terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A agressão de Rui Cerqueira: grito de revolta?

Eugénio Queiroz, no blog que tem no site do Record, publicou um texto de João Fonseca, o repórter da RR que foi agredido por Rui Cerqueira no final do Belenenses - Porto.


Que um jornalista não deve ser o centro das notícia, concordo perfeitamente. Mas o que se passou no final do Belenenses - Porto é notícia, não pelo jornalista em si, mas pelo facto de um dirigente de um clube ter tentado impedir outros de fazer o seu trabalho, recorrendo a métodos violentos que não têm lugar numa sociedade civilizada.

Apesar de não compreender na totalidade o texto de João Fonseca, por não estar a par de muito do que terá acontecido e que nunca chegou a ser divulgado, é possível extrair daqui algumas das coisas que se terão passado:
  • Houve alguém que impediu um jornalista de fazer o seu trabalho, de forma "agressiva, arrogante e autoritária"
  • Alguém mandou a PSP identificar os jornalistas, em vez de o fazer com o agressor
  • Os delegados da Liga íntegros, que reportam o que vêm e ouvem, vão sendo afastados e substituídos por outros com menos escrúpulos, como terá sido o caso neste jogo
  • A Liga pediu há poucos dias ao jornalista para prestar declarações na sede

Sabendo da podridão que é o mundo dos bastidores do futebol, imagino que quer João Fonseca quer David Carvalho tenham sofrido pressões imensas na sequência de um episódio lamentável em que a sua responsabilidade começa e acaba no facto de estarem a fazer o seu trabalho no local e no momento errado.

Um jornalista é um homem que não pode deixar de temer pelo seu emprego, pela sua segurança e pela sua família. Por isso, é em situações destas que a reação deve ser corporativa, imediata e categórica, para escudar as vítimas e mandar uma mensagem clara que situações deste tipo não podem ser toleradas.

RR, TSF e sindicato dos jornalistas optaram por permanecer mudos e calados. O motivo deste silêncio é desconhecido, mas em alguns dos casos o relacionamento entre Joaquim Oliveira e o Porto deverá ter alguma coisa a ver com o assunto.

Mesmo usando meias-palavras e mensagens meio encriptadas, João Fonseca revelou uma coragem que eu, se estivesse envolvido numa situação semelhante, provavelmente não teria. E é lamentável que o jornalista tenha sentido a necessidade de fazer esta declaração pública, de forma isolada e sem o apoio expresso das instituições que tinham a obrigação de o proteger.