sábado, 30 de setembro de 2017

The usual suspect

Tarde importantíssima para a equipa de futebol feminino do Sporting, que foi há pouco arrancar uma vitória fundamental em Braga por 2-1. O Sporting adiantou-se no marcador no final da primeira parte, por Diana Silva, mas o Braga empataria já na segunda parte. A vitória seria alcançada aos 85' através da suspeita do costume: Ana Capeta, decisiva na conquista da Taça de Portugal e na Supertaça - contra este mesmo Braga - voltou a apontar o golo decisivo (e que golo!) que vale três pontos e a liderança isolada na Liga Allianz.

Aqui fica o golo da vitória.



Resumo da jornada europeia



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Burki

Dos melhores vídeos que vão ver nesta semana. :)



Igualdade de tratamento?

Na sequência do castigo de três jogos aplicados a Samaris, Rui Vitória veio reclamar a necessidade de haver igualdade de tratamento para todos os clubes. No entanto, Rui Vitória será, provavelmente, a pessoa do futebol português que menos motivos tem para andar a exigir igualdade de tratamento para todos em situações disciplinares.

É verdade que o caso de Slimani ainda está relativamente fresco na memória de todos - o castigo de um jogo foi curto para a gravidade do sucedido e o tempo que o caso levou a ser julgado foi surreal -, mas esse é, muito possivelmente, o único caso em que o Benfica poderá alegar ter razões de queixa nos últimos anos.


Samaris ter sido suspenso por três jogos é pena leve para aquilo que fez: devia ter sido expulso duas vezes em pleno relvado, e considerando que é um jogador que recorrentemente agride outros jogadores - cumpriu no início desta época uma suspensão de 4 jogos por agressão a Diogo Ivo, no jogo com o Moreirense na época passada -, devia ter levado uma pena verdadeiramente exemplar.


A última semana foi particularmente fértil na demonstração do tratamento privilegiado que o Benfica tem por sistema. Veja-se o caso de André Almeida: conseguiu não ver qualquer cartão após uma bárbara agressão a um jogador do Braga, e, não surpreendentemente, foi expulso (e bem) na Liga dos Campeões por uma falta com bastante menor gravidade.


Sinceramente: alguém acredita que André Almeida seria expulso em Portugal pela falta que fez em Basileia? 90% dos árbitros (numa perspetiva otimista) não teria coragem para lhe mostrar cartão vermelho. Lembram-se bem do que aconteceu a Marco Ferreira...

Mas vale a pena recordar outros casos recentes, como a agressão de Eliseu sobre um jogador do Belenenses, que o árbitro não viu e transformou em falta a favor do Benfica, e em que o videoárbitro Vasco Santos, apesar das repetições a que teve acesso, não vislumbrou qualquer gravidade...


... ou a agressão de Pizzi a Francisco Geraldes, mais uma vez sem um cartão que fosse.


O mesmo Pizzi a quem, no ano passado, foram perdoadas expulsões direta por outra agressão sobre um jogador do Rio Ave...


... e por uma varridela inacreditável em Podence nas meias-finais da Taça da Liga.


Ou, apenas mais um exemplo: como é que Jonas não viu vermelho aqui?


E poderia continuar... existem muitos outros exemplos. Só em jogos contra o Sporting: o vermelho que Renato Sanches não viu pela entrada assassina sobre Bryan Ruiz, ou os vermelhos que Fejsa e Samaris não viram no 0-3, por agressões sobre Adrien e Bryan Ruiz, ou ainda, no tal jogo em que Slimani agrediu Samaris, para a Taça de Portugal, também Eliseu (por duas boladas contra jogadores do Sporting com o jogo parado), Jardel e Samaris (por repetidas faltas duríssimas) deviam ter visto o cartão vermelho - o grego ainda acabou expulso no prolongamento, mas podia ter visto o vermelho muito antes.

Também poderíamos levar a questão da igualdade de tratamento para outros tipos de lances... como o penálti que foi assinalado sobre Jonas no jogo contra o Rio Ave por agarrão, e o penálti que não foi assinalado sobre Doumbia no Moreirense - Sporting também por agarrão.

Rui Vitória quererá mesmo igualdade de tratamento? Talvez seja melhor ter cuidado com aquilo que deseja...

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Na casa do inimigo

Um pequeno vídeo com a forma como se viu em Espanha a extensão da rivalidade Ronaldo-Messi que aconteceu à margem do jogo de ontem. "Na casa do inimigo", foi o título que lhe deram (convém ressalvar que vem de uma espécie de CMTV lá do sítio...).


50 mil Sinatras

Os comentários da transmissão da BeInSports de Espanha no momento em que se cantava O Mundo Sabe Que em Alvalade.

Um plano quase perfeito

Uma derrota é sempre uma derrota, mas não é possível ficar-se de alguma forma ressentido com a exibição que o Sporting fez ontem perante uma equipa como o Barcelona, que veio a Lisboa trajada com o seu melhor fato - ou, como é mais habitual dizer-se em futebol, que meteu a carne toda no assador em Alvalade. 

Pode-se dizer também que houve o mérito de se ter conseguido, durante 90 minutos, fazer parecer humano o extra-terrestre Messi, graças a um plano defensivo pensado ao pormenor e brilhantemente executado durante praticamente todo o jogo por toda a equipa, acabando essa estratégia por ser traída por um momento de infelicidade. Obviamente que essa obsessão por anular os (muitos) pontos fortes do Barcelona acabou por ter custos no momento de procurar o golo. O desgaste e a preocupação constante em construir uma teia densa à volta da bola - e ninguém consegue fazer circular melhor a bola do que o nosso adversário de ontem - acabou por tirar muito do foco que seria necessário para desmontar a defesa do Barcelona, para além do desgaste acumulado que isso inevitavelmente acaba por provocar.




A estratégia defensiva - o Sporting não é, tradicionalmente, uma equipa com grande capacidade de jogar em linhas baixas e na expectativa daquilo que o adversário possa fazer, mas ontem não há nada a apontar ao comportamento defensivo. Basta dizer que o Barcelona marcou o único golo da partida através de um autogolo a partir de uma bola parada, e que, para além disso, só teve uma verdadeira oportunidade de golo, através de Paulinho, após um erro individual de Coates, defendido brilhantemente por Rui Patrício. O mérito é essencialmente coletivo: Battaglia estava encarregado de vigiar Messi, William jogou a maior parte do tempo à sua frente por estar mais preocupado com as movimentações de Rakitic, mas deve-se destacar a entreajuda que houve em todos os momentos por parte do resto da equipa, que foi sempre capaz de compensar os desposicionamentos temporários dos companheiros.

Battaglia - cabia-lhe a missão mais complicada e cumpriu-a com grande eficácia. Soube medir bem a carga física colocada no controlo do adversário e nas tentativas de recuperação de bola e, curiosamente, acabou por ser um dos poucos jogadores a não ser amarelado - o que é uma proeza se considerarmos a atuação do árbitro. Nos poucos momentos em que teve liberdade para entrar no meio-campo do Barcelona... conseguiu desequilibrar. Foi do argentino a recuperação de bola que deu a Dost e Bruno Fernandes a melhor oportunidade que o Sporting teve em todo o jogo.

Mathieu - jogo imperial do francês. Foi uma espécie de backup de Battaglia na marcação a Messi. Quando o astro argentino conseguia libertar-se com a bola da teia montada pelo meio-campo, Mathieu caía imediatamente em cima dele. Em tudo o resto esteve perfeito, quer no controlo defensivo do seu espaço, quer na saída com bola.

O ambiente em Alvalade - absolutamente esmagador, do princípio ao fim. É uma pena que não seja sempre assim, tenho a certeza de que valeria vários pontos no campeonato. Dá para pedir um encore no próximo domingo?



O culé vestido de azul que veio da Roménia - o melhor elogio que se pode fazer ao árbitro é que foi melhor que Messi. Perfeito no condicionamento dos jogadores do Sporting, distribuindo amarelos desde muito cedo e ignorando faltas semelhantes cometidas pelos catalães, excelente na forma como apitava preventivamente quando cheirava a oportunidade para o Sporting. E não assinalou um penálti sobre Dost quando foi agarrado na área. Artista completo, quer na defesa quer no ataque.

Falta de foco no ataque - o efeito secundário da grande preocupação defensiva acabou por prejudicar a disponibilidade psicológica para chegar à baliza adversária. Juntando-se a isso o momento menos bom de Gelson (raramente conseguiu passar por Alba), a falta de confiança de Dost (que, bem posicionado na única oportunidade que teve, devia ter rematado em vez de meter para Bruno Fernandes) e um árbitro sempre pronto a interromper os nossos lances, e fica explicado por que razão não conseguimos criar mais situações de perigo.



Não há derrotas boas, mas há coisas boas que se podem extrair de exibições que acabam em derrotas. O jogo de ontem é um desses casos, e a equipa demonstrou que há motivos para acreditar nela. Agora é recuperar fisicamente porque domingo há um jogo ainda mais importante para ganhar.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Noite de gala

Será seguramente uma grande noite de futebol que todos aqueles que mais logo marcarão presença em Alvalade terão oportunidade de testemunhar. Não é todos os dias que se recebe um colosso do futebol mundial - apesar de, no caso do Sporting, ser o segundo ano consecutivo em que tal acontece -, pelo que acaba por ser uma boa oportunidade para desfrutarmos dos artistas que estarão no relvado, sem aquela obrigação e pressão de vencer que é habitual. Não é preciso ser-se um expert para se concluir que o favoritismo cai todo para o lado do Barcelona. 

Ainda assim, espero que todos nós - equipa técnica, jogadores e público - saibamos estar à altura da ocasião. Não existe melhor montra do que esta, pelo que acredito que teremos um Sporting muito competitivo, que procurará discutir o jogo com o adversário, empurrado pelo vulcão de Alvalade, e tentar tirar partido do muito que há a ganhar e do pouco que há a perder em desafios desta natureza. 

As coisas poderão correr mal? Com certeza que sim. Apanhamos o Barcelona num momento de forma sublime - e, em particular, numa fase em que Messi não parece apenas de outro planeta, mas sim de outra galáxia -, mas nunca se sabe: a bola continua a ser redonda e, do nosso lado, também temos gente capaz de fazer uma gracinha.

Que o dia passe depressa e a noite seja memorável... pelos melhores motivos!


terça-feira, 26 de setembro de 2017

Demência

A opinião de Pedro Guerra sobre o penálti (claro) cometido sobre Doumbia nos instantes finais do jogo de sábado. Isto vai para além da cartilha: é pura demência. Não necessita de mais comentários.












segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Existe maior tolerância dos árbitros à agressividade dos adversários do Sporting do que aos dos rivais?

Tem sido mais que óbvio, para qualquer espectador atento aos jogos do Sporting, o critério disciplinar largo aplicado pelos árbitros que nos têm calhado em sorte. Apesar de ser comum os nossos adversários colocarem em campo um nível de agressividade bem acima da média - do qual o Tondela foi o melhor exemplo -, os juízes têm revelado alguma tendência em adiar a exibição do primeiro cartão tanto quanto possível. O último jogo, em Moreira de Cónegos, foi outro bom exemplo: o Moreirense viu o primeiro cartão apenas à 17ª ou 18ª falta, apesar de terem existido anteriormente situações claras que o árbitro devia ter punido, como a falta (agressão?) sobre Bruno Fernandes e a entrada por trás de Koffi Kouao sobre Gelson Martins. O primeiro amarelo só saíria do bolso do árbitro aos 57' - era mais o que faltava se não o mostrasse nesse lance -, e a partir daí foi bar aberto... para os jogadores do Sporting, que viram três cartões de rajada.

Em simultâneo, tem sido evidente a permissividade que os árbitros têm tido para com determinados jogadores de outras cores rivais que, apesar de repetidos lances violentos, conseguem ir passando por entre os pingos da chuva.

Tive curiosidade em procurar estatísticas sobre o assunto, apesar de os dados em bruto existentes não contarem a história toda - não há nada que nos forneça as faltas por assinalar e as faltas mal assinaladas, que é outra história que também teria interesse analisar. Fiquemo-nos, por isso, pela informação que existe.

Antes de mais, uma nota sobre os dados que se seguem: são considerados todos os jogos disputados até ao final de domingo, dia 24 de setembro. Todas as equipas têm 7 partidas efetuadas, com exceção de Boavista e V. Setúbal. De qualquer forma, todos os gráficos e números são médias por jogo, para que não haja uma distorção referente à partida que ainda está por se realizar. Fontes: dados dos cartões - zerozero.pt; dados das faltas: whoscored.com.

Começando pelas faltas que cada equipa comete:


Sporting, Benfica e Porto cometem um número muito aproximado de faltas, estando as três equipas na metade menos faltosa do campeonato. No entanto, ao nível dos cartões mostrados não existe o mesmo equilíbrio:



Este gráfico lê-se da seguinte forma: o Paços de Ferreira vê um cartão por cada 5 faltas cometidas, ou seja, é a equipa com quem os árbitros têm sido, disciplinarmente, menos tolerantes.

Os números de Sporting e Porto estão na média da Liga. No que diz respeito ao Sporting, tirando um ou outro amarelo que tem ficado por mostrar e tirando um ou outro amarelo que tem sido mostrado indevidamente, não me parece que exista grande caso.

Mas enquanto o Sporting e o Porto vêem um cartão por cerca de cada 7 faltas cometidas, o Benfica precisa de fazer, em média, 10 faltas para os árbitros lhe mostrarem um cartão. O atual campeão nacional é o líder neste índice, de forma algo acentuada: não existe outra equipa a quem seja permitido fazer, em média, tantas faltas para ver cartão - ou seja, vai um pouco ao encontro da tal impunidade de que se tem falado, e de que Pizzi, Samaris e Eliseu são excelentes exemplos.

No entanto, para mim, é mais chocante quando passamos a analisar as faltas sofridas.


O Sporting é a equipa que mais faltas sofre em média por jogo, e está praticamente nos antípodas dos seus rivais, que são - ao contrário do que se poderia esperar - das equipas do campeonato que menos faltas sofrem. Isso pode ser bastante revelador e, na realidade, vai ao encontro daquela perceção inicial: como os árbitros dos jogos do Sporting têm sido bastante tolerantes às entradas duras, existe quase como que um convite para os adversários fazerem faltas. Em oposição, parece existir muito mais cautelas por parte dos adversários de Benfica e Porto no momento em que podem cometer faltas.

Mas será que os cartões exibidos aos adversários dos três grandes comprovam esta tese? Vejamos:


Por aqui, nem tanto, apesar de os adversários do Sporting fazerem, em média, mais faltas por cada cartão que lhes é exibido, do que em relação a Benfica e Porto. Os adversários do Sporting vêem, em média, um cartão por cada 6,7 faltas feitas. Os adversários do Benfica vêem um cartão por cada 5,3 faltas feitas. Os adversários do Porto vêem um cartão por cada 5,0 faltas feitas. Isolando os três grandes...


...vemos que existe uma diferença que penaliza o Sporting, mas que não é propriamente esclarecedora.

No entanto, tem sido óbvio que os árbitros dos jogos do Sporting têm sido particularmente disciplinadores... perto do fim, quando já faz pouca diferença em termos de dissuasão para o que resta da partida. Se retirarmos as faltas sofridas pelos grandes e os cartões mostrados aos seus adversários entre os 76 minutos do jogo e o final da partida, ficamos assim:



Aqui a conversa já é diferente: durante os primeiros 75 minutos das partidas, os adversários do Sporting fazem 10,8 faltas por cada cartão que vêem, contra 7,1 faltas dos adversários do Benfica e 5,7 faltas dos adversários do Porto. Já começa a haver um fosso grande: são permitidas, em média, o dobro das faltas aos adversários do Sporting em relação aos adversários do Porto até ser mostrado um cartão.

Mas cortemos um pouco mais o âmbito dos dados. Se olharmos apenas para os primeiros 60 minutos das partidas, temos isto:


A diferença é ainda maior: durante a primeira hora de cada jogo, os adversários do Sporting fazem, em média, 12,2 faltas por cada cartão que lhes é mostrado, contra 7,9 faltas dos adversários do Benfica e 5,9 faltas do Porto. Já falamos de mais do dobro do que é permitido em relação aos adversários Porto, e de mais 55% em relação aos adversários do Benfica.

Os adversários de Benfica e Porto são punidos mais facilmente do que os adversários do Sporting, e ficam mais condicionados quando ainda há muito tempo de jogo pela frente. E não vale a pena vir com a teoria de que cada jogo é um jogo e existem faltas mais duras que outras: temos visto, nos jogos do Sporting, um grande número de cartões perdoados aos adversários, amarelos e vermelhos.

Recapitulando: o Sporting é a equipa que mais faltas sofre na liga, em oposição clara a Benfica e Porto, que são das que menos faltas sofrem. Isso parece ser uma consequência, direta ou indireta, do facto de os árbitros serem muito mais permissivos nos jogos do Sporting do que nos jogos de Benfica e Porto. Poderiam dizer que o Sporting também sai beneficiado disso, pois tira proveito dessa tendência para aumentar os níveis de agressividade. Mas isso cai por terra quando vemos que o Sporting é das equipas menos faltosas do campeonato. Ou seja, o Sporting sai claramente prejudicado pelo critério disciplinar mais brando que tem existido nos seus jogos.

Portanto, respondendo à pergunta colocada como título deste post: sim, olhando para estes dados, fica claro que existe, genericamente, uma maior permissividade por parte dos árbitros em relação aos adversários do Sporting. Ou, colocando por outras palavras, o critério disciplinar dos árbitros é bastante mais dissuasor para os adversários de Benfica e Porto que, inevitavelmente, acabam por ter mais reservas em cometer faltas ou jogar de forma agressiva.

Os adversários do Sporting são mais faltosos porque sabem que os árbitros são mais brandos disciplinarmente nos jogos do Sporting, podendo incluir um maior nível de agressividade na sua estratégia que não se atrevem nos jogos em que defrontam Benfica ou Porto. Os números são claros. Seria bom que os critérios disciplinares passassem a ser mais uniformes, em vez de dependerem tanto das equipas que estão em campo... mas já sabemos que, neste país, com estes árbitros, não será fácil de acontecer.

domingo, 24 de setembro de 2017

Mudança de chip demasiado adiantada

Sinceramente, não estava à espera deste deslize. Mesmo sendo eu um pessimista inveterado, que receia receções ao Tondela e está sempre à espera que o pior aconteça, pensava que, com maior ou menor dificuldade, passaríamos um Moreirense que tem claro défice de talento em relação a temporadas anteriores. É bem provável que tanto o treinador como a equipa comungassem da mesma confiança, pois o onze escolhido e a qualidade da generalidade dos primeiros 45 minutos deixaram entender que se pensava que os golos acabariam por aparecer mais tarde ou mais cedo.

Se o pensamento já estava no Barcelona e Porto, deviam saber que isso, normalmente, dá mau resultado: nem se pouparam fisicamente, nem conseguiram os três pontos. O que aconteceu ontem deve servir de aviso muito sério, pois aquilo que será feito até dezembro no campeonato poderá definir toda uma época. E como já todos estamos carecas de saber, por muito bem que nos corra a Liga dos Campeões, não será isso que definirá o sucesso da temporada. Ao invés, os pontos perdidos nos Comendadores Joaquim Almeida Freitas deste país poderão efetivamente causar danos mais elevados.

Foto: Vítor Parente / Kapta+



A reação ao golo sofrido - a segunda parte do Sporting não foi particularmente inspirada, mas ninguém poderá acusar os jogadores de não ter sido esforçada. A equipa, de facto, tentou chegar à vitória até ao limite das suas capacidades.

A exibição de William - o melhor jogador do Sporting em campo, pela sua capacidade de combate a meio-campo e pelo esclarecimento que conseguia ter com bola, apesar da floresta de pernas (e braços) à sua volta. Está num excelente momento de forma.

Patrício decisivo - fez duas defesas de grande dificuldade, uma das quais a lembrar-nos que é um dos melhores do mundo no um contra um.



As escolhas - não vou criticar Jesus por ter deixado Battaglia e Acuña de fora, apesar de ser estranho que tenham saído dois jogadores que foram utilizados a meio da semana para a Taça da Liga - isso sim, opção muito discutível -, mas fizeram-me mais confusão outras escolhas do treinador: a insistência em Alan Ruiz - que para além de não estar em forma, fez 90 minutos contra o Marítimo - e em Piccini num campo que, sendo muito estreito, dá outra importância ao que se consegue fazer nas faixas laterais - ainda mais após as boas indicações que Ristovski deu na terça-feira.

Subrendimento - Gelson inconsequente, Alan Ruiz bem ao 1º toque mas péssimo quando não solta de imediato a bola, Bruno Fernandes enterrado em terrenos demasiado preenchidos, laterais e alas que não acertaram um único cruzamento, Iuri entrou muito mal e desperdiçou de forma quase absurda três soberbas ocasiões de último passe que teve nos pés.



MVP: William Carvalho

Nota artística: 2

Arbitragem: O jogo foi muito quezilento e não facilitou a vida de Luís Godinho, mas a verdade é que o árbitro teve culpas ao ser - como tem sido regra - muito permissivo perante as repetidas faltas do Moreirense. Só por volta da 17ª ou 18ª falta é que saiu o primeiro amarelo para jogadores da casa, seguidos de 3 para jogadores do Sporting. Teve também outros lances polémicos: parece-me boa a decisão de anular o golo a Alan Ruiz, mas falhou no fora-de-jogo mal tirado a Tozé (faz-se à bola, mas não lhe toca), o canto de onde nasce o golo do Sporting é mal assinalado, e no último minuto dos descontos, o erro mais grave: ficou um penálti por marcar a favor do Sporting por agarrão claro sobre Doumbia na área.




Primeiros pontos perdidos. Não é nenhum drama, nomeadamente porque teremos hipóteses de nos destacarmos na liderança já na próxima jornada - curiosamente, faz lembrar o que aconteceu há dois anos: o Sporting perde com o União da Madeira e permite que o Porto se isole no comando, mas na jornada seguinte recebeu e venceu o Porto, retomando o 1º lugar isolado. Que seja assim mais uma vez, mas sem a parte que viria a acontecer depois umas jornadas mais tarde...

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Transparência e compromisso

O jornal Sporting publicou, na sua edição de ontem, os já habituais quadros com os detalhes das contratações e vendas que o clube realizou na janela de transferências recentemente encerrada.

Nunca é demais realçar a importância da divulgação destes dados, que vale muito mais do que o seu valor facial. Sim, é muito importante que os sócios estejam informados sobre as operações realizadas - independentemente de aparecerem surpresas agradáveis ou desagradáveis -, mas é também conveniente recordar o efeito indireto da medida: quem faz isto está a convidar o público a escrutinar a coerência das contas que apresenta; e está também a assumir um compromisso do qual nunca se poderá desvincular, sob pena de levantar dúvidas sobre o que terá sido feito que não possa ser divulgado - o que acaba por ser uma garantia para o futuro em como não se cairá em determinadas tentações.

Colocando a coisa de forma mais resumida: quem não deve, não teme. Parabéns a esta direção por continuar a transformar as palavras em atos, naquilo que é um raríssimo exemplo de transparência total no futebol português.




Júlio Loureiro a marcar pontos no ranking dos meninos bonitos do Benfica

Os mails revelados por Francisco J. Marques na passada terça-feira não demonstram nenhuma prática que desvirtue as competições, mas há um deles que aborda uma situação de tal forma perversa, que uma pessoa fica a imaginar os fretes que certas pessoas estão dispostas a fazer em favor do Benfica.

Júlio Manuel Loureiro é observador de árbitros - fazia jogos das ligas profissionais no tempo de Vítor Pereira e Ferreira Nunes (a.k.a. Frankc Vargas), mas entretanto foi despromovido para o CNS -, sendo também funcionário judicial. E terá sido nessa qualidade que terá tido acesso antecipado a uma notificação judicial para Rui Vitória se apresentar como testemunha num qualquer processo. Diria o bom senso e o profissionalismo que guardasse essa informação para si, mas não foi isso que aconteceu: enviou a informação para Paulo Gonçalves.

Aqui fica o excerto do programa em que o mail enviado pelo observador ao Benfica foi revelado.


Se o sujeito agiu assim num processo que, aparentemente, era de pouca importância para o Benfica e Rui Vitória - seguramente para marcar pontos no ranking dos meninos bonitos -, nem imagino o que estará dispostos a fazer no âmbito da sua atividade enquanto observador de árbitros. Não espanta que Júlio Manuel Loureiro tenha sido um dos observadores que ajudou a fazer a cama a Marco Ferreira, segundo o que entretanto foi divulgado pelo jornal O Jogo.


Por esta amostra, calculo que quando este observador fazia jogos do Benfica e as coisas corriam "mal", não havia necessidade de Vieira mandar dar cabo da nota ao árbitro. O assunto era logo tratado a montante.

Mais um candidato a menino bonito do Benfica que passa a ser conhecido, mais um tentáculo revelado.

in O Jogo

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Impunidade total

É escandaloso ver o que aconteceu nos últimos minutos do Benfica - Braga. Com o jogo empatado 1-1, André Almeida (com uma entrada a varrer Fábio Martins) e Samaris (literalmente a asfixiar João Carlos Teixeira) deviam ter visto o cartão vermelho direto... mas nem amarelo viram.

Já após o apito final, Samaris volta a apertar o pescoço (de Paulinho, desta vez)... e os dois jogadores viram cartão amarelo.

Fazer faltas destas e conseguir escapar sem cartão, só mesmo no Benfica. Esta impunidade total é um escândalo.


Claro que o sucedido acaba por se explicar, em parte, pelo facto de o árbitro da partida ser Bruno Esteves, um dos padres "elencados" por Adão Mendes naquele célebre mail enviado a Pedro Guerra.

Nada de novo no futebol português, portanto.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O critério do padre Mota

Manuel Mota, protegido do famoso Adão Mendes - como esquecer o mail em que Adão Mendes pede a Paulo Gonçalves para ajudar a subir a nota de Mota? - teve ontem, em Alvalade, uma atuação que tem sido recorrente por parte da generalidade das equipas de arbitragem nos jogos do Sporting: dualidade de critérios evidente, permitindo várias entradas à margem das leis aos adversários, mas sendo muito mais generoso no momento de mostrar cartões... a jogadores do Sporting.

Esta arbitragem aconteceu apenas três dias após a aberrante prestação de Manuel Oliveira no Sporting - Tondela, em que quase tudo foi permitido aos jogadores visitantes, mas em que acabaria por ser um jogador do Sporting a ser o primeiro a ver um cartão.

Voltando à arbitragem de ontem, tomei nota de alguns lances ocorridos durante a primeira parte do jogo em que a ausência de critério foi mais que evidente. Quer dizer, haver critério... até há. Baseado na cor da camisola.


Que não haja ilusões para ninguém: o Sporting tem estado a ganhar no campeonato, mas haverá quem tentará dificultar o trabalho da equipa até ao limite das suas possibilidades.

P.S.: este vídeo foi inspirado num outro que fiz há cerca de um ano. Há coisas que nunca mudam...



Postal sobre a Taça CTT

Não há muito para dizer sobre o jogo de ontem da Taça da Liga. É natural que, ao colocar-se um onze formado exclusivamente por jogadores que não costumam ser titulares, a qualidade do futebol praticado foi sofrível. Ainda assim, suficiente para criar várias oportunidades de perigo que fizemos questão em falhar.

O empate não é um bom resultado, pois não ficamos totalmente dependentes de nós próprios para passar à final four (o Marítimo também não), mas, ainda assim, há alguns indicadores positivos que se podem retirar do jogo.

Começando, obviamente, por Ristovski. Foi a primeira vez que o vi jogar - para além de um par de vídeos de highlights no Youtube - e gostei muito. Ofensivamente é claramente superior a Piccini - o que, convenhamos, não é difícil -, e defensivamente pareceu sempre muito concentrado, batalhador e a pisar os terrenos certos. Fico com muita curiosidade para o ver a jogar com Gelson - pode ser já em Moreira de Cónegos? Petrovic também mostrou bons apontamentos na distribuição, e que pode ser alternativa a William em determinados tipos de jogos. Outro aspeto importante foi a manutenção da solidez defensiva, apesar da mudança de todas as peças. O Sporting teve capacidade para impedir o Marítimo de criar verdadeiro perigo junto à baliza de Salin.

Registe-se ainda o jogo minimamente decente de Alan Ruiz e o regresso de Podence à competição - sem ritmo, como seria de esperar.

A exibição mais desapontante acabou por ser a de Doumbia. É normal que, atendendo à falta de conhecimento mútuo entre o avançado e o resto da equipa, tivesse dificuldades em ter muitas oportunidades flagrantes... mas a verdade é que teve algumas boas ocasiões, e falhou-as todas. Dia menos positivo para um jogador que não desiludiu nas oportunidades anteriores que teve.

P.S.: mais uma vez, foi noite de bar aberto para os adversários do Sporting baterem à vontade nos nossos jogadores. Já se sabe: estão autorizados para fazerem as entradas duras que quiserem até sair o primeiro amarelo, que será inevitavelmente para um jogador do Sporting. O critério de Manuel Mota, à semelhança de Manuel Oliveira no Sporting - Tondela, foi aberrante. Voltarei a este tema em breve.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Receita para logo

Quero que o Sporting ganhe a Taça da Liga, mas essa é uma vontade sujeita a enormes condicionamentos: não estou disposto a investir grande coisa para chegar à final four. Chegando à final four, então que se meta a carne toda no assador. Mas, para já, não trocaria a conquista da Taça da Liga por um ponto que fosse no campeonato. Pode ser que daqui a uns meses mude de opinião - caso a época comece a descarrilar -, mas as coisas devem ser assumidas no momento certo, e o momento certo é este.

Como tal, mais logo espero ver em campo exclusivamente jogadores com poucos minutos nas pernas. Precisam de rodagem para poderem ser úteis naquilo que realmente importa. Em alguns casos, até servirá para os começarmos a conhecer. Sem rotinas dificilmente nos oferecerão grande qualidade de jogo, mas não se pode ter tudo na vida. Se chegar para ganhar, ótimo. Se não chegar, paciência.


EDIT: O Sporting divulgou há pouco os convocados, e Podence está de volta. Por mim, pode entrar direto no onze.

Ponto de situação

Sporting

Depois de uma pré-época muito irregular, a fazer lembrar aquilo que aconteceu na preparação de 2016/17, dificilmente a época poderia ter começado de melhor forma para o Sporting. E o maior elogio que se pode fazer a toda a estrutura, equipa técnica e plantel é que nada do que tem acontecido parece ser obra do acaso.

O planeamento da época foi feito de forma bastante competente, num sinal óbvio de que se aprendeu com os erros do passado: o plantel foi formado a tempo e horas, estando praticamente fechado à partida do estágio para a Suiça; as compras não ficaram dependentes da concretização das grandes vendas; e, acima de tudo, parece ter havido um enorme acerto nas contratações realizadas.

O onze está indiscutivelmente mais forte. Obviamente que o ponto de partida não era famoso, mas em termos de qualidade individual, parece-me, inclusivamente, que estamos acima do nível de 2015/16.

Bruno Fernandes dá ao meio-campo a criatividade e o equilíbrio que perdemos com a saída de João Mário. Acuña dá capacidade de choque à ala esquerda e tem funcionado como uma máquina de bolas paradas teleguiadas. Mathieu é um upgrade claro em relação à irregularidade de Rúben Semedo, sem perda significativa de velocidade na linha defensiva - ao contrário dos receios iniciais. Coentrão, mesmo com os problemas físicos que tem, é, de longe, o melhor lateral esquerdo que o Sporting tem de há muitos anos para cá. Piccini é inofensivo no ataque mas defende muito bem - poderá ser muito útil contra equipas que tentem jogar o jogo pelo jogo, mas penso que um jogador com o perfil de Schelotto, mesmo com todos os seus defeitos, era mais útil contra equipas fechadas. Battaglia tinha a tarefa ingrata de substituir Adrien. O melhor elogio que se pode fazer é que, neste momento, poucos lamentarão a saída do capitão. Falta ainda ver, no entanto, como se comportará contra adversários mais fortes. E ter Doumbia como alternativa a Dost é uma garantia de que se pode abordar as partidas de formas distintas em função da estratégia do adversário, sem uma perda de qualidade importante na finalização.

Já agora, convém relembrar a importância de se ter mantido William. Ainda bem que nenhum clube deu o que o Sporting pedia por ele.

Nem tudo são rosas, no entanto. Contra adversários fechados temos passado dificuldades por falta de peças de desequilíbrio ofensivo. A titularidade de Coentrão tem sido sinónimo de obrigar a queimar uma substituição, o que limita as opções de Jesus durante o jogo. Os laterais que temos raramente geram desequilíbrios (Coentrão por uma questão física, Piccini por não saber o que fazer à bola assim que passa do meio-campo), o que acaba por dificultar um adequado serviço para a finalização de Dost. É imperativo que Alan Ruiz e Iuri comecem a render mais. Podence está a fazer muita falta, como alternativa a Acuña ou Bruno Fernandes. Falta saber o que Ristovski, André Pinto e Mattheus Oliveira podem oferecer à equipa e ao treinador.

Uma última palavra para as intervenções públicas de treinador e presidente: uma postura humilde e focada nos desafios seguintes é sempre melhor estratégia do que a bazófia. Até agora, têm estado bem. Esperemos que seja para manter.

(a verde - posições em que houve melhorias em relação à época passada; a amarelo - posições em que a qualidade se mantém; a vermelho - posições em que a equipa está pior servida do que em relação à época anterior)


Benfica

Apesar dos 5 pontos de atraso, vejo o Benfica mais favorito do que o Porto para a conquista do campeonato. É uma equipa calejada, que sabe gerir um resultado melhor do que ninguém, e que continua a ter mais qualidade em quantidade na frente. Parece, no entanto, ser vítima do excesso de confiança que Vieira tem na capacidade da estrutura em vencer títulos e da falta de um murro na mesa por parte de Vitória para impor a sua vontade em relação ao preenchimento das lacunas do plantel.

Ederson é um guarda-redes de classe mundial e era uma tarefa quase impossível substitui-lo imediatamente por alguém ao mesmo nível, mas entregar a baliza a Júlio César - que, apesar de ter sido dos melhores do mundo, já de há dois anos para cá demonstra estar numa fase acentuadamente descendente da carreira - e a Varela é confiar demasiado na sorte. As saídas de Semedo e Lindelof também parecem não ter sido devidamente acauteladas, mas parecem-me geríveis. Mais grave que estas duas é a saída de Mitroglou. Não que os outros pontas-de-lança não tenham qualidade individual idêntica ou superior, mas são todos demasiado iguais - e as características do grego foram e seriam importantes para desbloquear determinados tipos de jogos.

Percebo que Vieira quisesse vender um ponta-de-lança: havia Jonas (indiscutível), Seferovic (que deu excelentes indicações no início da época), Mitroglou, Jimenez e ainda havia Gabigol na calha. Mas faria muito mais sentido vender Jimenez. Parece-me que a vontade de Vieira em concretizar o feeling que declarou há um ano - de que o mexicano seria a mais cara venda de sempre do futebol português - se sobrepôs aos interesses desportivos do clube.

Parece-me que, mais do que nunca, a época do Benfica estará muito dependente da saúde que Fejsa, Pizzi e Jonas revelarão ao longo da época. Se se mantiverem disponíveis, o Benfica será o mais sério candidato a vencer o campeonato. Se tiverem tantas lesões como as que tiveram na época passada, talvez não seja suficiente - os padres continuarão a valer pontos, mas não fazem milagres.


Porto

Os responsáveis portistas tiveram uma abordagem muito inteligente na preparação da época. Sabendo que não podiam contratar, tentaram maximizar o aproveitamento do efeito psicológico de um bom arranque. Sérgio Conceição é um homem de combate, e há que dar justiça à forma como tem conseguido construir um sistema de jogo perfeitamente adequado ao nível médio de oposição que encontra internamente.

Se, por um lado, não houve contratações (para além de... Vaná?!), por outro também não saiu nenhum jogador essencial. André Silva e Rúben Neves não eram, no momento em que foram vendidos, peças indispensáveis e complicadas de substituir. Ou seja, o Porto continua a ter um onze muito forte.

No entanto, também há dúvidas que se levantam em relação à capacidade do Porto em atacar o campeonato. Em primeiro lugar, o sistema de jogo que Conceição tem montado abre clareiras entre a defesa e o ataque que podem ser exploradas por equipas que tenham capacidade para conter a avalanche atacante do Porto. Depois, há a questão da profundidade do plantel: o Porto só tem três centrais; não há uma alternativa a Danilo Pereira - que tem a missão de segurar sozinho o meio-campo defensivo; não há extremos que sejam reais alternativas a Brahimi e Corona - Hernâni parece não contar, sendo o lateral Ricardo Pereira a primeira opção; e na frente, Marega será sempre, apesar do seu voluntarismo e entrega, um jogador limitado.

Para já, nota máxima para o que Sérgio Conceição tem conseguido fazer, mas o grande desafio a este Porto virá quando o calendário começar a apertar e quando o desgaste da época (e do inverno) se começar a sentir a sério.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

domingo, 17 de setembro de 2017

E este golo do Deo?

Golo marcado no sábado, na vitória por 3-1 sobre o Fundão.











(via @ultras6p)

Entrada com a mão direita na EHF Champions League

O Sporting venceu há pouco, na Turquia, o embate com o Besiktas referente à 1ª jornada de EHF Champions League por 30-26. Vitória tranquila contra a equipa do grupo que é mais "do nosso campeonato". Segue o vídeo com os últimos lances do desafio.












Abre-latas



A importância de se ter especialistas

Excelente arranque de temporada com cinco vitórias em cinco jogos para o campeonato, apuramento no playoff da Liga dos Campeões e vitória na primeira jornada na Grécia. Adversário direto acabado de perder três pontos de forma inesperada. Receção a uma equipa da segunda metade da tabela. Era uma noite que tinha tudo para correr bem, certo? Nem por isso. Havia um borrego para matar contra uma equipa que vinha com uma estratégia de estacionamento de autocarro atrás e risco zero à frente, havia a questão de mudança de chip das competições europeias para as competições nacionais ao mesmo que tempo que se procurava fazer algum tipo de gestão física da equipa, e, veio-se a perceber cedo, havia também uma equipa de arbitragem que vinha complicar aquilo que pudesse ser complicado.

O resultado de tudo isto foi um jogo completamente controlado pelo Sporting, mas em que a equipa nunca demonstrou grande interesse/capacidade em pôr uma intensidade elevada na procura do golo a partir do momento em que se viu a ganhar. Jogo morno, que só aqueceu com os dois grandes golos que resolveram a partida e com a fricção da agressividade excessiva de certos jogadores do Tondela consentida pelo árbitro Manuel Oliveira.




A importância de se ter especialistas - duas das grande lacunas da época passada - livres diretos e remates de meia-distância - parecem plenamente resolvidas com as entradas existentes: Bruno Fernandes, Mathieu, Iuri e Acuña, aos quais ainda se pode juntar Alan Ruiz na parte dos remates de meia-distância. No primeiro golo, Cláudio Ramos estava posicionado para um livre batido pelo pé direito e não teve quaisquer hipóteses perante a irrepreensível execução de Mathieu com o pé esquerdo (no futuro poderemos também tirar dividendos da dúvida que os guarda-redes terão sobre qual dos dois marcará). E o segundo golo foi mais um momento de génio de Bruno Fernandes, totalmente repentino e intencional. Basicamente, tudo isto acaba por redundar na importância de se ter executantes de grande qualidade, que são aqueles que garantirão mais pontos em cenários de maior dificuldade. O muito dinheiro que se paga por jogadores destes não é um gasto, é um investimento.

Borrego morto - o Tondela apostou na mesma fórmula dos anos anteriores: risco zero, tentando a sorte exclusivamente através de contra-ataques ou bolas paradas. A probabilidade de sucesso em conseguir pontos nunca seria grande, mas também era assim nos dois anos em que vieram cá roubar pontos. Felizmente, desta vez a história foi diferente e matou-se um borrego que, sendo ainda pequenito, já incomodava bastante.



Pouco futebol - Jesus não fez demasiadas alterações em relação ao que é, atualmente, o melhor onze do Sporting, mas a qualidade de jogo acabou por desiludir. Houve vários fatores a contribuir para isso: marcámos cedo, e a equipa pareceu satisfeita por poder gerir o 1-0 - com os riscos inerentes a essa opção -, há jogadores que estão desgastados pela sequência de jogos a que têm sido sujeitos, e o Tondela manteve-se sempre acantonado no seu meio-campo, sem correr qualquer risco na frente mesmo em desvantagem. Na primeira parte o Sporting teve apenas três oportunidades: o golo de Mathieu, o remate em arco de Iuri que saiu a rasar o poste, e o remate de Bruno Fernandes ao poste. Na segunda parte, até ao segundo golo, também houve pouco para ver. Foi um jogo que valeu apenas pelos golos.

Pouca fluidez no ataque - o público de Alvalade parece ter perdido a paciência de vez com Alan Ruiz, e compreensivelmente: o argentino bem tentou, procurou sempre a bola, mas fez um jogo paupérrimo, com inúmeras bolas perdidas e incapacidade quase total de ligar o meio-campo e o ataque. Mas não é justo colocar-se apenas nele a responsabilidade pelo fraco futebol apresentado. Iuri e Piccini foram incapazes de construir jogo pela direita - para além da falta de entendimento mútuo, Iuri raramente teve espaço, enquanto o italiano continua a revelar uma angustiante capacidade de saber o que fazer à bola quando passa a linha central. Do outro lado, Coentrão raramente subiu e Acuña nunca conseguiu gerar desequilíbrios. Bruno Fernandes, ocupado num papel mais de combate, também poucas vezes apareceu com bola junto à área do Tondela. Resultado: Dost passou mais 90 minutos sem oportunidades para marcar.



MVP: Mathieu

Nota artística: 3
Arbitragem: deplorável. Manuel Oliveira teve um critério incompreensível na marcação de faltas e na exibição de cartões, permitindo uma agressividade excessiva aos jogadores do Tondela. Para além dos vários amarelos perdoados, devia ter mostrado o vermelho a Ricardo Costa por agressão sobre Alan Ruiz. O fiscal-de-linha também assinalou um fora-de-jogo inexistente a Bruno Fernandes quando este ficou na cara do guarda-redes e atirou ao poste, na recarga a uma defesa incompleta ao remate de Alan Ruiz.



E vão seis vitórias em seis jogos, com cinco pontos de avanço sobre o Benfica e aguardando o resultado da complicada deslocação que o Porto terá mais logo. Agora é poupar os onze titulares na Taça da Liga e ter o foco total na visita ao Moreirense.

BFF

BFF = Best friends forever, mas talvez esteja na altura de rever alternativas: Bruno Fernandes fever, Bruno Fernandes forever, Bomb from Fernandes, por aí fora...


sábado, 16 de setembro de 2017

Jogo de alto risco

Jogo de alto risco: é o que sinto em relação ao embate de logo com o Tondela, por vários motivos. Em primeiro lugar, por causa da tendência que temos para desperdiçar estupidamente pontos na sequência de jogos das competições europeias. Em segundo lugar, por causa da tendência que temos para desperdiçar estupidamente pontos em jogos em casa com o Tondela.

Há dois anos, empatámos 2-2. Penálti e expulsão de Rui Patrício mal assinalados ainda no primeiro quarto de hora (obrigado, Luís Ferreira!), 0-1 para o Tondela. Com menos um conseguimos dar a volta para 2-1, mas deixámo-nos empatar perto do fim. No ano passado empatámos 1-1 (na sequência de um jogo europeu), com Campbell a evitar a derrota nos últimos momentos dos descontos (e a festejar de forma exuberantemente idiota o golo marcado).

Sinal de que o público e, principalmente, treinador e jogadores, deverão respeitar o adversário de hoje É proibido facilitar, é proibido pensar que o jogo se irá resolver mais cedo ou mais tarde, e é definitivamente proibido pensar que o jogo está resolvido se conseguirmos obter uma vantagem de 2 ou 3 golos. Este Tondela, contra nós, tem valido sempre mais do que aquilo que a tabela classificativa deixa pressupor. 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Troca de passes com Rodrigo Battaglia

A análise de José Manuel Antunes e BTV às contas do Sporting

Chamaram-me ontem à atenção para uma análise feita num programa da BTV, chamado Lanças Apontadas, onde foram apresentados alguns números sobre as contas do Sporting. O autor dessa análise chama-se José Manuel Antunes e, como não poderia deixar de ser, foi uma análise muito crítica a Bruno de Carvalho e ao R&C apresentado pelo Sporting... mas também carregada de incorreções e omissões que têm sido repetidas em vários espaços benfiquistas. Como tal, devem ser esmiuçadas com detalhe.

Vamos a isso.



I. "Nestes quatro anos de gestão de Bruno de Carvalho, o passivo aumentou 100 milhões de euros"


Bruno de Carvalho assumiu funções em março de 2013. Como tal, pouco pôde fazer para acertar as contas de 2012/13 - que termina em junho de 2013 -, pelo que devemos considerar o R&C de 2012/13 como ponto de comparação com o período pré-BdC. Vamos ver se os números dos documentos coincidem com os "números surreais e factuais" de José Manuel Antunes:


Afinal não foram 100 milhões. Factualmente, o passivo aumentou 52 milhões. Metade, portanto. Mas José Manuel Antunes "esqueceu-se" de referir que, no mesmo período, os ativos mais que duplicaram: subiram de 139 milhões para 316 milhões. Coisa pouca.

Claro que poderão dizer que, neste mesmo período, o Sporting emitiu VMOC's no montante de 80 milhões de euros, que foram retirados do passivo e transferidos para o capital próprio. É verdade, isso de facto aconteceu no âmbito da reestruturação financeira, mas também é verdade que, aquando dessa mesma reestruturação, a SAD do Sporting absorveu a SPM, que tinha cerca de 170 milhões de passivo (para apenas cerca de 106 milhões de ativos).

Ou seja, José Manuel Antunes refere um aumento de 100 milhões de passivo - que é falso - para tentar insinuar que as contas do Sporting pioraram desde que Bruno de Carvalho é presidente - que também é falso. Começamos bem.

José Manuel Antunes também poderia ter aproveitado para falar dos 435 milhões de passivo (dos quais 298 são dívida bancária e obrigacionista) que o Benfica tinha a 31 de dezembro de 2016, mas aparentemente não teve tempo.


II. "As contas podiam ter sido apresentadas mais tarde"


José Manuel Antunes critica a data de apresentação das contas. Segundo o comentador, foram divulgadas como manobra de propaganda, para aumentar a popularidade da direção do Sporting. "Podiam ser apresentadas 3 meses mais tarde", segundo o comentador benfiquista.

As contas do Sporting que, como sabemos, resultaram num lucro de 30 milhões - o maior lucro de uma SAD até à data -, foram apresentadas no dia 7 de setembro de 2017 (uma quinta-feira).


Apresentar contas a 7 de setembro é um mistério, caro José Manuel Antunes? Comparemos então com as contas da época anterior, em que o Sporting apresentou um prejuízo de 32 milhões de euros:

Portanto, o Sporting apresentou 32 milhões de prejuízo no dia 8 de setembro (também uma quinta-feira). Muito mais tarde, como se vê... Imagino que a apresentação de contas más na mesma altura do mês também se tenha devido a uma "necessidade de algum pico de popularidade".

Uma pesquisa rápida ao site do Sporting permite ver que é habitual apresentar as contas anuais precisamente neste período do mês de setembro, como se pode ver no quadro abaixo.


Não só devia ter vergonha da ignorância que revela, como ainda tem a distinta lata de falar em "cosmética total", quando a única cosmética total que vejo aqui é a cor do cabelo do senhor Antunes.


III. Passivo aumentou "60 milhões neste último ano"


Estes números soltos só dão vontade de rir, tal o absurdo da narrativa: José Manuel Antunes, como seria previsível, mete as VMOC's no meio da conversa sem considerar a fusão com a SPM, e atira já para os 250 milhões de aumento de passivo. Sendo que, segundo o comentador, 60 milhões terão aparecido ao longo da última época.

Neste último número, acertou. De facto, o passivo do Sporting aumentou 60 milhões, o que, isoladamente, não quer dizer nada. Esse aumento de passivo explica-se, sobretudo, com o aumento da rubrica de fornecedores. O Sporting investiu no seu plantel e gerou um saldo a pagar aos clubes a quem contratou.

Um aumento do passivo seria preocupante se indicasse sinais de que o Sporting se pôs a gastar dinheiro que não tinha - que se refletiria, também, num aumento da dívida bancária e obrigacionista. Mas, na realidade, o Sporting baixou a dívida bancária e obrigacionista em 5 milhões (de 132 para 127 milhões). Isto significa o quê? Que o Sporting investiu usando dinheiro que gerou com as vendas de jogadores, como Slimani e João Mário.

Aliás, isso é perfeitamente visível olhando para o outro lado do balanço: os ativos da SAD aumentaram, no mesmo período, 92 milhões, graças, sobretudo, ao saldo de clientes (por causa das vendas de jogadores) e ao aumento do valor do plantel.


IV. "Os milhões antecipados da NOS"


José Manuel Antunes diz que o Sporting antecipou 60 milhões do contrato da NOS (30 milhões no ano passado mais 30 milhões este ano). Mais uma vez, usou uma forma habilidosa de pôr a questão.

O Sporting, em 2015/16, tinha cerca de 30 milhões de receitas antecipadas... que entretanto venceram e foram pagas à entidade bancária que nos facultou esse adiantamento. Entretanto, em 2016/17, o banco renovou essa linha de crédito, usando receitas do ano seguinte. Quero com isto dizer que os 30 milhões não se acumularam. Foram adiantados, pagos, e novamente adiantados. O Sporting tem 30 milhões de receitas antecipadas, ponto.


Como se pode ver no quadro acima, o valor cresceu marginalmente em relação a 2015/16. Não acumulou. Não são 60 milhões, como diz José Manuel Antunes, o Sporting tem 29,955 milhões de receitas antecipadas. Nunca é uma situação positiva antecipar receitas, mas também não se deve diabolizar o factoring como se fosse pior do que qualquer outro tipo de empréstimo. Aliás, como se pode ver, a taxa de juro que o Sporting paga pelas receitas antecipadas é de 3,25%, muito mais baixa, por exemplo, do que a taxa do empréstimo obrigacionista que contraímos há dois anos...


...  e também mais favorável do que a taxa de juro do empréstimo obrigacionista de 60 milhões (olha que giro... 60 milhões) que o Benfica contraiu este ano.



É um daqueles casos em que se aplica na perfeição aquele célebre desabafo de Scolari: e o burro sou eu?


V. As receitas penhoradas pela Doyen


Lá vem, mais uma vez, a lenga-lenga da Doyen. O Sporting assumiu os prejuízos da perda do processo da Doyen em 2015/16, quando colocou no passivo uma provisão de 14,991 milhões de euros. A partir daí, a questão passou a ser unicamente de tesouraria. Todas as receitas geradas nas competições europeias pelo clube, penhoradas ou não, são receitas do Sporting e incluídas, como não poderia deixar de ser, nas contas do Sporting.

Já agora, espero que José Manuel Antunes fixe a informação de que a UEFA já reteve os tais 17 milhões na totalidade (apesar de a dívida do Sporting ser inferior a isso). Ouvindo alguns benfiquistas, até dá a ideia de que o Sporting continuará a ter todas as receitas da UEFA penhoradas ad eternum...



VI. "Quando o Sporting vende um jogador (...) metade vai para a banca"


Começo por dizer que interpreto o valor da transferência de Adrien quase da mesma forma que José Manuel Antunes. Para mim, é uma venda de 20+5 que dará um rendimento à SAD de 20,5+5. Vou tentar explicar da melhor maneira que consigo.

O Leicester vai pagar 20+5. Acabam aí as responsabilidades do clube inglês. Em relação aos 4,5 milhões poupados, 500.000€ fazem parte do passivo (ou seja, é um custo que já foi assumido e contabilizado no passado) e terão de ser anulados com a venda, contribuindo por isso para um lucro extra de 500.000€ no exercício de 2017/18. Os outros 4 milhões são apenas um custo potencial que se evitou e que ainda não estava assumido nas contas.

Ou seja, esta poupança de 4 milhões permite transformar um rendimento que seria de 15,5+5 numa receita de 20,5+5. O Sporting insiste na versão dos 24,5+5, mas não me parece que esteja correta. Só seria uma receita de 24,5+5 caso tivesse também tivesse assumido previamente o custo dos tais 4 milhões (através, por exemplo, de uma provisão para acautelar uma perda provável futura), mas os passivos contingentes relacionados com despesas de vendas futuras não são, tanto quanto sei, reconhecidas no balanço. Há apenas uma nota informativa na secção dos passivos contingentes, mas que não fazem parte das contas. Posso estar enganado, claro, mas não encontrei qualquer referência no R&C que me leve a concordar com a versão apresentada pelo Sporting.

Mas de resto, José Manuel Antunes volta a meter os pés pelas mãos. Números, definitivamente, não é com ele. Diz que quando o Sporting vende um jogador acima de 5 milhões de euros, 50% vão para a banca. Segundo as suas contas, como Adrien vai render 20 milhões (ficando 15 milhões acima do tal limiar de 5 milhões), então 7,5 milhões vão para a banca, e o Sporting só recebe 12,5 milhões - um pouco menos do que o Benfica recebeu por Mitroglou, acrescentou no fim.

A forma pseudo-conhecedora como José Manuel Antunes fala chega quase a ser hilariante, tal o chorrilho de disparates que saem daquela boca. No acordo quadro entre Sporting e banca pode ler-se isto:


O Sporting vai receber do Leicester os 20 milhões na totalidade (deduzidos das eventuais comissões e despesas que possam ter existido), mais os 5 milhões caso os objetivos sejam cumpridos. Em julho de 2018, ou seja, daqui a cerca de um ano, terá de usar 30% da mais-valia gerada (e não da receita, são coisas diferentes) para reembolso da dívida bancária. Não é dinheiro jogado fora: é dinheiro que abaterá passivo bancário. Para além disso, também em julho de 2018, outros 20% das mais-valias serão colocados numa conta de reservas destinada ao pagamento das VMOC's, abatimento de dívida bancária ou despesas manutenção do património imobiliário - conta essa que é propriedade do Sporting. Esse dinheiro continua a ser do Sporting, e só o Sporting tem o poder de decidir quando utilizá-lo.

O Sporting receberá sempre o montante total da venda, simplesmente comprometeu-se a usar uma parte para cumprir com as suas obrigações com empréstimos. É um mecanismo que acaba por garantir que a dívida irá de facto ser abatida. Considerando a situação em que estava o Sporting há uns anos e percebendo a importância de se ir reduzindo a dívida, vejo este compromisso como uma segurança, e não como um problema.

Portanto, já que a comparação foi feita por José Manuel Antunes, o Sporting vai receber mais com Adrien do que aquilo que o Benfica recebeu até ao momento com Mitroglou.


VII. Os salários dos jogadores do Sporting


Nestas contas não estão ainda os salários de Coentrão, Doumbia e Mathieu. É verdade, nem deveriam estar, visto que só iniciaram a sua ligação ao Sporting a partir de julho de 2017. Não sei como José Manuel Antunes chegou aos 10 milhões de salários (não existem informações públicas sobre os vencimentos desses jogadores), mas vamos dar de barato que é verdade. A ideia deve passar por insinuar que os custos com pessoal vão disparar... mas se é verdade que há jogadores a entrar, também existem jogadores a sair. Adrien, Campbell, Markovic, Castaignos, André, Schelotto, Zeegelaar, Jefferson, João Pereira, Beto e Paulo Oliveira não estavam propriamente a jogar em regime pro bono.

Agora, dizer que no Benfica o jogador mais bem pago é Luisão e que só recebe 2 milhões, só pode ser comentado da seguinte forma:

Ahahahahahahhahahahahahah!

2 milhões, só se forem limpos, que equivale a mais de 4 milhões brutos - que vários jornais dizem ser o teto salarial do Benfica. Teto salarial, esse, que Luisão deve partilhar com outros "juniores", como Jonas, Júlio César, Carrillo ou Salvio. Zivkovic, que veio a "custo zero", também deve jogar por um par de gomas e um punhado de rebuçados. Jiménez, o senhor 22 milhões, é outro que deve ganhar pouco.

Mas isso levou-me a procurar os documentos revelados pelo Football Leaks, e encontrei outras coisas engraçadas, no que toca a salários:

Taarabt, esse craque que tão útil tem sido para o Benfica, ganha 2,3 milhões brutos por ano. Jovic, um jovem que Zahavi impôs ao Benfica por 6,6M (muito provavelmente integrado no negócio Carrillo) e que passou a maior parte do tempo na equipa B, ganha 0,6M anuais. E Ola John, esse jogador Doyen que já não conseguem impingir a ninguém, vai receber do Benfica este ano...


... a bonita verba de 1,8 milhões de euros.

Alguém quer um gelado na testa? José Manuel Antunes encarrega-se de os distribuir.


VIII. A contratação de Acuña


Sim, dizia-se que Acuña tinha uma claúsula de rescisão de 8 milhões (se era em dólares é possível que não seja um valor fixo em euros). O Sporting anunciou que o jogador foi contratado por 9,6 milhões de euros (e não os 10,2 milhões referidos por José Manuel Antunes). A isso há-de acrescer uma eventual comissão e prémio de assinatura.

A questão é que as contratações de clubes argentinos devem ser acrescidas de 15% do valor, que é entregue ao jogador. Ou seja, se a cláusula era mesma de 8 milhões, então o Sporting teria de pagar mais 1,2 milhões para além da cláusula - o que subiria o valor para 9,2 milhões.

De qualquer forma, é um assunto que não tardará a ser esclarecido: o Sporting divulga sempre, e detalhadamente, os valores das suas contratações - incluindo comissões e prémios de assinatura. Já outros clubes... bem, não vale a pena referir qual é o clube menos transparente no que toca a este tipo de informação, não é?


EPÍLOGO: Quem é José Manuel Antunes?

José Manuel Antunes foi vice-presidente do Benfica entre 1997 e 2000, e era responsável pelas modalidades amadoras do clube. Fez, portanto, parte da equipa do inesquecível João Vale e Azevedo, o que, como devem calcular, não é o melhor cartão de visita para um ex-dirigente desportivo, e muito menos lhe dá credibilidade para falar de contas de outros clubes. Uma coisa boa se pode dizer de José Manuel Antunes, no entanto: parece ser uma pessoa leal e amiga do seu amigo.


José Manuel Antunes estava disposto ir até ao fim com Vale e Azevedo. Acredito que haja muitos adeptos de outros clubes com imensa pena de que os sócios benfiquistas não tenham deixado José Manuel Antunes acabar o trabalho que começara três anos antes.


"O homem da formação económica sou eu", diz. Olhando para o currículo como dirigente do Benfica e para o que disse neste programa, talvez se deva antes auto-intitular de "homem da desinformação económica"...