sexta-feira, 31 de março de 2017

A falta de bom-senso do Conselho de Disciplina

Não foi preciso esperar muito para haver uma reação do Conselho de Disciplina à entrevista dada por Bruno de Carvalho à TVI. A meio da tarde de ontem, o órgão liderado por José Manuel Meirim instaurou um novo processo disciplinar ao presidente sportinguista, por incumprimento da sanção de suspensão.

De notar, curiosamente, que o comunicado que dá conta deste novo processo está disponível no site da FPF, ao contrário do acórdão que condenou Bruno de Carvalho a 113 dias de suspensão, que continua a não estar disponível para consulta do público em geral.

Bruno de Carvalho reagiu prontamente ao novo processo, através da sua página de Facebook:


Como não poderia deixar de ser, o Sporting tem de se insurgir contra este castigo abusivo e completamente desproporcionado. É um braço de ferro que vale a pena manter, pois, a meu ver, não me passa pela cabeça que o presidente do meu clube possa estar impedido de comunicar com os sócios durante 4 meses por causa das declarações que fez sobre Vítor Pereira que, quando muito, pecaram por serem escassas.

Bruno de Carvalho apontou a falta de bom-senso de Vítor Pereira, e com toda a razão. Foi mais que óbvia a falta de bom-senso que norteou muitas das decisões de Vítor Pereira enquanto foi presidente do CA. Faz algum sentido, por exemplo, que o Benfica tivesse uma percentagem de jogos dirigidos por árbitros internacionais muito inferior a Sporting e Porto? Alguém vê algum sentido na escolha de Marco Ferreira para a final da Taça de Portugal de 2014/15, poucas semanas depois de se ter consumado a sua despromoção? Que lógica existe na criação de vários internacionais-proveta, a quem foram atribuídas as insignias da FIFA antes de terem tido oportunidade de demonstrar a sua competência (ou falta dela) em jogos da I Liga?

Infelizmente, também este Conselho de Disciplina está a demonstrar uma falta de bom-senso preocupante. Relembro, por exemplo, as multas absurdas por causa de determinados cânticos das claques, que fazem a FPF parecer uma espécie de polícia de bons costumes do tempo da outra senhora. Esta política de mandar calar quem diz coisas desagradáveis - se são legítimas ou não, parece não interessar - acaba por encorajar a formação de estruturas de clubes que dizem as maiores barbaridades sobre os adversários através de colaboradores precários. Aparentemente, José Manuel Meirim vive bem com o insulto e a calúnia, desde que devidamente mascaradas. Viva a hipocrisia!