quarta-feira, 8 de março de 2017

Rescaldo das eleições, série #Bardamerda. Nº 2: Luís Mateus


Olhando para o título do artigo de Luís Mateus, diretor do Maisfutebol, não é necessário ler o seu conteúdo para chegarmos a uma primeira conclusão: é extraordinário como, depois de uma vitória concludente nas eleições mais concorridas na história do Sporting - demonstrativo da vontade de participação dos sócios, que não desmobilizaram perante filas de espera de duas horas -, Luís Mateus só tenha conseguido dar destaque ao que de negativo (pelo menos no seu ponto de vista) se passou.

E isto numa semana em que dois clubes continuam a fazer todas as pressões possíveis sobre o setor da arbitragem, em que também se viu um repórter ser hospitalizado após a queda de parte de uma bancada, num jogo em que adeptos de um dos intervenientes deram uma nova demonstração de falta de civismo, e, ainda, poucos dias depois de um clube ter apresentado 30 milhões de prejuízo após o pior resultado financeiro da sua história.

No entanto, Luís Mateus conseguiu o ponto mais baixo da semana nas eleições do Sporting - dando todo o destaque ao discurso de Bruno de Carvalho, e relegando o resto para notas de rodapé. Por que razão não destacou, pela positiva, tudo o que de bom aconteceu? Não seria suficiente fazer as observações ao discurso de Bruno de Carvalho como nota de rodapé? Assim, apenas lhe dá razão.

Agora, olhando para o artigo propriamente dito, vou colocá-lo mais abaixo, acrescentando os meus comentários:

Link para o artigo de Luís Mateus no MaisFutebol: LINK
A fonte normal está o artigo, acrescentei os meus comentários a negrito e itálico.




O vencedor das eleições do Sporting é decidido pelos associados e nada há a dizer.

Bruno de Carvalho venceu porque a sua mensagem, fosse mais ou menos correcta, chegou aos destinatários, que, convencidos, votaram por larga margem.

Bruno de Carvalho venceu, em primeiro lugar, porque soube merecer a confiança dos sócios sportinguistas pelo trabalho desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos. O estado do clube mudou significativamente para melhor em praticamente todas as vertentes: desportiva (ainda que não tenha ganho um campeonato), quer no futebol, quer nas modalidades, financeira, infraestrutras, recuperação da qualidade de trabalho na formação, enorme aumento do número de sócios e recuperação do orgulho no clube, só para mencionar alguns dos méritos. A "mensagem", "mais ou menos correta", foi sobretudo a da obra realizada, e não aquilo que foi dito durante um par de meses de campanha eleitoral. 

Olhando para a vantagem nos votos face à lista derrotada, só se pode concluir que os sócios sportinguistas aprovaram, de forma inequívoca, o trabalho do seu presidente.

A campanha teve, em várias alturas, momentos desagradáveis entre os dois candidatos. Pouco dignos, certamente longe do nível do grande clube que representavam.

O presidente poderá ter conseguido tão larga diferença para um segundo mandato, apesar de os resultados no futebol não serem convincentes, porque a outra mensagem, a concorrente, terá sido a errada. Ou não ter passado para os receptores. Sobre isso, só estes poderão responder.

A larga diferença também se pode explicar pelo facto de os sportinguistas estarem convictos de que Bruno de Carvalho é a pessoa certa para continuar a liderar os destinos do clube. É pena que Luís Mateus não coloque a hipótese de os sócios terem sabido dar a devida proporção de importância à má época de futebol, face a tudo o resto que foi alcançado. Madeira Rodrigues poderia ter captado mais alguns votos se tivesse seguido outra estratégia, evidentemente, mas nunca conseguiria aproximar-se de Bruno de Carvalho. Aliás, foi precisamente por se saber que seria necessário um cataclismo para colocar em causa a reeleição de Bruno de Carvalho, que nenhum candidato mais forte acabou por aparecer.

Podem tentar tirar-se mais algumas conclusões:

A maior parte dos adeptos está longe de acreditar que o projecto-Jesus terminou, mesmo não sabendo concretamente no que este assentará na próxima temporada: formação ou novo investimento fora de portas?

Uma outra é que grande parte dos associados alinha pelo discurso e postura de Bruno de Carvalho nos ataques constantes aos rivais, e na forma de olhar para o futebol, a modalidade que conta praticamente por todas as outras, e para o desporto. Sentirão o clube bem mais vivo do que nos tempos dos antecessores.

Mais uma vez, é extremamente redutor estar-se a resumir a decisão dos sócios no ato eleitoral ao que Jorge Jesus faz ou não faz e aos ataques aos rivais. 

E sim, grande parte dos adeptos alinha pelo discurso e postura do presidente, mas também alinha por outras questões estratégicas - não menos importantes - que Bruno de Carvalho implementou: a libertação do clube da influência abusiva dos fundos e empresários; o aumento da transparência nas contas; a recuperação do desígnio eclético do clube, através da ampliação do número de modalidades, do aumento da competitividade das várias equipas e da construção do pavilhão; a criação da Sporting TV; a concretização da reestruturação financeira; a luta pelas novas tecnologias no futebol; a recuperação dos passes de jogadores; e tantas outras coisas. 

Ao contrário de certos jornalistas da bola, muitos dos sócios do Sporting (falo daqueles que votam) sabem ver para além do momento da equipa de futebol - que sendo indiscutivelmente importante, está longe de ser tudo - e têm memória de qual era o estado do clube, nas mais diversas vertentes, antes de o atual presidente tomar posse.

Haverá mais – uma ainda que terá que ver com o desconhecimento do que realmente poderia valer o outro candidato –, e todas somadas justificam o resultado esmagador.

O dia das eleições acabou por ser o melhor que todos os anteriores. O clube mostrou vitalidade, reagiu com um recorde de participação na votação. Tudo correu dentro da normalidade. Essa foi a sua grande vitória.

Só que num dia em que o Sporting se preparava para somar um triunfo revigorante, foi o seu presidente quem anulou boa parte do efeito, com um discurso inacreditável, demasiado virado para fora quando era momento de olhar para dentro, e com um insulto em jeito de remate final que é um insulto ao próprio clube.

O presidente também tem direito a tirar as suas conclusões do resultado das eleições. E uma das conclusões a que terá chegado é que os sportinguistas deram a devida importância às críticas ininterruptas dirigidas a Bruno de Carvalho desde que foi eleito em 2013. Quinze dias depois de tomar posse já era atacado na comunicação social por estar a fazer um jogo duro com a banca. COM A BANCA! Em negociações fundamentais para a sobrevivência e recuperação do clube!

Mas o presidente também terá concluído que os sócios não deram qualquer importância às escandalosas intervenções que certos comentadores e jornalistas fizeram em plena campanha em favor de Madeira Rodrigues. Convém relembrar que foi uma espécie de vale-tudo: houve quem deturpasse acontecimentos de forma a colocar em causa Bruno de Carvalho, houve quem mentisse descaradamente sobre o estado em que Godinho Lopes deixou o clube, e houve até quem aproveitasse o tempo de antena para apelar ao voto em Madeira Rodrigues. Isto, repito, de comentadores e jornalistas supostamente isentos.

E ainda terá percebido que muitos sócios têm perfeita consciência da falta de coerência existente em grande parte das críticas feitas a Bruno de Carvalho pelos diretores, subdiretores, diretores adjuntos e comentadores "independentes" que ocupam os espaços de opinião na imprensa - que embate violentamente de frente com o silêncio que predomina quando Vieira ou Pinto da Costa fazem exatamente o mesmo ou pior. Daí o mais que oportuno #bardamerda.

Tem sido engraçado constatar, nestes últimos dias, a forma como a carapuça serviu a tanta gente.