domingo, 19 de março de 2017

Valeu pelo bis Dost

Jesus fez algumas mexidas em relação à partida anterior, mas a ideia parecia ser dar continuidade ao jogo de Tondela. Alan Ruiz regressou ao onze, como se esperava, saindo Podence. Matheus manteve-se na esquerda, com Bryan a continuar no miolo e Rúben Semedo a recuperar a titularidade perdida para Paulo Oliveira.

Infelizmente, a dinâmica de jogo esteve longe daquela a que pudemos assistir na semana passada. O Sporting foi menos agressivo na frente, teve dificuldades em encadear movimentos de ataque consequentes e, sobretudo, esteve desesperantemente mal no momento de servir os seus homens mais adiantados. O que nos valeu hoje - e que tem sido uma regra ao longo da época - é que temos lá na frente um jogador que faz por aproveitar todas as migalhinhas de oportunidades que lhe põem no prato.




Dost, quem mais? - mais uma incrível demonstração de eficácia finalizadora do bombardeiro holandês que o Sporting contratou esta época. Marcou dois golos, e nem se pode dizer que tenha tido duas oportunidades para marcar. Quando muito, foi uma oportunidade e meia, porque aquele segundo golo nem se pode considerar uma oportunidade por inteiro: a bola andava por ali na área, com dois defesas a resguardá-la, e, de um ângulo improvável, Dost arranjou forma de transformar aquilo num golo, sem que três quartos do estádio se apercebesse como. Se Churchill visse esta época do holandês, diria que Dost marcaria golos até das praias, marcaria das pistas de aterragem, marcaria dos campos e marcaria das ruas de qualquer cidade, marcaria das colinas; nunca deixaria de marcar.

Concentração defensiva - se o jogo foi muito fraco, deveu-se sobretudo ao dia desinspirado que os jogadores do Sporting tiveram na construção de lances ofensivos, mas também contribuiu para a monotonia a ausência de lances de verdadeiro perigo na baliza de Rui Patrício. E isso deveu-se à boa prestação da linha defensiva. Rúben Semedo voltou e esteve intransponível, Coates teve a eficiência do costume, e desta vez os centrais tiveram o precioso apoio de Marvin Zeegelaar: o holandês teve algumas intervenções defensivas fundamentais, para além de ter estado sempre agressivo (no bom sentido) nos duelos em que participou. Está a fazer-lhe bem jogar com regularidade.  

Horário do jogo - finalmente voltaram as tardes de futebol em Alvalade, e o público correspondeu. Boa casa, com muita miudagem nas bancadas, que merecia ter visto futebol de melhor qualidade.



Qualidade do futebol praticado - a primeira parte do Sporting foi aceitável. Houve algumas fases em que a equipa conseguiu meter alguma velocidade no jogo, causar desequilíbrios, mas o momento de definição foi trágico. Gelson é a melhor imagem daquilo que tem sido a qualidade de jogo do Sporting: boas ideias para arranjar espaço e chegar-se à área com perigo, mas depois, no momento de se decidir pelo último passe ou pelo remate, acaba por não sair nem uma coisa nem outra. Gelson, em má forma, exaspera-me. Em boa forma, ou seja, sendo capaz de meter 3 ou 4 bons passes para finalização, passa a parecer-me um predestinado. Diria o mesmo da qualidade de jogo do Sporting se começássemos a materializar em jogadas de perigo uma maior percentagem das nossas iniciativas ofensivas: se calhar daria para estarmos perto do nível da época passada, mas assim é apenas exasperante. Se na primeira parte a equipa pareceu tentar jogar bem mas não o conseguiu, na segunda parte nem sequer tentou. Os segundos 45 minutos foram entediantes, podendo o público presente no estádio agradecer à Liga o facto de ter marcado o jogo para as 18h15 - se tivesse começado às 20h30, seria difícil resistir a uma soneca durante a segunda parte.



Valeu pelos três pontos e pelo Bis Dost -- ou melhor, pelo bis de Dost, que, pelo menos até ao jogo de logo do Barcelona, lidera isolado a tabela da Bota de Ouro europeia. Não será fácil essa corrida - a equipa podia ajudar muito mais -, e não sendo grande objetivo considerando as aspirações que tínhamos no início da época, é a única coisa palpável que neste momento sobra para alcançar... vamos a isso?