segunda-feira, 15 de maio de 2017

Espero que saibam o que estão a fazer


Acho muito bem que se comece a preparar a próxima época o quanto antes, mas os primeiros sinais sobre o perfil dos jogadores que estão a ser dados como prováveis aquisições não são propriamente animadores. 

Ao que parece, estamos prestes a contratar um lateral direito de quase 1m90, rápido, de vocação ofensiva... mas que cruza mal. Ou seja, um jogador que, à primeira vista, tem características semelhantes às de Schelotto. Não sou daqueles que diaboliza o italo-argentino, mas tenho muitas dúvidas sobre se será ajuizado gastar 3 milhões de euros por alguém que tem características idênticas às de um jogador que já cá temos, e que não tem aquela qualidade que deveria ser obrigatória para qualquer lateral que venha: o cruzamento. Com 24 anos, nem terá um potencial de desenvolvimento enorme, nem é um valor consagrado. 3 milhões não são trocos, e em Sevilha os adeptos do Bétis vão fazendo a festa por esta excelente (no seu ponto de vista) transferência - o que não costuma ser um bom sinal.

André Pinto foi um negócio de ocasião, fruto da sua situação contratual com o Braga. Acredito que possa ser útil ao plantel. Mas terá valor para ser titular de caras?

Quanto a Mattheus Oliveira, ao que se diz virá por um valor relativamente acessível. O brasileiro tem dado nas vistas no Estoril: é um jogador esquerdino, com um bom remate e boa técnica, polivalente, mas pouco intenso. À partida falamos de uma aposta de pouco risco, mas a questão que, legitimamente, os sportinguistas poderão colocar é se o brasileiro oferecerá efetivamente mais do que algumas alternativas existentes no plantel que ainda não tiveram oportunidades a sério, como Iuri Medeiros ou Francisco Geraldes.

Não me interpretem mal: acredito que devemos sempre dar o benefício da dúvida aos novos atletas. Um jogador que não rende num lado pode sempre render noutro (relembro o caso de Coates), porque há muitas variáveis que influenciam (positiva ou negativamente) o rendimento em cada uma das equipas por onde passa. Mas a política que (para já) parece estar a ser seguida não é a das contratações cirúrgicas que nos garantiram, nem sequer de jogadores com elevada probabilidade de virem a render aquilo de que precisamos. Não sei qual será o orçamento para transferências para este defeso, mas confirmando-se estes três jogadores pelas verbas referidas, já estaremos com 5 milhões gastos entre valores de transferências, comissões e prémios de assinatura.

Vamos aguardar para ver o que valem, mas espero que o nosso departamento de futebol saiba o que está a fazer.