domingo, 30 de dezembro de 2018

Quatro para a final four

Depois de uma derrota caseira com o Estoril que comprometeu a qualificação para a final four e nos obrigou a partir para este final de tarde de calculadora na mão, o Sporting conseguiu retomar as exibições recheadas de muitas oportunidades e golos.

A equipa entrou ontem em campo apenas com uma certeza: era obrigada a ganhar para seguir em frente. Não perdeu tempo na procura do primeiro golo, que acabaria por chegar bem cedo. Depois disso, passou a ser um jogo em que, mesmo estando a ganhar, era aconselhável avolumar o resultado para colocar a equipa a salvo das incidências do Marítimo - Estoril. E por isso continuou à procura do segundo golo, do terceiro golo e do quarto golo. E mesmo numa altura em que já não restavam dúvidas sobre quem iria passar à fase seguinte ainda foi à procura do quinto.  Poderão haver ocasionalmente noites menos felizes como a de Guimarães, mas ninguém pode negar a esta equipa uma mentalidade virada para o ataque, para o golo e para o espetáculo, independentemente do resultado e das necessidades do momento.

Só não foi uma noite totalmente tranquila porque houve mão da arbitragem a prolongar a dúvida sobre quem venceria o grupo, relembrando-nos os motivos pelo qual é tão importante a existência de VAR no futebol português. No final registou-se mais uma vitória volumosa e a certeza de que o Sporting estará presente em Braga para defender o título conquistado na época passada. 



Qualificação - mesmo sendo o menor dos quatro objetivos da época, era importante a qualificação para uma final four que promete ser escaldante: a meia-final entre o Sporting e o Braga está garantida, que será complementada, previsivelmente, por um Benfica - Porto na outra meia-final.

Show Bruno - começa a ser uma observação recorrente, mas a verdade é que Bruno Fernandes foi mais uma vez o melhor em campo. Mais uma assistência e um golo fantástico - picando a bola sobre o guarda-redes após passe de Coates - para juntar a uma coleção que começa a ficar bastante preenchida.

A alternativa Petrovic - o sérvio foi a principal surpresa no onze e correspondeu por completo à aposta de Keizer. Esteve bem com a bola nos pés - ajudou ter sido pouco pressionado pelos homens mais adiantados do Feirense - mas destacou-se sobretudo pelo trabalho defensivo. Já tinha entrado muito bem no jogo da Taça de Portugal com o Rio Ave, e repetiu a boa exibição. A amostra ainda é curta, mas não parece sentir-se desconfortável neste novo sistema e é um upgrade a Gudelj ao nível das recuperações de bola e restantes ações defensivas.

Outros destaques - o golo de Raphinha num movimento a cortar para o interior que se adivinha muito produtivo no futuro; Acuña a mostrar mais uma vez que é muito mais útil a lateral do que como extremo, quer a atacar quer a defender (e não viu nenhum amarelo!); exibição seguríssima de Salin no controlo de profundidade e no jogo de pés; o fantástico corte de Mathieu a resolver uma situação de desvantagem numérica de 1x3 que muito provavelmente iria dar o empate ao Feirense.


A melhor derrota da época - não há derrotas boas, mas agora já podemos dizer com total segurança que derrota caseira com o Estoril foi um mal que veio por bem. Não só abriu a porta da rua para o deprimente futebol de Peseiro, como acabou por não ser fatal para a continuidade na Taça da Liga.



Desperdício - marcaram-se quatro golos, mas facilmente poderiam ter sido bastantes mais. Não foi de todo uma noite de eficácia na finalização, com várias oportunidades a serem esbanjadas de forma incrível. Destaque pela negativa para Diaby: começou por falhar um golo no um para um com Brígido, e terminou a falhar um golo com a baliza completamente escancarada após o remate ao poste de Jovane.



Nota artística - 3

MVP - Bruno Fernandes

Arbitragem - Já todos sabem que Rui Costa é um árbitro sem qualidade para estas andanças, e hoje voltou a comprová-lo. Não viu intensidade no empurrão que Raphinha sofreu na área - penálti claro -, e poucos minutos borraria em definitivo a pintura quando foi o único a conseguir vislumbrar uma falta inexistente de Petrovic. Penálti e golo para o Feirense, que relançava injustamente o jogo e a discussão pela qualificação. Junte-se a isto erros a mais na avaliação das faltas, e uma permissividade disciplinar que permitiu que Diga e Philipe Sampaio acabassem o jogo sem saber bem como. O penálti sobre Dost foi bem assinalado.



Um regresso às vitórias que ainda deu para gerir o plantel nos minutos finais, já com o Belenenses em mente. Um jogo marcado para as 18h de uma quinta-feira (!). Se tiver oportunidade irei abordar a questão dos horários dos jogos do Sporting em breve.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Álgebra Keizeriana

Fonte: zerozero.pt
Os insucessos irão chegar mais cedo ou mais tarde - e até é bem possível que tenhamos que lidar com um já no próximo domingo em Guimarães -, mas podemos e devemos ir apreciando o momento. Um momento que nos devolveu a vontade de ir ao estádio, que nos devolveu a alegria partilhada com aqueles que estão sentados ao nosso lado, que nos devolveu a confiança de que um mau resultado acabará por ser virado com maior ou menor dificuldade.

Dá um enorme gozo ver esta equipa jogar. 

É legítimo dizer que o nível médio dos adversários tem sido relativamente baixo e que existem deficiências individuais e coletivas que os adversários poderão aproveitar a qualquer momento. É verdade que a fórmula para a solidez defensiva ainda está por encontrar. No entanto, enquanto o futebol for um jogo em que ganha a equipa que marcar mais golos durante os 90 minutos... estaremos definitivamente mais próximos do sucesso com a filosofia que Keizer está a implantar na equipa do Sporting, mesmo com todas as fraquezas que lhe possam apontar.

Tudo isto porque vai encontrando soluções onde o treinador anterior só via problemas. 

Jesus falava no rolo compressor, e é precisamente isso que este Sporting tem sido: em organização, em transição, de bola parada, seja através de shitty goals ou de obras de arte individuais ou coletivas (ontem mais uma no segundo golo de Dost), a bola tem entrado nas balizas adversárias de todas as formas e feitios e a um ritmo capaz de suportar alguns momentos de desacerto defensivo. Ao longo destes sete jogos nunca marcámos menos de três golos e nunca sofremos mais de dois - e isso, não sendo garantia para nada no futuro, tem de ser devidamente valorizado.

O jogo de ontem com o Rio Ave? Tirando a parte de não termos de recuperar de uma desvantagem, foi exatamente aquilo que foram os jogos com o Nacional e com o Aves. Por isso, em vez de escrever sobre a vitória de 5-2 que nos qualificou para os quartos de final da Taça de Portugal, hoje vou deixar alguns números dos 7 jogos que o Sporting realizou sob comando de Marcel Keizer.

0 derrotas
0 empates
0 golos sofridos num jogo (Vorskla)
0 jogos em superioridade numérica
1 golos sofrido em quatro jogos (Vildemoinhos, Qarabag, Rio Ave, Aves)
1 jogo em inferioridade numérica (Aves, a partir dos 55')
1,1 golos sofridos em média por jogo
2 reviravoltas no marcador
2 golos sofridos em dois jogos (Nacional, Rio Ave)
2 golos de diferença na vitória mais magra (3-1 em Vila do Conde)
3 golos marcados em dois jogos (Rio Ave, Vorskla)
4 golos marcados em dois jogos (Vildemoinhos, Aves)
4,3 golos marcados em média por jogo
5 golos marcados em dois jogos (Nacional, Rio Ave)
5 golos de diferença na vitória mais gorda (6-1 em Baku)
6 golos marcados num jogo (Vorskla)
6 golos marcados por Diaby
7 jogos
7 jogos em que Bruno Fernandes contribuiu com pelo menos um golo ou assistência
7 vitórias
8 golos sofridos no total dos 7 jogos
10 golos marcados por Bas Dost nos 6 jogos em que participou
11 jogadores que contribuíram com golos ou assistências
13 golos+assistências (7+6) de Bruno Fernandes no total dos 7 jogos
30 golos marcados no total dos 7 jogos

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

100 dias de Varandas

Completaram-se ontem os primeiros 100 dias da presidência de Frederico Varandas. O presidente assinalou ontem essa marca dando uma entrevista à Sporting TV para fazer um balanço do trabalho realizado e lançar os objetivos que pretende cumprir a curto e médio prazo.

Deixo de seguida a minha opinião sobre o que tem sido feito, dividindo-a pelos seguintes tópicos: gestão do futebol, gestão das modalidades, finanças, componente empresarial, a união do Sporting e comunicação.


Gestão do futebol 

Ao nível do futebol profissional, os primeiros 100 dias da presidência de Frederico Varandas terão sido certamente mais agitados do que estaria à espera quando foi eleito. A atenção esteve inicialmente centrada na reorganização da estrutura, seguindo uma estratégia e uma cadência que me agradam: privilegia-se a contratação dos profissionais considerados certos para cada lugar sobre a sua disponibilidade imediata. Será, por isso, um processo que demorará ainda alguns meses a ser concluído, mas o mais importante é que o diagnóstico parece estar a ser bem feito e as soluções encontradas dão confiança para o futuro. Aos poucos a casa (quem diz casa diz academia, departamento médico, scouting, unidade de performance, estrutura de suporte à equipa profissional e equipas de formação, treinador dos sub-23) vai sendo arrumada com passos bem medidos e seguros. 

O que a nova direção não estaria à espera era ter que ser obrigada a mexer na equipa técnica da equipa principal tão depressa, mas o péssimo rendimento da equipa não permitia outra alternativa. A escolha de Marcel Keizer foi corajosa. Teria sido muito mais cómodo apostar num nome conhecido dos adeptos, mas Varandas não se resguardou e foi atrás do perfil que pretendia para o treinador da equipa principal: alguém que colocasse o Sporting a praticar futebol atrativo e dominador e com apetência para apostar em jovens. Para já, o treinador está a corresponder de forma exemplar, superando largamente as expetativas iniciais. 

Obviamente que é preciso tempo para avaliar se as decisões tomadas ao nível do futebol profissional darão os frutos desejados, mas de uma forma geral os sinais são bastante positivos.


Gestão das modalidades e futebol feminino 

Alguns percalços no início da temporada, com derrotas em algumas supertaças, ditaram um arranque algo turbulento. No entanto, ao contrário dos receios levantados na altura, não há qualquer alteração ao nível da competitividade das nossas equipas: liderança no campeonato de voleibol e duas eliminatórias europeias superadas; liderança no campeonato de andebol e qualificação inédita para a fase seguinte da Liga dos Campeões; liderança no campeonato de hóquei em patins e do grupo da Liga Europeia; segundo lugar no campeonato futsal, mas com a qualificação para a final four da Liga dos Campeões; conquista da Liga dos Campeões de judo, um título europeu inédito para o Sporting e para Portugal; conquista da Taça Ibérica no rugby feminino. 

A nota mais negativa é o desempenho da equipa de futebol feminino sénior, que está a ser uma desilusão. A derrota na supertaça, a eliminação prematura no apuramento para a Liga dos Campeões e o campeonato comprometido são consequências de uma má preparação da época e do plantel e da má qualidade do futebol praticado. 

A continuidade da aposta no ecletismo é uma realidade, pois foi já garantido o regresso do basquetebol sénior masculino (com acesso imediato ao maior escalão da modalidade) e também a criação de equipas de andebol e hóquei femininos. 


Finanças 

O primeiro grande desafio foi o lançamento do empréstimo obrigacionista para pagamento do anterior, adiado desde abril. O processo era à partida delicado por causa de todas as condicionantes conhecidas, e, para piorar, a fase de subscrição foi muito mais agitada do que se pressupunha por causa da falta do apoio da banca na sua publicitação e da explosão do caso Alcochete precisamente no dia anterior ao seu arranque. Creio que a SAD foi apanhada desprevenida e não acautelou tudo o que podia ser acautelado – obviamente que há coisas que não se podiam antecipar, ninguém podia adivinhar que o MP iria deter Bruno de Carvalho um dia antes do início da fase de subscrição –, mas reagiu muito bem à fraca adesão dos primeiros dias, lançando uma campanha intensa que envolveu o desdobramento dos elementos da administração em declarações e entrevistas e um recurso de nível inédito aos atletas e ex-atletas do clube. Os cerca de 26 milhões obtidos acabaram por ser um bom resultado considerando os obstáculos que se levantaram, mas ficaram abaixo das expetativas iniciais – fiquei com a impressão  que a SAD até planeava alargar o valor do empréstimo obrigacionista acima dos 30 milhões caso tivesse havido uma procura superior por parte dos investidores. Como tal, podemos falar apenas num sucesso relativo. 

Seguem-se agora dois desafios importantes. O primeiro é a concretização da reestruturação financeira que permita fechar a recompra das VMOCs e resolver em definitivo a questão da dívida bancária. O segundo, mais imediatista do que estruturante, está ligado à componente desportiva: é necessário aliviar o plantel principal de uma série de jogadores caros que pouca ou nenhuma utilidade têm para equipa de futebol, medida fundamental para baixar a massa salarial e alcançar resultados positivos no final da época. Sousa Cintra deixou uma herança pesada neste aspeto: é preocupante que um plantel tão desequilibrado seja tão ou mais caro que o da época passada sabendo que não teríamos as receitas da Liga dos Campeões. 


Componente empresarial 

Para já, o aspeto mais visível passa pela reabertura da Loja Verde junto ao multidesportivo, mas falta ainda investir forte ao nível das áreas de marketing, corporate e comercial, e também nas infraestruturas – nomeadamente em obras de recuperação e transformação de certas áreas do estádio. É fundamental que haja um bom desempenho desportivo e… dinheiro para reforçar equipas que estão longe de ter os recursos adequados para poderem exercer as suas funções com a qualidade que uma organização com a dimensão do Sporting necessita. 


Unir o Sporting 

A melhor forma de unir o Sporting é através de vitórias, em especial da equipa de futebol. No entanto, tendo sido “Unir o Sporting” o slogan da campanha de Frederico Varandas, era de esperar algo mais a este nível.

“Unir o Sporting” não pode significar apenas o apaziguamento e agregação dos sócios que não se identificavam com o estilo de liderança de Bruno de Carvalho.

Tenho consciência de que não é fácil sarar as feridas geradas por todo o processo que levou à queda da direção anterior e que existe um conjunto de sócios que, desde a AG de junho, passou a estar unicamente interessado em minar e desestabilizar o clube. Não há nada que se possa fazer para os recuperar e não faz sentido que o clube esteja a desviar o seu rumo para se aproximar de quem não respeita a vontade da maioria e não revela abertura para qualquer tipo de entendimento. No entanto, há muitos outros sócios, tão silenciosos como a maioria que votou pela destituição de Bruno de Carvalho, que, continuando a desejar o melhor para o clube, se identificavam com muito do que a direção anterior defendia e que lhe continuam a reconhecer méritos que, a seu ver, deveriam implicar outro tipo de condução desta mudança de ciclo. Estes sócios podem e devem ser recuperados. Fazem falta ao Sporting. 

Infelizmente, será difícil recuperá-los enquanto continuar a haver um discurso revanchista de pessoas que se colam a esta direção e de elementos dos próprios órgãos sociais. Posso referir como exemplo a última edição do Jornal Sporting, que não prestou um bom serviço ao clube: não só retirou o destaque óbvio que a conquista europeia do judo merecia, como também colocou o foco numa entrevista pouco feliz de Baltazar Pinto, presidente do CFD. Na realidade não foi bem uma entrevista, foi sobretudo um desfiar de razões para os sócios confirmarem a suspensão da antiga direção. Apesar de Baltazar Pinto ter começado por dizer que não se iria pronunciar sobre a justiça das sanções, acabaria por dedicar 70% do espaço da entrevista a enumerar e explicar os crimes dos visados. É difícil não interpretar isto como uma tentativa de influenciar os resultados da Assembleia Geral que iria decorrer dois dias depois. Sendo o jornal um órgão de comunicação do clube, seria desejável um tratamento mais neutral do tema.

A AG foi muito bem dirigida – falo pelo que vi nas cerca de três horas em que estive no PJR –, mas é preciso um esforço transversal e persistente de todos os órgãos sociais para efetivamente tentar unir o Sporting. Não tenho nenhuma solução de fácil aplicação para resolver este problema, mas simplesmente sei que será muito mais difícil alcançar uma verdadeira união  enquanto persistir este ambiente de ajuste de contas com o passado.


Comunicação 

É visível que está em curso uma normalização do relacionamento com a comunicação social após alguns anos de difícil convivência. A forma como determinadas notícias vão aparecendo em simultâneo em diferentes jornais desportivos mostram alguma capacidade de marcar a agenda informativa, mas não convém que se fique com a ilusão de que teremos a mesma capacidade que o Benfica tem de controlar a agenda mediática: basta confrontar o tempo de antena e a tinta gasta a comentar Alcochete em semana de empréstimo obrigacionista vs. fase de instrução do e-toupeira, ou a forma como grande parte dos experts da bola malharam em Frederico Varandas aquando do despedimento de Peseiro e posterior contratação de Marcel Keizer. 

Se os progressos ao nível da comunicação oficiosa são evidentes, o mesmo não se pode dizer da comunicação institucional. Têm sido diversas as situações em que o clube ou a SAD deviam ter emitido uma posição oficial sobre acontecimentos que, direta ou indiretamente, nos diziam respeito. Tem prevalecido uma estratégia de silêncio quase total, que, muitas vezes, se pode ser interpretada como passividade ou mesmo fraqueza. Compreendo e concordo com o silêncio quando não temos nada de novo a acrescentar, mas por vezes é mesmo preciso marcar uma posição para o exterior.

Uma última palavra para os meios de comunicação do clube. As redes e o jornal estão em processo de mudança de equipas, que se tem traduzido em alguma quebra de qualidade e gaffes evitáveis, mas há que dar a devida tolerância para as dificuldades que alterações deste tipo implicam. Por sua vez, a Sporting TV mudou a grelha e apresentou novas caras. Pela positiva, gosto do programa Pressão Alta por ser dos poucos espaços que discutem o que se passa à volta do Sporting - concordo que nos devemos virar mais para dentro, mas não exageremos. Pela negativa, a qualidade técnica das transmissões de conferências de imprensa e outros diretos continua a deixar muito a desejar - são frequentes os problemas de som e imagem, que acabam quase sempre por me levar a mudar de canal.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Remontada à holandesa

Dizia Marcel Keizer, há uns dias, que na sua opinião é melhor ganhar 3-2 do que ganhar 1-0. O início de jogo de ontem acabou por transformar esta frase numa espécie de profecia para o que a noite reservava ao Sporting, que se viu bem cedo numa situação de desvantagem de dois golos e passou a ter como objetivo mínimo o tal resultado de 3-2. Felizmente esse objetivo acabaria por ser alcançado e até ultrapassado, mas mais assente no esforço e genialidade individual (e alguma felicidade) do que em discernimento coletivo.

Há que dizer que o Nacional não merecia perder por uma diferença tão grande. A equipa de Costinha fez uma excelente 1ª parte, posicionando-se em regiões adiantadas, pressionando alto, colocando 4, 5 ou 6 jogadores em movimentos ofensivos e nunca recorrendo ao antijogo, mesmo em vantagem no marcador. O 1-2 ao intervalo justificava-se plenamente. Creio, no entanto, que esse esforço acabaria por ter consequências: o Nacional quebrou fisicamente e o Sporting foi, progressivamente, tomando conta das operações e terminou o jogo dominando por completo os últimos 30 minutos - período em que obteve quatro golos sem resposta.

Uma vitória expressiva que justificou o entusiasmo nas bancadas e no relvado pela remontada alcançada, mas que também deixou alguns pontos de preocupação pelas fragilidades demonstradas durante a primeira meia-hora - à semelhança do que já tinha acontecido com o Aves.



Remontada à holandesa - não é todos os dias que se marca 5 golos e, sobretudo, não é todos os dias que se marca 5 golos recuperando de uma desvantagem de 0-2. 5 golos que prolongam uma série de elevada produção ofensiva na era Keizer: nestes seis jogos, o Sporting marcou 4, 6, 3, 4, 3 e 5 golos. Ontem, não tendo sido uma noite de nota artística muito elevada, foi pelo menos uma noite em que a equipa demonstrou carácter, personalidade e paciência para virar e resolver uma partida que começou da pior forma possível.

Postal da Borgonha - o magistral livre executado por Mathieu foi o grande momento do jogo. Não só pela beleza do golo, mas também por ter colocado o Sporting pela primeira vez em vantagem no marcador. A distância para a baliza e o local pouco central obrigavam a colocação e potência, e foi colocação e potência que aquele pé esquerdo deu à bola. Totalmente merecedor dos efusivos festejos no relvado, banco e nas bancadas.

Os suspeitos do costume - Bas Dost e Bruno Fernandes, com dois golos cada, foram mais uma vez fundamentais na conquista dos três pontos e confirmaram o excelente momento de forma que atravessam. O holandês mostrou novamente que é um excelente marcador de penáltis (não pela força e colocação dos remates, mas por ser quase sempre capaz de antecipar para que lado o guarda-redes se vai atirar). Ontem marcou 3 em 3, ainda que só 2 tenham contado. Bruno Fernandes, nestes 6 jogos com Keizer, leva uns impressionantes 6 golos e 5 assistências.

Os miúdos que vieram do banco - Miguel Luís entrou ao intervalo para o lugar de Bruno César e Jovane substituiu Nani a 25 minutos do fim. Ambos os jogadores entraram bem e foram importantes para impor o domínio registado na 2ª parte, e tiveram participação direta em dois golos: Jovane fez um grande passe para a desmarcação de Dost no lance do 2-2, e Miguel Luís fez o cruzamento para Bruno Fernandes no 5º golo.



Problemas defensivos - houve remontada porque sofremos dois golos a abrir, e quando se sofre dois golos a abrir é sinal de que existem problemas defensivos que é necessário resolver ou, no mínimo, mitigar. É indiscutível que temos uma questão delicada na lateral esquerda, pois a ausência de Acuña implica a utilização de um Jefferson que comete erros atrás de erros, ainda mais quando não existe um meio-campo suficientemente oleado que seja capaz de compensar os buracos que se vão abrindo - não termos um 6 puro acaba por se notar em algumas circunstâncias. E ontem, para piorar, tivemos também um Mathieu numa noite pouco feliz no controlo do espaço defensivo, o que acabou por tornar mais visíveis esses problemas.

Aposta falhada - não correu bem a aposta em Bruno César para o lugar de Wendel. O brasileiro pareceu sempre um elemento deslocado do coletivo e, não sendo propriamente conhecido por ser um jogador rápido, evidenciou uma completa falta de ritmo que contribuiu para as dificuldades reveladas pelo Sporting para controlar o meio-campo na 1ª parte. Bem substituído ao intervalo. 

Impaciência - é normal que os sportinguistas presentes nas bancadas se tenham sentido intranquilos, mas não vejo o que se pode ganhar em demonstrar essa intranquilidade de forma tão ruidosa em determinados tipos de situação. Os assobios para Renan na marcação dos pontapés de baliza ou nas reposições tiveram consequências: inicialmente procurava opções para sair a jogar sem correr demasiados riscos, mas a partir de determinada altura, após ter sido assobiado por diversas vezes, passou a optar por despejar bolas para a frente. Não faz sentido que o público de Alvalade contribua para a intranquilidade da equipa, ainda por cima em situações em que um jogador está a tentar cumprir as indicações dadas pelo treinador.



Nota artística - 3

MVP - Bruno Fernandes

Arbitragem - muitos lances polémicos, mas Fábio Veríssimo esteve bem na maior parte das decisões. Bem no golo anulado a Dost, pois Diaby estava adiantado no momento em que o passe é feito. O 1º penálti é bem assinalado, pois Vítor Gonçalves desequilibra Dost com um toque com o seu joelho esquerdo. Parece-me boa a decisão no choque de cabeças no remate de Diaby, já que o contacto é provocado pelos dois jogadores em simultâneo - o jogador do Nacional foi contra Diaby, mas o maliano também saltou deslocando-se para trás na direção do adversário. O lance do 2º penálti que deu o 4-2 é o que me deixa mais dúvidas: há uma mão nas costas de Dost e outra a prender-lhe o ombro, mas não sei até que ponto isso foi suficiente para o desequilibrar.



6 jogos, 6 vitórias, 25 golos marcados, 6 golos sofridos. Os números continuam avassaladores, mas as dificuldades que a equipa atravessou nestas duas receções aconselham alguma prudência na equipa e adeptos. Seguem-se um novo jogo com o Rio Ave para a Taça de Portugal e uma deslocação a Guimarães para o campeonato - curiosamente, mais duas partidas contra equipas que quererão jogar de olhos nos olhos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

E agora para algo completamente diferente

Ao longo dos últimos anos, em jogos de contra adversários de outras divisões, tem sido norma no Sporting haver uma quebra de rendimento visível sempre que os treinadores decidem fazer alterações profundas no onze. A vitória acabaria por ser alcançada na maior parte das vezes, mas quase sempre com maior dificuldade do que a diferença de valor das individualidades em relação ao adversário deixaria pressupor. Não foi o que aconteceu ontem: mesmo abdicando de 8 titulares, mesmo sendo claras as limitações de algumas essas alternativas para o tipo de futebol que se pretende praticar, foi possível observar uma continuidade exibicional que se traduziu num domínio total das operações e numa primeira parte de excelente nível que chegou para resolver tranquilamente a partida.

E não foi só nisso em que a noite de ontem foi diferente. Há muitos anos - provavelmente desde 2012/13, em que Jesualdo Ferreira apostou em vários jovens da equipa B - que não eram dadas tantas oportunidades em simultâneo a miúdos da formação num jogo oficial.

Obviamente que isso só foi possível porque o Vorskla Poltava é um adversário muito fraco... mas convém lembrar que há apenas dois meses esta mesma equipa quase que pareceu um colosso europeu contra a nossa melhor equipa, num jogo em que o Sporting venceu à tangente sem saber bem como. A diferença que faz ter um treinador...



O melhor Bruno de volta - Keizer quis descansar grande parte da equipa titular, mas não abdicou de Bruno Fernandes. Percebe-se o motivo: viu no nº 8 o fio condutor necessário para fazer a ligação entre vários elementos pouco habituados a jogarem juntos. E Bruno Fernandes não o desapontou, dando continuidade à clara subida de forma que tem registado desde que o técnico holandês pegou na equipa. Vários pormenores de enorme classe e mais uma assistência para a coleção. Vão 4 golos e 5 assistências em 5 jogos.

Miguel Luís a marcar pontos - o jovem médio aproveitou bem a oportunidade. Foi a sua melhor prestação na equipa principal até ao momento, operando num raio de ação bastante mais alargado que foi desde a cabeça da área para iniciar a construção até à área adversária para aparecer em zonas de finalização. O golo marcado - no final de uma excelente jogada coletiva - foi a cereja no topo de uma exibição que o coloca como uma alternativa válida para ser utilizado em jogos de maior dificuldade.

A miudagem em campo - com o jogo resolvido, Keizer não hesitou em dar uma oportunidade aos sub-23 que tinha no banco. Pedro Marques, Thierry Correia e Bruno Paz tiveram um bom punhado de minutos para se estrearem em Alvalade em jogos oficiais. A exibição dos três jovens não há-de ficar na memória dos adeptos (com Bruno Paz a ser o melhor), mas há a atenuante de terem entrado numa altura em que a equipa estava claramente a tirar o pé do acelerador.



A lesão de Montero - as lesões nunca são oportunas, mas esta, em particular, vem num momento muito mau. O ritmo de dois jogos por semana vai manter-se até meados de janeiro e seria importante haver uma alternativa credível a Dost que permita dar algum repouso ao holandês em determinadas situações. Nos minutos que esteve em campo, Montero mostrou que se pode encaixar bem neste novo modelo.

Exibições abaixo do esperado (ou do desejado) - Jovane e Mané foram provavelmente os dois jogadores com menor rendimento do onze que foi ontem titular. Carlos Mané tem a atenuante de não ser um extremo e não se sentir à vontade encostado à linha e até participou em dois dos golos, mas parece-me que precisa de ganhar (muito) ritmo para poder ser uma opção realmente válida. Em relação a Jovane, mantenho a minha opinião: é muito mais útil quando salta do banco a 30 minutos do fim e pode usar a sua potência física em alturas em que o jogo está mais partido contra adversários desgastados.



Nota artística - 3

MVP - Bruno Fernandes



Fechou-se a fase de grupos com 13 pontos e ficamos a aguardar por um de 14 potenciais adversários: Nápoles, Inter Milão, Valência, Bayer Leverkusen, Red Bull Salzburg, Zenit, Dínamo Zagreb, Bétis, Villarreal, Eintracht Frankfurt, Genk, Sevilha, Dinamo Kiev e Chelsea. Por mim, que venha já um dos tubarões em fevereiro para termos uma boa receita e uma noite de grande ambiente em Alvalade.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Que onze para o Vorskla?

A lista de convocados para o jogo de logo com o Vorskla não deixa dúvidas de que a ideia de Keizer é poupar vários dos titulares e aproveitar a oportunidade para ver em ação jogadores menos utilizados. Do onze que tem sido habitualmente titular ficaram de fora Wendel (por lesão) e Bruno Gaspar, Mathieu, Gudelj, Nani e Dost. 

É uma gestão que se compreende e que abre portas ao regresso dos lesionados Ristovski e Montero e também a vários jovens da formação que são presença pouco ou nada habituais nas convocatórias: Abdu Conté, Thierry Correia, Bruno Paz, Miguel Luís e Pedro Marques. Convém recordar que Lumor, Marcelo, Misic, Bruno César e Castaignos não estão inscritos na Liga Europa, pelo que a quantidade de opções acaba por ficar bastante mais reduzida.

Parece-me que fará sentido utilizar alguns dos titulares, como Renan e Acuña (que está suspenso para domingo), e é possível que Keizer não prescinda de Bruno Fernandes para manter algum nível de ritmo competitivo e fio de jogo no meio-campo. Coates e Diaby deverão também ir a jogo por falta de alternativas. A maior incógnita, para mim, está no trio que o técnico colocará no meio-campo - e em particular em relação ao 6: recorrerá a Petrovic ou tentará adaptar um outro médio capaz de dar maior capacidade de construção? Parece-me que seria interessante apostar em Miguel Luís para esse papel e num onze como este:


Parece-me pouco provável, com tantas alterações, que tenhamos direito a uma noite de nota artística elevada, mas há aqui uma oportunidade importante para mostrar que há plantel para além do onze tipo. Isso será fundamental para termos boas hipóteses de sucesso numa época que se prevê longa e desgastante.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Captação das futuras campeãs

No próximo dia 22 de dezembro, pelas 14h, vão realizar-se treinos de captação de jogadoras para as equipas de formação de futebol do Sporting. É uma excelente oportunidade para que as jovens nascidas entre 2003 e 2008 possam fazer parte da melhor formação de futebol feminino em Portugal. 

Os treinos vão decorrer no campo nº 6 do Estádio Universitário de Lisboa. Ao contrário do que aconteceu em captações anteriores (em que bastava aparecer no local), desta vez é preciso fazer-se uma inscrição prévia de forma a garantir que haverá oportunidade para todas as jogadoras inscritas serem avaliadas pelos técnicos do Sporting.

As inscrições fecham no dia 19 de dezembro, e podem ser feitas através deste LINK.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Pés no chão e fé em Dost

Depois de três jogos com nota artística elevada, a equipa não foi capaz de dar sequência às boas exibições na estreia de Keizer em Alvalade. O resultado pode ter sido folgado, a segunda parte pode ter sido (inesperadamente) tranquila face à inferioridade numérica, mas os números alcançados não traduzem as dificuldades que o Aves nos causou na primeira parte, em que, durante largos períodos de tempo, dominou a partida e impediu que o Sporting conseguisse ligar o seu jogo.

Um bom e oportuno aviso para todos mantermos os pés no chão: não fosse um erro do adversário a provocar um penálti desnecessário que acabou por virar o rumo dos acontecimentos, e a história do jogo poderia ter sido bem diferente... para pior. Valeu-nos o suspeito do costume.



Os números - 4 jogos, 4 vitórias, 17 golos marcados e 4 sofridos. Hoje sem nota artística, mas os 4-1 representam a vitória mais volumosa do Sporting nesta edição da Liga, mantendo a equipa no segundo lugar no campeonato e passando a ter o segundo melhor ataque da prova. Ah, e Dost já é o melhor marcador do campeonato com 8 golos marcados em apenas 7 jogos.

Os golos e a eficácia - o Sporting apenas saiu para o intervalo em vantagem porque foi muito mais eficaz no aproveitamento das suas oportunidades do que o Aves. A eficácia manteve-se na segunda parte, e em dois momentos críticos: o golo de Dost logo a abrir, que trouxe outra tranquilidade à equipa, e o golo de Diaby que surgiu pouco depois da expulsão de Acuña, que matou o jogo. E, claro, há que fazer justiça à qualidade desses golos, que só por si justificam o preço do bilhete: o remate explosivo e inesperado de Nani; o cruzamento tirado com régua e esquadro que foi desviado por Dost com igual precisão matemática; e o remate em arco de Diaby após um passe em profundidade que rasgou a defesa do Aves.

As assistências de Bruno Fernandes - mais três para a sua conta pessoal. O passe para Nani conta apenas para a estatística porque não teve grande relevância para o golo, mas o cruzamento para Dost e o passe a rasgar para Diaby foram deliciosos. Números que se vão acumulando e que impressionam: Bruno Fernandes soma 4 golos e 4 assistências nos 4 jogos com Keizer.

A gestão da inferioridade numérica - o golo de Diaby foi fundamental para acabar com as dúvidas que a expulsão de Acuña pudesse trazer, e a partir daí o Sporting controlou bem o jogo, a ponto de fazer esquecer a situação de inferioridade numérica. Foi uma segunda parte totalmente tranquila.

Renan a marcar pontos - um punhado de boas intervenções, incluindo uma defesa fundamental na primeira parte, e teve várias ocasiões para demonstrar o seu excelente jogo de pés. A questão da baliza do Sporting não é pacífica - sobretudo devido ao mistério que envolve o afastamento de Viviano -, mas Renan tem vindo a justificar gradualmente a aposta que tanto Peseiro como Keizer têm feito em si.



A primeira parte - a incapacidade de o Sporting dominar o jogo deveu-se, a meu ver, a dois fatores: o mérito do Aves, que estudou bem os últimos jogos do Sporting e soube pressionar Wendel, Bruno Fernandes e Nani com rapidez - e muitas vezes em antecipação dos seus movimentos seguintes, que lhes valeu várias recuperações de bola -, e por algum comodismo dos jogadores do Sporting na entrada em jogo, que não pareciam com grande vontade em dar a aceleração e dinâmica necessárias para abrir linhas de passe que contrariassem o pouco espaço disponível em dois terços do terreno. Depois de sofrido o golo, houve vontade imediata dos jogadores do Sporting em dar maior velocidade ao jogo, mas fizeram-no com pouca precisão. Foi muito mais o acaso do que a qualidade do nosso jogo a ditar a reviravolta ainda na primeira parte. 

A expulsão de Acuña - não o crítico pelo segundo amarelo, mas tem de ser responsabilizado pelo primeiro cartão - que viu por se envolver numa escaramuça com adversários por causa de uma falta que nem sequer foi cometida sobre si. Mais uma vez, o seu temperamento deixou-o condicionado demasiado cedo e acabou por prejudicar a equipa ao deixá-la com menos um jogador durante mais de meia-hora. E não consigo concordar com os aplausos que recebeu de muitos adeptos enquanto abandonava o relvado: sendo recorrente nestas situações, não pode haver lugar para pancadinhas nas costas.



Nota artística - 3

MVP - Bas Dost

Arbitragem - Vítor Ferreira teve uma arbitragem algo irregular. Esteve bem nos lances capitais (os amarelos a Acuña e o penálti sobre Diaby), mas teve um critério irregular do ponto de vista técnico e disciplinar - podia, por exemplo, ter mostrado o segundo amarelo a Vìtor Costa no lance do penálti. Os 4 minutos de descontos na primeira parte foram demasiado escassos - só o penálti implicou esse tempo de paragem.



Com esta vitória já vamos com uma série de cinco triunfos consecutivos. Que venha a sexta contra o Vorskla já na próxima quinta-feira.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Derrubando a desconfiança

Ao fim de três jogos, parece seguro dizer-se que Marcel Keizer conseguiu derrubar grande parte das desconfianças que foram expressas por muitos comentadores e adeptos aquando da notícia da sua contratação. De notar que considero perfeitamente legítima a desconfiança que se gerou na altura (e que ainda exista agora) face à falta de currículo do técnico holandês. O que não achei legítimo nem normal foi parte do argumentário utilizado: o levantamento da questão da nacionalidade do treinador – como se o facto de ser holandês fosse por si só sinónimo de um fracasso anunciado – ou a insistência acérrima na defesa da continuidade de um Peseiro manifestamente incapaz de retirar rendimento dos recursos que tinha ao seu dispor, para além da ausência de qualquer benefício da dúvida dado ao novo treinador e ao processo de escolha por parte da direção, que optou por não se concentrar em nomes concretos e preferiu focar-se em primeiro lugar no perfil que pretendia. 

Ainda é muito cedo para podermos rotular a escolha de Keizer como um sucesso, mas é inegável que estes primeiros 270 minutos mostraram um Sporting transfigurado para melhor. As ideias de jogo são ambiciosas e apelativas mas não esquecendo a necessidade de manter a equipa equilibrada em todos os momentos. Os jogadores são os mesmos que Peseiro orientou – pior, são os mesmos que Peseiro escolheu para o modelo de jogo que queria implementar -, mas qualquer semelhança individual ou coletiva é pura coincidência. Felizmente, a desconfiança inicial tem vindo a ser eliminada gradualmente e há muito que não sentia tanta vontade nos sportinguistas para que chegue o próximo dia de jogo.

O entusiasmo que se começa a notar é saudável e é um tónico importante depois de tanto tempo a ver o Sporting a praticar um futebol medíocre. Não nos podemos esquecer, no entanto, que a equipa de Keizer é muito mais um trabalho em curso do que um projeto finalizado, pelo que convém que todos os sportinguistas estejam mentalizados que, por muito prometedor que seja esta nova forma de jogar, vão ser cometidos erros e irão surgir percalços que precisarão de paciência da bancada. Ao longo dos últimos meses tem sido frequentemente ouvir assobios em Alvalade... mesmo quando os jogadores tentam fazer bem as coisas. Por exemplo, contra o Boavista houve assobios logo no início da partida porque a defesa estava a trocar a bola junto à área para tentar sair a jogar, em vez de bater de imediato a bola para a frente. Isto não pode acontecer, e muito menos quando está a haver um esforço da equipa para se adaptar a um estilo de jogo que envolve movimentos de maior risco. Terá, por isso, de haver também uma adaptação dos sportinguistas a esta nova realidade: não podemos contribuir para a intranquilidade da equipa caso Renan faça um ou outro passe com um adversário demasiado perto, caso Bruno Fernandes perca a bola no meio-campo enquanto procura a melhor linha de passe, caso Nani congele o jogo durante 4 ou 5 segundos para dar tempo aos colegas para se reposicionarem.

Que Alvalade encha no domingo para receber o novo treinador e esta nova equipa, que a equipa faça por merecer o apoio da bancada... e que todos os sportinguistas na bancada façam também por merecer (e contribuir para) mais uma noite de grande futebol.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

"Every game is a test", mas há games que são testes mais exigentes do que outros

"Every game is a test": foi desta forma sóbria que Marcel Keizer respondeu na flash interview à questão sobre se considerava o jogo de ontem o primeiro teste a sério à sua equipa. É verdade que cada jogo é um teste e muitas vezes os dissabores surgem quando menos se espera, mas não se pode colocar em causa que esta deslocação a Vila do Conde era visto por muita gente - yours truly incluído - como um desafio muito sério à adaptação das ideias de jogo de Keizer ao cinismo do futebol português.

E o veredicto final em relação a este teste não deixa dúvidas: foi superado, de forma muito satisfatória. Não só voltámos a ver a equipa criativa e veloz na procura do golo que passeou em Baku, mas também nos foi apresentado um Sporting inteligente e pragmático na altura de gerir o resultado e o esforço - algo inevitável apenas quatro dias depois de um jogo europeu que nos obrigou a uma deslocação aos confins do continente.




Primeira parte com nota artística - foi uma bela forma de dar continuidade à excelente exibição contra o Qarabag. A primeira parte contra o Rio Ave apresentou novamente um Sporting a jogar simples, rápido e de forma objetiva, com uma circulação de bola dinâmica capaz de gerar espaços e de chegar com facilidade à área adversária. Bruno Fernandes foi o homem do jogo, mas há também que dar o devido destaque ao excelente supporting cast que o rodeou: o entendimento entre si e Gudelj, Wendel, Acuña, Nani e Dost parece cada vez melhor. Vantagem no marcador logo a abrir, excelente reação ao golo do empate com um domínio que nos colocou de nov na frente e que só afrouxaria aos 40', com bastantes ocasiões para marcar pelo meio.

Segunda parte pragmática - tendo o Rio Ave a obrigação de assumir maior despesa na procura do golo do empate e havendo o desgaste acumulado pós-Qarabag, o Sporting soube adaptar-se às circunstâncias e teve capacidade para gerir o resultado. Houve alguns arrepios, é certo - com Renan a mostrar serviço -, mas até acabou por dar direito à ampliação da vantagem. Com o 3-1 feito, houve capacidade para congelar o jogo nos minutos finais.

O golo de Jovane - foi de bola corrida, mas mais pareceu uma bola parada sem barreira. Com o esférico imobilizado, saiu um remate espontâneo ao ângulo, tão imprevisível quanto indefensável, que fechou o resultado da melhor forma possível. Um golaço de um jogador que continua a corresponder da melhor forma sempre que sai do banco.

100 - o jogo de 100 de Dost foi assinalado com uma referência nas costas da camisola do holandês... e com mais um golo. Nem podia ser de outra forma.

As substituições - Keizer esteve bem em tirar Acuña, já que tudo indicava que a tolerância de Xistra estava esgotada e o segundo amarelo estava apenas a uma falta de distância. Esteve bem também ao tirar Diaby, que estava a passar ao lado do jogo, para lançar o joker Jovane. E esteve bem ao tirar o desgastado Wendel para colocar Bruno César, de forma a procurar manter o controlo do meio-campo. Considerando o pouco tempo de trabalho com estes jogadores e a falta de contacto com as particularidades do futebol português, é animador ver o treinador a fazer uma leitura tão acertada do que o jogo estava a dar e dos riscos que se apresentavam.



Sustos - houve na primeira parte um par de sustos evitáveis em que Renan facilitou a jogar com os pés, que seriam compensados por três intervenções preciosas do guarda-redes na segunda parte que evitaram golos do Rio Ave que pareciam certos.

Ineficácia - foram imensas as oportunidades de golo criadas durante a primeira parte, suficientes para deixar o jogo resolvido ao intervalo: Mathieu, Coates, Dost e Diaby tiveram condições para finalizar melhor, e Bruno Fernandes obrigou Leo Jardim a grande intervenção. Felizmente esses golos falhados acabaram por não fazer falta.



MVP - Bruno Fernandes

Nota artística - 4

Arbitragem - Não se justificam os protestos dos jogadores do Rio Ave no primeiro golo, pois houve Gudelj sofreu uma carga e a falta foi marcada a uma distância aceitável. O lance de Mathieu com Vinicius era de avaliação muito complicada, e compreende-se que árbitro e VAR tenham deixado seguir. Xistra mostrou muitos cartões mas foi coerente na exibição de cartões, ainda que se possa dizer que Acuña teve sorte por não ter visto o segundo amarelo no final da primeira parte.



Estreia auspiciosa de Keizer no campeonato, com mais uma vitória convincente a fechar uma sequência de três jogos disputados fora de Alvalade. Seguem-se agora, previsivelmente, duas estreias num jogo só: a primeira partida em casa, e o primeiro adversário da I Liga (Aves) que estacionará o autocarro e apostará ofensivamente apenas no aproveitamento de eventuais erros dos nossos jogadores. Uma coisa é certa: com este arranque, este treinador e o futebol que trouxe merecem um estádio cheio para o receber.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

"Pases cortos, mucho fútbol"

As palavras de Gudelj no final do jogo de ontem, quando questionado sobre o que mudou com a entrada de Keizer: "Passes curtos, muito futebol, um toque, dois toques e quanto perdemos a bola pressionar imediatamente e ganhá-la em 5 segundos.". Parece tão simples e tão lógico, e no entanto foi uma miragem durante meses.


À esquerda: heatmap do Sporting na receção ao Qarabag; à direita: heatmap do Sporting no jogo de ontem em Baku
Dados: whoscored.com

Festim em Baku

A triangulação Coates-Diaby-Gaspar seguida do cruzamento atrasado para Dost rodar e sofrer o penálti; a rápida recuperação de bola que esteve na origem do segundo golo; toda a jogada do terceiro golo que partiu em Renan e terminou no incrível slalom de Nani; o controlo e passe longo imediato sob pressão de Wendel a lançar Diaby para o quarto golo; a bola picada de Wendel para Bruno Fernandes; e a finalização de primeira de Diaby após cruzamento de Jovane, que fechou o resultado: a goleada ao Qarabag proporcionou-nos um festim de rasgos de brilhantismo que coroaram uma exibição muito agradável, como há muito não me lembrava de ver o Sporting praticar. 



Ideia de jogo - em apenas duas semanas e meia de trabalho, Keizer já foi capaz de mostrar as ideias que quer implementar: futebol apoiado, vertical e objetivo, executado com velocidade e tendo sempre a baliza em mente, com os laterais bem abertos mas privilegiando o espaço interior e reagindo rapidamente à perda com a tal pressão alta que o treinador anunciou no dia em que se apresentou. Obviamente que não podemos ignorar que o nível dos dois adversários que defrontou não reflete as dificuldades típicas que terá de enfrentar no campeonato português, mas são já evidentes as melhorias em relação ao futebol que Peseiro nos impingiu durante quatro longos e tortuosos meses. Basta comparar com as exibições contra o Loures (em oposição à de sábado passado) e contra o Poltava (em oposição à de ontem).

Wendel & amigos - neste momento, uma das perguntas que a maior parte dos sportinguistas terá na cabeça é: como é possível nem Jesus nem Peseiro terem dado oportunidades a Wendel? A exibição do brasileiro foi uma delícia: registou três assistências (mais o passe para o primeiro golo de Diaby, que não contou para a estatística por ter havido um corte incompleto do defesa), ficou muito perto de marcar dois, e deixa água na boca o nível de entendimento que mostrou ter com Bruno Fernandes e Nani. Exibição muito, muito prometedora de Wendel em particular, mas também deste novo meio-campo em geral.

Apuramento para a fase seguinte - estava quase garantido à partida para esta jornada, e foi agora consumado. O Sporting continua em frente na competição.



O golo sofrido - Diaby esqueceu-se que tinha de acompanhar o seu homem e deixou Bruno Gaspar completamente sozinho contra dois adversários na área. Foi o único lapso com consequências - noutro caso valeu o corte de Bruno Fernandes quase sobre a linha de golo -, mas é um bom exemplo para nos relembrar que esta ideia de jogo implica riscos defensivos superiores e que há muito trabalho pela frente para que todos os jogadores saibam como se comportar individual e coletivamente quando o adversário tem a bola.



Um bom resultado, uma bela exibição, mas não há quaisquer motivos para euforias. Na próxima segunda vem o primeiro teste a sério, com a deslocação a Vila do Conde.

sábado, 24 de novembro de 2018

Bons princípios

Fonte: zerozero.pt
Keizer estreou-se contra um adversário de um nível que não permite retirar grandes conclusões, mas isso não quer dizer que o que se viu hoje não seja relevante. São visíveis, ao fim de menos de duas semanas de trabalho, algumas das ideias que o técnico holandês quer implementar na equipa: futebol de passe curto com preocupação dos jogadores em dar linha de passe próxima ao portador, saindo a jogar da área ao primeiro toque em oposição ao charuto para a frente que tem reinado está época, usando toda a largura do campo com, muitas vezes, os dois laterais bem abertos na faixa em simultâneo, preocupação de reagir rapidamente à perda de bola - que proporcionou várias recuperações no meio-campo adversário - e dando ordens para a chegada de muitos jogadores na área. Verdade seja dita que nem sempre estas ideias foram bem executadas, mas isso é perfeitamente normal nas atuais circunstâncias. 

O que (ainda) não deu para ver foi o aproveitamento do espaço nas costas da defesa com solicitações em profundidade. Não por falta de tentativa dos jogadores mais adiantados - Bruno Fernandes, Diaby e, principalmente, Wendel iniciaram o movimento de desmarcação por diversas vezes -, mas porque os portadores não se aperceberam da intenção dos seus colegas em tempo útil.

Estas mudanças na filosofia de jogo implicam riscos, principalmente trabalhando-as com a época em andamento. Em primeiro lugar, enquanto os jogadores não estiverem confortáveis na troca rápida de bola ao primeiro toque, basta um passe mal medido perto da nossa área para causar situações de perigo para a nossa baliza. Depois, os jogadores que temos não foram escolhidos em função dessa competência em concreto, pelo que há que saber fazer as concessões necessárias às ideias de jogo em função das características individuais dos onze jogadores de campo.

O que é facto é que já foi possível ver algumas jogadas de entendimento bastante interessantes - algo que raramente se vislumbrou na era Peseiro e no final da era Jesus -, na linha e em espaços interiores, que deu para marcar quatro golos em bola corrida e para descobrir um jogador que anda por cá há quase um ano e que nunca tinha contado para nenhum dos treinadores que trabalharam com ele no Sporting: Wendel foi o patrão da equipa e fez uma exibição muito prometedora no transporte e distribuição de jogo, na chegada à área e na reação à perda.

Bom princípio para um conjunto de bons princípios que nos farão muito bem caso consigam ser implementados com sucesso.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

18,98 and counting...

O Sporting comunicou ontem à CMVM que o valor total de investimento captado até ao final da quarta-feira - penúltimo dia da fase de subscrição do empréstimo obrigacionista -, é de 18,98 milhões de euros.

Sendo praticamente impossível que durante o dia de hoje se atinja o objetivo dos 30 milhões - teriam de aparecer investidores de outra dimensão -, não deixa de ser uma boa notícia face ao lentíssimo arranque registado na semana passada. Só ontem registou-se um investimento de 4,3 milhões de euros, o que confirma a tendência de que o interesse está a crescer com o passar dos dias - aumento de interesse que não será alheio à campanha agressiva que o Sporting fez esta semana, em reação à ausência total de publicitação da banca junto dos seus clientes. 

Há, obviamente, o outro lado da moeda: tendo sido o Sporting apanhado de surpresa pela falta de colaboração das instituições bancárias, não se deveria ter reagido de imediato com uma campanha própria logo ao fim de um ou dois dias de subscrições muito abaixo das expetativas? Possivelmente contribuiria para um arranque um pouco melhor, mas não nos podemos esquecer que até a mais agressiva das campanhas seria engolida pelo ruído que o caso de Alcochete gerou - que começou precisamente na véspera do primeiro dia de subscrição com a prisão preventiva de Bruno de Carvalho. 

Os obstáculos tem sido mais que muitos. Só o facto de ter havido o adiamento do pagamento do EO anterior já implicava um nível de desconfiança superior ao normal, a que se juntaram o pouco tempo de preparação que esta direção teve para o lançar, as tentativas de boicote levadas a cabo por gente com uma agenda própria, a falta de colaboração dos bancos e ainda o tal circo mediático de Alcochete que concentrou as atenções só país nos primeiros 4 dias de subscrição (de um total de 9). 

Seria ótimo que o ritmo de procura se mantivesse neste último dia de subscrição, pois cada euro angariado a mais representará uma maior folga para a apertada gestão de tesouraria que tem vindo a ser - e continuará a ser - necessária. E também porque mesmo se sabendo que os 30 milhões não serão atingidos, um bom último dia será o desfecho merecido para a demonstração de força e de união a que temos assistido esta semana. Ainda não sendo a força e união que é possível alcançar, é indiscutivelmente um progresso em relação ao passado recente: há muitos, muitos meses que não se via tantos sportinguistas a remar para o mesmo lado.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

About last night...

Na noite de ontem, os sportinguistas puderam viver mais uma noite memorável na curta vida do Pavilhão João Rocha, com a qualificação para a terceira presença consecutiva na final four da Liga dos Campeões de futsal. Para além do sucesso num jogo que foi tão difícil quanto se esperava, ficou mais uma vez demonstrado que o impressionante ambiente que se gera no PJR empurra a equipa para os resultados que todos desejamos.

As declarações de Erick e Cardinal no final do jogo fazem justiça a esse ambiente.

O Sporting vai-se candidatar à organização da final four no Altice Fórum de Braga, já que a Meo Arena de Lisboa não está disponível para as datas da fase final da Liga dos Campeões.



P.S.: E houve ainda a curiosidade de João Benedito ter regressado às defesas que o notabilizaram. :)


Investir ou não investir, eis a questão

Sucesso desportivo gera criação de valor que, por sua vez, pode ser utilizado para fomentar a renovação do sucesso desportivo, e assim sucessivamente. É o objetivo que qualquer sociedade desportiva ambiciona atingir e que, depois de alcançado, necessita de competência e objetividade para se manter. Mas para lá chegar é necessário ainda mais competência, porque os obstáculos que têm de ser superados implicam dificuldades muito superiores. 

O empréstimo obrigacionista que o Sporting lançou na semana passada é um bom exemplo de como os obstáculos são bem diferentes quando estamos distantes do sucesso desportivo. Apesar de ser uma ferramenta financeira a que as SAD's têm recorrido regularmente, este EO não está a ter qualquer tipo de apoio da banca na sua publicitação - canal privilegiado de contacto com os potenciais investidores -, e tem sido acompanhado de uma série de peças jornalísticas que se focam exclusivamente naquilo que pode correr mal, sem olhar para as especificidades de uma sociedade desportiva. Obviamente que o adiamento do reembolso do EO anterior contribui para que haja alguma desconfiança do mercado, mas, ainda assim, acho estranho que um empréstimo de 30 milhões encontre tantas reservas quando se sabe que o Sporting poderá conseguir isso com a venda de um único jogador ou quando está em vigor um contrato de direitos televisivos que valerá centenas de milhões de euros ao longo dos próximos anos.

Neste empréstimo obrigacionista, o Sporting vai emitir um mínimo de 15 milhões de euros e um máximo de 30 milhões, em função da procura por parte dos investidores. Se o valor total de obrigações subscritas não atingir o tal mínimo de 15 milhões, então todas as ordens de subscrição realizadas ficam sem efeito. É um passo muito relevante para a estabilização financeira do clube, e cujo sucesso afetará também a capacidade do clube em se reforçar no mercado de inverno. Como tal, é importante que todos os sportinguistas avaliem o produto e os seus riscos e potencial e, caso decidam investir, que o façam em função da sua capacidade financeira.

Eu já investi. A avaliação que fiz foi a seguinte: 
  • o juro é muito atrativo; 
  • não tenho receio de não ser reembolsado do valor investido, pois falamos de um montante que não é muito significativo face à grandeza de valores que a SAD do Sporting movimenta anualmente;  
  • o maior risco que está aqui em causa para o Sporting, a meu ver, é o investimento total não atingir os 15 milhões e a emissão obrigacionista ser cancelada - e nesse caso eu, enquanto investidor, não corro qualquer risco porque a subscrição fica sem efeito.

Caso o empréstimo obrigacionista seja emitido com sucesso, a situação financeira do Sporting ficará praticamente normalizada... e poderá melhorar ainda mais a curto prazo, caso o Sporting consiga concluir também a nova reestruturação financeira e a recompra das VMOCs. Tenho confiança no trabalho que está a ser desenvolvido pela atual administração, pelo que acredito que lá chegaremos - sendo que o sucesso do empréstimo obrigacionista facilitará certamente o sucesso das outras duas. Depois disso, serão muito menores os obstáculos que nos separam do sucesso desportivo.

P.S.: De salientar o contributo de Nani e Cédric na promoção do produto. Também Coates fez uma insta story ligada ao investimento no futuro do Sporting. É muito importante envolver os atletas e ex-atletas nas outras vertentes da vida do clube.


Eu também já investi.