segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O cúmulo do descaramento

Em Março de 2013, quando se falava da reestruturação de dívida do Sporting e de um eventual perdão parcial por parte da banca, Luís Filipe Vieira colocou-se na linha da frente dos indignados e tornou pública a sua revolta da seguinte forma:

in economico.sapo.pt

Realmente fica mal a bancos que expulsam famílias das suas habitações por não conseguirem pagar os empréstimos, estarem a perdoar parte da dívida a clubes desportivos. Apesar de Sporting, BCP e BES serem entidades privadas que negociavam um acordo sobre a melhor forma de resolver um problema comum, dou alguma razão a Luís Filipe Vieira nas suas reclamações.

O presidente do Benfica ainda realçou que "O Benfica sempre cumpriu com as suas obrigações com a banca mesmo nos momentos mais difíceis".

Só é pena que o Benfica não tenha o mesmo comportamento exemplar nas suas obrigações com o Estado. É que recentemente foi tornado público o seguinte:

in record.pt

Falamos de um clube que decidiu não vender jogadores e gastar €25M em novas contratações para poder apresentar o melhor plantel dos últimos 30 anos, quando tinha dívidas ao Estado que não tencionava pagar. E que só as pagou aproveitando um regime extraordinário de regularização de dividas fiscais para não ter que ressarcir o Estado dos juros que entretanto se acumularam.

Afinal talvez Luís Filipe Vieira e o seu Benfica (e já agora, Pinto da Costa e o seu Porto) não sejam os seres impolutos que gostam de apregoar. O problema é que neste caso os lesados foram, para além dos clubes cumpridores, o Estado e a generalidade dos contribuintes -- nomeadamente os pensionistas e os trabalhadores que têm sido submetidos a uma carga fiscal asfixiante.

É evidente que o valor devido por Benfica e Porto não resolveria os problemas do país se fossem pagos a tempo e horas, mas Luís Filipe Vieira podia ter-nos dispensado dos seus sermões pseudo-moralistas. É preciso ter descaramento...