quinta-feira, 25 de maio de 2017

Evolução dos empréstimos obrigacionistas dos três grandes

O Porto anunciou recentemente o lançamento de um novo empréstimo obrigacionista, no valor de 30 milhões de euros. A decisão não surpreende, visto que o clube tem apresentado prejuízos significativos nos últimos anos e há que pagar o empréstimo obrigacionista emitido em 2014, que está prestes a vencer.

O problema é que, não havendo dinheiro, não basta pedir um empréstimo do mesmo valor que o anterior. Há que pagar juros aos investidores, há que pagar comissões elevadas às entidades financeiras que servem de intermediários neste processo, e dá jeito se se conseguir aproveitar a oportunidade para injetar algum dinheiro fresco para os cofres da SAD. Daí que o Porto esteja a financiar-se em 30 milhões para compensar o empréstimo de 20 milhões que vence este ano.

É o temível efeito de bola de neve, que, à medida que os valores vão aumentando, fica mais difícil de travar e inverter. Não é um exclusivo do Porto. Também o Sporting e o Benfica recorrem a esta fonte de financiamento - uma necessidade cada vez maior a partir do momento em que a banca fechou a torneira a novos empréstimos -, e também o Sporting e o Benfica têm vindo a aumentar os valores dos empréstimos de cada vez em que fazem uma nova emissão de obrigações.

Tipicamente, estes empréstimos têm uma maturidade de 3 anos, com juros superiores à média praticada no setor bancário - de forma a serem interessantes para os potenciais subscritores (sendo que o Sporting tem pago juros superiores aos rivais, fruto da crise financeira por que passou). O problema é que a dependência se tornou de tal forma elevada, que já começou a haver a necessidade de fazer emissões paralelas. O Porto tem duas linhas de empréstimos obrigacionistas (uma que começou em 2013 com 11,5M e que já vai nos 45M, e outra que começou em 2011 com 10M e que agora subirá para 30M), e o Benfica já vai em três (um de 50M, outro de 45M e outro de 60M).

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A evolução tem sido praticamente linear. No final do prazo do empréstimo, contrai-se outro de valor superior. Com o Porto tem sido sempre assim. Com o Sporting também, com uma exceção: em 2014, na altura do acordo de reestruturação financeira, a banca assumiu temporariamente as responsabilidades do Sporting, o que permitiu adiar em um ano a emissão de novo empréstimo obrigacionista. No Benfica, a 2ª e 3ª linha puderam ser suspensas temporariamente porque o Novo Banco aceitou reabrir as linhas de crédito em 2014. No entanto, rapidamente a SAD teve que voltar a recorrer aos empréstimos obrigacionistas para reembolsar o Novo Banco.

A única boa notícia é que as taxas de juro têm caído (já se chegou a pagar taxas próximas dos 10%), mas isso acaba por ser curto consolo perante o aumento constante do valor dos empréstimos contraídos.

Serão capazes os clubes de inverter esta tendência, ao mesmo tempo que os bancos vão também fazendo pressão para que os seus empréstimos são reembolsados? À partida não se vislumbra vontade de mudar, mas o certo é que quanto mais tempo demorarem a tomar medidas, mais difícil será a resolução do problema.