor, ainda para mais porque o balanço que faço das primeiras três épocas é globalmente positivo.

Tenho gostado dos equipamentos que a Macron tem produzido para o Sporting. A opção da primeira época por um verde mais vivo foi algo disruptivo, mas gostei da linha em geral. Adorei a camisola da Liga dos Campeões dessa época. Os calções verdes foram, no entanto, uma aberração que (apesar de não ser inédita) espero que não se repita. Nas últimas duas épocas houve maior unanimidade em torno dos equipamentos. A camisola alternativa da época passada é um mimo, das mais bonitas de que me recordo. Cometi o erro de ter adiado a compra para o final da época, o que tornou a compra um processo complicado, por falta de stock do modelo para o meu tamanho, mas, ao fim de várias idas à loja, no final da época, lá consegui trazer uma para casa. Não me perdoaria se não a tivesse conseguido comprar. O equipamento principal, regressado aos tons mais tradicionais, também foi bem conseguido. Os equipamentos desta época também me agradam.


A questão do timing

O anúncio da renovação causou, no entanto, alguma polémica. Pedro Madeira Rodrigues contestou, com alguma legitimidade, a decisão de se assinar este novo contrato - que atravessará a totalidade do próximo mandato - a apenas um mês das eleições. 

Em teoria, faria sentido que se esperasse mais um mês, mas na prática duvido que fosse viável. Vamos assumir que Bruno de Carvalho não fechava o acordo, e que Madeira Rodrigues vencia as eleições. Depois de tomar posse e de ter a sua equipa minimamente organizada, a nova direção teria que sondar o mercado para obter propostas de outras marcas, para depois analisá-las em detalhe e, por fim, tomar a decisão. Quanto tempo adicional seria necessário para concluir todo este processo, garantindo que os melhores interesses do Sporting estariam defendidos? 

Convém lembrar que a época começa a 1 de julho. Os equipamentos não aparecem feitos instantaneamente por intervenção divina. Há que desenhar os equipamentos (não só de jogo, mas também de treino e restantes gamas de produtos), fazer todo o planeamento da produção, produzir e entregar. Seria tudo isto compatível com uma decisão mais tardia? 

O anúncio do primeiro contrato do Sporting com a Macron foi oficializado em maio, mas já se sabia, desde o início de março, que seria esta marca a responsável pelos equipamentos em 2014/15 - o que implica que o acordo já estaria alinhavado antes disso.


A questão da data das eleições

Parece-me que o principal problema, no meio desta polémica, é o facto de as eleições se realizarem em março, por vários motivos. Começa na questão da instabilidade que o processo eleitoral causa numa fase importante da época, o que não ajuda à manutenção da tranquilidade desejável. E, como se pode ver pelo exemplo do contrato dos equipamentos, ocorrem suficientemente tarde a ponto de interferirem com a preparação da época seguinte. 

Marcar as eleições para a pré-época (p.ex: junho) também não faz sentido. Se, por um lado, a campanha não afeta o clube em plena competição, por outro, obrigaria a direção eleita a atravessar o seu primeiro ano com base no planeamento feito pelos seus antecessores.

Por isso, parece-me que a altura de outubro/novembro é a ideal: as competições ainda não estão numa fase particularmente decisiva, há tempo para a nova direção poder fazer algumas correções de rumo no mercado de inverno, e há muito mais folga para preparar devidamente a época seguinte.

Este é um tema que não tem feito parte da agenda de nenhum dos candidatos, mas, por mais paradoxal que possa parecer, acho importante que se debata o timing do próximo ato eleitoral já nesta campanha.