quinta-feira, 13 de abril de 2017

As notas soltas de Rui Pedro Braz

É perfeitamente normal que um jornalista desportivo tenha fontes nos clubes, e ainda mais normal é que tenha fontes mais fortes em determinado clube do que noutros. Dentro dessa normalidade, é desejável que o jornalista faça uma avaliação da qualidade das informações que as suas fontes lhe dão. Se a fonte o tenta usar como meio de propaganda, passando-lhe recorrentemente informações falsas - mas convenientes -, o jornalista deve tirar as devidas conclusões. A mais óbvia é que deve evitar recorrer a essa fonte.

Rui Pedro Braz e José Nunes foram apontados pelo diretor de comunicação do Porto como dois jornalistas que recebem, com regularidade, notas e informações soltas da comunicação benfiquista. Suponho que, caso entendam defender-se publicamente, se escudem no facto de ser normal os jornalistas terem fontes, mas, nesta situação, isso não é argumento que se possa aplicar. Em primeiro lugar, porque não se pode considerar como fonte fiável alguém que tem por missão o oposto de informar. Depois, porque a questão de quem parte a iniciativa tem alguma relevância: uma coisa é um jornalista abordar a fonte sobre um assunto específico, outra é a "fonte" enviar para o jornalista, com determinada periodicidade, todo o tipo de informações e recados que lhe interessa que cheguem ao grande público.

Existe uma terceira questão que não posso aplicar a José Nunes - porque muito raramente o ouço -, mas que se posso perfeitamente aplicar a Rui Pedro Braz: já foi protagonista de demasiados casos em que alega ter informações privilegiadas vindas do Benfica que, mais cedo ou mais tarde, se verificou que não correspondiam à verdade.

Dou dois exemplos. Na pré-época de 2015/16, numa altura em que um dos temas mais debatidos era a guerra de qual o clube tinha gasto menos em contratações, Rui Pedro Braz puxou da cartada da informação privilegiada para baixar os gastos do Benfica. Como se pode verificar no vídeo seguinte, vários valores de contratações que Braz revelou sobre contratações do Benfica pecavam por defeito:


Recordo também a informação que Rui Pedro Braz avançou, em primeira mão, um dia depois de ter rebentado o caso dos vouchers. O comentador da TVI revelou que apenas 7 vouchers tinham sido utilizados, e que, desses 7, nenhum foi usado por árbitros:


Mais tarde, depois de ter havido uma notícia de que tinha havido árbitros a usufruirem dessa oferta de cortesia, Pedro Guerra acabaria por dizer que 10% dos vouchers tinham sido utilizados. Ou seja, em vez dos 7 vouchers, estaríamos a falar, em média, de cerca de 112 vouchers utilizados em cada época em que o Benfica manteve esta prática.


Considerando intervenções posteriores de Rui Pedro Braz, não parece que o comentador tenha retirado grandes conclusões do facto de lhe terem sido passadas informações falsas. Um jornalista que prezasse a sua reputação, certamente que passaria a pensar duas vezes antes de utilizar informações vindas daquelas bandas. Como bem sabemos, isso não aconteceu: Braz é uma fonte inesgotável de incoerências e incorreções, algo que só acontece a alguém que é extremamente incompetente - o que não me parece que seja o caso - ou que não tem problemas em fazer fretes aos amigos sempre que solicitado, mesmo que isso implique mudar o sentido das suas opiniões em 180º. 

Não é difícil perceber em que circunstâncias acontece, podia dar variadíssimos exemplos. Numas vezes disfarça melhor, noutras nem tanto...