terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Eusébio, o Panteão e a Assunção

O Panteão

Como seria de esperar, com a morte de Eusébio surgiu um movimento que defende a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional.

Sabendo pouco sobre o que qualifica uma personalidade a ganhar o seu espaço no Panteão Nacional, fui fazer uma pesquisa rápida pela internet para me informar sobre este monumento e sobre as figuras que lá estão sepultadas.

Em primeiro lugar, duas rápidas definições sobre o que é um panteão:

  • Edifício consagrado à memória dos homens ilustres e onde se depositam os seus restos mortais -- Dicionário Priberam
  • (...) os panteões foram reformulados para servir de última morada àqueles que, por meio de feitos notáveis nas mais diversas áreas, engrandeceram a sua pátria: intelectuais, estadistas, artistas, etc. -- Wikipedia

Em Portugal existem tecnicamente dois Panteões Nacionais: a Igreja de Santa Engrácia em Lisboa (conhecida por Panteão Nacional), e o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, onde estão depositados os restos mortais de D. Afonso Henriques e D. Sancho I.

Atualmente existem dois formas de homenagem no Panteão Nacional (o de Lisboa). Uma dessas formas são memoriais a figuras cujos restos mortais não se encontram ali depositados, como D. Nuno Alvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Alvares Cabral e Afonso de Albuquerque. Heróis da história de Portugal.

E, como é evidente, existem as sepúlturas com os restos mortais de figuras de destaque da nossa história, com predominância de presidentes da república (Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga) e escritores (Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro e João de Deus). As únicas personalidades ali sepultadas que não foram nem presidentes nem escritores são Amália Rodrigues e Humberto Delgado.

Não sendo um apaixonado pela literatura portuguesa nem um estudioso da primeira e segunda república, não poderei defender ou deixar de defender a justiça da presença destes presidentes da república e destes escritores no Panteão Nacional. Em relação a Amália Rodrigues e a Humberto Delgado não tenho dúvidas da justiça desta homenagem.

Tendo em consideração o que mencionei até aqui, parece-me que Eusébio da Silva Ferreira merece indiscutivelmente esta distinção. Foi um herói português, o maior embaixador do país no mundo durante largas décadas, uma figura consensual com qualidades profissionais e humanas que conquistaram quem o conheceu. Não era perfeito, claro que não. Teve momentos pouco felizes, concerteza. Mas quem de nós não teve?


A Assunção

É triste, muito triste, ouvir isto da número dois da nação.


in abola.pt

Vivemos tempos de crise em que existem crianças que passam fome e famílias sem fontes de rendimento que lhes permitam ter uma vida digna. Perante este cenário, falar em custos de centenas de milhares de euros para transportar um corpo para um monumento nacional pode parecer obsceno, mas há limites para se colocar uma visão economicista em tudo o que se faz hoje em dia.

É absurdo ouvir a Presidente da AR falar no que custará uma ação destas, apesar de não parecer muito incomodada com a rede de sanguessugas que roubam ao Estado recursos que seriam muito melhor aplicados, por exemplo, numa rede de creches decente, em escolas melhores e mais funcionais (sem os luxos chocantes das escolas de Sócrates), em melhores hospitais ou no acesso a melhores medicamentos.

Escritórios de advogados com honorários despudorados, acessores de políticos de currículo duvidoso que auferem pequenas fortunas, boys e girls partidários sem qualquer competência técnica que montam redes de favorzinhos que esmagam a competência que existe no país, negócios ruinosos patrocinados por políticos que passados uns meses após a sua saída do Governo acabam como funcionários das mesmas empresas que ajudaram a garantir rios de dinheiro nas décadas vindouras. Some-se tudo isto e provavelmente daria para acabar com a pobreza no país.

A Sra. Presidente da Assembleia da República quer falar em custos elevados em tempos de crise? Porque não fala também na sua reforma?

in sol.pt

Assunção Esteves reformou-se do tribunal constitucional em 1998. Desde então já recebeu em reformas cerca de €1.500.000 (um milhão e quinhentos mil euros). Por ter sido juíza no tribunal constitucional durante 10 anos, entre os seus 32 e 42 anos de vida. Se Assunção Esteves viver até aos 70 anos (por este andar será a idade com que a generalidade dos portugueses se poderá reformar sem penalizações nessa altura), terá recebido do Estado cerca de €3.000.000 (três milhões de euros) por um serviço de 10 anos. Com que moral pode falar de um custo de centenas de milhar de euros para homenagear uma figura que deu bem mais ao país do que aquilo que ela alguma vez dará?

Ainda por cima baralha-se com os zeros... enfim...

in dn.pt