quarta-feira, 29 de março de 2017

França - Espanha: o exemplo da diferença que o vídeo-árbitro pode fazer


A FIFA testou ontem o sistema de vídeo-arbitragem no jogo entre a França e Espanha - encontro particular de preparação para o Mundial 2018. O teste não poderia ter decorrido de forma mais elucidativa, pois ficou bem demonstrada a importância que as novas tecnologias podem ter para a salvaguarda da verdade desportiva.

O primeiro momento crítico surgiu num golo marcado pela França no início da segunda parte. O árbitro e o fiscal-de-linha não encontraram nenhuma irregularidade no lance. No entanto, havendo dúvida, recorreram ao VAR, que, após a visualização das imagens, decidiu - e bem - anular o golo, pois havia fora-de-jogo do jogador que fez a assistência.


Meia-hora depois, numa altura em que já vencia por 1-0, a Espanha marcou um segundo golo que foi invalidado pelo fiscal-de-linha. O árbitro recorreu ao VAR para validar a decisão do seu auxiliar, mas as imagens comprovaram que o golo foi totalmente legal.


40 segundos depois, ou seja, muito menos do que o tempo médio que se perde para entrar uma equipa médica no relvado para assistir um jogador, o árbitro inverteu a decisão e o golo foi validado.

O estúdio de onde o árbitro responsável pelo VAR assistiu ao jogo
Dois casos que, sem o recurso ao VAR, teriam decisões erradas e que, muito provavelmente, desvirtuariam o resultado final. A França poderia ter-se visto indevidamente em vantagem no resultado e, posteriormente, teria ficado ainda com boas possibilidades de chegar ao empate caso o segundo golo da Espanha fosse anulado. Mas, felizmente, a verdade desportiva foi garantida - e sem a tal quebra de ritmo de jogo anormal que os céticos das novas tecnologias receavam.

Mas, felizmente, ainda há espaço para melhorias, pois estamos numa fase embrionária do uso desta tecnologia. Os 40 segundos que passaram entre o golo e a decisão final após a consulta ao VAR podem ser reduzidos significativamente, com a prática e melhor entrosamento entre todos os intervenientes. Em casos destes, de fora-de-jogo, em que o juízo é totalmente objetivo, parece-me bastante provável que os tempos de decisão sejam reduzidos para metade, pelo menos.

De qualquer forma, mesmo considerando o tempo que ambas as decisões demoraram (cerca de 50'' no primeiro lance e 40'' no segundo lance), há alguma dúvida de que o futebol ficou a ganhar apesar do minuto e meio de paragem que isso implicou? Um minuto e meio que, em Portugal, permitiriam poupar as horas e horas de discussões e polémicas estéreis que se seguiriam...