segunda-feira, 20 de novembro de 2017

VAR fora, dia santo na loja

Fim-de-semana alargado com mais uma eliminatória da Taça de Portugal, e a arbitragem portuguesa retomou a sua atividade presenteando-nos com exibições ao nível daquelas que tinha feito antes da paragem para os compromissos das seleções: miserável.

Em três jogos envolvendo os grandes do futebol português, não houve um que não tivesse pelo menos um erro grosseiro. Não vi os jogos dos nossos rivais, pelo que não posso afirmar que cometeram erros a beneficiar exclusivamente uma das equipas - os únicos lances que vi foram o da expulsão perdoada a Alex Telles e o do penálti perdoado a Varela -, mas o facto é que existiram decisões mal tomadas que poderão ter tido influência no resultado final.

No entanto, posso falar do que vi in loco em Alvalade e, mais tarde, pela televisão: uma quantidade desproporcionada de erros a favorecerem exclusivamente uma das equipas - não surpreendentemente, o adversário do Sporting.

A meio da primeira parte, ficou por marcar um penálti sobre Dost. O defesa do Famalicão não poderia ter sido mais óbvio no agarrão, prolongado e ostensivo, à camisola do holandês. Dos quatro pares de olhos da equipa de arbitragem que estavam no relvado, não houve um único que tivesse vislumbrado o sucedido.

Foi também óbvia a dualidade de critérios na marcação de faltas e na exibição de cartões, cumprindo-se mais um jogo que vai ao encontro de uma tendência já bem conhecida: os cartões saem com muito mais facilidade quando as faltas são cometidas por jogadores do Sporting. A partida terminou com 4 cartões amarelos mostrados a jogadores do Sporting (a maior parte por interrupção de ataques prometedores), contra apenas 1 mostrado a jogadores do Famalicão (nenhum por interrupção de ataque prometedor, e existiram vários).

Mas o lance mais inacreditável foi aquele que deu origem a uma grande penalidade marcada a favor dos visitantes:


Na mesma jogada, três erros consecutivos que acabaram por determinar uma oportunidade flagrante de o Famalicão reentrar na discussão do jogo: uma falta evidente sobre Battaglia que ficou por marcar imediatamente antes do cruzamento; posição irregular do jogador do Famalicão sobre quem é assinalado o penálti no momento do cruzamento; e não existe falta de Mattheus, pois é visível que não empurra o seu adversário - que, sentindo o braço do brasileiro nas suas costas, limitou-se a mergulhar para cavar a falta. 

Que a incompetência prolifera na arbitragem nacional, já todos sabemos. Mas fica difícil aceitar que se trata apenas de incompetência quando os erros acontecem todos a prejudicar o mesmo... porque, estatisticamente, seria expectável que pingasse um ou outro erro a prejudicar a outra equipa em campo.

Não é de estranhar que isto tenha acontecido numa competição em que não existe VAR. Não quer dizer que as arbitragens, com VAR, estejam a ser um modelo de isenção e competência - infelizmente, mesmo com VAR, continuam a cometer-se erros incompreensíveis -, mas ainda não tinha visto uma arbitragem deste calibre nesta época.

Acredito que, logisticamente, não seja possível à FPF ter VAR em todos os estádios nas primeiras eliminatórias, mas espero que Fernando Gomes anuncie a existência de videoárbitro, também na Taça de Portugal, já a partir dos oitavos-de-final. São só oito jogos, ou seja, menos do que uma jornada da Liga, pelo que não deverá ser difícil arranjar os meios humanos e tecnológicos necessários para que isso aconteça. E tem mesmo que acontecer, porque com os árbitros que temos, está mais que visto que não se pode facilitar.