quarta-feira, 15 de março de 2017

Rescaldo das eleições, série #Bardamerda. Nº 4: José Manuel Delgado e Vìtor Serpa

Uma das mais gratificantes conclusões que podemos retirar do resultado das eleições do Sporting tem a ver com a (falta de) capacidade evidenciada por certos atores, externos ao clube, em influenciar o desfecho das votações. Não foi por falta de tentativa, no entanto. Foram vários os jornais e televisões que fizeram tudo o que estava ao seu alcance para influenciar o voto dos sportinguistas em favor da lista de Madeira Rodrigues - ou, para ser mais rigoroso, numa lista que não fosse a de Bruno de Carvalho -, fosse através de notícias cirurgicamente inexatas, de comentários tendenciosos, ou pelo anormal tempo de antena colocado à disposição de qualquer notável predisposto a criticar o presidente do Sporting.

Um desses órgãos de comunicação social foi A Bola, em particular através dos espaços de opinião dos seus principais responsáveis: Vítor Serpa e José Manuel Delgado, quais marretas sentados no alto do seu camarote - não sei se a analogia aos marretas é mais adequada pelo facto de criticarem sistematicamente Bruno de Carvalho, ou se pelo facto de serem bonecos que abrem e fecham a boca ao ritmo da mão escondida que os comanda. Deles, quando o assunto é o presidente do Sporting, só se esperam opiniões pouco abonatórias. Se Bruno Carvalho decide virar à esquerda, Delgado diz que devia ter virado à direita. Se Bruno de Carvalho decide seguir em frente, Serpa diz que devia ter virado à esquerda. E se Bruno Carvalho opta por virar à direita, Fernando Guerra diz, sarcasticamente, que apenas virou à direita porque o Deus Luís Filipe Vieira já o fizera antes.

Um bom exemplo foi a reação ao debate destes veteranos jornalistas. Onde os sportinguistas viram um Pedro Madeira Rodrigues recorrendo frequentemente a ataques pessoais e raramente puxando de ideias alternativas para o futuro do Sporting, Delgado viu um candidato com um projeto. Onde os sportinguistas viram um Bruno de Carvalho em modo de contenção, por saber que tinha mais a perder do que a ganhar em ter uma postura agressiva para com o seu opositor, Delgado viu um candidato desconfortável. Onde os sportinguistas viram um programa de Madeira Rodrigues vazio e inviável, Delgado não conseguiu encontrar ponta de populismo. Para Delgado, Madeira Rodrigues "marcou muitos pontos" no debate. Nem imagino como teria sido o resultado das eleições se não tivesse marcado...

Apesar deste belo esforço de Delgado, Vítor Serpa sentiu-se na necessidade de, um par de dias mais tarde, reforçar as ideias do seu adjunto. Classificou os argumentos de Madeira Rodrigues como "trunfos sólidos e coerentes", considerou correta a atitude de prometer o despedimento de Jorge Jesus, proclamou-o como vencedor do debate e viu nisso um sinal de inegável crescimento enquanto candidato. E concluiu a sua análise sentenciando, de forma bastante arrojada, que Bruno de Carvalho, vencendo as eleições, passará a estar "muito mais vulnerável e muito mais frágil". Perante tal certeza de Vítor Serpa, será que valerá a pena que Bruno de Carvalho compareça na tomada de posse para o segundo mandato?



Passou-se uma semana, e os resultados das eleições foram os que sabemos - algo que estas duas personagens não imaginavam. A vitória de Bruno de Carvalho foi esmagadora, reduzindo a pó a argumentação do diretor do jornal A Bola. Depois de uma afluência recorde às urnas que proporcionou um resultado tão claro, só um completo alienado pode dizer que Bruno de Carvalho inicia o seu mandato numa posição de maior fragilidade. Maior responsabilidade, sim, mas falar em fragilidade, hoje, perante o que sucedeu, é absurdo.

A reação pós-eleitoral destes dois cavalheiros foi bastante mais discreta. Serpa não conseguiu dedicar ao assunto nem um cantinho da sua página de sábado. Na Quinta da Bola da semana passada, silêncio total. Apenas Delgado acabou por se debruçar sobre o desfecho das votações no seu espaço semanal - com uma azia indisfarçável. O resultado é um autêntico tratado de como distorcer a realidade:


Definitivamente, Delgado não aproveitou os resultados eleitorais para fazer uma auto-análise ao seu nível de conhecimento da vontade dos sportinguistas.

Trouxe estes exemplos para concluir o seguinte: Madeira Rodrigues não foi o único vencido das eleições do Sporting. Delgado e Serpa são excelentes representantes de uma certa fação da comunicação social desportiva que, tendo-se empenhado visivelmente na campanha anti-Bruno de Carvalho, acabou derrotada de forma ainda mais estrondosa do que o candidato da lista A.

Em primeiro lugar, porque ficou demonstrado que esta gente não tem a mínima capacidade (ou vontade) para entender a forma como os sportinguistas sentem e entendem a atualidade do clube.

Em segundo lugar, porque ficou demonstrado que os sócios do Sporting não ligam patavina ao que esta malta diz. Ao fim de anos e anos a servirem descaradamente de marionetas da propaganda benfiquista (ou portista, no caso de outros órgãos de comunicação social), destruiram por completo a sua credibilidade. Como consequência lógica dessa falta de credibilidade, os seus esforços para influenciar o resultado das eleições foram totalmente inócuos.

E isto, meus amigos, é para mim uma constatação quase tão saborosa como a enorme prova de vitalidade que o clube deu no dia 4 de março.