quarta-feira, 17 de maio de 2017

A aberração competitiva do campeonato nacional de juniores femininos da FPF

Em agosto de 2016, a FPF divulgou, num comunicado, qual seria o formato da competição de juniores femininos para a época de 2016/17. Ficou determinado que o campeão nacional seria determinado após a disputa de três fases.

Na primeira fase, as equipas foram divididas em séries organizadas geograficamente: 4 séries no continente (com 10 equipas cada) e uma com equipas da Madeira (com 5 equipas), cada uma delas disputada em sistema de pontos, com todas as equipas a defrontarem-se entre si a duas voltas.

O vencedor da série da Madeira seria apurado diretamente para a terceira fase, enquanto os dois primeiros classificados de cada uma das 4 séries do continente iriam disputar a segunda fase:


A série norte seria disputada pelos dois primeiros classificados das séries A e B, enquanto a série sul seria disputada pelos dois primeiros classificados das séries C e D. E aqui surge a primeira aberração: em vez de se fazer uma competição por pontos a duas voltas, a FPF decidiu realizar esta série em formato de eliminatórias a uma mão. As eliminatórias seriam sorteadas sem cabeças de série ou quaisquer outro tipo de restrições que dessem algum tipo de vantagem aos primeiros classificados de cada grupo. Pior, nem sequer em campo neutro seriam disputadas.

O sorteio ditou que o Sporting (1º classificado da sua série) iria jogar a "meia-final" da 2ª fase em casa. No entanto, o mesmo sorteio ditou que o Sporting, apurando-se para a "final" da 2ª fase, iria jogar sempre fora, independentemente de quem fosse o adversário. Os resultados determinaram que essa "final" fosse disputada com o A-dos-Francos, precisamente a equipa que ficou em 2º lugar na nossa série da 1ª fase. Ou seja, a 1ª fase exemplar do Sporting (terminada só com vitórias) foi recompensada... com a disputa do jogo decisivo em casa do adversário, que foi 2º classificado na nossa série.

Apesar disso, o Sporting voltou a demonstrar a sua superioridade e apurou-se com brilhantismo para a 3ª fase.


Mas o pior estava reservado para o fim. A tal 3ª fase, da qual apenas se sabia que era uma final a 3, manteve-se no segredo dos deuses... até há apenas dois dias (!). Só no dia 15 de maio é que a FPF divulgou enfim o formato e datas da 3ª fase. Mas se achavam que as surpresas já tinham terminado, eis a informação revelada pela FPF:


Numa final a três, alguém achou que seria boa ideia que uma das equipas... jogasse duas vezes no mesmo dia! Será que não ocorreu que haveria uma equipa seriamente prejudicada com este calendário? Será que é esta a noção de competição justa que os dirigentes da FPF têm para os campeonatos que organizam?

O GD Apel, da Madeira, ficou com o seu calendário imediatamente definido, o que significa que a fava só poderia calhar a uma das outras duas equipas: Vilaverdense e Sporting. Ora, o sorteio foi realizado hoje, e à boa maneira dos sorteios da FPF, a equipa que irá disputar dois jogos no mesmo dia será... o Sporting.


Vergonhoso.