sábado, 19 de agosto de 2017

Jogo de vida ou de morte?

E ao 3º fim-de-semana de agosto, altura em que muitos portugueses ainda vão iniciar as suas férias, e é possível que já haja quem faça do desafio de logo como um jogo de vida ou morte para o Sporting. Para que fique claro, penso que é obrigatório que o Sporting vença os dois próximos jogos: depois de três jogos relativamente pobres no que toca a nota artística, é muito importante, animicamente, que o Sporting passe no terreno de dois adversários que serão complicados; e no caso particular do Steaua, por uma questão do prestígio europeu e do dinheiro que uma qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões. 

Mas daí estar-se já a fazer o enterro da equipa caso não se vença em Guimarães, parece-me um disparate que só se pode justificar pelos nervos causados pela ausência de bom futebol e por alguns sinais que apontam que esta época seja uma repetição da anterior. Em primeiro lugar, convém haver a consciência de que o Sporting não vence em Guimarães para o campeonato desde a época de Leonardo Jardim. De então para cá, as nossas deslocações à cidade-berço têm sido um desastre, pelos resultados, ou pela forma que os resultados foram obtidos. Depois, não faz qualquer sentido medir uma época inteira pelos resultados dos três primeiros jogos do campeonato - sendo que, até agora, a equipa tem 6 pontos em 6 possíveis.

Não acho que as justificações que Jesus deu na conferência de imprensa de ontem façam sentido - carregadas de incorreções e de desculpabilização própria -, mas tem razão quando diz que é preciso tempo para afinar processos. Se o conseguirá fazer ou não, isso é outra questão: curiosamente, na sua melhor época (2015/16), o Sporting entrou com uma vitória de aflitos frente ao estreante Tondela e empatou em casa com o Paços, enquanto na sua pior época (2016/17) entrou a ganhar de forma categórica contra Marítimo, Paços e Porto. Um início tremido deu origem ao melhor futebol que vi o Sporting praticar nos últimos 20 anos, um início pujante deu origem a uma época deprimente. 

Há muitas coisas a corrigir e a aperfeiçoar, sem dúvida, mas não faz sentido cair no desânimo caso o Sporting obtenha um mau resultado logo, tal como não faz sentido ficarmos eufóricos se a equipa vença em Guimarães e em Bucareste com nota artística elevada. Para o bem e para o mal, a época é longa, demasiado longa para estarmos a fazer juízos definitivos numa altura em que o mercado de transferências ainda nem sequer fechou...