sexta-feira, 10 de março de 2017

Rescaldo das eleições, série #Bardamerda. Nº 3: Carlos Janela

Todos sabem que existe uma legião de comentadores que parece não ter outro prazer na vida que não seja o ataque ao Sporting e ao seu presidente. Essa legião desperta, em mim, diferentes tipos de sentimentos. Há um ou outro soldadinho de quem tenho pena, por estarem a tentar fazer um papel para o qual não foram talhados - normalmente antigos jogadores, de tempos em que não existia este tipo de guerrilhas -, quais peixes fora de água. O sentimento mais comum é o desprezo, dispensado aos comentadores que, desavergonhadamente, distorcem factos e mudam de opinião em função da agenda do momento.

Mas existe ainda o caso particular de Carlos Janela. Quando vejo Carlos Janela a falar, também sinto um bocadinho de pena (uns 10%) e um bocadinho de desprezo (outros 10%), mas o sentimento predominante (os restantes 80%) é asco. Carlos Janela mete-me nojo. E quando digo nojo, é literal. Tudo me repugna neste indivíduo: a aparência física, o sonoro e persistente esfregar de mãos à vilão do 007, a peculiar sonoridade do seu sotaque cerrado com uma distinta variação fanhosa, e, claro, a infinita desonestidade intelectual que revela sempre que o Sporting ou o seu presidente são assunto.

Imagem deliberadamente desfocada para
manter o pequeno-almoço no interior do
sistema digestivo de quem lê este post
Tenho de reconhecer, no entanto, que a coisa melhorou um pouco ao nível da repulsa que este sujeito me causa. Já foi pior. Há uns anos, quando calhava a realização fazer um grande plano de Carlos Janela, os telespectadores viam-se forçados a encarar a sua trágica cremalheira, caracterizada por uma densidade dentária semelhante à do arvoredo em tundra alpina, coisa que podia funcionar como um indutor de vómito mais eficaz do que enfiar dois dedos pela garganta abaixo. Felizmente, Carlos Janela descobriu entretanto a existência da ortodontia e arranjou uma dentadura nova, passando a ter um aspeto ligeiramente mais apresentável.

Depois desta introdução, vamos ao que nos traz aqui. Poucos justificarão mais o #Bardamerda do que Carlos Janela. Não existe comentador isento menos isento neste tipo de programas. Quando o tema é o presidente do Sporting, Janela esmera-se. Se for preciso encontrar um culpado para o desaparecimento de um saco de gomas da mochila de um qualquer estudante do ensino básico deste país, o comentador não hesitará em apontar o dedo a Bruno de Carvalho. Imagino Carlos Janela, nos anos 80/90, a deambular pelas ruas da localidade onde residia, com um cartão pendurado ao peito com as palavras "The end is near" e agitando uma sineta com a mão esquerda, dizendo, para todos os que tivessem pachorra para o ouvir, que a culpa da degradação da camada de ozono não era da emissão de CFC's, mas do cigarro eletrónico de Bruno de Carvalho - cigarro esse, que viajara do futuro para exterminar a humanidade a tempo de impedir que o Benfica contratasse João Pinto ao Boavista.

As más línguas dizem que é uma espécie de coordenador de briefings do estado lampiânico, e há que dizer que nada no seu discurso ajuda a pensar o contrário. Janela foi autor de alguns dos comentários mais ridículos durante toda campanha eleitoral do Sporting. Dois exemplos:

Primeiro, poucos dias depois de Madeira Rodrigues ter oficializado a sua candidatura, Janela apelou de forma emocionada a todos os sportinguistas que removessem Bruno de Carvalho da cadeira da presidência, sob pena de levar o clube à maior crise da sua história. 


De cada vez que vejo este vídeo, escorre-me uma lágrima pela face. Preocupação mais genuína que esta não existe.

O segundo exemplo é de há cerca de duas semanas, logo após o debate entre Bruno de Carvalho e Madeira Rodrigues, quando Carlos Janela nos presenteou com esta brilhante análise, recheada de pérolas que ficarão para a posteridade:


Janela fala na minoria ruidosa e maioria silenciosa. Em como apenas gente muito alienada é que não percebe que Bruno de Carvalho não é gestor. Na tareia que Bruno de Carvalho levou no debate. Num clube sem competência, feito em cacos, cheio de mentiras, embustes, faz-de-contas, manipulações, crenças e ilusões, cuja recuperação será uma tarefa hércula para o presidente que suceder a Bruno de Carvalho. Em como Madeira Rodrigues, mesmo perdendo as eleições, tem todas as condições para vir a ser o futuro presidente do Sporting, por ter conseguido ganhar uma grande credibilidade entre os sócios do Sporting.

Belo discurso de Janela. Pena é que a "grande credibilidade" de que falava se tenha traduzido no apoio de apenas 7,49% dos sócios que votaram. Espero que quando Carlos Janela for avô, os pais dos seus netos não o deixem ajudá-los nos trabalhos de casa de matemática: vai ser difícil para os miúdos entenderem como é que sete e meio por cento representa uma maioria do universo em análise.

Vendo bem, #Bardamerda é curto, muito curto, para um indivíduo como Carlos Janela. Pode ser que, no próximo discurso de vitória eleitoral, Bruno de Carvalho encontre palavras mais adequadas para lhe dedicar.