sábado, 8 de abril de 2017

O jornalismo que não se consegue separar da cartilha

Muito interessantes as intervenções de ontem de Eduardo Garcia sobre o tema da cartilha do Benfica, no programa Pré-Jogo, na Sporting TV. O comentador aborda de forma muito completa as principais questões: não o facto de a cartilha existir, mas o ódio que salta à vista, as incoerências da estrutura benfiquista, as implicações que a prática continuada desta estratégia, ao longo de anos, tem para o ambiente do futebol português, os isentos dissimulados, e as ligações perigosas com um grande número de "jornalistas" de desporto.

Aqui ficam as palavras de Eduardo Garcia, para quem não teve oportunidade de ver.


O artigo do Expresso a que Eduardo Garcia se refere é vergonhoso. Em vez de se debruçar sobre aquilo que (agora) se sabe - convém relembrar que o tema da cartilha nunca foi abordado pela comunicação social porque era algo criado pelos maluquinhos das teorias da conspiração -, o Expresso, através de Diogo Pombo e Lídia Peralta Gomes, tentou "compor um bolo" sobre cartilhas onde pudesse incluir de imediato Sporting e Porto.


O artigo pode ser lido aqui: LINK.

Portanto: o Expresso, em vez de analisar o que representa a existência de uma cartilha do Benfica nos termos que todos agora conhecemos, tentam normalizar a situação procurando colar de imediato Sporting e Porto ao mesmo fenómeno. E a conclusão que retiraram das respostas do Benfica e da ausência de respostas de Sporting e Porto é de uma desonestidade atroz:


"O problema é que, à falta de respostas de FC Porto e Sporting". O problema é que FC Porto e Sporting não têm que responder nada sobre o assunto. Enquanto não abordarem de forma honesta e isenta o que se sabe da cartilha do Benfica, nenhum órgão de comunicação social tem o direito de perguntar aos outros se fazem o mesmo. Assim, fica apenas à vista de todos que isto não passa de jornalismo de cartilha.

Ainda sobre esta questão, vale também a pena ler este texto (LINK) publicado por Diogo Bernardo na sua página de Facebook. Estão aqui muitas das conclusões que a comunicação social deveria ter retirado de tudo o que se tem passado. Tomei a liberdade de destacar as partes que me parecem mais importantes.


"Afinal, nos últimos anos, Luís Filipe Vieira tem insultado, criticado, mentido e atacado o Sporting TODOS OS DIAS, através de outras pessoas. Afinal, havia outra verdade. E essa verdade é a notícia que nunca nos irão escrever." - está aqui o teste do algodão: veremos quantos jornalistas terão coragem de apontar o dedo a Vieira pela gritante hipocrisia. Infelizmente, concordo com o Diogo: é a notícia que nunca irão escrever.