segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Falsas partidas para a bipolarização

O diretor do jornal O Jogo, José Manuel Ribeiro, escreveu a 12 de Agosto, na sequência da vitória do Sporting à Fiorentina e da derrota do Sporting B contra o Atlético para a 1ª jornada da Liga de Honra, o seguinte artigo de opinião:



José Manuel Ribeiro não perdeu tempo a sentenciar que "O Sporting B não é, afinal, um portento assim tão grande". Terá sido provavelmente um caso inédito ver um diretor de um jornal dar um destaque desta dimensão a uma equipa B, dois dias depois de se ter disputado a Supertaça e a menos de uma semana do arranque da liga principal.

O arranque da equipa B foi de facto mau, mas felizmente o tempo veio demonstrar a qualidade desta fornada de jogadores, mesmo sem a utilização regular de contratações milionárias como Reyes, Herrera ou Funes Mori. Os jovens leõezinhos estão a dar uma chapada de luva branca em todos aqueles que se congratularam pelas prestações fantásticas de Benfica B e Porto B e aproveitaram para anunciar o fim da era da Academia do Sporting como fonte dos maiores talentos do futebol português.

Na realidade, a prioridade principal não é o 1º, nem o 2º, nem o 3º lugar da Liga de Honra. Não é ficar à frente de Porto B e Benfica B. Nem este post serve para me estar a congratular da atual posição de Sporting B na competição. Há muitas jornadas pela frente e ninguém sabe o que vai acontecer nos próximos meses.


Se a classificação for boa, tanto melhor, mas o objetivo principal do Sporting B é servir de degrau competitivo que possibilitará que os melhores das camadas jovens tenham maiores probabilidades de sucesso de integração na equipa principal, que é coisa que nem Porto B nem Benfica B parecem partilhar. O Sporting prepara jogadores da casa para o futuro, o Benfica e o Porto rodam excedentários.


Mas voltando ao texto de José Manuel Ribeiro, parecem-me existir dois objetivos essenciais na escrita deste texto:
  • O primeiro era estender o raciocínio para a equipa principal, que no dia anterior vencera a Fiorentina por 3-0, com um golo monumental de Montero, outro de Carrillo e ainda outro de Rúben Semedo. Ou seja, aconselhar os sportinguistas para não começarem a mandar foguetes por se ter tratado apenas de um jogo a feijões. Uma opinião sensata, da qual concordei na altura. Entrar em euforias prematuras não é bom para ninguém.
  • O segundo objetivo foi rebaixar a equipa B do Sporting. O estranho é que tenha bastado a José Manuel Ribeiro UM jogo pouco conseguido para se sentir no direito de o fazer, ainda por cima de forma bastante sarcástica. Revelou uma enorme ânsia em marcar uma posição sobre um dos poucos motivos de orgulho que o futebol do Sporting pôde proporcionar aos seus adeptos na época anterior.

José Manuel Ribeiro, e tantos outros jornalistas e comentadores que servem de moços de recados dos clubes que os patrocinam, não perdem nenhuma oportunidade de tentar espezinhar tudo o que seja uma fonte de esperança ou de orgulho para o Sporting, com uma finalidade óbvia: corroer a paixão que os sportinguistas sentem pelo seu clube, de forma a concretizar a tão desejada bipolarização do futebol português.

Porto e Benfica, com todos os meios de propaganda de que dispõem, querem um Sporting moribundo. Dá jeito terem garantidas as qualificações diretas para a Liga dos Campeões. Parecendo que não, são cerca de €10M certinhos todos os anos e uma montra de luxo para a valorização dos seus jogadores. Dá jeito reduzir a oferta de espaços publicitários de impacto nacional à volta do futebol, de forma a poderem obter receitas superiores. Dá jeito excluir um clube que disputa a conquista dos adeptos das novas gerações, com todas as implicações a longo prazo que daí advêm.

É contra isto que teremos que lutar, todos os dias, incansavelmente, enquanto o equilíbrio de forças nos meandros do futebol for este. O Sporting deste ano tem sabido contrariar o destino a que quase todos nos condenavam. Esta direção tem demonstrado desde o primeiro dia uma atitude exemplar na forma como procura restabelecer uma ligação aos sócios e adeptos que andava fragilizada.

Em nome da grandeza do nosso clube, cabe-nos a nós corresponder na mesma medida.