terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Troca de passes com João Palhinha

Mais uma edição do "Troca de Passes", uma iniciativa das redes sociais do Sporting, desta vez com João Palhinha. Muito bom!



Observações de Pedro Henriques sobre o atual momento da arbitragem

No passado sábado, durante o rescaldo do Sporting - Paços, o ex-árbitro Pedro Henriques fez algumas observações interessantes sobre o estado da arbitragem. Aqui fica para quem não teve oportunidade de ver.

Sobre a forma como o CA preparou a sessão de esclarecimento dos casos de arbitragem:



Pedro Henriques levanta aqui alguns pontos muito relevantes. É de facto estranho que o CA apenas tenha dado acesso à imprensa escrita, e impedido que as televisões e rádios captassem imagens e som. O motivo que os levou a fazer isto parece-me óbvio: controlar aquilo que iria sair para o grande público. E o que saiu para o grande público foi um documento ridículo (LINK) em que se tentou branquear, com um par de frases e sem quaisquer explicações - porque não havia explicações plausíveis -, os erros que prejudicaram o Sporting na Luz.


Sobre a avaliação do CA ao fora-de-jogo do Benfica - Boavista:



Sendo verdade aquilo que diz Pedro Henriques, com as cambalhotas de opinião dadas por Bertino Miranda, estamos perante mais um exemplo da preocupação que o CA tem em condenar prontamente e de forma inequívoca os erros que prejudicam o Benfica. Condenação que, como todos nos recordamos, não aconteceu nos erros que prejudicaram o Sporting: o fora-de-jogo mal assinalado que anulou o golo de Alan Ruiz foi classificado de "admissível", enquanto o penálti cometido por Nelson Semedo no dérbi foi "lance difícil e de dúvida". É fácil perceber o verdadeiro intuito destas intervenções para "esclarecimento" do CA: passar um sinal de que os erros contra uns não são toleráveis, e que nos erros contra outros poderão contar com a sua compreensão.


Sobre a guerra entre Liga e Federação na questão do vídeo-árbitro:



Confesso que não sei ao certo o que está em causa nesta suposta guerra. Mas se tivesse que mandar um palpite, diria que a Liga e Federação querem ser os interlocutores com a FIFA na implementação do vídeo-árbitro em Portugal - com o consequente poder de sugestão sobre quem serão as pessoas que controlarão o sistema e sobre qual será o perfil dos juízes que farão o papel de vídeo-árbitro. Se for isto, é uma guerra que os responsáveis dos clubes deveriam denunciar e acompanhar.


Sobre a tecnologia da linha de golo:



A tecnologia de linha de golo é um melhoramento que ninguém contestará, pelo caráter objetivo dos erros que ajudam a analisar. Como disse Pedro Henriques, a sua implementação é um investimento e não um custo. De que esperam a Liga e FPF para colocarem este sistema em funcionamento nos estádios portugueses?

Basta! Chega!


Ao contrário do que poderão estar a pensar, esta imagem não é proveniente de um universo paralelo em que a arbitragem é controlada por um clube que não o Benfica. A imagem foi captada na noite de ontem, após a derrota em Setúbal. Ao que parece, a fonte queixa-se de erros sucessivos que prejudicaram o Benfica - e dá os exemplos dos jogos com o Marítimo (ainda o antijogo?!), Boavista, Moreirense (a sério?!) e V. Setúbal.

Curiosamente, esqueceram-se de incluir, nesta lista, a arbitragem de Jorge Sousa no dérbi. A brincar, a brincar, se o Sporting tivesse ganho (e fez o suficiente para ganhar) esse jogo, estaria a apenas 1 ponto do Benfica. E já nem meto ao barulho os pontos que perdemos contra V. Guimarães, Nacional, Braga e Marítimo...

É preciso ter descaramento.

P.S.: tratando-se da CMTV, não excluo a possibilidade de a informação ter sido mesmo transmitida a partir de universo paralelo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Gelsonata para piano nº 77

Para além do magnífico golo que marcou - seguramente um dos melhores que esta liga oferecerá esta época - vale a pena também recordar outros dois pormenores deliciosos de Gelson Martins na partida de sábado. Uma maravilha!




Cada vez mais próximo de se tornar uma realidade

Foram retirados os tapumes que rodeavam o recinto da obra do Pavilhão João Rocha. Já falta tão pouco...

(via @drfcseixas_)

Impunidade vermelha


É difícil perceber que motivos encontrou Rui Vitória para se insurgir contra a arbitragem de Tiago Martins, durante e no final do Moreirense - Benfica.

Sim, é verdade que o Moreirense fez algum antijogo a partir do momento em que se viu em vantagem no marcador - mas nada que não se veja todas as semanas num qualquer relvado em Portugal. E também é verdade que, no momento da marcação do livre que está na origem segundo golo do Moreirense, Eliseu é agarrado por um jogador do Moreirense (que daria falta ofensiva), mas, precisamente no mesmo momento, também existiu um bloqueio de Jonas a um adversário (que daria penálti a favor do Moreirense). Qual das infrações tem precedência?


Não vi o jogo, mas vi, no Twitter e noutros blogues, vídeos de dois lances em que o árbitro, incompreensivelmente, não expulsou dois jogadores do Benfica. Mas não foi apenas isso: vi referências a um pontapé de Jonas num adversário que o árbitro, condescendente, achou que poderia ser punido apenas com um amarelo; e também vi uma referência a um momento mais rigoroso de Tiago Martins, quando decidiu mostrar um amarelo a um jogador do Moreirense num lance em que houve agarrão mútuo.

Fui procurar esses lances, e acabei por ver cerca de 25 minutos da partida. Entre os 18 e os 22 minutos; alguns lances do início da segunda parte; e os últimos 20 minutos do jogo (nos quais se incluem os 7 minutos de descontos que o árbitro concedeu).

O que posso dizer sobre o que vi é o seguinte: a missão do Moreirense era difícil à partida pelo nível do adversário, mas tenho que lhes dar ainda mais crédito pela vitória que alcançaram, pois Tiago Martins inclinou claramente o campo a favor do Benfica. É impressionante a quantidade de faltas cometidas sobre jogadores do Moreirense que o árbitro deixou passar, faltas não existentes assinaladas a jogadores do Moreirense, para não falar da dualidade de critérios na ação disciplinar. Em caso de dúvida, Tiago Martins apitou sempre a favor dos mesmos. Fica aqui uma compilação do que apanhei nesses 25 minutos. Nem quero imaginar como terão sido os restantes 72 minutos...



Como se pode ver, foi um jogo onde fica evidente a impunidade que existe atualmente para os jogadores benfiquistas. Já todos perceberam que este jogo não foi uma exceção. Apenas 10 dias antes, pore exemplo, Jonas conseguiu não ser expulso depois de ter feito isto a um adversário:



Rui Vitória queixa-se de quê, mesmo?

Não admira, portanto, que a única expulsão para jogadores do Benfica que aconteceu este ano em competições nacionais tenha sido... a pedido: Pizzi viu um segundo amarelo, nos descontos, com o jogo resolvido, para poder limpar o castigo num jogo da Taça da Liga e poder jogar na jornada seguinte em Guimarães. Mas o mais engraçado nessa expulsão é que se pode ver que os árbitros evitam ao máximo punir disciplinarmente os jogadores do Benfica MESMO QUANDO as faltas são cometidas propositadamente para ver amarelo. É que momentos antes de ter visto o segundo amarelo ao atrasar a marcação de um livre, Pizzi já tinha tentado ser expulso:



Pizzi acertou em cheio num adversário muito depois da bola já lá não estar. Uma falta para vermelho direto, que o árbitro fingiu não ver. 

Em parte até se compreende: ninguém quer ser o próximo Marco Ferreira.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Parabéns ao Moreirense, ao Inácio e aos nossos putos!

Foto: Jorge Amaral / Global Imagens

"Você merece. Joga muito!"


Vídeo publicado por Podence com os festejos no balneário:

Geraldes em modo 'trash talk'

Geraldes e Podence entrarão daqui a pouco em campo para disputar a final da Taça da Liga para o Braga, mas vale a pena recuperar alguma da atividade de Francisco Geraldes após o jogo das meias-finais.


No balneário, logo após o jogo:


Respondendo a comentários dos seus admiradores benfiquistas:



E no dia seguinte ao jogo...


Golaço ou golazo, depende da perspetiva


(via @comquemsporting)



Um leão viciado em sofrimento

As coisas são o que são: o estado psicológico - futebolisticamente falando, claro está - deste sportinguista que vos escreve já viveu melhores dias. Comentava com os meus companheiros de bancada, ao intervalo, que não me conseguia sentir tranquilo com a vantagem de 3-0 construída durante a primeira parte. Apesar do domínio avassalador que o Sporting demonstrara até então, apesar das grandes exibições de Gelson, Schelotto, Dost, Adrien e Alan Ruiz, apesar do entusiasmo que parecia contagiar a equipa e as bancadas, não conseguia deixar de pensar em todos os fatores adversos - um meio-campo amarelado ou em risco de exclusão e a tremideira que poderia surgir com um eventual golo do Paços - que poderiam azedar uma noite que, até ao momento, roçava a perfeição. Porque sei que o Sporting é um viciado em sofrimento. E ontem, lá está, não foi capaz de passar sem a sua dose habitual. Felizmente que, desta vez, o final foi mais feliz, pois, para alívio generalizado, Dost deu a estocada final na partida imediatamente a seguir ao segundo golo do Paços. 



A primeira parte - Jesus disse, na flash interview, que talvez tenham sido os melhores primeiros 45 minutos do Sporting esta época. Tendo a concordar com o treinador. O Sporting entrou em campo com vontade de marcar rapidamente, jogando com intensidade e de forma mais prática do que tem sido normal. Para essa maior simplificação de processos foi decisiva a capacidade de desequilíbrio em velocidade do nosso flanco direito: Gelson Martins e Schelotto combinaram muito bem, fazendo duas das exibições mais positivas da equipa. Destaque também para Adrien e Alan Ruiz: o capitão esteve bastante dinâmico, aparecendo várias vezes na área para finalizar, enquanto o argentino parece estar a definir melhor o tempo de controlo e entrega do esférico. A consequência desta conjugação de fatores foi uma primeira parte de grande nível, colorida com três golos e várias outras oportunidades para marcar.

A qualidade dos golos - falo do 2º e do 3º, obviamente. Duas obras de arte, cada qual dentro do seu género. Valeram, por si só, o preço do bilhete.

De novo Bis Dost - mais dois golos, à ponta-de-lança, o último dos quais devolveu a tranquilidade à equipa. Já leva 16 golos em 16 jogos (8 golos nos últimos 5 jogos), com uma taxa de aproveitamento fenomenal, e sem qualquer penálti convertido. Começa a ser difícil encontrar adjetivos que o classifiquem.

O "Ruuuuuuui!!!" voltou a ouvir-se em Alvalade - depois de ter comprometido na jornada passada, Rui Patrício deu a melhor resposta possível: voltou a ser decisivo. Efetuou três defesas cruciais, uma das quais magnífica, quando impediu que Welthon, isolado, reduzisse para 3-2 ainda antes dos 60'.  



Incapacidade de gerir resultados - mais uma vez, o Sporting tinha tudo para ter o jogo controlado... mas foi incapaz de gerir o resultado. É certo que a falta de confiança que advém dos maus resultados dos últimos meses não ajuda, mas também há uma questão tática que, na minha opinião, Jorge Jesus deveria ponderar: a disposição das peças tem de ser necessariamente diferente quando queremos abrandar o ritmo de jogo. Abrandando o ritmo de jogo, ficamos mais expostos à pressão adversária - que, em desvantagem, tem maior interesse em procurar a bola -, que reduz drasticamente as linhas de passes disponíveis e acaba por forçar erros dos nossos jogadores. Para além disso, consentimos demasiadas situações de contra-ataque - recordo-me de três ou quatro situações de igualdade ou vantagem numérica de jogadores do Paços. O nosso meio-campo deveria ser reforçado para não se correr tantos riscos, quer nas trocas de bola, quer na contenção necessária quando a perdemos. Mas o meio-campo não só não foi reforçado, como ainda sofreu com as dificuldades físicas que Alan Ruiz e Bryan Ruiz revelaram a partir dos 60 minutos. Assim fica difícil controlar o quer que seja.

Bolas paradas defensivas - o Paços de Ferreira conseguiu criar imensos problemas nos vários cantos de que dispôs. Marcou um golo e não ficou longe de fazer abanar as redes noutro par de ocasiões. Na semana passada, na Madeira, o Sporting também se revelou bastante vulnerável neste tipo de lances - o que é preocupante para a próxima jornada, considerando que o Porto tem tido um aproveitamento bastante apreciável nas bolas paradas.

O amarelo de William - o nº 14 foi um dos protagonistas do grande momento da noite, ao fazer a assistência para o golo de Gelson, mas, no geral, a sua exibição foi bastante cinzenta na primeira parte. Falhou muitos passes, errou no timing de pressão em algumas situações que deixaram a defesa exposta, e, para piorar, viu um cartão amarelo desnecessário (mas justo) que o deixa de fora do jogo do Dragão. Há que dizer, no entanto, que melhorou de produção na segunda parte, quando se adiantou no terreno e passou a ter Palhinha nas suas costas.



Regresso às vitórias com uma exibição que, a espaços, fez lembrar a equipa dominadora que tivemos na época passada. Segue-se um desafio importantíssimo no Dragão, que, correndo bem, pode servir para a equipa recuperar muita da confiança perdida.

Arte de régua e esquadro e arte com pinceladas de mestre

Dois enormes momentos de futebol, cada qual no seu estilo. Alan Ruiz, Schelotto e Dost a sacarem da régua e esquadro para traçar o caminho para a baliza, e William e Gelson a desenharem arcos que tiraram do caminho meia equipa do Paços. Magnífico!


sábado, 28 de janeiro de 2017

Pois claro que é um erro admissível


Mais uma obra a entrar para a galeria das extraordinárias justificações do Conselho de Arbitragem de erros que prejudicam o Sporting.

Depois do "lance difícil e de dúvida" que foi o claro penálti cometido por Nelson Semedo - em oposição ao reconhecimento de que houve infração num lance exatamente igual no Chaves - Porto -, eis que o CA tenta transformar isto...


... num erro admissível. 

O erro seria admissível se Ruiz estivesse em linha com o defesa no momento do passe, cobrindo a visão que o auxiliar do jogador do Marítimo. O erro seria admissível se as leis dissessem que os árbitros devem beneficiar quem defende em caso de dúvida. Mas não. Não só Ruiz não tem um arrancada particularmente rápida, como parte nitidamente de trás. 

Para levantar a bandeirola, o auxiliar Nelson Moniz necessitava de ter a certeza de que Ruiz estava adiantado. Para alguém que está treinado para avaliar este tipo de situações, não se pode considerar um erro destes como admissível. A não ser, claro está, que a equipa prejudicada tenha sido aquela que nós sabemos.

Arrumando a casa

Nos últimos dias, o Sporting resolveu três situações de jogadores que tinham pouco ou nenhum espaço no plantel. A sua saída era uma necessidade óbvia, não só para abrir vaga para outros jogadores que poderão ter um papel importante no futuro do Sporting, mas também para reduzir custos.



Elias

Dos reforços chegados esta época, Elias foi, para mim, a maior desilusão. Tinha a convicção de que poderia ser uma alternativa real a Adrien, com possibilidades de, inclusivamente, disputar a titularidade com o capitão. O tempo veio demonstrar que não podia estar mais enganado, pois o rendimento do brasileiro foi quase sempre medíocre, nunca tendo sido capaz de substituir Adrien enquanto este esteve lesionado.

Creio, no entanto, que o sistema de jogo de Jorge Jesus acabou por prejudicar Elias. O treinador precisava de um jogador que pegasse na bola no meio-campo do Sporting e a conduzisse para o ataque, e que fosse o primeiro tampão para as iniciativas de contra-ataque adversárias. Infelizmente, o médio nunca demonstrou grande apetência para essas tarefas. Olhando para Elias em campo, via-se um jogador que raramente dava linhas de passe aos companheiros nas saídas para o ataque, e que preferia encostar-se aos dois homens mais avançados. Esse adiantamento tirava-lhe significativo espaço de ação na reação à perda de bola, e tornava-o inútil no início de construção. Provavelmente, em 4-3-3, como médio mais adiantado, poderia ter sido muito mais útil. Em 4-4-2, num meio-campo a 2, foi sempre um risco tremendo, contribuindo para a abertura de imensas clareiras que davam todo o espaço do mundo para os adversários explorarem.

O Sporting gastou 2,5 milhões de euros em 50% do passe de Elias (os outros 50% já pertenciam ao clube), mais 250.000 euros em comissões. Ontem, foi anunciado que o Sporting receberá 2,5 milhões de euros por 70% do passe, com a possibilidade de receber mais 1 milhão por objetivos. No global, acabou por ser um mau negócio para o Sporting. Nas circunstâncias atuais, considerando o rendimento desportivo e o elevadíssimo salário que auferia, acaba por ser um mal menor a sua saída a partir do momento em que se conseguiu reaver a maior parte do valor investido.


Meli

O argentino veio para o Sporting a título de empréstimo. Também ontem, o Sporting anunciou a revogação do empréstimo.

É difícil comentar a passagem de Meli por Alvalade. Chegou no final de julho, mas acabou por ser utilizado durante apenas 47 minutos na pré-temporada. Nas competições oficiais, somou 7 minutos contra o Praiense (TP) e 9 minutos contra o Arouca (TL). Pouco, muito pouco, para podermos perceber se foi uma questão de falta de qualidade ou de dificuldades na adaptação.

O Sporting pagou 130.000 euros pelo empréstimo que, obviamente, não foram recuperados.


Markovic

Não fiquei louco de alegria quando Markovic foi anunciado como reforço, mas pensei que poderia ser, no mínimo, um elemento útil ao plantel. Enganei-me. Na sua estreia, frente ao Moreirense, falhou um golo quando ia completamente isolado frente ao guarda-redes, o que acabou por ser uma espécie de antevisão do que seriam o resto dos seus jogos de leão ao peito. Ainda marcou dois golos (um dos quais valeu a passagem na eliminatória da Taça de Portugal em Famalicão), mas, de uma forma geral, as suas exibições foram sofríveis. Claro que também não ajudou em nada ser alvo de assobios por parte dos sportinguistas ao fim de alguns jogos mal conseguidos.

Considerando que era um jogador emprestado, sem rendimento desportivo, e mal-amado com os adeptos, fazia todo o sentido terminar a sua ligação com o clube. O seu empréstimo custou 1,5 milhões ao Sporting.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Os alertas de Vítor Serpa

Vítor Serpa, diretor do jornal A Bola, decidiu usar o editorial de quinta-feira para comentar a entrevista dada por Jorge Jesus à Sporting TV, no dia anterior, e que foi assunto de capa dessa edição.

No entanto, ao contrário do que seria de esperar, Vítor Serpa não centrou os seus comentários no conteúdo da entrevista. Não fez quaisquer considerações sobre o discurso do treinador, não mencionou as acusações feitas ao setor da arbitragem, nem sequer criticou a incapacidadade de Jesus em assumir erros próprios, que estão à vista de todos.

Para Serpa, a questão mais relevante da entrevista reside no facto de Jesus... ter dado a entrevista à Sporting TV.


Compreendo parcialmente o ponto de vista de Vítor Serpa. Quando um profissional de um clube dá uma entrevista a um órgão de comunicação do próprio clube, é evidente que se reduzem significativamente as probabilidades de serem feitas perguntas realmente incómodas. A partir do momento em que existem restrições destas, é legítimo que se diga que a entrevista tem menos interesse do que teria caso fosse conduzida por jornalistas totalmente independentes.

No entanto, conforme referi no início do parágrafo anterior, Serpa apenas tem razão parcial naquilo que escreve. O que não faltam por aí são exemplos de entrevistas realizadas por órgãos de comunicação social (em teoria) independentes que, apesar desse estatuto, parecem revelar idêntica aversão a perguntas incómodas. 

Como não referir, por exemplo, as entrevistas de ano novo que o próprio jornal A Bola faz, por intermédio do seu diretor adjunto, José Manuel Delgado, a Luís Filipe Vieira? Falamos de entrevistas que mais parecem conversas amenas entre dois amigos de longa data, em que o jornalista se limita a lançar temas previamente combinados, sem qualquer contraditório, nem interesse em dar sequência a respostas que não esclarecem nada nem ninguém.

Ou então, podemos também recordar a longuíssima entrevista que a TVI fez ao mesmo Luís Filipe Vieira, dividida em duas partes: a primeira, conduzida por José Alberto Carvalho, em que foi óbvia a falta de preparação do entrevistador - com a atenuante de o futebol não ser a sua área; e a segunda, que foi conduzida por adeptos / antigos atletas do Benfica - Pedro Ribeiro, Domingos Amaral e Diamantino.

Não me recordo de ver o diretor do jornal A Bola mostrar-se incomodado por Luís Filipe Vieira escolher interlocutores tão tenrinhos quando decide sair da sua zona de conforto (BTV).

Mas as palavras de Serpa ganham contornos de hipocrisia suprema se fizermos um pequeno exercício de memória e recuarmos ao verão de 2014, para recuperar as palavras que o diretor de A Bola escreveu por ocasião de uma entrevista dada por Luís Filipe Vieira à BTV. Relembre-se que esse período foi particularmente quente para o Benfica, pois o clube estava envolvido em polémica por causa de vários assuntos, como a questão BES, a fuga de Oblak ou os empréstimos de Bernardo Silva, Cancelo e Cavaleiro. Vítor Serpa dedicou à entrevista um pequeno comentário, num canto da sua página semanal, com o título "A entrevista do presidente".


Será que se mostrou igualmente incomodado pelo facto de a entrevista ter sido feita pela BTV, e com a consequente limitação da "total liberdade de expressão e do manifesto interesse do público"? Vejamos:


Condições restritivas? Lógica comunicacional que oscila entre a informação e a propaganda? Nada disso: Neste caso, Vítor Serpa considerou que Vieira "fez bem em falar", numa entrevista que classificou de rigorosa e digna.

Não é novidade nenhuma esta falta de coerência e de princípios em Vìtor Serpa, característica que se estende também aos seus adjuntos. O próprio confirma a sua própria falta de princípios na coluna de ontem, ao escrever: "É, aliás, pelos perigos que assinalamos, que o recente congresso dos jornalistas fez aprovar uma recomendação para que, nestas condições, nenhum jornal publicasse este tipo de entrevistas. Por respeito a Jorge Jesus e aos leitores de A BOLA publicamos as declarações do treinador".

Curioso: Serpa faz questão de assinalar os perigos das entrevistas a canais de clube, mas não deixa de pactuar com elas ao dar-lhes eco. E deveria ter-se abstido de justificar essa decisão com um suposto respeito por Jorge Jesus e pelos leitores do jornal, porque isso não é verdade: Serpa publicou a entrevista por simples motivos comerciais. É evidente que não existe qualquer respeito por Jorge Jesus - desde que trocou de clube, claro está - nem qualquer respeito pelos leitores. Se respeitassem os leitores, não mudariam de opinião sobre as mesmas coisas em função dos interesses do momento, nem seriam o patético meio de propaganda benfiquista em que se transformaram.

Rui Pedro Braz, consultor motivacional

Belo discurso motivacional de Braz na tarde de ontem, a fazer o lançamento do Benfica - Moreirense, a fazer lembrar Mel Gibson, no papel de William Wallace, a dirigir-se às suas tropas antes de carregarem sobre o exército inglês. Aparentemente não funcionou.


(via @CremeAcido)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

- Aquele é o Inácio?

"Aquele é o Inácio?"

Quod erat demonstradum

Novo texto do 3295C.



Na foto pode observar-se a expressão de quem acaba de ser apelidado publicamente, na presença de (não um, mas) dois Presidentes da República, de papagaio.


Na segunda-feira haverá certamente quod erat demonstradum para gozo nacional.

Como não amar?

Depois de, seguramente, ter ouvido as reações de vários comentadores sportinguistas às barbaridades que disse ao comparar a situação atual do Sporting com a do tempo de Godinho Lopes, Rui Pedro Braz tentou, na terça-feira passada, salvar a réstia de dignidade que ainda pensa que tem.



Braz parece um soldado do Alamo, com a batalha irremediavelmente perdida, ainda a tentar usar as poucas balas de que ainda dispõe, depois de ter desperdiçado a maior parte das munições disparando para o ar para tentar assustar os mexicanos que os cercavam. Pegando nas palavras do saudoso Milhafre Orlando: como não amar?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O comunicado do Sporting sobre o alegado prémio de futsal

O Sporting emitiu, ao princípio da tarde, um comunicado em resposta às acusações feitas por Carlos Severino e André Ventura sobre um alegado prémio que Bruno de Carvalho teria recebido pela vitória no campeonato de futsal:




Esclarecimento dos órgãos sociais do Clube e da SAD



Em virtude de afirmações falsas e caluniosas sobre o pagamento de um prémio superior a 250 mil euros ao Presidente do Sporting Clube de Portugal, entendem os órgãos sociais do Clube e da SAD prestar o seguinte esclarecimento:



1 – É uma falsidade intolerável e um acto inaceitável, contra a honra e dignidade do Sporting Clube de Portugal e do seu Presidente, fazer passar de forma reiterada para a opinião pública a mentira de que houve lugar ao pagamento de qualquer remuneração fora das regras e em montantes absurdos e despropositados, causando de forma dolosa forma um ambiente de alarme social.



2 – Conforme compromisso assumido e como foi sempre afirmado, o Presidente do Sporting Clube de Portugal e os restantes membros do Conselho Directivo do Clube não auferem qualquer remuneração por qualquer actividade desenvolvida no mesmo.



3 – Enquanto Presidente do Conselho de Administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD, a única remuneração extra recebida a título de prémio ao longo do actual mandato foi de 14.051 euros, conforme pode ser verificado e comprovado na página 80 do Relatório de Gestão da SAD, relativa ao exercício concluído a 30 de Junho de 2016, não existindo quaisquer outras remunerações pagas por qualquer outra sociedade do Grupo Sporting.



4 – Em defesa da reputação, da honra e do bom nome do Sporting Clube de Portugal e do seu Presidente, da Sporting SAD e dos seus accionistas, reservam-se o Clube e a Sociedade o direito de agir civil e criminalmente contra todos aqueles que, de forma consciente, produzam este tipo de afirmações que consideramos difamatórias.



A Mesa da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal
A Mesa da Assembleia Geral da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD
O Conselho Fiscal do Sporting Clube de Portugal
O Conselho Fiscal da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD
O Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal
O Conselho de Administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD

A Comissão de Accionistas da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD





Muito bem. Desmente categoricamente as acusações, de forma objetiva e neutra, sem entrar em considerações desnecessárias, e coloca a hipótese de se levar a tribunal quem alimenta esse tipo de mentiras. Um comunicado perfeito.

A última acusação de Carlos Severino

Esta manhã, Carlos Severino fez, na sua página de Facebook, mais uma acusação à direção do Sporting, desta vez relacionada com a suposta contratação de André Pinto, jogador que está em final de contrato com o Braga.


"André Pinto NEGOCIADO POR AGENTE DA DOYEN???", pergunta, em modo de acusação, Carlos Severino. 

Todos sabemos que o mundo dos empresários de futebol é extremamente nebuloso. A intricada rede de interesses que existe, acaba, muitas vezes, por juntar empresas concorrentes em determinados negócios. Mas dizer que Pedro Pinho é agente da Doyen é, simplesmente, mentira.

Pedro Pinho é um empresário que é co-proprietário da Energy Soccer, empresa de agenciamento e intermediação de jogadores. De há uns anos para cá, esta empresa tem sido notícia por diversas vezes: é que um dos sócios da Energy Soccer é Alexandre Pinto da Costa, e, não surpreendentemente, muitos dos negócios da Energy Soccer tiveram o Porto como cliente.


A Energy Soccer é também a empresa que gere a carreira de André Pinto. Logo, é natural que o Sporting tenha que negociar diretamente com a Energy Soccer. A Doyen não tem absolutamente nada a ver com jogador.


Houve, de facto, uma altura em que a Energy Soccer teve uma relação relativamente próxima com a Doyen, mas apenas em negócios ligados ao Porto. A Vela (uma das empresas do universo Doyen) pagou à Energy Soccer uma verba relacionada com Casemiro - num negócio que tresanda a forma de dar uma comissão ao filho do presidente do clube, porque surge numa altura em que o brasileiro já era jogador do Porto, e quando se aproximava o momento em que se decidiria se o Porto acionava a opção de compra e se o Real Madrid acionaria a cláusula de recompra.

(documento com data de 14 de janeiro de 2015)

Também por essa altura, a Vela e a Energy Soccer estabeleceram um contrato em que a segunda prestaria serviços de scouting à primeira pelo valor de 140.000€. Mais uma vez, não espantaria se fosse um contrato arranjado à força para permitir a distribuição de comissões referentes a outros assuntos. São estas as ligações conhecidas entre a Doyen e Pedro Pinho, através da Energy Soccer.

Carlos Severino está, simplesmente, a tentar gerar polémica, misturando assuntos que nada têm a ver entre si. Se o jogador André Pinto interessa ao Sporting e se está em final de contrato, é normal que o Sporting tenha de negociar diretamente com o seu agente, e é normal que pague uma comissão mais elevada do que pagaria se se tratasse de um jogador com contrato. Se o Sporting gastar um milhão de euros na assinatura e comissões (coloco este valor porque é o que se tem falado) de um jogador que era titular do Braga (consta que o Porto o tentou contratar no verão passado e que o Braga terá pedido cerca de 10 milhões, razão pelo qual depois se viraram para Boly, mais acessível) estará, em teoria, a fazer um bom negócio. E, como é hábito, os sportinguistas ficarão a conhecer os valores exatos em setembro, no habitual quadro divulgado pela SAD no final de cada janela de transferências.

Tudo isto é prática comum, pelo que não há aqui qualquer novidade, e a Doyen não tem nada a ver com o possível negócio, pelo que também não há qualquer incompatibilidade face às posições do Sporting face ao papel dos fundos no futebol.

Ao longo dos últimos dias, Severino tem feito várias acusações que já preencheram horas e horas de debate nas televisões, algumas das quais já foram desmentidas, enquanto outras seguramente o serão no futuro. Carlos Severino tem usado e abusado do nome do Sporting para obter protagonismo, e parece desesperado em conseguir um tacho numa CMTV da vida. É que, não se tendo candidatado, vai perder o selo de "candidato às últimas eleições do Sporting". Aliás, podemos relembrar a triste figuras que fez ao anunciar a sua candidatura à presidência do Sporting...


... para, poucos dias depois, ter anunciado o apoio a Madeira Rodrigues. Imagino a desilusão dos muitos sportinguistas que lhe lançaram o repto para se candidatar...

O exemplo de Carlos Ruesga

A equipa de redes sociais do Sporting publicou ontem um novo episódio do "Troca de Passes", um segmento que, durante os seus três minutos de duração, dá a conhecer um pouco melhor alguns dos atletas do clube. Ontem foi a vez do central da equipa de andebol, o internacional espanhol Carlos Ruesga:


Já estava para escrever há algum tempo sobre Ruesga, não tanto pelo seu indiscutível valor como atleta - falamos de alguém que foi campeão de mundo pela Espanha no mundial de 2013 - mas pela forma absolutamente exemplar como respira Sporting, dentro e fora de campo. 

Carlos Ruesga foi um dos reforços trazidos por Zupo no último defeso, mas, olhando para a forma como se envolve na vida do Sporting, parece que é adepto do clube há anos. É frequente vê-lo a assistir a jogos de outras modalidades...







... assinala eventos do clube em que participa...


... divulga as partidas da equipa de andebol que se seguirão, dirigindo-se aos sportinguistas no final, seja em caso de vitória, seja em caso de derrota...





... interage frequentemente com os sportinguistas através da sua conta ou pelas redes sociais do clube...








... e até em eventos que nada têm a ver com o Sporting, não deixa de se assumir como um representante do clube - como foi o caso da receção aos Reis de Espanha na última visita de estado a Portugal.


(envergando o fato do Sporting)

Ruesga é um modelo que os restantes atletas do Sporting deveriam seguir, no se refere ao compromisso que um profissional pode ter fora de campo. Em particular, um exemplo para muitos jogadores da equipa principal de futebol (não todos, felizmente) que, apesar da sua visibilidade e popularidade, pouco contribuem na tarefa de envolver os sócios e adeptos no dia-a-dia do clube e na propagação do orgulho de ser sportinguista.

Pelo que faz dentro e fora de campo, é um privilégio termos um jogador como Carlos Ruesga a envergar as nossas cores.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

As afirmações de Madeira Rodrigues sobre a Missão Pavilhão

Ontem, durante a entrevista dada na RTP3, Madeira Rodrigues foi questionado sobre se tinha ou não participado na Missão Pavilhão. A resposta do candidato foi a seguinte:

(via @leao_rampante)

Uma pessoa não passa a ser menos sportinguista por não ter contribuído para a Missão Pavilhão - pode haver quem não possa, pode haver quem não a tenha considerado importante, e pode até haver quem não tenha participado como forma de protesto contra a atual direção -, mas estas justificações de Madeira Rodrigues não fazem qualquer sentido.

A Missão Pavilhão foi lançada oficialmente em maio de 2014, por altura da última jornada da temporada 2013/14. Lembro-me perfeitamente de, no Sporting - Estoril, que fechou essa época, haver vários angariadores espalhados pelas bancadas, explicando a iniciativa aos sócios e recolhendo donativos, com camisolas nº 12 para entrega imediata a quem aderisse. Só alguns meses mais tarde, em agosto, após a venda de Rojo, se disse que o pavilhão estaria pago - quando parte da verba dessa transferência foi canalizado para a construção do pavilhão.

Não percebo, portanto, com que bases estava Madeira Rodrigues convencido que o Sporting já tinha dinheiro para o pavilhão na altura em que a campanha de angariação de donativos foi lançada.


Taça de Portugal: Sporting 4 - Fut. Benfica 2

Segunda vitória no espaço de uma semana ao Futebol Benfica, desta vez em Alcochete, por 4-2. Com este resultado, o Sporting avançou para os quartos-de-final da Taça de Portugal.

Os golos foram marcados por Diana Silva, Tatiana Pinto, Solange Carvalhas e Ana Capeta, com assistências de Matilde Figueiras, Solange Carvalhas, Ana Borges e Rita Fontemanha.

Pode-se fazer, portanto, um balanço muito positivo para esta série de jogos que poderia colocar em risco os objetivos da equipa.

De destacar também a estreia de Amélia Vale Pereira, o mais recente reforço do mercado de inverno. Ana Borges já tinha participado em duas partidas para o campeonato. O Sporting parece agora ainda melhor apetrechado para atacar ambas as provas, visto que falamos de duas das melhores jogadoras portuguesas da atualidade.




Entretanto, chegou ao fim a primeira fase do campeonato distrital de Lisboa em sub-17, com uma participação exemplar da equipa sportinguista: 10 vitórias nos 10 jogos disputados, com uma média superior a 11 golos por jogo. De notar que, apesar de ser uma equipa sub-17, o plantel é constituído exclusivamente por jogadoras com idades entre os 12 e os 15 anos.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Analisando o programa de Madeira Rodrigues

É normal que um candidato que concorra contra um presidente em exercício necessite de pontos de diferenciação que lhe permita captar o maior número de votos possível. Seria de esperar algumas propostas inovadoras no programa e, verdade seja dita, essas propostas inovadoras apareceram. Infelizmente, a maior parte não faz grande sentido face à realidade do clube. Ainda assim, há algumas ideias interessantes que gostaria de ver implementadas, independentemente de quem ganhe as eleições.

Retirei do programa as medidas que me parecem merecer maior destaque, seja por bons motivos ou por me parecer não fazerem sentido, e as que me parecem necessitar de esclarecimentos adicionais. Coloco-as pela ordem que aparecem no programa, e não pelo nível de importância. A negrito está o texto do programa, seguindo-se, a fonte normal, os meus comentários.



Positivo

Utilizar a equipa B como plantel de apoio à equipa principal: a meu ver, a equipa B poderia ser muito mais útil caso existisse uma maior interligação com a equipa principal. A equipa B deveria servir para dar ritmo competitivo aos jogadores menos utilizados da equipa principal, como também, havendo um plantel principal mais reduzido, se deveria incentivar a promoção temporária de jogadores da equipa B à equipa principal, em caso de necessidade - o que certamente serviria de fator de motivação aos mais jovens. Obviamente, a colocação em prática desta ideia depende muito do treinador da equipa principal, mas, como é óbvio, a direção tem sempre formas de a "facilitar".

Garantir a interligação entre os horários dos jogos das várias modalidades para voltarmos a ter dias “à Sporting”: com a entrada em funcionamento do pavilhão João Rocha, isto é, para mim, essencial. É verdade que neste momento ainda não existe um pavilhão próprio, mas têm sido demasiadas as ocasiões em que se marcam jogos de modalidades para a mesma hora de jogos da equipa de futebol, o que não faz qualquer sentido.

Explorar a possibilidade de introdução do voto electrónico nos núcleos, salvaguardando a total fiabilidade dos sistemas: em 2017, não faz sentido que não exista ainda uma solução que facilite a participação eleitoral dos sportinguistas que vivem longe de Lisboa.

Dinamizar a proximidade de sócios às figuras do clube, aproveitando o site e as plataformas de comunicação organizando, entre outros, live chats regulares: há relativamente pouco tempo - creio que no início desta época - fez-se um live chat com jogadores da equipa de futsal, que correu muito bem. O clube só tem a ganhar com a aproximação dos seus atletas (incluindo os de futebol) aos adeptos. Já temos no Sporting um exemplo perfeito daquilo que pode ser feito pelos jogadores na comunicação com os adeptos: Carlos Ruesga. No futebol, em particular, têm existido algumas iniciativas muito interessante nas redes sociais do clube (o que se fez com Campbell no momento da contratação, Dost a cantar o cântico que lhe foi dedicado), mas parece-me que a maior parte dos jogadores vive completamente alheada da necessidade de contribuir para um maior envolvimento com os sportinguistas.


Negativo

Utilizar a equipa B como plataforma de transição principal dos jovens formados na Academia: apesar de defender uma maior proximidade entre a equipa B e a equipa principal, isto, para mim, é uma utopia. Existe uma distância muito grande entre a competitividade da II Liga e as exigências da equipa principal do Sporting, pelo que a plataforma de transição principal deverá ser o empréstimo a outros clubes da I Liga. A promoção definitiva ao plantel principal a partir da equipa B deverá acontecer em casos excecionais, e não como regra. A não ser que por "plataforma de transição principal dos jovens formados na Academia" se entenda a passagem das camadas jovens para o futebol sénior. Se for esta última hipótese, nesse caso estou de acordo.

Impor a utilização do nosso equipamento principal tradicional e travar a banalização e excessiva secundarização do equipamento Stromp, com utilização apenas em ocasiões relevantes: ?!

Propor a criação da figura do sócio-claque, permitindo aos membros das claques um desconto na quotização até aos 21 anos: neste momento, penso que os membros das claques já têm regalias suficientes em relação aos demais sócios. O apoio no estádio tem sido exemplar, mas abusam do seu estatuto com as visitas de protesto na Academia e os comunicados a criticar a equipa de futebol. Não vejo necessidade de os discriminar positivamente ainda mais.

Recuperar no imediato a posse da Academia Sporting, na posse do Banco Comercial Português desde 2014, com o apoio de investidores que entrarão com um valor a rondar os 14 M €: parece-me uma má utilização de recursos. A Academia pertence ao BCP apenas no papel, pois o Sporting tira total partido do espaço, que ficará na posse da SAD quando o atual contrato de leasing terminar. Para quê gastar 14 milhões de euros na reaquisição imediata da Academia, em vez de canalizar estes recursos para outras necessidades mais relevantes? E, já agora, quem são esses investidores? E que interesse têm esses investidores nesta operação?

Criar uma fan zone junto ao relvado que permita que associados sorteados possam ter acesso directo aos jogadores: uma coisa é haver um sócio premiado que possa tirar uma fotografia no início do jogo; outra é uma iniciativa deste tipo. Nada contra uma fan zone em dias de treino aberto aos sócios, mas, em dia de jogo, apenas serve para dificultar a concentração dos jogadores. 

De uma forma geral, as propostas ao nível do património: a proposta de construção de um velódromo e de um clube naval é, simplesmente, ridícula. O Sporting tem não tem ciclismo de velocidade nem tem qualquer tradição ao nível da vela - houve uma secção da modalidade na década de 80, que rapidamente se extinguiu. Não faz qualquer sentido avançar para este tipo de infraestruturas, quando ainda há tanto que pode ser feito no melhoramento das condições das modalidades já existentes. O centro de estágios no norte do país não faz grande sentido, considerando que seria uma infraestrutura com custos de implementação e manutenção demasiado elevados (para além dos funcionários adicionais que exigiria) para o número de ocasiões em que seria utilizado. Medidas como a criação de uma residência para antigos atletas, de uma residência universitária e de uma creche parecem saídas da mente de Luís Filipe Vieira.


A necessitar de mais esclarecimentos

Assumir inequivocamente a transparência na identificação dos investidores: perfeitamente de acordo, face ao anúncio de Bruno de Carvalho de que os 18 milhões do novo investidor já terão entrado, mas sem ter revelado quem é o investidor. No entanto, existe neste mesmo programa uma outra medida que pressupõe o recurso a investidores (a recuperação da Academia) que não foram identificados. Louvo a ideia, mas não posso deixar de assinalar a incoerência.

Propor a criação da figura do sócio-filho. Um agregado familiar com pelo menos dois sócios efectivos de escalão A poderá ver os seus descendentes directos isentos de quota até aos 14 anos: simpatizo com esta proposta, mas não entendo por que motivo é necessário haver dois sócios efetivos no mesmo agregado familiar para se usufruir deste escalão.

Propor a criação da figura do sócio-internacional, permitindo uma maior ligação ao clube do número cada vez mais elevado de sportinguistas que vivem fora de Portugal: percebo a ideia, mas à partida parece-me redundante face à quota económica, perfeitamente acessível e adequada para sportinguistas que raramente têm a oportunidade de vir a Alvalade. Gostava de saber exatamente o que é que a categoria de sócio-internacional ofereceria de diferente em relação às categorias já existentes.

Reduzir os gastos com fornecimentos e serviços externos: tenho muitas dúvidas em relação a este ponto, porque me parece que existe, neste momento, um enorme controlo neste tipo de gastos. Se calhar, até demais, face às carências que se notam em determinadas áreas de competência do clube e SAD. Em que tipo de serviços pensa Madeira Rodrigues reduzir os gastos?



Resumindo, não encontro nenhuma ideia que possa classificar de revolucionária, que possa servir de bandeira da lista de Madeira Rodrigues. Não era fácil consegui-lo, admito. Há, no entanto, algumas propostas interessantes que merecem ser discutidas. O mais negativo, na minha opinião, é a parte respeitante ao património - que no seu conjunto ultrapassariam em muito o custo do pavilhão João Rocha, sem que daí resultassem benefícios efetivamente relevantes para o Sporting.