segunda-feira, 30 de junho de 2014

Adulterar a história ao fim de 14 meses

É uma enorme falta de honestidade intelectual (ou então uma preocupante falta de memória) vermos alguns portistas utilizarem as exibições de James no mundial como argumento de que foi normal a repartição €45M / €25M no negócio de venda do colombiano e de Moutinho ao Mónaco.

Não me parece que a política de contratações que leva um clube (que não olha a despesas para procurar afirmar-se de imediato como uma equipa de topo europeu) a adquirir um jogador por €45M seja aquilo que ele conseguirá fazer daí a 14 meses no campeonato do mundo. Na história do jogo só se gastaram valores desta escala por jogadores consagrados, cujo impacto se fará sentir de imediato, como se pode ver na lista das mais caras contratações de sempre no futebol mundial.

Fonte: Wikipedia

Era evidente o enorme potencial de James? Claro que sim. Mas teria James um percurso compatível com uma avaliação de top-20 das maiores transferências de todos os tempos? Claro que não. James vinha de uma época em que começou muito bem, mas a sua influência na equipa do Porto foi decaindo ao longo da temporada.

Tanto foi assim, que a esmagadora maioria dos portistas concordava que seria mais complicado encontrar um substituto para João Moutinho - e foi precisamente João Moutinho o jogador mais lamentado ao longo do ano, apesar de as opções para substituir James não terem sido propriamente um sucesso.

Moutinho foi considerado peça imprescindível ao longo dos três anos que jogou no Dragão. James nunca teve esse estatuto, e nunca foi sequer a figura principal do ataque de um Porto que contou com Falcao, Hulk e Jackson durante a sua passagem pelo clube.

James acabou por ter uma época muito boa em França. Moutinho foi uma enorme desilusão. Mas não era de todo expectável tamanha disparidade de rendimento dos dois jogadores. O que sabemos hoje não muda aquilo que era um facto indesmentível em maio de 2013: James ainda não era jogador para ter uma avaliação superior à de João Moutinho. A valorização de ambos os jogadores na transferência serviu um único propósito: impedir que o Sporting recebesse por inteiro a parcela das mais-valias a que teria direito.