sexta-feira, 18 de julho de 2014

Critérios jornalísticos

Faz agora cerca de um ano em que o país era agitado por uma escandalosa e surpreendente tentativa de rapto de um jogador profissional de futebol. Catió Baldé, um homem que normalmente rejeita qualquer tipo de atenção mediática, fez o enorme sacrifício de se dirigir aos jornalistas para revelar que o seu protegido, Bruma, na altura em litígio com o Sporting e a viver num hotel, tinha sido alvo de uma tentativa de rapto por parte de elementos da Juventude Leonina.

Os jornais desportivos não hesitaram em seguir a dica do empresário, investigando (?) e dando honras de primeira página às palavras de Baldé logo na edição do dia seguinte.




Há alguns dias, o Correio da Manhã noticiou problemas entre empresários que gravitam à volta de Rolando, incluindo ocorrências de agressões e insultos racistas por parte de Alexandre Pinto da Costa. e de um sócio seu. A notícia já chegou inclusivamente a Itália.

in gazzetta.it

Depois de Pinto da Costa ter garantido que Rolando faria parte do plantel desta época, o jogador terá pedido a rescisão de contrato alegando salários e prémios em atraso, de forma a poder prosseguir a sua carreira em Itália.

Suponho que Rolando tenha excluído Alexandre Pinto da Costa (que era o seu empresário) do seu circulo de confiança, preferindo ser representado por outros agentes / acessores.

Voltando à história do CM, um emissário da Roma foi encontrar-se num hotel do Porto com o jogador e os seus representantes, mas Alexandre Pinto da Costa e um sócio terão acabado por interferir na reunião e acabaram por provocar, insultar e agredir os presentes, dizendo que ou os italianos pagam €10M ao Porto ou o jogador não vai a lado nenhum.

Bem sei que isto é uma história do Correio da Manhã, com tudo o que de mau isso normalmente implica, mas parece que a queixa-crime na PSP contra Alexandre Pinto da Costa é real, o que leva a crer que algo se terá efetivamente passado.


Os acontecimentos relatados também deixam a entender que é mais um caso que demonstra a inimizade entre Alexandre Pinto da Costa e Antero Henrique e, consequentemente, a luta de poder que continua a existir nos corredores do Dragão.

Na minha opinião, jornalistas com um mínimo de zelo profissional deveriam tentar saber o que efetivamente se passou (se é que se passou alguma coisa). No entanto, parece que nada disto interessa à nossa imprensa desportiva, vá lá perceber-se porquê. Medo de represálias? Vassalagem ao clube?

Nada de novo quando episódios destes ocorrem acima do Douro. De qualquer forma não consigo deixar de maginar a festa que seria e as montanhas de páginas que se escreveriam se esta história se tivesse passado com alguém ligado ao Sporting.