sábado, 24 de junho de 2017

Apito Abençoado: passámos de tráfico de influências para corrupção

O Expresso revela hoje novos dados a partir de emails do Benfica que, até agora, ainda não eram conhecidos. Aparentemente, o Benfica ofereceu bilhetes a cinco elementos do Conselho de Disciplina, a Nuno Cabral, a dois árbitros assistentes e a Emídio Fidalgo, "responsável pela nomeação dos delegados na Liga e decisivo nos pareceres que emitiu."


Se no caso de Nuno Cabral, já se conheciam indícios fortes de tráfico de influências - um delegado da Liga que, para concretizar o desejo de ser o "menino bonito" do Benfica, usou o seu cargo de forma indevida em benefício do Benfica -, mas agora, com a oferta de bilhetes, começamos a entrar no domínio da corrupção.

Curiosamente, dois dos cinco dos bilhetes dados a Nuno Cabral destinavam-se a árbitros assistentes. Fico com uma dúvida: Nuno Cabral acompanhava os árbitros assistentes na qualidade de amigo, ou na qualidade de menino bonito do Benfica?

No caso de Emídio Fidalgo, o uso de aspas é também elucidativo: foi decisivo em pareceres que, pode assumir-se, agradaram ao Benfica. Também se pode concluir que a oferta dos bilhetes foi consequência desses pareceres. Isto também pode indiciar corrupção.

Já li o artigo que o Expresso fez. Está dividido em duas partes. Na primeira parte, dividem-se e organizam-se os emails em três ocasiões em que foram oferecidos bilhetes: para o Benfica - Juventus, para o Benfica - Nacional, e para o Benfica - Sevilha. Na segunda, estão as perguntas que o Expresso colocou a vários dos intervenientes sobre as três histórias que estão descritas na primeira parte: Paulo Gonçalves, Luís Filipe Vieira, Ferreira Nunes, Emídio Fidalgo, Nuno Cabral e Andreia Couto. Aqueles que responderam (como Paulo Gonçalves e Vieira), defenderam-se na normalidade da prática destas ofertas. Mas não se iludam: a primeira parte do artigo do Expresso mostra claramente as motivações do Benfica em algumas das ofertas que fez. As citações dos emails são elucidativas. Muito elucidativas.