terça-feira, 25 de março de 2014

Um novo paradigma para convocatórias da seleção, por Rui Pedro Braz

No programa Contragolpe do passado domingo, Pedro Sousa falava sobre o facto de Quaresma e Adrien justificarem a presença no mundial, quando Rui Pedro Braz decidiu contribuir para o debate com a sua iluminada opinião:


Ficámos a saber que, mais do que o rendimento desportivo efetivo de um jogador ao longo do ano, os critérios que realmente devem prevalecer nas convocatórias para a seleção são a polivalência e o nome do jogador que lhe tira a titularidade.

Adrien pode ser uma máquina de recuperar bolas e fazer jogar, um marcador de penáltis exímio, e ter uma capacidade de passe longo e remates de meia distância de qualidade, e com um rendimento pendular, mas tem apenas a concorrência de Vítor no plantel, pelo que no máximo poderá apenas aspirar a discutir um lugar com Josué.

Rúben Amorim tem feito bons jogos, mas tem menos de 450 minutos de jogo na I Liga. A sorte dele é que o Benfica foi relegado para a Liga Europa, caso contrário nem em jogos internacionais seria utilizado. Mas descobrimos agora que o facto de ser suplente de Enzo Perez é motivo suficiente para justificar a sua presença no mundial.

Não tenho nada contra o jogador, mas ouvindo muitos comentadores e os benfiquistas parece que estamos diante do novo Pirlo. Falamos de um jogador que esteve em Braga durante um ano e meio a jogar a um nível pouco brilhante, para ser simpático. Como é evidente, não havendo no Braga um Rodrigo, um Markovic ou um Gaitan para fazer passes a rasgar, torna-se mais complicado dar nas vistas. Mas se fosse assim tão bom seria natural que tivesse sobressaído bastante mais. Hugo Viana, por exemplo, conseguiu-o.

O argumento da polivalência também é uma falsa questão. A polivalência é interessante se um jogador demonstrar um bom rendimento em várias posições. Rúben Amorim pode ser um bom médio centro, mas nunca se destacou verdadeiramente como defesa direito e ainda menos como médio direito. Num mundial não há espaço para soluções de recurso. Têm que estar os melhores em cada posição.

É o país em que vivemos. Todas as pessoa minimamente informadas sabem que qualquer cepo pintado de vermelho tem hoje grandes hipóteses de representar a seleção nacional, seja pela força da pressão pública que imediatamente é exercida, seja pelas simpatias clubísticas do selecionador.

A próxima aposta de PB; Adrien terá que esperar pela sua vez

No entanto, eu pensava que existiam alguns limites, e em que a utilização regular e a qualidade de jogo seriam sempre fatores fundamentais. Paulo Bento já fez o favor de me desfazer essas minhas ilusões, ao utilizar Josué, Ivan Cavaleiro e André Almeida, e ao convocar André Gomes. Portanto, as minhas expetativas em relação à possibilidade de ver Adrien na seleção já não eram propriamente altas.

Voltando à opinião de Rui Pedro Braz, e seguindo este novo paradigma estive a tentar pensar em qual será a equipa titular da seleção no mundial. É melhor começarem a habituar-se a este onze: 



Rui Patrício - tem mesmo que jogar, pois não se conhece nenhum GR português que faça mais que uma posição em campo
Sílvio - suplente de Maxi e de Siqueira, pode jogar a DD, DE, e com boa vontade até a extremo
Fábio Coentrão - suplente de Marcelo, pode jogar a extremo esquerdo; o emblema que representou no passado também ajuda
Pepe - pode jogar a DC e a trinco
Steven Vitória - suplente de Luisão, Garay e Jardel, pode ser colocado a ponta-de-lança nos último minutos para aproveitar o seu forte jogo aéreo
André Almeida - DD, DE, MC, suplente de meio plantel do Benfica
Rúben Amorim - DD, MC, MD, suplente de Enzo Perez
André Gomes - MC, não joga, mas é agenciado por Jorge Mendes, que tem que o valorizar para o colocar em algum lado na próxima época
Ivan Cavaleiro - suplente de Gaitan, Markovic, Sálvio, Djuricic, Sulejmani, Rodrigo, Lima e Cardozo, pode jogar nos dois flancos
Nani - suplente no Manchester United, pode fazer os dois flancos
Cristiano Ronaldo - tem o defeito de ser titular no Real Madrid, mas pode jogar a extremo e a ponta-de-lança