sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Aprovação vs. banalização do discurso

Nuno Saraiva fez, na última terça-feira, um post centrado numa sondagem realizada pelo jornal O Jogo sobre duas questões relacionadas com os presidentes do três grandes. A primeira pergunta consistia numa avaliação do trabalho dos presidentes pelos respetivos adeptos. A segunda referia-se especificamente a Bruno de Carvalho: "O Presidente do Sporting está a banalizar-se no discurso ao falar constantemente?".



Concordo com a análise feita por Nuno Saraiva à primeira parte da sondagem. Efetivamente, as eleições do Sporting demonstraram que a esmagadora maioria dos sócios reconhece o bom trabalho que a direção liderada por Bruno de Carvalho tem feito. Relembro que as eleições aconteceram em março de 2017, numa altura em que os resultados da equipa de futebol não podiam ser mais desmotivadores. De lá para cá, a equipa tem realizado uma época de 2017/18 bem superior à anterior, e, para além disso, acrescentou-se ao palmarés do Sporting um campeonato nacional de andebol - que há muito nos fugia - e uma Taça Challenge, o bicampeonato e supertaça de futsal, com uma presença na final da UEFA Futsal Cup, domínio total ao nível do futebol feminino, onde se ganhou tudo o que havia para ganhar em todos os escalões, e ainda dois dos três títulos em disputa ao nível das camadas de formação de futebol masculino. O hóquei também começou a época em bom nível e a nova equipa de voleibol promete lutar pelo título. E, last but not least, as contas da SAD registaram o maior lucro da sua história.

É perfeitamente normal (e justíssimo) que esta direção tenha uma taxa de aprovação elevada. No entanto, aprovar-se de uma forma geral o trabalho desta direção não implica necessariamente que não existam aspetos a corrigir ou a melhorar - o que me leva à segunda parte da sondagem.


Se me tivessem perguntado se o presidente do Sporting está a banalizar-se no discurso ao falar constantemente, a minha resposta seria, sem margem para dúvidas, afirmativa. Bruno de Carvalho devia ter noção de que está a banalizar-se no discurso. A pergunta d' O Jogo está de facto construída de forma algo manipuladora, mas acredito que se fosse colocada de outra forma - como, por exemplo, "Como avalia o discurso do presidente Bruno de Carvalho neste último mês?" (para ficar idêntica à primeira pergunta da sondagem) -, os números continuariam a ficar bastante abaixo do que os da aprovação do trabalho realizado.

A sobre-exposição satura, e pelas reações que vou vendo a seguir a cada novo post, é crescente o número de sportinguistas que vão tendo cada vez menos paciência para o ler ou ouvir. Bruno de Carvalho pode e deve responder a ataques feitos ao clube e a si pessoalmente, mas isso não quer dizer que tenha de responder em todas as ocasiões e, mais importante, não quer dizer que tenha de responder a todos os que o atacam. Só em relação às intervenções mais recentes, Bruno de Carvalho fez bem em responder às calúnias de Paulo Pereira Cristóvão, fez bem em colocar António Salvador no seu lugar, mas o que ganha ao andar a responder a figuras insignificantes como Ribeiro e Castro e meter-se num bate-boca com Rui Santos? Não tem elementos na estrutura que poderão fazer essa lavagem de roupa suja por si, de forma a preservar-se para guerras mais importantes? Não teremos um presidente mais eficaz, com maior impacto na mensagem, se se souber guardar para as ocasiões que realmente o justifiquem?

P.S.: por exemplo, foi excelente a intervenção de Bruno de Carvalho no final do jogo de ontem que garantiu a presença na final four da UEFA Futsal Cup. Uma mensagem positiva e agregadora, coisa que não tem sido muito frequente nos últimos tempos. Vale mesmo a pena ouvir.