quinta-feira, 6 de julho de 2017

A polémica Coentrão


No final da tarde de ontem, o Sporting divulgou um curtíssimo vídeo de Fábio Coentrão, com o novo equipamento, em que passa uma mensagem no âmbito da campanha "Feito de SporTIng":



A reação nas redes sociais não se fez esperar, principalmente à custa de muitos adeptos benfiquistas que não gostaram do que viram. Algumas das reações foram degradantes, com ataques violentíssimos ao jogador e à família. Nada - atenção - que não se tenha visto em adeptos de outros clubes, noutras ocasiões. Mas a reação com maior visibilidade acabou por ser a de um antigo companheiro de equipa de Fábio Coentrão:


Salvio, que foi companheiro de Coentrão no Benfica em 2010/11, poderia ter-se dispensado de fazer este comentário. Em primeiro lugar, porque nunca se sabe o que o futuro lhe reserva. Depois, porque tem na sua equipa um caso de um jogador que deu uma facada imensamente superior no rival. Falo, obviamente, de André Carrillo.


Acredito pouco em juras de amor por parte de jogadores profissionais de futebol e dou-lhes, habitualmente, pouco valor. Parece-me óbvio que Coentrão foi muito feliz enquanto esteve no Benfica, e, por isso, é natural que sinta gratidão para com o clube. E também é normal que os adeptos de um determinado clube reajam negativamente quando alguém que envergou a sua camisola assina por um rival.

Não ignorando o efeito que este tipo de transferências tem nas rivalidades, não vejo a vinda de Coentrão para o Sporting uma facada no Benfica. Falamos de alguém que esteve seis anos no estrangeiro, em quem o Benfica não tinha interesse, e que, mesmo que o Benfica tivesse interesse, dificilmente regressaria à Luz enquanto tivesse contrato com o Real Madrid (em virtude do recente conflito entre os dois clubes por causa de Garay). Coentrão, em momento algum, foi desrespeitoso para com o Benfica. Ao invés, Carrillo recusou-se a renovar com o Sporting, mandando fora o investimento de tempo e dinheiro que o clube fez em si durante 5 anos, impedindo que obtivesse retorno com uma venda, e ainda arranjou tempo para picar o Sporting através das redes sociais. Não me parecem casos minimamente comparáveis.

No sentido inverso - para não se dizer que só há facadas num único sentido -, temos, por exemplo, o caso de Nélson Évora.

Quanto ao ser "Feito de Sporting", é o motto sportinguista para a época. Mas mesmo que se queira fazer uma interpretação mais literal e pessoal, Coentrão até tem alguma legitimidade para dizer o que disse.


Coentrão assistia, em miúdo, a jogos do Sporting no norte do país, integrado nas claques sportinguistas. É, efetivamente, sportinguista desde pequenino.

Voltando ao início do texto, obviamente que tudo isto vale o que vale, mas o que é realmente importante é que há vários sinais que me fazem crer que Coentrão vem muito motivado para regressar ao seu melhor nível. Se o irá conseguir, se o corpo o irá permitir, cá estaremos para ver. Mas que parece vir com ganas, lá isso parece.